Ficha - Bart Greyback.

Descrição física: Bart é um rapaz relativamente alto, e talvez essa seja sua única característica que realmente valha a pena ressaltar. O jovem passa uma vibe muito comum, ordinária. Cabelos pretos cacheados comuns, olhos castanho-escuros comuns, boca comum, pinta no lado direito do pescoço comum, pele escura comum, corpo magro comum, mãos comuns, pés comuns, uma cicatriz da omoplata esquerda ao glúteo direito comum. Um poço de comuns, ele é. Até mesmo seu código de vestimenta é completamente comum: camisa de linho comum, calça cargo preta comum, um par de coturnos marrom comum, suspensório de couro comum, um colar trançado comum com uma conta de coco comum, e uma bolsa (também de couro) lateral comum. Sendo ele um rapaz tão comum, com vestimentas tão vulgares quanto é permitido a um ser humano ter, o que é que lhe fazia exercer tamanho magnetismo sobre outras pessoas? Não se sabe.

Apesar de toda essa ordinariedade, o herdeiro ilegítimo dos Fitzgerald é uma pessoa de vigor extraordinário. O tempo que passou lutando para sobreviver na Iron Island o fez um rapaz forte, resistente. Aguenta o tranco, assim como os pokémon que conviveu durante muito tempo. Leva poucas mudas de roupa consigo, porque segue piamente a filosofia do "só o necessário e nada mais", um dos ensinamentos que aprendeu do seu mestre/guardião.

É quase sempre descrito como um jovem de semblante vazio, sóbrio e olhos de peixe morto.

Spoiler:

Personalidade: Sua principal característica é ser um slow starter. Não é que ele tenha medo de começar as coisas a todo gás, mas sim porque ele tem uma mente muito analítica, calculista. Observar primeiro, se mover depois. Sua paciência gigante favorece muito seu curso de ação. Alguns acham que esse modo de pensar deveria abaixar sua compatibilidade com seres de iniciativa, mas isso nunca se mostrou um problema. Na verdade, talvez seja por isso que ele e OZR-M936 (seu Magnemite) se dão tão bem. Os dois se balanceiam de uma forma bastante natural e harmônica e formam um bom time.

Bart também é um tanto teimoso. É muito difícil para ele admitir que está errado, não costuma voltar atrás em suas ideias e isso já o botou em diversas situações delicadas. O rapaz não é maduro o suficiente pra acabar com esse seu lado de vez, mas demonstra alguns sinais de mudança. O outro lado da moeda da teimosia é a determinação, e isso o rapaz tem de sobra. Corre atrás dos seus objetivos com garra, mas do seu próprio jeito. "Devagar se vai longe", outro dos ensinamentos de seu mestre. Aliás, ele adora citar esses provérbios batidos que seu tutor falava, mas algumas vezes acaba confundindo as palavras.

O treinador tem uma certa dificuldade em estabelecer vínculos com outras pessoas. Passou grande parte dos seus dias apenas na companhia de seu mestre e vários pokémon, então suas habilidades sociais são muito horríveis. Quando em situações do tipo, ele é atacado por uma onda de nervosismo, principalmente se envolver o sexo oposto. Tem uma dificuldade notável em expressar seus sentimentos, e acaba passando uma imagem fria. Por conta de todos esses contratempos, prefere não iniciar contato com outros humanos. Apesar disso, ele é um rapaz bastante gentil e atencioso.

Fã de marca maior de coisas doces, e é um descontrolado quando esse é o assunto. Talvez porque tudo o que havia na Iron Island eram pedras e a culinária horrível do seu mestre, quando o rapaz tomou um sorvete pela primeira vez, desenvolveu uma relação de amor incondicional por aquele sabor adocicado da sobremesa. Sempre que chega a alguma cidade nova, a primeira coisa que pensa é em experimentar a iguaria local e marcar em seu caderninho qual posição o tal doce ocupa em seu ranking pessoal.

Outra de suas paixões é o estudo de civilizações antigas. É apaixonado por ruínas, e se pudesse, passaria sua vida inteira escavando em busca de respostas para todos os mistérios presentes no mundo em que vive. Adorava escutar as lendas que sua avó contava sobre Dialga e Palkia, e sobre como toda a região de Sinnoh foi criada. Pensa ser um pesquisador ou arqueólogo num futuro próximo, mas não antes de resolver alguns assuntos pessoais. Sua cor favorita é cinza.


