Missão Possível - Protocolo Fantasma

Protocolo Fantasma

Credenciais conferidas, objetivo inicial da missão confirmado e...

Era hora do makeover!

Não acredito que temos tempo para explicar cada detalhezinho da mudança, mas Asami era a responsável por arrumar nosso Ranger favorito. Claro, a morena virou de costas quando Ayzen trocou suas roupas, mas a partir daí deu-se a liberdade de mexer em tudo. Uma blusa preta com alguns rasgos como de garras deixava o peitoral definido do nosso herói a mostra; por cima, uma jaqueta de couro de spykes já dava outro ar a personalidade do Ranger. Por fim, calças de couro e um coturno de veludo preto terminavam de enfeitar o look.  

- Ok, agora a parte principal. - Asami pegou uma tesoura e um pente fino, puxando um balde de cabeça-para-baixo que estava jogado em um canto para Ayzen sentar - Não sou muito boa nisso, não. Mas vai ficar bom. - brincou, cortando levemente as pontas das longas madeixas; o rapaz sentiu, então, algo gelado tocando seu coro cabeludo - Um pouquinho de gel para pentear para trás.

Eu disse que não teríamos tempo para explicar cada detalhe, mas cá estamos com tudo basicamente explicadinho tim-tim por tim-tim. Não é minha culpa que makeovers são minha especialidade, tá?

- Prontinho. - Asami sorriu, guardando o pente e tesoura em uma sacola descartável; pegou seu Rotom Phone e mostrou a câmera dianteira - Ficou bonito.

Dizem que diferentes penteados mudam completamente a fisionomia da pessoa, imagina para Ayzen que se vê no espelho na correria do dia-a-dia sempre da mesma forma? Era difícil se reconhecer naquela pessoa, mas, com todo respeito, estava lindo demais com o cabelo penteado de gel para trás. Ambipom era a primeira a se por na frente de seu treinador, observando a diferença em sua feição por conta do novo corte - por fim, sorriu, como se aprovasse o trabalho de Asami como cabeleireira.

Se não gostar é só voltar a pentear como sempre após a missão, né?

- Ele é o gerente de turnos e costuma ficar nesse lugar das onze até às três da manhã. - o semblante da Ranger voltava a ser sério - Às três ele leva seus "amigos" - gesticulou as aspas - Para seu pequeno estúdio nos arredores da SecTec, para de gabar do trabalho que faz. - típico, né? - Ele então vai para a empresa, entra e começa seu turno da madrugada, mas não costuma deixar ninguém acompanhá-lo. Só precisamos convencê-lo. - Asami puxou um guarda-chuva e sua Gardevoir finalmente saía do seu estado de transe - Vamos entrar juntos, como se já tivéssemos bebendo desde cedo na cidade. - acenou para sua psíquica - Segurem-se.

Em um piscar de olhos, Gardevoir levava os três para o beco onde Ayzen inicialmente se escondeu para enganar o segurança do prédio.

- Retorne, Krish. - Asami retornava sua psíquica - Sugiro fazer o mesmo, daqui para frente seremos só nós dois. - abriu o guarda-chuva, sinalizando para Ayzen entrar debaixo junto com ela - Enquanto caminhamos até lá, precisamos estar entrosados e levemente alterados pelo álcool. - sorriu - Me conte uma história engraçada de uma missão recente.

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- Códigos com batida de cauda? - Asami parecia surpresa - Nossa, acho que nunca imaginaria algo assim. Os Swampert que já vi costumam ser bem sérios, que gracinha. -  sorriu, apontando com o queixo para Ayzen virar na próxima esquina junto com ela - Sim, mas já passei cada coisa que até Arceus duvida.

Apesar de caminharem em passos largos, ainda faltava um pouquinho para chegarem até o destino. No meio do caminho, alguns bêbados transeuntes sequer percebiam a presença dos dois - um sinal de que talvez, e somente talvez, o disfarce esteja camuflando bem os dois com a cena noturna de Rinshin. Mais alto que sua companheira de missão, Ayzen sentia a mão de Asami apoiando-se em seu braço quando a chuva voltou a apertar.

