Regra nº 274: Primeiro você vê, depois faz, depois ensina!

 

Ao redor, Ursaring parecia feliz com Teddiursa, o que era menos um problema para poder lidar. Dragonair mantinha-se presente o tempo todo e a voz da criança me era inocente, porém, não estava nem de longe parecida com o primeiro pedido de socorro. Talvez ela nem soubesse pedir socorro, apenas gritar. Mas estava bem. Abracei a pequena, via a fumaça e o calor ali dentro. Gyarados saia mais uma vez. Não era preciso falar, a Pokémon sabia o que fazer: serpentinava naquela mata e invocava a chuva ali dentro. Depois recolhia.

Sair da floresta com aquele sentimento de dever não cumprido era cruel para mim. Mas sabia das consequências de aspirar fuligem no meio de queimadas. Subi em Dragonair com a menina abraçada ao meu tronco. Dragonair subia voando de volta para a cidade, encontrar o meu pessoal – agora é meu – e ajuda médica para ela.

Agridoce, era o gosto na boca do capitão. A garotinha se fazia de forte, mesmo sentindo dores na perna, se segurava o quanto podia. Claro, ela se distraiu um pouco com a presença de Dragonair porque, convenhamos, era um rosto bem fofinho. Depois de se acostumar com o dragão, a garotinha estava mais calma, e então Ayzen subiu. Acontece que, antes do dragão tomar os céus, em um relance por meio das árvores, o capitão teve a impressão de ver uma figura feminina; Roupas pretas, cabelos pretos, rosto com tom de pele mais bronzeada, lábios carnudos. Ela ajeita os cabelos para trás da orelha e pisca, de forma charmosa e provocante, para o capitão Ranger.

Talvez fosse apenas um truque de sua mente culpada por “deixar” um pedido de socorro para trás, mas não havia muito que pudesse fazer sozinho. O dragão tomava os céus, e aquela coisa toda deixava a menina tão deslumbrada que ela até se esqueceu da dor. - Olha, minha casa! Minha escolinha! A casa da tia Petúnia! - ela puxava o capitão pela blusa pra mostrar os lugares - Dragão fofinho, você é demais! - ela abraça Dragonair, era a cura para uma parte do seu machucado: o emocional.

Chegando na cidade, os primeiros relatos eram ouvidos. A maior parte dos Pokémon selvagem foram encaminhadas para um centro de atendimento expandido, de modo a cuidar deles o mais confortável possível, já que o Centro talvez não tivesse capacidade. Os danos estruturais foram mínimos, graças à atuação rápida deles. Não havia sinal de nenhum dos subordinados de Ayz nos arredores. A ajuda médica para a garota também veio rapidamente, já haviam paramédicos atendendo o grupo que a oficial Jenny acompanhou para fora do perigo. A menina deu um tchau fofo para Azyen e Dragonair, e então seguiu para a delegacia.

Ao se aproximar da delegacia, havia uma movimentação maior do que antes. Claro, um sujeito que estava sendo interrogado havia morrido dentro do local. Ayzen conseguiu ver Boyle dando depoimento para um agente com roupas diferentes das que ele vestia. Mas antes que pudesse fazer algo, Cap Holt acenava, discretamente, para que o Ranger o acompanhasse até um local mais afastado dali, longe das pessoas e das estruturas.        

 
Aquela ilusão de ótica na floresta me fez ficar pensativo. Agitava a cabeça uma ou duas vezes e forçava a visão no meio da fumaça e fogaréu, que estavam sendo combatidos pela chuva que caia. Dragonair, no ar, conseguia desempenhar um papel impar em locomoção, sendo tão efetivo quanto Togekiss, que me levou nas costas a vida toda. Passar pela floresta me foi bem confortante e aos poucos retornar para a cidade me dava uma certa sensação de ordem no meio do caos. Longe de acabar o caos, mas ao menos, conseguimos dar jeito em cada parte.

A lista de 5 problemas se manifestava em processo resolutivo. As chamas na floresta seriam combatidas pela chuva, enquanto me atualizava pelo RangerPad sobre a atuação ranger na área. Os Pokémon selvagens dormiam ou vomitavam pelo quadro de confusão ou sonolência que os impediam de causar danos na cidade e seriam liberados quando as chamas fossem resolvidas. Os trabalhadores e pessoal que viviam perto da floresta? Ora, estes estavam tendo todo o tratamento possível e a garotinha seria encaminhada pela assistência social.

