Nostalgic

Nada encontrei e decidi voltar para verificar se tudo corria bem. Cocei a cabeça bastante incomodada; desde quando minha equipe cansa com um golpe aprendido? Oh deus, esse tempo longe das ruas da cidade os deixaram preguiçosos. Estou lidando com um bando de sedentários! Ok, façam o que quiserem, deixe-me ver o que esse pequenino quer e depois dou jeito nisso.

Caminhei até Meltan e decidir não tirar mais os olhos dele; não enquanto Balder sondava por materiais de metais. Não sei ao certo quanto tempo já havia passado, meu desespero fazia parecer horas; chamei por Balder. O aquático estava demorando demais e, sinceramente? Eu não fazia a mínima ideia do que fazer ali. Nada nem ninguém me dera um dicionário pokemon e, sem convivência e nem rosto, eu não tinha como saber o que aquele pokemon estava tentando expressar Dos zilhões de desesperos que já passei na vida nômade este é o que eu mais me frustra! Não direi que é o mais perigoso ou medonho mas, sem dúvida, o mais irritante; é impossível se sentir mais incapaz que nestas condições. A não-comunicação e a minha incompetência como treinadora gritavam dentro da minha cabeça. Chamei Balder uma segunda vez, sem ele por perto a angústia aumentava.

Ainda sozinha com aquele pokemon cogitei berrar uma terceira vez; não foi preciso. Agora sim o lutador-aquático surgia e fizera melhor do que eu esperava: encontrou algo. Queria-o por perto com ou sem objeto metálico mas, já que arranjara um, eu só tinha como agradecer. Tentei pegar o quadro com as duas mãos e erguê-lo para visualizá-lo; infelizmente era pesado demais para isso e acabei tendo que pousá-lo no chão. Não entendi muito bem a utilidade daquilo para o centro; nem mesmo para um metalúrgico. Um quadro de metal sem pregas, nem dentes, nem pés? Imagino que nada seja além de uma placa:
- Eu posso dar isso para ele? - Perguntei alto, não esperando uma resposta, em um embate muito mais ético do que moral - Oh, ele parece faminto, acho que se trata de uma emergência. - Respondi-me.

Fora com essa deixa que Poliwrath empurrara o objeto que encontrou para o Meltan, esperando que o esquisito o pegasse e fizesse algo com isto.

O quadro fora derretido e transformado em... comida? Não estou tão segura em afirmar isso; talvez tenha sido usado de suplemento, remédio, comida ou ainda combustível. Acho melhor descrever o factual; o metal fora consumido. Até então nenhuma questão havia me assombrado sobre o objeto. Para que, de quem ou de onde era aquilo? Isto não havia (ainda) sido uma questão, sendo assim, apenas prossegui encarando rigidamente Meltan e acompanhando passo a passo o desfigurar daquele metal. Pouco ou nada entendi mas, a essa altura do campeonato, eu já estava dando de ombros para grande parte dos acontecimentos; sequência lógica não parecia ser algo presente nesta manhã.

Ao consumir a metade do quadro um objeto fora revelado; a chave para eu cogitar uma hipótese onírica. Como diabos alimentar um metal-vivo com metal-morto resultara em uma z-stone? Não sei, não quero saber e sinceramente? Abomino quem tem esta resposta. Assusta saber que isso é, de alguma forma, estudado e explicado por algum cientista e não divulgado para o mundo. O próprio Meltan é um pokemon completamente irrisório e desconhecido, não duvido nada que se trate de um (outro) pokemon criado em laboratório.

Chacoalhei a cabeça; a cadeia de pensamentos me fizera paralisar e, neste momento, esta não é uma opção. Larguei de mão o raciocínio e segui o processo; bati palmas apressada e verbalizei:
- Ok ok, mudança de planos, terei que dar um help para esse amiguinho aqui. Treino pausado, taokei??? - Disse, quase que autoritária, já retomando cada um para sua pokebola.

