029 - [MISSÃO DE SOCIEDADE] O Bacomel Vegano é Viciante

Com a confirmação de que o Charmander estava lá fora, provavelmente com Arthur, eu obviamente não perdi tempo em sair e ir ao seu encontro. Karen que me perdoe, mas ela saberia lidar muito bem com a situação até que eu retornasse. Sendo assim, tomei o caminho da rua, passando com cuidado pelo chão de tábuas podres do Salão do Restaurante e finalmente encontrei o lado exterior, onde havia alguma arborização, incluindo uma árvore de belos galhos e copa recheada onde... Seria possível? Onde Ishikeru andava como se estivesse em uma "corda bamba", de olhos fechados com as próprias patinhas, caminhando em direção a uma terrível queda, provavelmente. Meu primeiro pensamento foi gritar para que saísse dali, mas antes que a voz escapasse da garganta, pensei melhor nas consequências desastrosas de repreendê-lo no susto.

Enquanto isso, uma senhora comentava sobre as habilidades quase circenses dos Pokémon. Aliás, por falar em Pokémon, no plural, onde estava Arthur? Ele havia deixado dois chapeuzinho para receberem dinheiro que na verdade eram apostas no resultado da queda ou não e havia sumido de vista,MAS PERAÍ! NÃO É PRA CAIR! — Senhora, tem circo não. Só tem um palhaço aqui, pelo visto, que sou eu e o macaco fugido de circo! — Comentei com a mulher, com um "G" bem puxado para o "D" e que entendam o que quiser. Já fui me aproximando, da árvore e esticando os braços para que, caso o Charmander caísse, eu o segurasse. Em seguida, deixei a voz suave para falar com o Pokémon — Ishikeru... Meu amor... Pode tirar as patinhas do rosto e depois olhar para mim. Eu vou precisar que você confie em mim e pule que eu vou te pegar. Tá? — Comentava com o Pokémon, enquanto certamente as pessoas deviam se perguntar o porquê de eu estar retirando a criaturinha, objeto das apostas.

— Isso aqui não é dragão da sorte não, tá?! Ele nem é dragão, é Pokémon de Fogo. E nem é Salamandrinha ou Lagartinho, nada disso. Circulando pessoal, o show já acabou! — Comentei com o público que sussurrava algumas coisas sobre mim e os Pokémon, para que com menos gente, talvez o Charmander se sentisse mais confortável em saltar para os meus braços. Tomara que Karen esteja tendo melhores resultados lá dentro com o nosso Contratante...

Depois de acertar o lacinho, Ishikeru saltou para meus braços, gerando uma reclamação generalizada pelo desfecho não emocionante da "brincadeira" patrocinada por Arthur. Até mesmo a senhorinha que falou comigo parecia decepcionada que o show acabou e outros lamentavam o fato do Charmander não ter caído. ACREDITA NISSO? Enquanto eles se amontoavam para recuperar o dinheiro dos "chapeuzinhos" no chão, o Passimian surgia indignado! Ele tentava justificar que tudo aquilo era para "ajudar", mas no momento a minha indignação com o público era tão maior que eu nem me importava com o macaco, só queria mesmo mandar todos enfiarem a aposta no cu. Eu por muito pouco não expressei isso em palavras, mas por um segundo passei a refletir sobre a ideia de Arthur para atrair o público e, ao mesmo tempo que o símio partia de birra para o interior do lugar, fiz questão de falar ao público.

— Foi um mal entendido! Por favor, perdão. Todos que se sentiram lesados podem vir amanhã à noite até o Oreburguer e vamos dar 20% de desconto no seu hambúrguer. Se levarem 2 hambúrgueres faremos 2 pelo preço de 1! Aproveitem! — Comentei, ainda segurando Ishikeru em meus braços. Depois, quando o movimento dissipou-se, simplesmente entrei para reencontrar Karen, o cliente e o macaco, né?

