Assim que terminamos de nos apresentar, a mulher que havia feito companhia para Luci e Yuri disse estar ocupada demais e que tinha um compromisso para ir, deixando-nos rapidamente junto de seu Growlithe. Com a correria, eu nem havia prestado atenção no Pokémon que a acompanhava anteriormente e agora havia me tocado de que não tinha conhecido-o pessoalmente antes. Eu sabia sim que se tratava de um Pokémon de fogo e que era originário de Kanto, mas meus conhecimentos básicos paravam por aí. Também lembrava de tê-lo visto em batalha na TV há muitos anos, em uma competição da Liga Pokémon, onde um deles evoluiu no meio do combate para a sua forma final, Arcanine. Desde aquele dia tive vontade de conseguir um também, mas até o momento não tinha tido a oportunidade... Mesmo com a treinadora partindo, retirei a Pokédex do bolso, agora bem mais fria do que antes, e apontei para a criaturinha, em busca de novas informações para a minha "coleção" de dados:

"Beep! Growlithe! Pokémon Filhote! Um Pokémon amistoso, bravo e leal, mas muito territorialista, latindo ferozmente quando sente o cheio de alguém estranho invadindo seu espaço, podendo até morder esta pessoa se ela não recuar. Growlithes não se intimidam diante de um adversário, mesmo que este seja bem maior do que ele, principalmente se for necessário proteger seu treinador de alguma ameaça. Em algumas regiões, este Pokémon tem uma forte competitividade com Rockruffs. Quando este Pokémon sente um odor, ele nunca mais o esquece, não importa o que aconteça. Graças a esta habilidade, pode até mesmo sentir emoções de outras criaturas vivas através do olfato. Growlithes que possuem um treinador, podem manter-se estáticos por hora, apenas aguardando uma ordem de ação por parte de seu mestre. Esta forte relação com os humanos se dá pela longa convivência entre as duas espécies, uma vez que seus fósseis foram encontrados ao lado dos de humanos, desde a Idade da Pedra! Beep! Boop!"

— Bem, eu acho que agora mais do que nunca eu quero um Growlithe em minha vida! — Disse de forma casual, rindo em seguida, enquanto guardava minha Pokédex de volta. Depois, olhei para Sophia e as crianças, pronto para decidir onde deveríamos ir. A Ranger comentou sobre as duas criaturas que vimos anteriormente. Elas eram diferentes de tudo o que já havíamos visto na vida e nem pudemos usar a Pokédex pela interferência que causaram no material, superaquecendo-o. — Parecia de outro mundo... Eu acho que poderíamos dar mais uma volta por Meteor Falls... Depois de receber seus curativos eu me sinto bem melhor e aguento um pouco mais de aventura! Estou bastante curioso sobre o que eles são... — Comentei aproximando-me dela e observando que a garota estava lavando o rosto e as mãos num riacho bem próximo. Em seguida, abaixei-me também para fazer o mesmo a fim de aliviar meu próprio calor, chamando os Macchiato para perto também.

— Eu também quero ver eeeeeeles! Leva a gente Luch, por favorzinho!— Pedia Luci com sua expressão inocente e fofinha de sempre. Eu certamente os levaria, contanto que nunca mais voltasse para aquela caverna estranha. Era melhor estar perto deles, pois da próxima vez que eu deixar eles sozinhos, podem não ser encontrados por uma boa senhora e sim por seres bem mal intencionados. — Se Sophia não se importar de irmos também, acho ótimo! — Respondi, para a felicidade da garota e de seu irmão, bem mais comportado e sério. O silêncio então se fez por alguns segundos, tempo suficiente para a Ranger voltar a comentar sobre perguntar no Centro Pokémon sobre a tal criatura. Entretanto, ela fez uma certa confusão com a palavra "tatuagem" e ficou vermelha em seguida, possivelmente porque havia notado minha tatuagem em algum momento. Acabei corando também com o comentário e pensei em uma boa forma de contar tudo.

