Missão Possível - Protocolo Fantasma

Quando a van parou em frente ao prédio da Sectech, a tensão no ar era palpável. Ben, o nerdola, estava uma pilha de nervos, ansioso e com uma mistura de medo e excitação. Assim que ele avistou os seguranças brutamontes acompanhados por um Machamp e um Hydreigon, seu estado de espírito só piorou. Aqueles Pokémon eram verdadeiros monstros, exalando uma imponência que só suas formas finais poderiam alcançar. Seus olhos vermelhos brilhavam com um brilho perturbador, como se fossem controlados por uma força invisível. Era evidente que esses Pokémon não agiam por vontade própria, e essa obediência quase hipnótica só confirmava o nível de podridão por trás da Sectech.

Mantive minha postura firme, consciente de que qualquer deslize poderia ser fatal. Ben, por outro lado, estava prestes a se entregar, quase deixando sua ansiedade transparecer de forma perigosa. Felizmente, Asami, sempre alerta, simulou um enjoo súbito, o que desviou a atenção dele e nos deu uma oportunidade de recuperar o controle da situação. Enquanto Kenji nos dava as boas-vindas com um sorriso que só aumentava minha desconfiança, vi minha chance de puxar o saco dele.

-  Kenji, essa recepção é de primeira, hein? eu disse, com uma voz cheia de admiração forçada. Acho que esse cara era tão doentio que ele acharia estranho alguém que não puxaria o saco dele. - Esses Pokémon são realmente impressionantes. Não é à toa que você está à frente de tudo isso, sempre cercado pelo que há de melhor.

Ignorei o estado dos pokémon dos seguranças. Qualquer treinador mínimo, mais leigo que fosse, sabiam que esses pokémon estavam sem personalidades. Seja o que for o que Kenju e a Sectech tivesse fazendo ali, eles davam um jeito de suprimir essa personalidade dos Pokémon, para que houvesse obediência absoluta quando deixasse de ter o seu antigo treinador. Porra, qe escrotos! Vontade eu tinha de dar uma surra nele com meus próprios punhos, mas por fora estava relaxado, fanfarrão, como qualquer kantoniano cafajeste.

Agradeço o elogio, mas confesso que é bem mais fácil persuadir alguém com o ego do Pablo Marçal, do que alguém mais coerente ~q  Assim que entramos na estrutura do prédio, o ambiente parecia ainda mais opressivo. O curto trajeto de elevador nos dava um momento de silêncio, quebrado apenas pelas pequenas tentativas de Asami de deixar Ben mais relaxado. Ela tinha um jeito sutil de lidar com as pessoas, e em pouco tempo, ele já parecia menos nervoso, ainda que a tensão não tivesse desaparecido completamente.

Quando as portas do elevador se abriram em um andar específico, fomos recebidos por uma visão que fez meu estômago revirar. No centro da sala, cercada por telas e equipamentos que eu mal podia compreender, estava a máquina que Kenji chamava de Esprit 3000. Ele caminhou à frente, com um sorriso de orgulho que mal escondia seu narcisismo, apontando para a máquina como se fosse a joia mais preciosa da Sectech.

Eu mal consegui disfarçar meu desconforto. A máquina era intimidante, envolta em uma aura sombria que parecia emanar diretamente das energias perturbadoras dos Pokémon sob seu comando. Era claro que aquilo tinha algo a ver com o estado quase hipnótico dos Pokémon que vimos mais cedo.

Kenji, aparentemente satisfeito com minha reação, se aproximou ainda mais da máquina, gesticulando para que eu e Asami nos aproximássemos.Eu hesitei quando ele chamou pro combate, mas mantive a fachada. Meu olhar assumiu uma mistura de curiosidade e fascinação, como o de uma criança ao se deparar com algo proibido, mas incrivelmente tentador.

- Como ela funciona, brou? perguntei, minha voz carregando um tom de surpresa encantada. Sabia que precisava manter o disfarce, mas ao mesmo tempo, cada segundo que passava ali me fazia querer fugir para longe dessa monstruosidade. Crime. Sequestro. Bioética. Muitas coisas de erradas não estavam certas ali.

 
Kenji, com aquele sorriso enigmático e olhos brilhando de excitação, não entregava tudo de bandeja. Mantinha um ar de mistério em torno da Esprit 3000, como se quisesse nos deixar ainda mais curiosos — ou talvez amedrontados. Ele deu apenas uma explicação superficial, mencionando algo sobre "sincronizar a energia dos Pokémon com a mente do treinador" para alcançar um controle absoluto. Suas palavras eram vagas, mas o suficiente para nos fazer entender que aquilo era mais do que apenas um simples dispositivo de batalha.

Asami, ao meu lado, estava claramente desconfortável. Eu podia sentir a tensão emanando dela, mas sabia que era necessário manter a postura. Ela trocou um breve olhar comigo, cheio de incertezas e receios, mas também de determinação. Sem que precisássemos falar nada, concordamos em seguir adiante.