Ao adentrar no ambiente deplorável do Salão, já avistei o macaco gesticulando com Karen, enquanto eu mesmo carregava Ishikeru tal qual um bebê de colo. Meu olhar era fulminante para Arthur com um misto de um sorriso e uma expressão neutra no rosto, era como simpaticamente eu quisesse assassinar o Pokémon e ao mesmo tempo parecesse tranquilo, mas meio macabro. Enfim... Falei calmamente para Karen e para Renzo — Tudo resolvido! Esse molequinho aqui estava brincando, mas já está seguro. Aonde vocês estão nos assuntos? Perdi muita coisa? Perdão...

Admito que depois de passado o susto e a raiva imediata, eu nem estava mais querendo matar o Arthur, apenas esganá-lo por um tempo suficientemente grande. Contudo, era notável que o Símio estava chateado comigo. Ora, ele realmente achava aquilo uma boa ideia?! Imagino que na mente de macaco dele até fosse, mas a realidade é um pouco menos mole do que a nanana que ele gosta... Enfim... Karen havia notado a pequena rixa enquanto explicava para mim aquilo que já havia dito ao nosso cliente, principalmente sobre a importância de termos uma boa aparência na parte principal do restaurante (até por segurança, né?) e sobre a possibilidade de ajudarmos o filho dele a ser mais sociável. Contudo, no meio disso ela resolveu perguntar para mim e para Arthur sobre o que havia entre o macaco e eu...

— Nada demais... Arthur estava animado demais com seus planos e eu devo ter "jogado um balde de água fria"... — Disse, não pensando muito nas palavras que ia soltando, torcendo para ser minimamente compreendido sem ter que entrar em detalhes sórdidos sobre o "Mandibuzz do Pix" analógico que o Passimian fazia lá fora. A garota então direcionou o questionamento ao emburrado macaco, que logo levantou-se e fez alguns gestos, lançando sua voz incompreensível antes de simplesmente ir embora do restaurante. Provavelmente ia fazer mais merda, com todo o respeito... Mas é, né?

Acompanhei com o olhar a saída de Arthur, em silêncio. Já Ishikeru, fez um fofo facepalm para a situação, arrancando um esboço de sorriso de meu rosto, enquanto eu focava novamente os dois humanos presentes. Agora com a situação mais calma, era Renzo quem se manifestava, tentando explicar a boa vontade do macaco para o restaurante, mas sinceramente, não estava com cabeça para isso, então apenas "dei de ombros". O que veio depois, entretanto, foi muito mais importante e me levantou a atenção, me fazendo inclinar para frente para entender melhor.

Ao que tudo indicava, o cliente estava aceitando nossa sugestão de melhoria do restaurante, mas só tinha PK$ 5.500 em conta. Teríamos que fazer igual aqueles programas de TV e tentar espremer ao máximo a verba para uma obra milagrosa. Ele nos sugeriu ir até o já conhecido mercadão em busca de materiais, ao que assenti com a cabeça. Em seguida, nos mostrou seu Pokémon: um Quaquaval! Eu jamais tinha visto um desses de perto... O pato era excêntrico, mas bastante sério e estaria pronto para nos ajudar a carregar peso.

— Cara.... Digo, senhor Renzo... Não vou mentir, vai ser difícil, mas vamos tentar. Vamos focar no que é mais urgente, que é o que tá causando perigo mesmo. O chão tá podre e afundando, vamos dar um jeito nisso. Se a Karen não for contra, é claro. Depois com o que sobrar a gente vê cadeira e mesa, porque se despencar também vai ser um problema. Por fim a gente pensa em decoração... Com criatividade a gente pode fazer uns milagres. — Comentei, nem entrando no mérito do filho dele, mas entendendo que certamente poderíamos dar uma força e tentar ajudar., essa questão eu deixaria a Karen dar sua opinião e tudo mais... Enfim... Em seguida, trouxe mais uma vez a Machop de Peruca para fora da esfera — A Kawaii vai nos ajudar também a carregar o que precisar! Ishikeru vai comigo também... Se não tiver mais nada a dizer. Partiu!