Eu odiava esse tom mas ele era necessário as vezes. Parar e explicar a situação agora poderia ser um disparador para Meltan fugir e, bem, eu até queria entender do que se tratava aquela Z-Stone que ele me mostrou. Retomei quatro dos seis pokemons da paisagem, deixando somente Bellossom e Poliwrath. Com as outras quatro esferas em mãos, fui até o PC e troquei por Houndoom, Gliscor, Elekid e Jellicent. Guardei-as na bolsa; não os deixaria soltos por ai, não agora.

Já preparada para entrar numa aventura segui para fora do estabelecimento. Não conhecia Petalburg e não fazia ideia do que era referência por ali, porém eu conhecia muito bem o meio urbano; a vida de treinadora pokemon me dera bastante experiência com isso! Em toda minha vida nômade aprendi que lixões e ferros-velhos ficam a deriva, a margem, e era para lá que eu iria. Onde mais conseguiria tanto alimento para este pequenino? Peguei minha PokeDex, abri o mapa local e segui para a saída de Petalburg, procurando um ferro velho. Com esta ideia, chamei Meltan para me acompanhar e me certifiquei de que ele aceitasse.

Pokemons comigo: Bellossom, Poliwrath, Gliscor, Jellicent, Elekid e Houndoom. Não precisa editar box ainda, provavelmente eu vá mudar assim que resolver esse plot.

Petalburg era, por definição, uma cidade de navegantes; esperava encontrar alguma doca abandonada ou algum ferro-velho de navios, sendo assim, meu primeiro instinto fora ir em direção ao mar; logo mais mudei de rota. A PokeDex me avisara de um local de descarte de lixo eletrônico mais próximo; uma outra característica muito marcante da cidade era a vida industrial e, talvez por isso, o descarte de lixo mecânico. Parei e olhei para o mapa atentamente, neste momento Meltan pulara no meu ombro e eu, como boa anfitriã, não reclamara; muito pelo contrário! Joguei a mochila para o outro ombro, me certificando de que o pokemon fosse ficar perfeitamente aconchegado.

Segui o ponto que me foi sugerido; não parecia tão longe mas, caso eu estivesse errada, pegar um ônibus não era uma opção lá muito ruim. Prossegui com o passo apressado, decidi cantarolar uma música entre uma rua e outra; nada muito elaborado, apenas para distrair. Meu passo veloz ia perdendo força aos poucos; minha panturrilha cansava fácil e, logo mais, eu estaria quase parando, na esperança de ter chegado.

Cocei a cabeça um pouco confusa; chegamos ao lixo eletrônico e Meltan se animou ao extremo, ainda assim, não comera tudo que via pela frente. O local era aberto para visitação e retiro de peças, logo, poderíamos pegar o que quisermos de graça, então esperava que aquela montanha de lixo estivesse ao chão poucos minutos depois de chegarmos; o apetite do pequenino já tinha me surpreendido ao ingerir aquele quadro metálico, mas não foi bem isso que aconteceu. Ao descer do meu ombro, abraçara uma ou duas placas e olhara para mim, com um ar bastante afável. Balder andara comigo todo o percurso e se surpreendeu ao se comunicar com o pequenino; ele queria batalhar comigo.

O aquático até me passara a mensagem, o que me deixou ainda mais confusa. Não conheci um pokemon selvagem que me desafiara depois de virar amigo, ainda assim, desisti de entender; é mais uma das aventuras da saga "cidade dos sonhos". Outra vez eu sentia estar em algum mundo onírico, distópico, onde as coisas não aconteciam bem como eu planejava. Talvez ele goste disso tanto quanto de comer metais, não é?
- Tem certeza disso? - Perguntei - Eu entrarei para ganhar, se é isso que você quer.

Se ele respondesse com um balançar de "cabeça", soltaria Houndoom e prosseguiria no convite. Hati está um tempo sem batalhar mesmo, talvez fizesse bem para ela.

OFF: Ok por essa eu não esperava.