#03 - Reincorporação

Depois de duas páginas de filler (desculpe, nem senti), não bastasse o rastro visual com o lixo, uma vibração podia ser sentida pelos pés de quem caminhava no pico do morro. Algo grave poderia estar acontecendo. Não era para menos que Anne tivesse pensado que o que acontecia no alto daquele lugar era uma batalha de titãs. No entanto, não havia uma aura de perigo. Os Pokémon teriam sentido e alertado seus mestres, principalmente os do ranger. A vibração era pausada. Quase como se tivesse um ritmo e se repetisse em alguns momentos.

Tyrant estava na frente, já que não tinha mais motivos para Anne liderar. Agora as habilidades de sobrevivência e outras aprendidas durante o treinamento precisariam ser ativadas. Tinha um botão pra isso ou era passivo? Devia estar equipado na mística Ranger Tools! De qualquer forma, os pensamentos do guarda Torres já começavam a trabalhar, pensando nos desafios da noite ao invés de admirar a bela vista por mais um tempo. A verdade era que os raios do sol eram substituídos por outras luzes. Não de estrelas, muito menos da lua. Conforme o sol se punha, luzes artificiais piscavam de um acesso em específico. E se seguissem aquele tremor, ele ficava cada vez mais intenso a medida que se aproximavam das iluminação multicolorida.


— Espera... Ta ouvindo esse som? - Anne pedia atenção. - Parece que está acompanhando as vibrações. Será que é... música?

Ela estava certa. Tinha sim uma batida coordenada às vibrações. Poderia ser outra coisa, mas só tinha um jeito de descobrir se aquilo estava conectado ao rastro de sujeira.

Er... um capuz rosa de um metro e setenta atrás de você talvez estragasse o disfarce. Ela pareceu entender e ficou quietinha com Poliwhirl, Eevee e Heracross aguardando Tyrant retornar.

O rapaz avançava por entre as árvores, seguindo a batida do som. As luzes marcavam uma espécie de caminho até uma entrada que dava para uma clareira enorme no meio da mata. No meio dela muita coisa estava acontecendo e era até difícil para os olhos do ranger assimilarem. O som do qual seguia era imensas caixas de som produzindo música eletrônica com batidas capturadas da natureza, como o vento nas folhas, esmagamento de rochas e até algumas batidas reproduzindo gritos de Pokémon. Não era atoa que gerava uma certa confusão. Mas não bastasse o som, havia um palco iluminado, mas no momento vazio. O mesmo não poderia ser dito do meio da clareia. Certa de 250 jovens estavam aglomerados consumindo álcool e outras substâncias. Alguns estavam de pé dançando loucamente, mas haviam muitos sentados sobre cangas como se participassem de uma espécie de piquenique doido. As roupas que usavam? Poucas. Além das pessoas, haviam outras instalações além do palco de som. Uma estande branca ao lado dele era guardado por dois seguranças, um de terno e um Machamp.

E caso o guarda Torres estivesse se perguntando como aquelas pessoas chegaram até aquele lugar, um balão começava a pousar num espaço delimitado do outro lado do palco, trazendo mais algumas cabeças. Ah, o lixo? É, ele estava por todo lugar e levantou voo ruma a natureza depois que o veículo de ar quente pousava no terreno.

O que estava acontecendo e como lidar? Essa era uma resposta que ele teria de encontrar com certo esforço.

Ele não teve sorte com a espera. O que Tyrant procurava na ranger tool? Bem, o tempo que ele ficou caçando respostas no dispositivo foi o suficiente para Anne aparecer por trás dele com os Pokémon abaixados, como se fossem espiões.

— Hmm... o que você ta fazendo abaixadinho aí? Umas meninas surgiram do nada perguntando se eu tinha papel higiênico. Fiquei meio sem entender dai ela disseram que a fila do banheiro químico estava grande demais e resolveram ir no mato antes do festival começar... Isso ta parecendo uma rave um hippies modernos.

Ela ficou esperando ele dizer que eles iam entrar, afinal, não havia uma "porta" oficial já que a entrada era aérea. Inclusive aquele balão já tinha sumido de vista e a música continuava rolando.

Ao que tudo indicava a dupla estava para se separar. Anne não via problemas nisso, afinal a missão não era sua, mas não queria desistir agora que tinha chegado no foco do que poderia estar causando a poluição da sua rota favorita, e também a cidade de Fortree.

— Vou tentar fazer amizade e se descobrir algo te aviso.

Ela tirava o capuz que protegia da chuva, e talvez do frio, e revelava estar usando um body azul marinho impermeável, daqueles que eram possíveis usar para nadar. Uma garota preparada? Deve ter sido por isso que ela comentou que resgatou um Pokémon no lago mais cedo. De qualquer forma, ela amarrava a a capa na cintura e bagunçava o cabelo, retornando seu Poliwhirl. Uma camuflagem festeira era melhor que de guerra, na opinião dela, então iria para um lado diferente da do ranger.

Tyrant estava procurando pelo que especificamente? Sua entrada no que parecia um festival ilegal era ignorada. Ninguém ali parecia dar importância para ele, inclusive alguns esbarravam no guarda e não pediam desculpas. Enquanto ele procurava por mais respostas do evento, um outro balão chegava, mas dessa vez algo diferente acontecia, além de levantar mais lixo pro alto. O som se calor e com o silêncio, um sentimento de atenção! Dois focos de luzes apontaram para o balão e então a juventude começou a gritar enlouquecida ao ver a figura de um homem estiloso saltar dali e ser levado ao palco, onde uma mesa hi-tech aguardava por ele. O som logo voltava e a batida ficava mais selvagem com a presença do Mc Levin o'Bis. Sem saber como, a massa de pessoas dobrou e estava quase impossível perambular por pelo espaço sem tomar uma cotovelada ou ganhar um banho de cerveja dos jovens baladeiros.

Tyrant tinha um... plano? Ele pretendia se afastar um pouquinho da festa que acabou de iniciar, para se acalmar. Olha. Ele até conseguiu se esquiar de um copo de cerveja que quase o banhou, mas levou umas duas cotoveladas e alguns pisões no pé - como também pisou nos de algumas pessoas - até chegar no limite da clareira, se agarrando a uma árvore. O Eevee ficou encarando o treinador por um tempo, querendo saber se era pra tirar um cochilo ou o quê, porque aquilo poderia demorar. Eram adolescentes num lugar afastado festejando sabe-se lá o que e não tem-se noção de quanto tempo o evento deve durar. É, definitivamente esperar não era um bom plano. Entretanto esperava ELE mesmo ficar tranquilo para pensar e talvez rever a estratégia.

Enquanto isso... É RAVE PORRA! Tunts tunts. Um capuz rosa passava pela visão dele de relance e logo se perdia no mar de pessoas. Ao menos alguém estava aproveitando a missão.