[Voltemos pra essa aqui]
Meloetta era só gratidão para o herói, envolvendo-o com sua alegria a saltitar e rodopiar ao redor dele e de seus aliados. Seu sapateado agora não traduzia em nenhuma fala na mente de Ayzen, mas tudo bem, realmente algumas coisas não precisam ser ditas.
Foi nesse clima de descontração e brincadeiras que Meloetta conduziu Ayzen para fora daquele jardim, depois para fora da propriedade do castelo através de uma passagem discreta que levava até aquela ponte em arco-iris. Agora a ponte estava em sua cor viva mais uma vez, e até o rio sob ela corria com mais vigor. As coisas voltavam ao normal.
Os Pokémon do Ranger foram os primeiros a sumirem. Sem mais, nem menos. Uma hora eles estavam lá e quando olhou de novo, não. A medida que Meloetta o conduzia pela ponte arco-iris, o próprio castelo às suas costas desapareceu.
Ao atravessar a ponte, porém, Ayzen encontrou toda vida que antes havia sumido dali. Pokémon e humanos pareciam aguardá-lo, alegres e sorridentes, acenando. Havia tanta variedade de vida que algumas ele nem seria capaz de reconhecer, provavelmente.
- Céus... Não creio... Sim... Confirmado... Pode... - uma voz do além sussurrava no ambiente como um todo, quase como se uma divindade estivesse as proferindo; uma divindade feminina, diga-se de passagem, mas dessa vez não era Meloetta -
Estamos? Ele nos ouve?Sabe quando você tá ali no limiar do sono, entre o dormir e o acordar, de modo que os sentidos do seu corpo percebem parte das coisas ao redor, mas você ainda assim vê imagens mentais do sonho? Ayzen estava nesse tipo de viagem limiar. Os ouvidos do seu corpo físico captavam as vozes no laboratório, mas sua mente ainda se conectava principalmente com o universo do Dream World.
- Em nome das abundantes terras do nordeste. - Meloetta enfim quebrava seu próprio silêncio, parada diante do publico, separando-os do heroi -
Apresento-lhes Lord Ayzen, o Bravo. - aplausos se seguiram ao anúncio, e um Aipom filhote saltou do alto de uma árvore direto para o ombro do loiro, o macaquinho trazia consigo uma coroa feita de galhos grossos e dourados, certamente de uma árvore muito especial.
- Senhor Kitshomo, não se assuste. - a voz de Fennel estava cada vez mais perto e nitida, menos etérea, vinda do mundo externo como uma interferência que só Ayzen ouvia -
A anomalia desapareceu. Parece que seu trabalho está completo!Assim que ela disse isso, Meloetta virou de frente para o treinador, fez mais uma vez uma reverência digna de dama. Tanto ela quanto os outros habitantes de Dream World acenavam em adeus para Ayzen, outros repetiam a reverência honrosa.
- Quem é coroado Lord ou Lady de Dream World, sempre o será... - agora era o som dos passos/voz de Meloetta que se tornavam mais e mais distantes na mente do Ranger.
Tudo evanesceu aos poucos, tornando-se névoa e poeira de sonho, até tornar-se um negrume sem fim quando os olhos de Ayzen viram somente por trás das próprias pálpebras. Seu corpo foi retomando os sentidos e a consciência, a sensação térmica e de peso. O ruído das tecnologias e tudo o mais.
- Senhor Kitshomo, tudo bem? Já acordou? Augusto, tem certeza que desligou a alimentação do Pó dos Sonhos?! - Fennel tentava traze-lo de volta.
- Sim, senhorita Fennel. Talvez devessemos tentar uma injeção de cafeína?