— Ern... Acho que você já deve ter visto isso... — Comentei, mostrando melhor a figura de uma Master Ball quebrada por um Giratina. — É uma tatuagem de gangue, dos Filhos de Giratina... Uma longa história, mas resumidamente, há alguns anos me juntei a eles em Unova. Era um adolescente bem revoltadinho e por isso acabei nisso, mas tive consciência dos erros e voltei atrás nessa loucura. Inclusive, foi quando conheci Mey e a salvei de um destino terrível. Infelizmente não pude fazer o mesmo pela mãe dela e por isso tenho uma dívida eterna com essa Meowth! Como tudo acabou bem mal com a tal gangue, tive que vir de Unova com minha família e agora vivemos em asilo por aqui, devido as ameaças que sofremos... — Contei, com um tom bem sério e melancólico, escondendo a figura em seguida

— Bem, sobre a tatuagem em si, não tenho como removê-la, então que fique aqui como ensinamento sobre erros e acertos... — Finalizei, levantando-me para decidirmos o que fazer em seguida. — Mas enfim... Acho que não devemos voltar agora. Vamos retornar para os túneis e encontrar mais dessas criaturas! E se por acaso eu encontrar algum Pokémon selvagem, acho que farei questão de capturar. Gostei bastante da sua Batgirl e se surgir um Zubat ou Golbat por aqui vou tentar capturá-lo! — Completei, sorrindo com meu próprio comentário e ajustando a mochila nas costas, já caminhando na direção do interior de Meteor Falls — Vamos? Essas criaturinhas nos esperam!

Era maravilhoso ter alguém que entendesse suas loucuras e vontade de aventurar. Quando Sophia concordou com a ideia de continuar explorando atrás dos Pokémon estranhos e o que mais aparecesse, meus olhos certamente devem ter brilhados. Também notava que a Ranger tinha ficado meio sem graça pela forma que eu notei sua curiosidade sobre as tatuagens, então apenas sorri ao vê-la corada e não comentei mais nada para não piorar sua timidez. Antes de um silêncio constrangedor, felizmente foi Yuri que tomou a palavra, comentando sobre o que conversávamos — Eu gostaria também de ver esses Pokémon e talvez... Algum outro Pokémon metálico ou elétrico por aí... Se é que existirem aqui... — Comentou o garoto, ajeitando o óculos e diminuindo a voz quando notou estar sendo observado. Sua irmã também quis comentar algo, com uma expressão de alegria no rosto — Sim! Sim! Vamos atrás de todos eles! Adoraria que capturasse um Zubat também Luch! Assim poderia brincar com ele, adoro morcegos. São tão fofos!— Dizia a garota, me deixando confuso. Não achava eles tão fofos, mas sim poderosos... Enfim, quem sou eu para julgar?

— Então não vamos perder tempo! O que estamos esperando, vamos lá! — Disse, me levantando e deixando as crianças e Sophia irem um pouco mais a frente para que eu tocasse o lugar dos curativos e averiguasse o estado do braço. Assim poderia até fazer aquela cara de dor sem que se preocupassem demais comigo. Sobre os Pokémon Morcego, contava mesmo com Sophia e a ajuda de sua Batgirl para encontrar outras de sua espécie, assim facilitaria meu trabalho nesta caverna. E se encontrasse outros metálicos daquele? Esperava talvez batalhar com um deles dessa vez... Queria saber a extensão de seus poderes se fosse possível. — Olha só, temos duas opções para seguir... Essa vai ser difícil! — Comentei, com um semblante de dúvida e sobretudo curiosidade. Sophia respondeu, explicando que Zubats costumam se encontrar em lugares mais vazios e profundos da caverna, mas que gostaria de ir primeiro até o lugar movimentado ver o que rolava por lá.