- Acho melhor você levar, ficar com o braço esticado para cima dói. - a Ranger riu - Se não se importar, claro. - coçou a garganta - Mas a minha história favorita aconteceu não tem muito tempo. - deixou uma risada acabar, como se a lembrança voltasse inteira de imediato; os olhos rubros fixaram-se em Ayzen, atentos para começar a contar a história - Tive que me disfarçar de sous-chef em um restaurante de alto padrão em Lilycove. Foi um disfarce de boa duração, quase trinta dias até um evento onde flagraríamos nosso alvo. - balançou a cabeça - Infelizmente tive que levar dois cadetes para serem meus auxiliares de cozinha. Mais atrapalharam que ajudaram. - tornou a olhar para Ayzen, como quem dissesse: "Sabe como é, né?" - No dia do grande evento, um deles fico tão nervoso que travou. Literalmente. Não andava, se mexia, nada. No meio da cozinha, no horário da missão. - suspirou - Tivemos que improvisar: Usei minha Flittle para ficar embaixo do chapéu de cozinheiro dele, comandando até se recompor. - riu - No maior estilo Ratatouille, o filme daquele Rattata lá em Kalos... Sabe qual é? Pois é.

A história de Asami, apesar de engraçada, denunciava sua alta patente, como Ayzen sabia desde quando recebeu essa missão. Não só a morena foi a responsável de uma missão extensa, como também era responsável por zelar e treinar cadetes da corporação. De qualquer maneira, a Ranger terminava a história contando sobre como no final tudo deu certo e conseguiram pegar o alvo com a boca na botija.

- ... Chegamos. É o com a placa neon azul.



Estavam a alguns metros de distância ainda; era possível observar o exterior do local lotado de pessoas, todas no mesmo estilo que estavam vestidos: Roqueiros, alternativos e alguns muito, muito mal encarados. A chuva não parecia ser um problema para maioria, mas alguns se amontoavam na entrada para tentar escapar dos fortes pingos d'água. O cheiro não era muito agradável, ao menos não para quem não estivesse acostumado com isso: O ar era perfumado pelo aroma de Cannabis, misturado com o de cigarro, cerveja, mijo e, porque não, lixo. Era de se esperar que em uma rua onde existam diversos bares e que exporte vários bêbados pela cidade o aroma não seja dos melhores.

A música, barulhenta e alta, impedia que conseguissem escutar a conversa de outros presentes. Apesar de estarem do lado de fora, a acústica do local do lado de dentro era tão abafada que o som escapava quase em desespero. Se quisessem se comunicar, seria no grito e no pé do ouvido. Apesar disso, Ayzen conseguia perceber Asami cantarolando a música que tocava lá dentro - apesar de não possuir o perfil de quem escuta essas coisas, a Especialista certamente havia feito seu dever de casa e é excelente no que faz.

- A FILA PRA ENTRAR TÁ ENORME. QUER FICAR AQUI ENQUANTO VOU COMPRAR NOSSAS ENTRADAS? - Asami ficou na ponta do pé e aproximou os lábios do ouvido do rapaz para que pudesse escutá-la - JÁ VOLTO!

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No final das contas, não era só Asami que era muito bem preparada para qualquer situação: Ayzen, enquanto a aguardava retornar, tentava mesclar-se em meio aquele ambiente totalmente contrário ao que normalmente está inserido.

Dois rápidos toques no ombro do Ranger seriam suficientes para fazê-lo virar para trás: Ali, diante de si, uma senhora com uma barraquinha ambulante, apontava para suas mercadorias. Isso mesmo, a barraquinha ficava presa em seu pescoço e a pequena bancada com produtos apoiada em sua barriga, com um porta guarda-chuva que a protegia dos pingos d'água - quem quer dá um jeito, né?

A senhora se reservava a ficar quieta, já que a música altíssima impediria Ayzen de escutá-la de qualquer maneira. Em sua bancadinha, ~cigarros~ naturais das mais diferentes cores estavam dispostos - a seda de cada um era de uma coloração diferente, mas não especificavam do quê era, só com um preço de PK$5/cada. Além disso, isqueiros, sedas avulsas e chicletes de diversos sabores também estavam disponíveis.

Comprando algo da senhora ou não, era possível ver Asami retornando com os ingressos em mãos - na verdade comandas para consumo dentro do local. Como Ayzen já estava na fila para entrar, a jovem pararia ao seu lado.

... Por enquanto, nada do alvo - ou ao menos não era possível vê-lo daquele ângulo.

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Excelente.