O Dono da porra toda estava de olho em cada movimento meu, e eu sabia que não podia vacilar. Ele mantinha aquele ar de mistério sobre a máquina, mas para mim, já estava claro o quanto isso era perigoso. Como alguém que tem contorle da segurança do prédio poderia ser também a principal cabeça responsável por isso tudo?

- Vamo, neném, pode mandar ver, manda tudo o que tiver, que eu vou te surrar até pedir menos! - soltei, provocando, mantendo aquele tom brincalhão, mas meus olhos não perdiam nada. Eu queria que Kenji visse que eu estava no controle.

Assim que Asami liberou o Medicham e o Farigiraf, eu mandei meus próprios: Lucario e Absol. A mega evolução de Medicham foi impressionante, mas eu não ia deixar barato. Ordenei a mega evolução de Lucario, e senti a energia no ar mudar, ficando ainda mais densa, quase eletrizante.

- Lucario, Flash Cannon em Medicham e em seguida Bullet Punch! Absol, use Taunt em Farigiraf e depois Sucker Punch em Medicham! - minhas ordens saíram firmes, sem hesitação.

 
Asami começou com tudo. O Mega Medicham dela se movia com uma graça letal, e antes que eu pudesse sequer piscar, Absol estava fora de combate. Farigiraf deu o apoio perfeito, complementando o ataque com uma precisão assustadora. Senti um frio na espinha, mas não podia deixar isso transparecer. Manter a postura era tudo.

- Uau, Asami! Não sabia que você tinha tanta raiva guardada! Você se aproveitou da minha embriaguez, né, vagabudna - provoquei, dando um sorriso de canto, tentando disfarçar a frustração que começava a crescer dentro de mim. Eu não podia deixar que essa derrota me abatesse. Precisava focar, pensar rápido, até porque, eu precisava manter as aparências de que aquela batalha era super importante. . Lucario ainda estava firme, e eu tinha que usar isso a meu favor.

- Lucario, não vamos deixar barato! Hora de mostrar do que você é feito! Flash Cannon na cara de medicam e em seguida Bullet Punch. - gritei, tentando manter a confiança enquanto buscava rapidamente o próximo movimento. A derrota de Absol foi um golpe duro, mas eu não podia perder a cabeça agora. Se Kenji queria ver uma batalha acirrada, era exatamente isso que ele ia ter.

 
Eu senti um gelo percorrer minha espinha no momento em que o nome de Asami escapou da minha boca em alto e bom som. Dorga! Esse erro não deveria ter acontecido, ainda mais num ambiente como aquele, onde manter nossas identidades era crucial. Eu estava ali para interpretar um papel, e Asami também, mas agora eu havia cometido uma falha grave. "Cachorra" ou "vagabunda" teriam sido bem mais seguros e dentro do personagem. Com certeza, o RH vai me colocar em umas 20 capacitações de agente duplo depois dessa.

Enquanto eu ainda processava o meu erro, Ben, aquele nerdola que parecia ter mais medo do que coragem, aproveitou o caos momentâneo. Ele ergueu suas Pokébolas, liberando seus Pokémon num movimento inesperado. O rapaz conseguiu imobilizar os seguranças e, com uma habilidade que eu jamais esperava dele, nocauteou Kenji temporariamente. A batalha foi interrompida, e, sem perder tempo, corri até o pessoal, sentindo o peso da situação e a adrenalina disparando nas minhas veias. Com um movimento rápido, tirei a arma de dentro da cueca—lugar estranho, mas funcional para disfarçar—aquela que guardava como último recurso.

Ben nos confundia com membros da Equipe Rocket, o que, nesse momento, talvez fosse até uma vantagem. Precisávamos manter essa ilusão o máximo possível. Sem hesitar, dei ordens aos meus Pokémon, focando em neutralizar a ameaça tecnológica e encontrar qualquer possível refém que ainda pudesse estar preso naquele lugar infernal.

-  Lucario, expanda sua aura! Procure alguém que está confinado e talvez aterrorizado com poucas esperanças nesse prédio! Ele era possível treinador daquele marcham. - gritei, tentando manter a compostura e o foco. - Ambipom, saia e use Thunder Wave para dar um curto nessa máquina e deixá-la inutilizada!

Enquanto Lucario se concentrava, em sua forma mega tinha muito mais poder, buscando por qualquer vestígio de vida em sofrimento, Ambipom rapidamente saiu da Pokébola, pronta para cumprir a ordem. Eu sabia que Medicham teria sido útil nessa situação, sendo outro Pokémon capaz de sentir auras segundo a Bulbapedia, mas o destino cruel já o havia tirado de combate. Olhei pra Asami para ela cuidar dos outros “reféns”.