#03 - Reincorporação

Algo inusitado acontecia. Torres, após um momento de reflexão (será?) decidia FESTEJAR! Ele não estava em exercício de função e estava usando a farda? Isso era permitido? Bem, nenhum superior dele estava presente para repreende-lo então talvez um civil ou outro estranhasse, caso reconhecesse o uniforme ranger. Como os patrulheiros não eram tão famosos em Hoenn aquilo também favorecia para o entrosamento do rapaz com os festeiros de plantão. Quem teve que se segurar foi o pequeno Eevee.

A agitação seguia o flow do baile. Era um batidão eletrônico com funk feeling, então o pessoal dançava loucamente, soltando as criaturas internas. Era divertido de reparar, mas ainda mais se se entregasse ao som do Mc. Em um momento, Tyrant via até que o Normal mexia as patinhas no ritmo da música alta e isso chamou a atenção de uma guria de cabelos roxos que ficou toda "awn kawaii" mexendo com o pequenino. Depois de algum tempo ela percebeu o treinador do Pokémon e acabou mostrando a língua pra ele. Não foi um gesto rude, era de forma fofa que ela o fazia. Ok, ela estava mostrando a língua pra ele por tempo demais. Ok, tinha um pequeno doce colorido na ponta da língua que, aparentemente, ela oferecia a ele e esperava por alguma ação.

Será que Tyrant estava pronto para AQUELE tipo de festa?

Aparentemente Tyrant não estava tão relaxado e disposto a entrar na vibe da rave. Nem um passinho ele tentou mandar! Tinha uma galera fazendo rodinha pra mandar ver no heavy baile, mas ele estava preocupado com outras coisa. Sim, ele estava em missão e perder os sentidos não parecia algo bom - naquele momento - e nem um beijinho ele deu na menina de madeixas violetas, que deu de ombros, mexeu novamente com o Eevee e foi curtir a onda em outro canto.

O guarda conseguia se passar por fã do Mc ou do festival ao registrar o momento com seu aparelho. Bem, seria até comum se aquele espaço fosse um ambiente comum. Como não era e ele sabia disso, tinha uma ideia que parecia funcionar, mas não só ele sabia dos paranauês ilegais (afinal era um ambiente legalize). Nisso, um rapaz sem camisa, todo suado, tocou no ombro do quase-cadete (?) e dizia perto demais para se fazer ser ouvido no meio do alvoroço.

- Cara, você sabe que não pode postar nas redes sociais, né? Não queremos que a polícia ou... - nesse momento o ranger era analisado e o semblante do rapaz mudava gradualmente e sua voz tomou um tom mais pensativo - outras pessoas acabem com a festa...

Sem se despedir, ele se virou e se perdia no meio da multidão, indo na direção lateral direita do palco. Seu recado tinha sido dado, mas era só isso?

O sinal para comunicação estava péssimo naquele ponto. A região era afastada e não possuía antenas de telecomunicação por perto, então Tyrant teria de esperar até surgir algum ponto de sinal para que a mensagem fosse enviada.

Enquanto Flora não recebia a mensagem por questões técnicas, Tyrant pensava em Anne. A primeira vista, nada daquele capuz rosa chamativo. A festa continuava animada e os jovens soltando as frangas com os passinhos mais doidos e criativos possíveis. Foi só ele caminhar, ou melhor, ser empurrado, por entre a multidão que avistava a menina conversando com um grupo eclético e com um copo de bebida na mão. Ela, em algum momento tanto viu ele e deu um sorriso, acenando, convidando ele para se aproximar.

Anne esticou os braços e envolveu o guarda com um abraço pelo pescoço, como se fosse íntima dele. Que ousada! No entanto, ela parecia fingir que se importava com o que ele dizia com um "own" fofo antes de colar o rosto próximo ao ouvido dele e falar de maneira desenfreada:

- Esse festival acontece toda semana durante dois dias seguidos em dias de semana diferentes e é meio que secreto por conta das drogas e do som alto.

Ela então se afastou voltando a sorrir de forma boba e segurava ele pela mão que não estava com a bebida, fazendo questão de introduzi-lo aos demais amigos.

- Gente, esse é o meu amigo Tai, Tai essa é a galera! - ele elevou o copo dando um grito bem universitária e começou a dançar, sendo seguida pelos demais. Anne se mostrava uma verdadeira abelha-rainha. Estava fingindo estar louca, mas na verdade estava recolhendo informações. Talvez ela estivesse um pouquinho alegre, mas ainda estava em um estado são. Ela só ficou observando Tyrant enquanto dançava de costas pra nova crew, como se esperasse uma atitude dele. Digo, em relação a missão, claro.

Anne ouvia as palavras do rapaz e então deixava ele se virar enquanto dançava com mais outras quatro meninas como se fossem as Bayville Sirens.

Um dos rapazes que estavam junto do grupo ouvia o que Tyrant perguntava e se mostrava bastante solícito ao responder, apontando as melhores indicações de onde se aliviar.

- Cara, perto de onde o balão pousa até tem uns banheiros químicos, mas a galera ta fazendo no mato mesmo. Só cuidado que ta escurecendo, quer que eu vá contigo?

Ele estava bebendo com os outros meninos, mas não se importava em sair um pouquinho da roda pra esticar as pernas a depender da resposta do guarda.