Apesar de não conseguir escutar exatamente o que Ayzen estava dizendo, Asami conseguia entender bem o que estava sendo dito: Entrelaçou seu braço direito com o esquerdo do Ranger e aceitou a oferta do cigarro, dando duas longas tragadas.

A fila andou até que rápido. A medida que entravam pessoas, outras saíam cambaleando - ou bêbadas ou expulsas pela segurança do Lizzie's Bar. Chegada a vez de nossos escoteiros, entraram sem problemas.

... Se do lado de fora a música já estava insustentável, dentro era pior ainda. Um saguão enorme recepcionava Ayzen e Asami, com a maioria das pessoas dançando ao norte, na pista de dança. A iluminação era precária, deixada por conta das luzes coloridas da pista de dança, que espelhavam nas paredes em ritmo frenético. O odor não era muito melhor que nas ruas de Rinshin, com o cheiro de urina sendo substituído pelo de suor. Enquanto estudava o ambiente, a Especialista descia seu braço e segurava a mão do Ranger, puxando-o na direção sul, até o bar.

Igualmente caótico e lotado de pessoas, ao se aproximarem Asami puxou uma nota de vinte PK$ de sua bolsa, entregando-a na direção do loiro - com o queixo, apontou para o bar. A altura de Ayzen era um bom fator aqui, já que era só esticar os braços, entregar o dinheiro, pedir e pegar a bebida. Não importava exatamente o que ambos gostavam de beber, mas era possível ver a morena dizendo "Vodka" algumas vezes.

E nada do alvo...

Ainda, pelo menos.

- Vem.

Bebidas em mãos, Asami puxava Ayzen novamente, agora para a pista de dança; não para o meio onde era caótico ao extremo, mas para o fundo. A Especialista colava no rapaz e, então, dançavam ao som do rock melodramático anos oitenta que acalmou um pouco as coisas ao seu redor. Alguns metros atrás de Asami, no fim do saguão, Ayzen conseguia ver uma porta abrir - não há ninguém no mundo que conseguiria perceber que ali tinha uma entrada (ou saída) nesse breu, mas a diferença de iluminação era gritante. Lá dentro, uma luz branca forte contrastava com o escuro do lado de fora. Não dava para ver muito, mas o brutamontes que abria e fechava a porta parecia um segurança.

Uma área VIP, talvez?

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A fala de Ayzen fez com que Asami colocasse seus braços ao redor do pescoço do rapaz, para que pudesse deitar em seu ombro e observar - rapidamente e discretamente - sobre o que o Ranger estava falando.

- Precisamos observar mais um pouco. - comentou, baixinho - Não sabemos as condições para entrar lá.

E de fato, não sabiam. Dizem que paciência é uma grande virtude para se ter enquanto em uma missão e realmente é. Demorou pelo menos vinte minutos até a porta abrir novamente - dessa vez, um segundo segurança saía de lá, para chamar três pessoas que estavam na pista de dança para entrar. O que diferenciava eles dos demais na pista de dança era a forma como se divertiam; algo nas danças exageradas, bebidas derramadas e beijos distribuídos a torto e a direito talvez tivesse algo a ver com isso.

- ... Já sei. - Asami observava os três entrarem, bêbados, pela porta misteriosa; abraçou Ayzen novamente, colocando sua boca aos pés do ouvido do rapaz - Mas você vai precisar tomar as rédeas daqui pra frente. Pode ser que eu fique temporariamente incapacitada. - a risada leve de Asami ecoou pelos ouvidos do Ranger e ela se afastou - Espere aqui.

Passados quase cinco minutos, Asami retornava com um cerveja para Ayzen na mão esquerda e... UMA GARRAFA DE VODKA na mão direita. Entregou a cerveja para o loiro e tirou seu casaco, entregando-o também para o Ranger segurar. Com a vodka em mãos, abriu a garrafa e ajoelhou no chão, mesmo grudento e sujo. Asami é realmente dedicada.

- Faria as honras? - apontou a garrafa para Ayzen, jogando suas madeixas para trás dos ombros enquanto inclinava o corpo para trás - Podem vir, podem vir!!! - essa era uma resposta às duas dúzias de dançantes que começavam a formar uma rodinha em volta dos dois; em determinado momento, um coro começou: "VIRA! VIRA! VIRA!" - ...

... Tudo pela missão, né?