Homeland

Após horas de viagem em um barco, Kiire estava tendo certa dificuldade em manter o passo correto. Culpa do balanço das ondas no navio, a garota tinha perdido o equilíbrio várias vezes durante a viagem e no momento, suas pernas ainda estavam aprendendo a obedecer novamente. Ariel, sua famosa companheira - que coincidentemente havia escolhido ficar na pokebola durante a viagem - andava ao lado da treinadora, um sorriso satisfeito e entretido com a situação de Kiire.
Sentou-se em um banco, respirando profundamente antes de olhar para a rua. Ariel pulou no banco ao seu lado e sentou-se, orelhas em pé e olhos fixos no fluxo de pessoas. Kiire achou a cena extremamente parecida com os filmes, sua Eevee julgando cada passo que as pessoas davam na sua frente.
- Não é bonito julgar os outros, sabia?
A raposa bufou, desconsiderando o comentário da treinadora. Kiire sorriu no quão adorável Ariel conseguia ser quando não tinha intenção nenhuma. Puxou a mochila sobre o ombro, levantando-se do banco e percebendo seu estado mais estável. Suspirou satisfeita e seguiu rua acima, observando as lojas a seu redor. Talvez ela pudesse comprar óculos de sol, algo que a incomodava seriamente era o sol batendo em seus olhos e cegando-a momentaneamente. Ou talvez um chapéu.
- Ariel o que você acha de um chapéu?
A pokemon ergueu os olhos para ela, caminhando rapidamente ao seu lado. O olhar de descrença em seus olhos foi tanto que fez a treinadora rir, sabendo que teria uma reação dessas.
- Sim, eu sei.
Ela sorriu para o céu. Kiire estava genuinamente feliz. Ela estava de volta à seu continente - não natal, porém o continente que considerava uma casa - e sinceramente, ela poderia sorrir para todos os estranhos na rua no momento. Quando tinha seus momentos felizes, ela gostava de sentir ao máximo e piscando de volta para as ruas, ela se perguntou o que é que o continente tinha guardado para ela.

A oferta do homem era tentadora, e ela havia escutado sobre a tal Copa Hoenn quando ainda estava em Kanto. Após analisar o anunciante de cima abaixo com o rosto desconfiado, ela encarou o folheto em sua mão com a sobrancelha erguida. Era bem bonito, boa propaganda. Dobrando o anúncio e colocando-o no bolso de sua calça, ela sorriu para o anunciante:
- É, por que não?
Ariel ergueu sua cabeça para olhar para o queixo da treinadora, imitando a expressão que ela havia lançado ao folheto em primeira vista.
- O quê? Acha que não vai dar conta do desafio?
A raposa imediatamente endireitou a postura, lançando um olhar desafiador a treinadora; desafiando-a a dizer que não estava pronta para um desafio daqueles. Honestamente, Kiire achava que seu time ainda tinha que trabalhar um pouco para isso, mas a copa não estaria acontecendo nesse instante, então por que não, certo?

Pequeninos passaram por ela e Ariel gritando sobre algum evento do qual ela não tinha informação nenhuma. Poderia muito bem ser uma apresentação de circo, como também poderia ser algum torneio urbano de batalhas - atividade do qual Kiire sempre tivera vontade de participar.
Ariel ainda estava encarando as crianças correrem para longe quando reparou que sua treinadora havia começado a segui-las. Ariel suspirou e impulsionou-se em uma corrida para acompanhar sua treinadora na direção que ela seguia. Por que ela estava seguindo as crianças? E por que estava correndo, uma atividade cansativa e causadora de suor?
A raposa não demorou muito para retornar ao lado de Kiire e logo as duas seguiam as crianças pelas ruas de Petalburg, para um destino desconhecido.

Tropius. É claro que era um Tropius. Kiire xingou mentalmente a treinadora por lançar um pokemon tão clichê e forte logo na primeira batalha. Ela desejava colocar suas outras pokemon para lutar e evoluir, ganhar níveis e preparar-se para a copa Hoenn, mas advinha quem seria a pokemon perfeita para enfrentar Tropius? Reyna, é claro. Então lutando com sua decisão, vendo se havia alguma outra opção por alguns segundos, seu cérebro lhe avisando que a escolha esperta seria Reyna, Kiire desistiu e resistir, retirando a primeira pokebola e libertando sua mais antiga companheira.
- Prazer Anabel, sou Kiire. - ela se apresentou, colocando uma das mãos na cintura, a outra segurando a pokebola, recolocando-a no bolso. Kiire mordeu a boca para não irritar a treinadora com o comentário que estava prestes a fazer sobre Reyna destruir Tropius.
Reyna ergueu seus olhos para o pokemon majéstico a sua frente e estalou os lábios, fazendo um pouco de fumaça escura sair de sua boca. Kiire segurou o sorriso, mordendo o lábio. A mensagem de Rey era clara. "Você vai queimar"
Ok, talvez Kiire exagerasse muito em confiança na hora de uma batalha, mas a verdade é que os comentários amigavelmente agressivos e provocações eram pura brincadeira de sua parte. Ela não acreditava realmente que seria extremamente fácil derrotar Tropius, mas as brincadeiras entre ela e sua equipe eram uma coisa inevitável, e Reyna conhecia bem o humor competitivo de sua treinadora.
A pokemon vermelha lançou um sorriso de lado confiante para sua treinadora e se preparou para a batalha.
- Vamos começar devagar Rey. Use o scary face. Cuidado com os ataques dele, voadores são rápidos. Quando ver a oportunidade, utilize Ember.