[Valley of Steel] Bullet Punch

A estratégia com as Oran era boa, refazendo o uso conhecido para estabelecer aquela relação. Só que os selvagens não eram bobos e, bem, aquelas frutas em particular tinham o cheiro de Ayzen impregnado nelas ou seja, não eram reais ofertas das recém chegadas. Isso podia ser motivo suficiente para que o acordo não fosse estabelecido. Porém, tudo dava certo no fim.

Essa Joy em particular, como ela mesma comentou em algum momento lá no começo, era familiar às atividades em campo, sabendo então se virar relativamente bem em situações assim, quase como e tivesse ali uma vantagem de aparência e aura inofensivas a seu favor. Além disso, o que Mawile não tinha em tamanho, ela tinha em boas relações com seus comparsas selvagens. Então, podemos dizer que em alguns instantes e cochichos selvagens as coisas se resolveram. Ah! Mas algumas das berries foram tomadas, sinto muito, estamos em crise por aqui!

– Bom trabalho, Comandante. Agora, se me der licença... – a mulher era ágil e, diante da situação, tinha sangue nos olhos! Fazia um gesto para o acompanhante dela e ia cada um para um lado, atendendo os pequenos grupos.

– E a gente, chefe, faz o que? – obviamente Clover estava cheia de disposição e fôlego, não participou do caos.

Missão Ranger – Tarde | 29ºC – Ayzen

As ordens eram dadas e a única delas que não seria seguida era a direcionada à Sam, que já teria retornado para o acampamento. Em seu lugar o Ranger Davi se prontificava a encontrar Alex para que juntos escoltassem os prisioneiros até o acampamento. Os Cadetes já até se adiantavam, de modo que a ruiva tratasse de acionar a base da cidade para que os colegas de lá viessem buscar novos prisioneiros; ao mesmo tempo, Alex usava a tecnologia mais ampla disponível no acampamento para ter acesso ao sistema de rastreamento que ela mesma tinha implantado no fugitivo. Desse modo, à distância ela não veria nenhum sorriso gentil de seu Comandante, mas seria a ajuda direta para que a nova busca acontecesse.

Era mesmo uma sorte que boa parte dos caminhos estivessem mapeados e já verificados pelos Ranger em sua patrulha diurna, pois desse modo Ayzen podia seguir seu caminho sem se preocupar tanto com armadilhas, deixando para os Pokémon a vigia quanto a possíveis emboscadas. Mas, daqui já adianto que elas não viriam a acontecer.

A tarde avançava ao longo das horas, refletindo o tempo no prolongamento das sombras que as montanhas projetavam. Se não fosse um árduo treinamento e experiência, é certo que o loiro estaria ouvindo o próprio estômago protestar de fome. Sede nós não temos muito o que argumentar, já que beber um golinho não leva mais que alguns segundos e pode ser feito enquanto se caminha, diferente de uma refeição mais complexa, não é?!

O terreno do vale se tornava um pouco mais aberto e menos acidentado a medida que nosso desbravador se aproximava do seu centro, mesmo assim não conseguia ver sinal algum de seus alvos, senão alguns poucos rastros deixado no chão pedregoso, mas que podiam pertencer até mesmo às criaturas do lugar. Por falar nelas, foi possível avistar alguns Pokémon nas redondezas, mas todos tímidos o suficiente para se esconderem diante da presença do trio.

Nos fones de ouvido os relatórios vieram algumas vezes, indicando o avanço nos trabalhos dos Cadetes. Contudo, a comunicação periódica estabelecida também marcava com mais ênfase a passagem do tempo, indicando que lá se ia mais de uma hora na busca. O que não fez aquele Comandante desistir era ter Sam em contato, afirmando que o sinal do rastreador estaria já bem próximo, num ponto bem localizado quase ao centro geográfico do vale.

As imagens da câmera instalada no Pokémon rastreador - uma adaptação sugerida por Alex ao ver o mal uso das Ribombee - também mostravam parcialmente as ações no acampamento inimigo. O homem em seu desespero teria já iniciado uma queima de alguns arquivos, cuja fumaça Ayzen já podia avistar de longe. Quase que ao mesmo tempo ele usava um objeto que Sam julgava ser um comunicador, provavelmente para estabelecer contato com o meio externo. Nesse momento, o fugitivo preparava uma mochila robusta e uma braçada de frascos de Potion, que decerto usaria para restaurar os Pokémon perdidos na batalha com a Cadete.

– Comandante! Acho que ele vai tentar fugir, de novo! – corre loirinho, corre!

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Com pressa encurtou os minutos restantes para chegar no esconderijo inimigo. Passar despercebido naquele lugar deveria ser um pouco difícil, pois era um acampamento montado com premissas muito parecidas com as que os Ranger usaram no seu: uma montanha alta fazendo uma parede de retaguarda, enquanto o restante era aberto o suficiente para que os "habitantes" detectassem aproximações que viessem em sua direção.

