Ficha - Charles Grizzalo

Descrição física: Laços elásticos habitualmente prendem de modo frouxo um apanhado de seus cabelos ruivo-alourados em uma forma de concha, enquanto a maioria de seus longos fios ondulados tendem a se libertar de tal cárcere, rebelando-se contra a natureza organizada de Charles ao recaírem sobre seu semblante, muito o incomodando quando por vezes passam pelo entremeio de seus claros cílios e encostam em seus cianos olhos. De porte relativamente alto (1,80 metros) e robusto (75 quilogramas influenciados por sua musculatura) quando comparado aos outros jovens de Blackthorn que cresceram junto dele, possui uma distinta pele branco-roseada repleta de sardas que se estendem pelo seu pescoço, atravessando sua fina e rala barba de uma cor semelhante à de damasco, até suas amplas espáduas.

Prefere não se descomedir em seu vestuário, evadindo ao máximo peças que mais promovem seus próprios varejistas de moda com logotipos petulantes do que menos providenciem o conforto de um bom corte e tecido. Seguindo seus fundamentos, é corriqueiramente visto trajando combos de calças cargo e clássicos coturnos de escalada, item essencial para aventureiros de sua cidade natal, juntos às suas simples e confiáveis camisetas. Quanto à palheta de cores, Charles estima tons em curvas terrosas, entretanto ao se tratar do que cobre seu torso mantém a simplicidade do branco e preto. Tal código de roupagem não o limita, porém, de usar adornos como pulseiras de sementes, anéis de coco e colares de dentes de Sharpedo.


Personalidade: Charles cresceu com um caráter em formação amplamente influenciado pelos ensinamentos a qual a convivência com seu pai proporcionava, compreendendo a finitude das coisas e buscando valorizar cada componente que integra a sua rotina, por mais elementar que seja. A tranquilidade e a humildade, com anos de empenho e persistência, tornaram-se núcleos de seu psicológico: evita sempre que seus dragões internos, os quais correspondem às suas emoções negativas (afinal, é mais divertido pensar dessa forma), dominem sua alma, e, com as experiências que adquire ao longo de sua vida, aprimora seu próprio gênio, incorporando aspectos e hábitos característicos de outras pessoas e mesmo criaturas silvestres, demonstrando de tal modo a sua apreciação inconsciente do equilíbrio da natureza e a estabilidade das relações entre homem e Pokémon. A despeito desses traços, ocasionalmente tem surtos incontroláveis de emoções positivas se levado à tais, dependendo da circunstância em que se encontra.

Virtudes como a benevolência, a justiça, a sinceridade, a paciência, a responsabilidade, a coragem e a disciplina são metas que o parcimonioso Grizzalo pretende algum dia alcançar, por mais que as suas falhas derivadas de sua leve imaturidade advinda dos seus poucos anos de vida não o auxiliem nessa jornada própria além de lhe fornecer a oportunidade de obter experiência. Falhas essas que podem ser explicadas em poucas palavras: Charlie usa a comédia como um mecanismo de defesa para quando a situação em que se encontra mostra-se com conclusões inesperadas e/ou fuja de seu controle. Apesar de saber ser engraçado de vez em quando com seu sendo de humor “bobo”, passa maus bocados na tentativa de reparar erros tanto próprios quanto dos outros, e mesmo percebendo que piadas e sarcasmo não são a solução para tudo, não consegue impedir a si mesmo de utilizá-los. Isso, todavia, não o impede de enxergar tal traço próprio como apenas um obstáculo a ser superado pelo qual pode inclusive aprender boas lições sociais.

Embora tenha seu descontrole cômico, Charles é uma pessoa com quem é fácil de se conversar e formar laços devido ao seu consideravelmente alto carisma e habilidade de percepção dos pequenos detalhes. Tal característica provém da sua crescente compaixão e empatia gerada pelo fortalecimento de sua relação com Croissant, seu Magikarp, que involuntariamente ensinou a Grizzalo valores como a aceitação dos próprios defeitos e o valor da evolução em suas diversas formas.


Biografia: Ante a penumbra pálida do luar argênteo, a breve tênebra noturna serpeava pela necrópole de Blackthorn enquanto as lágrimas da família de Luna Grizzalo, uma dama de friável vigor e tenra benevolência, imperavam sobre seu féretro de mogno vastamente decorado. William, doravante viúvo, firmemente segurava seu recém-nascido filho único, Charles, em seu colo durante o funeral de sua consorte, acompanhado do choramingão Corsola com qual possuía forte camaradagem desde suas aventuras em Hoenn. Era noção comum entre seus conhecidos que a saúde de Luna, esmaecida com o parto, era tão tênue como a brisa daquela madrugada, um sopro efêmero. William Grizzalo, outrora um grande treinador Pokémon, fez uma promessa com os doces zéfiros daquela noite: tornaria Charlie um homem de tesos princípios do qual ambos ele e sua falecida esposa pudessem se orgulhar e se regozijar.