— Perfeito! Concordo! Vamos averiguar... Espero que seja algo divertido e nada que envolva roubos ou coisas do tipo...  — Comentei, sorrindo e observando cautelosamente o lugar onde a garota indicava. Ao que tudo indicava era uma feirinha... Mas aqui? Sério mesmo? O cheiro de comida atraia a nossa atenção e poderia muito bem estar atraindo a atenção de selvagens esfomeados... Mas se estavam ali a tanto tempo, era possível que estivessem prevenidos contra isso. Luci e Yuri também pareciam empolgados em verificar, mas principalmente em comer — Acho que senti o cheiro de cachorro-quente! E de pizza! E pipoca! — Comentava Luci já sendo "atraída" pelos odores deliciosos que nos guiavam. Como não queria problemas para nosso lado, apressei o passo para acompanhá-la, segurando-a pela mão. — Vamos comer sim! Vamos lá Sophia! Yuri! Parece que o almoço está servido...  — Comentei, rindo em seguida e correndo junto de Luci até lá.

Depois de uma corrida até o lugar do evento, Luci e eu chegamos a entrada do lugar, sendo recepcionados não apenas pelos odores maravilhosos de quitutes deliciosos, mas também por olhares complacentes e sorrisos sinceros de admiração pela simples beleza do estar feliz e estar vivo. Não me sentia tão bem recebido, mesmo que sem palavras, há muito tempo. Sorri em retribuição para os transeuntes e respondi pelo menos uns três "Boa Tarde" até a hora que Yuri e Sophia nos alcançaram. Nós quatro agora juntos poderíamos decidir de fato o que fazer. Comer era uma opção extremamente viável, logo de cara... Mas quando vimos as barraquinhas de tiro ao alvo e outros jogos que poderiam nos dar algum prêmio, cada um ficou empolgado de uma forma diferente. Sophia foi a primeira a dizer algo, sugerindo ir até a barraca de pastel e depois conferir a dos jogos. Eu, que não estava com tanta fome, pensei em ir até as barracas com desafios e prêmios primeiros — Estava pensando em só dar uma olhada antes nos preços de cada tentativa nessas barracas e os prêmios que posso ganhar se vencer. Aí eu sei quanto dinheiro vou precisar guardar, sabe? E como algo mais barato ou não — Comentei com uma risada no final.

— Luch... Hm. Eu acho que prefiro comer algo — Disse Yuri com uma mão na barriga, mas não precisando dizer muito mais, pois o próprio som do estômago roncando já falava por si só — Acho que toda aquela situação bem doida me deixou com fome! — Complementou o rapaz, arrancando mais umas risadas minhas e de sua irmã. A própria Luci resolveu comentar, mas não sem antes refletir sozinha em um olhar perdido para o "horizonte" — Apesar de querer ver as barracas de jogos e principalmente jogar! Eu também quero comer... Você tem certeza que não quer um cachorro-quente antes? — Questionou Luci, falando de uma forma bastante marota, apenas para me despertar mais fome. Fiz uma breve careta para ela e olhei para Sophia — Olhe só vocês, tudo bem. Parece que são voto vencido! Mas por que não fazemos assim? Vocês três vão comprar algo de comer enquanto eu olho todas as barracas e procuro alguma que dê algum prêmio bacana ou que tenha o melhor desafio? Você se importa de ir com eles um pouco, Sophia? — Perguntei para a menina, quase fazendo uma cara de "pidão". Se ela aceitasse, me separaria deles momentaneamente para ver todas as barracas, procurando alguma que de preferência recompensasse com prêmios em dinheiro ou até mesmo com um TM. Se não houvesse nada assim, aceitaria qualquer coisa boa e na pior das hipóteses, se não houvesse prêmio algum, vasculharia apenas os tipos de jogos para escolher o mais divertido. Por fim, caso não aceitassem meu plano e insistissem um pouco mais, acabaria cedendo a opção deles.