O acampamento em si era quase tão sofisticado quanto a essa altura já esperamos dessa gente. Havia uma tenda cobrindo uma mesa comprida e cheia de notebooks (agora desligados e fechados), ao lado de um tapete grosso sobre o qual se distribuía uma vasta variedade de armas e armadilhas. Era por ali que o alvo se encontrava, largando o que fosse de importância dentro de grandes caixas metálicas.

Mais curioso do que aquilo tudo era o conjunto de grandes rochas dispostas de uma forma completamente organizada ao redor do acampamento, como se tivessem sido postas ali uma a uma, a dedo, com a metragem bem determinada. Eram pedras de tamanho mediano, do tipo que um humano podia mover com alguma dificuldade, mas um Pokémon certamente movia fácil, apesar do aspecto de serem pesadas. Spoiler de memória: eram as entradas/saídas dos túneis usados. Digo, não é tão spoiler assim já que um dos buracos estava exposto, com a pedra movida para o lado, oferecendo uma rota de fuga.

Supondo que Ayzen esteja escondido detrás de alguma rocha observando de longe e em segurança, ele veria todos esses detalhes, incluindo o homem que parava subitamente de guardar objetos para colocar suas pokébolas sobre uma bancada, bem diante do tal lote de poções de cura que Sam havia relatado. Por falar nisso, com base na imagem de vídeo que a garota enviava para o aparelho do Comandante, ele pode deduzir a localização do sorrateiro Emolga, esparramado e escondido no topo de uma montanha não muito longe dali, com uma câmera pequena adaptada em um capuz na cabecinha dele. Já o pequeno Aron - que a Cadete tinha "adotado" para auxilair na missão - estava imóvel, escondido e camuflado entre várias caixas metálicas bem no meio da bagunça inimiga.

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A emboscada era orquestrada em silêncio, despertando uma sintonia que só recentemente havia ficado mais familiar para a "novata" Volcarona que tinha um dever bem simples e intuitivo ali: imobilizar... E assustar, afinal era um baita bichão do tamanho de muito humano adulto por aí, e todos sabemos que é relativamente comum as pessoas terem fobias a essa aparência insetoide, enfim.

Era fio de seda pra lá, pedras girando freneticamente pra cá, mas sem dúvida o grande trunfo de Ayzen foi o fator surpresa vindo de vários lados, fazendo com que o alvo ficasse bastante desnorteado sem saber para qual lado olhar ou reagir. No fim, a combinação como um todo foi efetiva na operação do Comandante.

Seu novo prisioneiro tentou escapar, mas os pés ficaram presos na seda pegajosa, em tempo Absol ergueu as pedras para impedir uma nova tentativa do alvo, enquanto que o pequeno Emolga saltava de seu esconderijo, lançando um golpe elétrico que desmaiava o oponente, dando abertura para que Volcarona terminasse o serviço de encasular o boneco.

– Parece que o caçador virou a caça, hoje... Devo mandar apoio, Comandante? – Sam executava o "protocolo" agora que a prisão tinha sido bem sucedida. Apesar de tudo aquela base era longe do ponto onde estava os Ranger, então as decisões tinham que ser bem pensadas a partir daqui.

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Desacordado, o homem foi revistado só até onde foi possível, nas pernas e cabeça, já que do tórax ao abdômen ele estava envolto na seda grudenta, com os braços bem juntos ao corpo. Por isso, Ayzen não encontraria mais do que ferramentas simples - canivete, lanterninha, caneta - num bolso da calça. Na cabeça só restava o capuz do meliante, que permanecia preso na sua camisa e nada continha escondido.

Ayzen fazia sua olhada breve mais uma vez agora que estava dentro do território adversário. Via que o acampamento inimigo, além do que já comentamos, era dividido apenas em dois setores, um com uma lona que cobria os equipamentos diversos, e outra que era uma tenda que provavelmente servia de dormitório para os caçadores.

Entre os equipamentos, destacamos novamente os utensílios usados nas caçadas, como armadilhas, jaulas, armas, redes; tudo meio que amontoado sobre uma lona no chão e, nela, em cima de algumas caixas de madeira fechadas. Ainda sob aquela tenda as pequenas bancadas de metal comportavam outras tecnologias, como notebooks, câmeras, um par de máscaras que os caçadores usavam e mais um par de malas de metal, também fechadas.

Descobrir o conteúdo daquelas máquinas, dos recipientes fechados e do dormitório seria uma investigação a ser feita com mais atenção. Mas, por infortúnios decididos pelo whatsapp destino, atenção não era o que o Ranger poderia dar neste exato momento.

– Comandante! – Sam nem precisava ter gritado no áudio, já que os olhos de Ayzen e de seus Pokémon teriam visto a movimentação bem antes da garota avisar.

Daquele buraco aberto no chão dois Pokémon saíram, um de cada vez. O primeiro parecia nada mais que uma flor elíptica estranha e azulada, mas o que isso tinha de simples o outro tinha de bizarro, com seus vários braços e garrafas que preencheriam fácil um filme de terror.

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