Dois pontos precisavam de esclarecimentos e de minha atenção. A primeira eu não conseguia pensar direito, era a mulher misteriosa da floresta. Eu posso ser louco e ter inventado a voz, mas algo me diz que diante de lendários e distorções no tempo e espaço, não era o caso. Mas o que me preocupava era como, debaixo de câmeras e oficiais renomados, um rocket sob investigação foi morto. Capitão Holt estava ali e era o comandante de plantão. Após enviar um sinal de posicionamento para a equipe daquele posto, eu fui até o homem.

- Senhor, o que aconteceu?- apesar de patentes iguais, Holt estava acima na questão idade e experiência. Isso sempre será respeitada em qualquer hierarquia.

Como diferenciar uma ilusão de uma realidade? Ayzen não sabia dizer, então só considerou aquela mulher no meio da floresta como sendo a primeira opção, uma ilusão em meio à intoxicação por fumaça e fuligem. Bem, não dava pra pensar em tudo ao mesmo tempo, certo? Apesar das definições da patente exigirem uma boa administração de crises, é humanamente impossível dar conta de tantas urgências assim. E que bom que o capitão soube lidar com as crises de forma até eficaz, já que os danos foram mínimos e a resolução até que rápida!

Mas a crise ainda não se resolveu. Assim que desceu de seu voador para se encontrar com Holt, Ayzen o encontrou em um canto mais afastado e não quis perder tempo. O homem, claro, matinha seu semblante neutro. - Mantenha a voz baixa. - era mais um pedido que uma ordem, já que ele mesmo falava em um tom quase sussurrante - Eu não deveria estar falando com você agora, mas você precisa saber. A corregedoria está ai, e sua comandante não gosta do meu comando. - ele pausa, olha ao redor, e continua - O homem aprisionado por Rosa foi encontrado morto dentro da sala de interrogatório. Havia espuma em sua boca. Mandamos uma amostra de sangue para análise, Jeffords está cuidando disso. - ele novamente pausa, olha o entorno, e continua - Os outros estão vivos, mas dois ainda estão desacordados. Aqueles dois detidos por Jeffords. O que aconteceu na floresta? - depois de passar algumas informações do que houve na delegacia, agora Holt buscava informações com o jovem capitão.

Acontece que eles não tinham muito tempo. Coisa de dois minutos ou menos que Ayzen começou a falar, uma senhora baixinha, sorriso irônico no rosto e trajando o uniforme completo de oficial se aproxima dos dois. - Ora Raymound, fazendo reuniões às escuras? - ela não olhava, diretamente, para o rosto de Holt, se dirigindo para Ayzen. - Ah, Comissária. Este é… - Holt começa a falar, e então é interrompido de forma brusca - Por favor, Raymond, não preciso de porta-vozes. Madeline Wuntch, comissária de polícia. - ela estende a mão para Ayzen, ainda não olhando para Holt. Era uma situação bem estranha e, ao mesmo tempo, bem desconfortável.              

 Parece que se tinha alguma cena para acontecer, ela aconteceria sim no primeiro dia em que eu estivesse ali. Eu reconhecia mais uma crise! Menos grave que as outras crises, mas igualmente importante. Uma corregedoria bem na semana da minha supervisão? No meio de um ataque à cidade e à floresta? Claro que eu estava bem cheio, com outras demandas mais imediatas, mas no fim, tudo era importante, né?

Eu conversava rapidamente com o Capitão, onde eu passava as informações mais rápidas, sobre Jenny, naves RR na floresta e sobre o incêndio. Isso até a comissária chegar! A mulher com sorriso debochado para com o Cap. Holt, tentava ser simpática comigo. EM MEIO DE UMA CRISE E UM POSSÍVEL SUICÍDIO PARA EVITAR DAR INFORMAÇÕES.

- Capitão Ayzen Kitshomo.- estendia a mão e cumprimentava. - O que devemos a tua presença neste momento de crise na cidade?

A mulher tinha um ar totalmente esnobe e irônico, coisa que poderia deixar qualquer um de estômago revirado. Ela mal tocava a mão de Ayzen, só com os dedos e olhe lá! A pergunta do jovem capitão foi direta, e ela não desviou os olhos, nem por um instante, para responder. - Eu não lhe culpo de estar por fora, Kitshomo, já que está no agrupamento de Raymound. Então vou dizer de uma forma bem simples e direta: quando vocês fazem alguma bagunça, nós viemos arrumar. - a fala era repleta de tons de sarcasmo e ironia, do tipo que faria até um humorista dos mais controversos ficar desajeitado.