Biografia: Charles Colbert começou como um pequeno comerciante de berries, e em pouco tempo criou sua própria empresa farmacêutica, favorecendo as propriedades medicinais das plantas nativas da região. Sharon vinha de uma família de nobres de Celestic Town, os Fitzgerald. A intenção era que ela se casasse com Charles, e unindo as duas riquezas, eles conseguissem consolidar um conglomerado poderoso o bastante para influenciar toda Sinnoh. Um casamento altamente noticiado, toda a comunidade entrou em festa, principalmente porque todos amavam a moça. E ela, outro rapaz.

Alguns anos depois nasceu Bartholomew, o segundo filho do casal. Desde que se lembra, sua mãe sempre o olhou de maneira estranha, mas ainda com amor. Era muito próximo de seu pai e sua irmã mais velha também, então teve um tempo bom em sua infância. Gostava de estar principalmente com uma mulher que chamava de avó, uma senhora humilde que tomava conta de Bartholomew e sua irmã, e lhes contavam diversas lendas sobre heróis e os lendários deuses que deram origem à Sinnoh.

Numa outra noite, quando Bart tinha seus nove anos, seu pai chegou silencioso e subiu diretamente para seus aposentos. Ouviu-se muita gritaria e um barulho ensurdecedor. Escutou seu nome sendo chamado em tom de puro ódio. Charles pressionou o menino contra o chão com os pés, chamando-o de impuro e bastardo. O homem batia na criança sem demonstrar piedade, os olhos insanos e injetados de raiva perfuravam a alma do infante, e a dor dos socos e tapas logo não era mais sentida. Estava tudo escuro.

A próxima coisa que o menino se lembrava era de estar na casa da velha ama, e ela lhe dizendo que ele não tinha culpa de nada. Apesar da pouca idade, Bart entendeu a situação em que se encontrava. Perguntou sobre sua mãe e irmã, e a avó lhe afirmou que elas estavam bem, mas ele não poderia voltar para a sua casa. O menino respondia tudo o que a velha lhe dizia automaticamente, sem expressão alguma. Logo estava nos braços de um homem um tanto bruto, que lhe levou para longe. Foram morar em uma ilha distante, repleta de minérios.

Passados alguns anos, Bart aprendeu várias coisas: como se alimentar sozinho, como sobreviver em ambientes inóspitos, como a vida pode ser cruel, e como a felicidade está nas pequenas coisas. Tinha várias perguntas para o homem rude (seu nome era Saul), mas este lhe prometera responder tudo quando a hora chegasse. Pelo menos algumas coisas sobre o próprio Saul ele sabia: o homem era um amante de pokémon do tipo ferro, e era uma espécie de "agente da justiça". Depois de ver o Steelix do seu guardião (que apesar de gigante e medonho, era muito dócil), ele acabou se apaixonando pelos monstros de ferro também. Vendo o interesse do agora jovem Bart, ele decidiu lhe tomar como pupilo, e ensinou várias coisas sobre o tipo pokémon que ele considerava o melhor.

Certa vez um Pelipper trouxe uma carta estranha para Saul. Estranha mesmo, pois assim que o homem terminou de lê-la, sua expressão corporal se tornou muito tensa. Ele logo catou suas coisas e chamou Bart para conversar. Entregou para ele uma passagem para Sandgem, dizendo que estava na hora de ele começar uma jornada pokémon, e já tinha comunicado ao professor Rowan sobre sua visita. O rapaz questionou seu mestre o porquê dessa notícia inusitada e o que ele faria, mas o homem não respondeu. Seguiu para um barco que estava prestes a deixar Iron Island e embarcou, sem notar que Bart o seguia.

Depois de uma longa viagem onde o jovem teve de roubar comida e permanecer discreto para chegar ao destino sem ser notado por ninguém, Bart desembarcou em Mauville. Saul seguia para um cassino, e assim o jovem também fez. Ali o seu mestre se encontrou com outras pessoas, e elas falavam de alguma coisa que estava acontecendo em New Mauville, algo sobre um grupo de pessoas malvadas e pokémon sendo mortos. Quando estavam para sair do estabelecimento, Saul notou que estava sendo seguido, mas fingiu não perceber.

Quando Bart chegou na rota 110, viu que Saul o esperava. Depois de algum xingamento, ambos partiram para New Mauville. Ouviu toda a situação que seu mestre estava enfrentando e resolveu que queria ajudá-lo. O homem havia sido bem claro: "Fique onde eu possa te ver e não faça nenhuma besteira". Quando chegaram na entrada da usina, escutaram vários rugidos e algumas explosões. Trocaram olhares e correram para dentro da instalação.

