Apesar de extremamente cansado e abatido, Mankey ainda tinha forças para desferir mais ataques a Kyuubi, que encontrava-se igualmente fraca depois de um embate acirrado e violento. Contudo, aquela batalha encaminhava-se ao seu fim com as chamas da pokémon raposa atingindo o símio em cheio e drenando o que restara de sua capacidade de permanecer de pé e acordado. Mankey caiu ao chão derrotado, e, tão rápido quanto ele havia tocado o gramado tostado, Lyla, que tinha uma mão dentro de sua bolsa, puxou a poké bola vazia para atirá-la contra o animal selvagem. Ela visualizou o objeto esférico abrir-se e puxar para o seu interior o pokémon que não tinha sequer forças para tentar sair.
Mas então seu olhar voltou-se para Kyuubi e a viu perder as forças nas perninhas curtas antes de também cair ao chão.
Argh! O coração da loira começou a pulsar violentamente dentro de sua caixa torácica. De repente, a ansiedade voltou e também o medo que estava à espreita enquanto a batalha se desenrolava. Agora via a Vulpix ferida e tremendo no chão, e só conseguia pensar que aquilo era culpa sua.
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Kyuubi... — Lyla correu em direção à sua companheiras e ajoelhou-se ao seu lado. O que poderia fazer para salvá-la? Estavam na metade do caminho, não havia previsão de quando conseguiria chegar até a cidade seguinte, então muito provavelmente teriam que retornar a Celadon para que pudesse levá-la direto ao Centro Pokémon. A viagem sendo em vão.
Uma voz atrapalhou sua linha de raciocínio e a face de Lyla voltou-se tão rapidamente para a sombra que o corpo daquele rapaz estranho fazia sob o sol ardente que o pescoço da treinadora até mesmo doeu com o movimento brusco. Via-se pela primeira vez diante do que menos queria — uma pessoa. Certo, estava em fuga e não poderia se privar de contato humano para sempre, mas queria passar pelo menos algumas semanas completamente isolada para que os rumores dos contrabandistas não mais a alcançassem. E então estaria mesmo livre. E em paz para seguir uma jornada completamente diferente do que a que tivera até encontrar Kyuubi.
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Quem é você? — sua falta de tato pelo momento de aflição a fez soar grossa e um tanto rude, mas aquilo não pareceu surtir efeito no estranho, que parecia querer ajudá-la.
Estranhamente. Lyla não estava acostumada com pessoas querendo oferecer ajuda de graça. Tudo tinha sempre um valor, e muitas vezes ele vinha alto demais quando se envolvia com as pessoas erradas. Ela havia aprendido isso da maneira mais dolorosa; dolorosa porém eficaz, tão eficaz que havia ficado marcado em seu próprio corpo em forma de uma cicatriz.
Lyla estava pronta para negar tudo e pedir para que o rapaz seguisse seu caminho, até que ele se ofereceu para ajudar o estado crítico de Kyuubi. Então a semente da dúvida foi plantada em seu cérebro. Tudo bem, elas ainda tinham uma garrafa de água, mas como seria possível que levasse a Vulpix até um centro de tratamento pokémon sem que ela sofresse com os espólios de batalha, ainda que dentro de sua poké bola? A loira infiltrou os dedos pelos pelos macios da raposa enquanto encarava fixamente o rapaz.
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Então você quer me dar água, curar a Vulpix e ainda me dar para carregar esse ovo? — ela recapitulou. E apesar de sua desconfiança, já estava inclinada a aceitar. Por Kyuubi. —
Okay. Okay, eu aceito. Só cuide dela logo, por favor. — Levantando-se de sua posição, Lyla pegou para si a garrafa de água extra e a incubadora com o ovo, colocando ambos os objetos dentro de sua bolsa. Mas as orbes púrpuras da loira continuavam fixas em qualquer movimento feito pelo estranho em direção a Kyuubi.
STONJOURNER EGG — (01/40)