Poucos anos se passaram, e Charles, lecionado desde pequeno a cultivar apropriados valores de ética e moral pelo seu pai, havia se tornado uma réplica de seu próprio progenitor ao passo em que granjeava simpatias da vizinhança com seu encantador caráter. Sua infância foi significativamente serena; crescendo junto aos Pokémon de William em sua cabana em meio à rocha das cordilheiras do Mt. Silver, desenvolveu uma excêntrica afeição pelas fantásticas criaturas que avivavam o universo, e este em si, virando um grande apreciador das paisagens naturais que o mundo poderia lhe dadivar como deleites para seu cerúleo encaro.

Viver isolado entre calhaus e cascalho nas montanhas, contudo, não era algo tão aprazível para Charles, visto que era um impetuoso entusiasta dos espetáculos televisivos. Seu sonho era vivenciar, em carne e osso, o suave toque das ondas em sua pele, enfim contemplar o feérico limiar do horizonte quando ao cortar só céu e água, ao lado de seus futuros companheiros Pokémon. Resoluto de que, por mais que a rotina em Blackthorn pudesse ser um enigma decifrado para nativos, e de tal modo básica, sentia que havia alguma habilidade para aprender, um talento a ser descoberto; participara de inúmeras atividades em busca de um passatempo intrínseco ao âmago de seu ser, e então se apaixonou pela escalada, praticando tanto em pequenos ginásios próprios de tal como na sólida pedra do Mt. Silver que cercava Blackthorn.

Durante a alvorada de sua juventude, o filho de William e Luna frequentou uma ordinária instituição de ensino público de Blackthorn, onde expandiu suas fronteiras no que se diz respeito à interação social. Apesar da falta clara de gnose no que concerne a festas e romance, de sua ímpar prudência tão cedo em vida, e de sua paixão pela escalada, conseguia se manter na mesma página com seus colegas, integrando-se às suas conversas e grupos naturalmente. Ulteriormente, porém, o mais jovem dos Grizzalo constatou que até então não tinha estruturado laços que pudesse considerar como íntimos e verdadeiros.

William, nascido em Mossdeep, decretou que, no aniversário de dezesseis (16) anos de Charlie, já havia passado da hora de seu filho ter seu primeiro Pokémon, ver o mar e respirar um ar diferente do de Blackthorn; comprou passagens para sua cidade natal, onde passariam o aniversário do jovem e as férias em família. Emocionado, Charles pôde por fim admirar a venustidade oceânica ao lado de seu maior amigo, seu pai. Lá, onde as águas se encontram no percurso ao redor dos limites da cidade, William dedicou a sua antiga vara de pesca ao filho para que a utilizasse em razão de sua primeira captura.

Um Magikarp. O rei carpa cujo sistema imunológico é firme o suficiente para permitir a sobrevivência até em corpos de água abundantemente poluídos, corriqueiramente desdenhado por treinadores regulares, foi o primeiro Pokémon capturado por Charles Grizzalo, que o acolheu de braços abertos. Sendo conhecido por ser um dos peixes mais comuns do mundo, era exatamente a espécie que o garoto sempre sonhou em ter. Por quê? Porque os Magikarps possuem um imenso poder de respingo, capazes de se propulsionar tão alto que podem ultrapassar montanhas caso bem treinados. Não é o perfeito Pokémon para um amante de escalada? Suas peculiares características poderiam ser incorporadas pelo rapaz em novas técnicas e truques. Charlie, em transbordante alacridade, apelidou seu primeiro companheiro de Croissant, por ser a primeira palavra que lhe veio à cabeça, não tendo nenhum motivo em particular.

Enquanto em Mossdeep, a catástrofe das intempéries e dilúvios fustigou as regiões de Kanto e Johto num atroz impacto. Por mera sorte, os Grizzalo não foram inteiramente afetados pelo desastre, mas durante severos meses foram tiranizados pelos próprios pesares de suas inquietas mentes. Tão breve como seu advento, as tormentas se desvaneceram e o mar paulatinamente recuou. O “recesso” de William e Charles em Hoenn durou dois anos, até que chegou à um fim: buscando um recomeço, regressaram à Blackthorn, Johto.