Porém, quem surgiu na conversa, e estava calado até agora, era o Cap. Holt! - Sim, Madeline, seu hálito de dragonesa do pântano continua bem corrosivo. - ele mantinha o semblante e o tom de voz neutros, como sempre fez, mas ele parecia maior naquele instante. - Não se incomode com nossa presença, Madeline, ratazanas preferem os lixões, e como pode ser, não estamos em um aterro. - a classe, a finesse e a pompa que as ofensas eram ditas era de um tamanho que não dá para saber se, de fato, eram ofensas! A mulher tentou manter a pose, mas transpareceu um pequeno traço de descontentamento. - Um dia de pego, Raymound. - ela lança a farpa nos olhos de Holt, que devolve. - Vou andar com um repelente maior, a partir de hoje. - e então, a loira gira nos calcanhares e sai

- Queira me perdoar, não queria arrastá-lo para… isso. - ele se desculpa com Ayze, e então, continua. - Vou lidar com as coisas por aqui. Peralta e os outros então em um café aqui perto, o Mel com Léu. Eles tem mais informações. - Holt, então, toca no ombro do jovem rapaz e, até desenha um projeto de sorriso, coisa rara de ser vista! - Obrigado pelo bom trabalho. - e também sai, para junto de outras pessoas, talvez para dar novos depoimentos e acompanhar a evolução daquela intervenção da corregedoria.              

 
E ali estava dois grandes inimigos se enfrentando, tal como Merlin e Madame Mim. Cada qual tentava não dar brecha pra o oponente, mas devo dizer que se eu fosse um juiz – um juiz tendencioso – eu diria que Capitão Holt venceu aquele embate de titãs. A mulher dava meia volta e saia sob juras de que um dia ela iriai detê-lo. Eu me segurava para não revirar os olhos. Eu conheço a burocracia dos serviços de defesa e entendia que deveria haver serviços que fiscalizam serviços. Mas tem pessoas que fazem este trabalho ficar muito mais pesado do que deveria ficar.

Agora poderia voltar pra minha supervisão, tomando cuidado para não dar brechas. Longe de mim alguém querer falar mal do meu serviço. Não no meu plantão! - Ótimo! O que mais preciso hoje é de informações; - sorri agradecendo ao chefe. Dragonair sussurrava perto e eu só recolhia para dentro da esfera, pra descansar mesmo.

Saindo dali, eu respirava um pouco. Isso porque depois deste começo agitado no primeiro dia, nas primeiras horas, eu conseguia caminhar mais livremente pelas ruas, agora raciocinando os momentos de crise. Primeiro a gente resolve a emergência, depois a gente trata. Nossa, falei muito como médico, não foi a intensão. Querido narrador, ignore esta parte ~q  Só fui mesmo pra o café!

Aiai, quando a pessoa não sabe se é médico ou se é agente de segurança pública, ou se é Vingador… relaxa, o narrador apenas se deleita com uma quarta parede bem quebrada.

O Mel com Leú não era difícil de ser encontrado, seja pelo tamanho da cidade, seja pelo seu destaque em meio às construções. Em meio a arquitetura mais rústica e meio ruralizada, um prédio com grandes janelas de vidro, de modo que era possível ver mesas e cadeiras do lado de fora, um pequeno estacionamento e uma grande xícara de café com uma Beedrill pousada em cima sendo o chamariz, não era difícil notá-lo. Assim que passou pela porta, um sininho sobre a mesma avisou a atendente da chegada do novo cliente. - Bem vindo! Fique à vontade! Já vou atendê-lo! - uma simpática senhora de meia idade, com um sorriso aberto, óculos redondos como o rosto, cabelos castanhos presos para trás junto de uma redinha e uma caneta atrás da orelha dava as boas vindas para Ayzen. Mas antes que ele pudesse escolher se fato um local, dois braços e meio eram erguidos para chamar a sua atenção. Dois e meio, já que Peralta e Santiago, um de frente para o outro, ergueram o braço por completo, e Rosa, ao lado de Peralta e de frente para a entrada, só ergueu a mão cujo cotovelo recostada sobre o encosto da grande poltrona dupla. Havia um lugar vago na mesa ao lado de Santiago.

