O Depósito

Após uma longa e exaustiva viagem de Fortree para Rinshin, Teriyaki desceu na porta do depósito da sociedade tão cansado que quase desmaiou. Acariciei sua barriguinha, retornando-o logo assim que tirei meus óculos protetores e ajeitei meus pertences nas costas. Por já ser tarde, peguei minha chave para tentar abrir a porta, mas por algum motivo ela parecia emperrada. Aqui, queria dizer que tentei com jeito até que ela abrisse, mas não posso mentir. Tentei uma, duas, três vezes... Na quarta eu já estava pulando o muro toda desajeitada, mesmo sabendo que isso faria o alarme interno apitar. Que seja, ninguém vai vir aqui mesmo.

Após quase cair e me estabanar no chão igual uma maranga berry podre, entrei por uma das portas que estava destrancada e me joguei no sofá da recepção. Foi então que lembrei o porquê de ter vindo até Rinshin: as duas surpresas que me aguardavam, uma de Tyrant e outra de Daisuke. Como ser bisbilhoteira é uma das minhas qualidades mais marcantes, levantei em um único pulo, correndo para o cofre tão rápido que, se isso fosse um desenho animado, eu teria soltado uma fumacinha branca por todo percurso. Ofegante — por que esse prédio é tão grande, afinal? — pude ver que haviam duas caixinhas em cima de uma mesa endereçadas a mim. Abri a da direita, presente do ruivo, se tratando de um ovinho, que com a ajuda do scan, vi se tratar de um fantasma engraçadinho... Ou pelo menos era o que eu pensava.

Lendo mais a fundo os dados da Pokédex, vi que a espécie é conhecida por aprisionar diversos espíritos???? Talvez Simba queria que ele me protegesse de alguma forma? Vai que é um repelente para cultos e sacrifícios satânicos, né? Disso estou precisando. Ajeitei o ovinho na minha bolsa ao lado do ovo de Eevee e parei para ver o outro presente. Fechadinha dentro de uma caixinha estava uma única Pokéball, que apesar de parecer com qualquer outra, tinha um energia bem familiar. Segurei-a com a mão direita, pressionando seu botão no centro para liberar o monstrinho que ali havia diante de mim.

Posso jurar que aqueles míseros milésimos de segundos que a energia se transformava na Pokémon duraram horas. Meus olhos não conseguiam acreditar no que viam: era a Druddigon que uma vez fora de Nicholas, trazida de volta pra mim após a dolorida despedida que houve quando tive que devolvê-la. Trocamos olhares por alguns segundos, talvez sem acreditar por estarmos juntas novamente. Lacrimejei quase que de imediato, correndo de encontro à dragoa, que me abraçava de volta talvez tão emocionada quanto eu — não sei se pelo abandono do Rocket ou pela emoção de estar comigo e não com algum desconhecido. Me afastei do abraço com um sorriso aberto de orelha a orelha, apertando o rosto da Pokémon junto ao meu.

— Nuka! Esse vai ser seu nome, minha filhotinha. — abracei-a uma vez mais, puxando ela até meus pertences e liberando Sushi, Mochi e buscando também a esfera de Manju, liberando todos para o reencontro — A irmã de vocês voltou pra casa! — falei com a voz uma pouco marejada, principalmente após assistir todos abraçarem a Druddigon com muita ternura e saudade — Vamos comer alguma coisa?

Fizemos uma enorme bagunça na cozinha? Sim. Eu ia limpar alguma coisa? Não. Qualquer coisa a próxima pessoa que aparecesse por aqui limparia, oras. Comemos e nos divertimos por algumas horas até que retornei a maioria deles, ajeitando meu time no nosso computador antes de sair e ir em direção ao pequeno aeroporto doméstico de Rinshin. Busquei meu PokéNav, surtando no grupo do Pokézap em agradecimento pelos presentes. Caminhando ao meu lado estava Nuka, observando tudo ao seu redor com extrema curiosidade, feliz por estar fora de sua Pokébola pela primeira vez em muito tempo.