O lugar estava repleto de fumaça e um cheiro de queimado metálico impregnava o ar. Após andarem por algum tempo, um Gyarados irrompeu de uma parede e disparou uma rajada de água pressurizada que arremessou seu mestre para um canto. Saul levantou um tanto tonto e liberou sua cobra de metal, e os monstros colossais começaram a batalhar naquele pequeno espaço em que se encontravam. Do outro lado da parede havia um rapaz de olhos sombrios e roupas azuis com um símbolo estranho. Saul gritou para Bart seguir em frente e resgatar os pokémon presos. O rapaz acordou de seu estado letárgico e, num disparate, desceu as escadas que se encontravam no centro daquele lugar. Após vasculhar diversas salas, finalmente chegou num depósito escuro onde escutava alguns choros de pokémon. Acendeu as luzes do cômodo e viu inúmeras jaulas prendendo várias criaturas. Com uma chave inglesa que achou encima de uma mesa no escritório ao lado, Bart quebrou as trancas e foi libertando os monstros, um a um. Depois de terminar a tarefa, organizou todos os pokémon e os levou para a saída, mas não contava com aquele inseto gigante com braços de espada; o bicho chegou rápido e tentou bloquear a saída dos monstros. Bart acertou o Scyther com uma corpada e abriu espaço pras criaturas fugirem. Um homem de rosto coberto deu uma ordem gritada e um quadrupede de pelagem negra investiu contra o rapaz, arremessando-o numa pilha de esferas de metal.

- Que irônico, você vai morrer no meio de uma pilha de corpos, HAHAHA!

Só então que o jovem notou que aquelas esferas de metal eram, na verdade, vários Magnemite desacordados. Sentiu ânsia de vômito e ódio do homem de rosto coberto e roupas azuis. Jogou a chave inglesa na direção do sujeito e tentou se levantar para escapar, mas escorregou. O inseto avançou com sua lâmina direita erguida, e Bart sabia que aquele era seu fim. Teria sido, se não fosse por um ruído audível e um baque surdo em sequência. Assim que abriu os olhos, viu uma esfera de metal ligeiramente menor que as outras flutuando em sua frente, com um par de imãs em seus lados e três parafusos posicionados ao redor de seu grande olho. Nas costas da criatura havia um pequeno código de barras entalhado, com letras e números abaixo do desenho. Lia-se "OZR-M936". Aquele Magnemite havia se lançado contra o Scyther e salvou sua vida. O homem de azul chutou o inseto verde e o obrigou a se levantar, ordenando que destruísse o pokémon elétrico de metal. Ambas as garras do louva-deus brilharam num tom negro doentio e ele partiu para desferir um corte assassino. Foi tudo muito rápido. O corte foi limpo, mas não acertou o pokémon. A dor excruciante percorreu cada célula do corpo de Bart. Suas costas estavam quentes e o resto do seu corpo estava frio. Seus ouvidos zuniam e sua vista se escureceu.

Dois meses depois, o rapaz acordou numa cama hospitalar de Mauville, com um Magnemite dormindo do seu lado e uma carta no criado-mudo ao lado da cama.

"Querido Bart,

desculpe-me por não ter chegado mais rapidamente. Quando cheguei naquele depósito, te encontrei desacordado e abraçado com esse Magnemite e as costas sangrando, não soube o que fazer. Te trouxe pro hospital o mais rápido que pude. Fico feliz que esteja bem. Preciso encontrar as pessoas que fizeram isso com você e impedir que elas tragam mais desgraça e tristeza para outras pessoas. Pegue o dinheiro que deixei e volte para Sinnoh, a sua avó te aguarda. Cuide-se, filho.

Saul."

O que aquele velho estava pensando, partindo assim do nada? Nada daquilo era culpa dele. Se seu mestre lhe devia respostas antes, agora mais ainda! Assim que teve alta do hospital, catou suas coisas, assumiu o sobrenome da velha que cuidou dele enquanto criança e resolveu ir atrás de Saul. Descobriu que ele havia ido para Dewford. Ainda que ele não estivesse mais lá, já era um começo, uma esperança. Iria encontrar o seu tutor e teria as respostas que queria. E faria isso junto de seu parceiro OZT-M936, o Magnemite que passou a chamar carinhosamente de Oz.