Assim, Ayzen se aproximou do grupo. - Bem vindo de volta, Cap! - Peralta o recebia, com um prato de panquecas bem aromáticas recobertas por uma camada generosa de mel e Cherry Berries. Santiago tinha o mesmo pedido, em uma dose mais modesta, já Rosa portava só uma caneca de café preto. - Os Pokémon foram encaminhados para o Centro Pokémon e estão sendo tratados! - Santiago começava a reportar - Jenny e os outros estão bem, só com ferimentos leves, escoriações e uma leve intoxicação por fumaça. - Rosa seguia - E a Carmelita está bem, obrigado! Meio suja com coisas de Pokémon, mas nada que resolva! - Peralta finaliza. Logo a mulher que recepcionou Ayzen na entrada chega com uma bandeja, uma caneca e um bule de café, despejando um pouco e entregando para o capitão. - O que vai querer, querido? - o tom de voz convidativo e simpático contrastava com o aroma vindo da cozinha. - Recomendo as panquecas com pão de mel, Cap! Incomparáveis! - Peralta mais uma vez se adiantava.              

 Cara, ver aquelas panquecas volumosas e fofas, com aquele caldo do lado, fez-me delirar com o tanto de sabor que Azalea tinha. Uma cidade pequena e cheia de deleites gastronômicos. Isso me fazia pensar no motivo que estava ali, que foi rapidamente lembrado. Mas nada que não pudesse ser feito com um pouco de pausar, principalmente após estamos em reunião de discussão de casos em Azalea.Ora pois, eu quero...- Panquecas com pão de mel, por favor!- pedia aceitando a sugestão de Peralta com um sorriso de menino buchudo. Eu era magro e com metabolismo acelerado, eu mereço ...

Agora, na mesa, poderíamos colocar vários pintos nos i. A minha mente funcionava como uma grande lista, dando check em cada item confirmado. Tínhamos o controle dos Pokémon, da vítima de incêndio e os danos foram mínimos, tanto em cidade quanto em população. - Ainda vamos manter alerta máximo. Pode haver rockets ainda pela cidade. Há uma operação agora na Ilex, então pode até ser estratégico para eles atacarem a cidade para despistar. Sobre o rocket na delegacia, muito provável ele tinha algum veneno que usou para se matar.

Era uma conclusão naquele momento, né? Comeria e tomaria aquele velho café sem açúcar, ignorando as caretas de qualquer um que desaprove para poder sentir o gosto do café. Também questionaria sobre qualquer pendência que deva haver ali. - Tem mais alguma coisa que eu precise saber pra a boca condução desta semana?

A senhora girava em seus calcanhares, toda sorridente, com o pedido anotado. Assim que se afastou, a conversa pode voltar com certa privacidade. Os três concordavam com o comentário de Ayzen, em especial Santiago. - Ainda mais agora que a megera da Wuntch chegou! - os três, então tiveram reações parecidas ao ouvir o nome da comandantes da corregedoria, que nesse momento deve estar depenando Cap. Holt… ou não! Enfim, pelas expressões, nenhum deles tinha boas lembranças com a mulher. Pelo o contrário a aversão parecia reinar!

Logo que Ayzen perguntou sobre o que encontrar durante a semana, Peralta tomou à frente, como sempre, e despejou. - Santiago tem complexo de inferioridade e compete com tudo pra suprir isso. Rosa assiste My Little Ponyta em segredo e acha que ninguém sabe… AI! - ela toma um cascudo de Rosa, que devolve um olhar fulminante - Eu assisto com a minha sobrinha! - se olhares matassem, Peralta agora estaria dissecado! - Enfim! Jeffords levou uma amostra de sangue para análise e logo deve retornar. No mais, Capitão Holt tinha planejado algo na floresta para você nos ensinar algumas coisas sobre resgate, mas com fechamento da mesma, acho que teremos que fazer na base! - ela faz uma cara de tristeza, como se esperasse por aquele acampamento, mas não poderia mais. - Ah sim, outra coisa, agora é sério, juro! - Peralta voltava a falar - A gente já tem preparo físico por sermos policiais, então não precisa pegar leve com a gente! Vamos pra cima de qualquer coisa pra servir melhor a nossa cidade, não precisa poupar a gente…  - talvez esse comentário tenha vindo pelo fato de nenhum deles ter acompanhado Ayzen no ponto final da missão de mais cedo, mas talvez seja outra coisa. Os três se aproximaram de Ayzen, o encarando quase que profundamente - Então, capitão... - Santiago estava quase conseguindo sentir a respiração do capitão de tão próxima! - Quem são e de onde saíram esses Rockets tunados? - Rosa completava, com o olhar inquisidor. Eles eram policiais, afinal!