Twinkle Twinkle Little Stone

Danniel não gostou nada daquilo, seu ágil Pokémon que sempre pareceu uma lufada de vento agora era tão lento que nem conseguia superar um pedregulho. Ele sempre soube que Delta perderia sua maior arma, testou a nova condição de seu Pokémon, mas agora, na hora H, via efetivamente o prejuízo. Ele tomou nota mental de que precisaria, e muito, treinar a speed de sua lâmina vermelha.

- Recomponha-se, Delta! – Disse firme, sem revelar o quanto estava preocupado com o seu parceiro de longa data depois de mais uma rodada desastrosa. – Mantenha o Steel Wing, derrube esse Pokémon.

Will não podia acreditar no quanto aqueles Solrock conseguiam sustentar a luta. Se já não bastasse o seu erro amador, agora a sorte fechava a cara para eles outra vez. - “Onde foi que nos metemos?” – O pensamento infeliz nasceu como uma erva daninha. Ele que só queria passar despercebido por ali até achar o Steven, se via agora com um time despreparado para encarar um grande problema. Será que ainda teria tempo de pular fora? Provavelmente não. Se estava no território da Lunatone, depois de confrontar seus capangas, só conseguiria voltar para sua missão quando resolvesse aquela situação.

- Vamos garotos, agora só temos um alvo pela frente. Continuem atacando com Crunch. Precisamos vence-lo antes que ele complique ainda mais a nossa vida.

Com um suspiro Will viu o Solrock perder a consciência, mais um pouco e a coisa poderia ficar bem pior. – Esses “caras” eram fortes... Não fazia ideia que poderiam ser assim. Será influência da Lunatone?

A dúvida do Carateca era justificável, uma vez que ele não lembrava de enfrentar em ambiente selvagem Pokémon de nível tão alto, a exceção foram os caminhos percorridos para se encontrar com Articuno e Zapdos. Um repleto de boa lembrança enquanto o outro parecia um espelho oposto de má recordação.

Danniel não o respondeu, caminhou silencioso até o seu Scizor e avaliou o estado do seu Pokémon. – Constatamos hoje uma nova fraqueza, caro amigo. Vamos precisar treinar duro para superá-la. – A criatura concordou com a cabeça e aguardou em prontidão. Em retribuição, o negro lhe aplicou um Super Potion e depois o recolheu para a Pokébola.

O mais jovem não fez questão de repetir sua pergunta, uma vez que não a direcionou a ninguém em particular. Colocou-se ao lado do Dragão e fez como o seu tio, aplicando um Super Potion no Pokémon.

Agora que o Ranger retornava, ambos olharam para ele com dúvida. Sabe quando você não quer fazer algo, mas se sente obrigado? Bem, Will sentia algo parecido. Seu instinto o mandava pular fora para que deixassem a missão do Ranger por conta dele, mas sua consciência o dizia para ajudar. Assim, fitou o mais velho com um olhar questionador. Em resposta, Danniel deu de ombros, como se respondesse, “por mim tanto faz”. – Iremos com você, vamos ajudá-lo. Mas primeiro... E esses Solrock?

O Carateca caminhou até os Pokémon inconscientes e parou bem em frente ao último a ser nocauteado. – Se o deixarmos, eles podem voltar para junto da Lunatone, não? Vão voltar a nos atrapalhar... Deveríamos libertá-los da influência dela.

- O que propõe? – Perguntou o Allstar mais velho já imaginando o que viria.

- Capturá-los, ué! – Respondeu como se aquilo fosse óbvio. Afinal, era o que treinadores faziam. Mas lembrou-se que Danniel não tinha esse costume. – Irei ficar com dois, posso tentar encontrar bons treinadores para eles. – Desse modo, pegou uma Great Ball e jogou no Pokémon que acreditava ser o mais forte do trio, além de uma Pokéball no Solrock a sua frente.

- Eu não vou capturá-lo, talvez seja bom para o Ranger ter um em sua equipe para futuras missões – sugeriu que o Ranger ficasse com o ultimo e se afastou do Pokémon pedra.

- Eu sou Will e esse é o meu tio, Danniel – O jovem se aproximou do Ranger para cumprimenta-lo. – Nos explique melhor o que está acontecendo. Esse Lunatone é realmente capaz de controlar a mente humana?

Mesmo que capturar os Pokémon não fosse a solução mais aceitável, na concepção do jovem Allstar, obedecer a um treinador era bem diferente do que ser um “escravo” mental do Lunatone. Ele não conseguia parar de pensar na ideia de ter alguém em sua cabeça controlando seus atos como se você fosse um passageiro amarrado em seu próprio carro com um “desconhecido” dirigindo. Bem, isso se de fato fossem escravos mentais do espécime maior e mais forte. Conjecturas.

Isto posto, ele fez sua pergunta. Lunatone controlava mente humana também? O Ranger acabou não respondendo, deixando uma grande incógnita na mente do jovem, mas independentemente disto, Lunatone parecia realmente perigoso. – Então, não percamos mais tempo... Você não nos disse o seu nome. - Will recolheu as Pokébolas que capturaram os selvagens e as guardou, fazendo o mesmo com o seu Zweilous para seguir o grupo logo atrás de Danniel que ia por último.

Apesar do perigo iminente, um fato interessante aguçou a curiosidade de Danniel. Do que será que Lunatone está atrás? O Ranger disse não estar interessado, mas descobrir a causa não é o primeiro passo para a solução do problema geral? Mesmo que tirassem Lunatone da jogada, era questão de tempo até surgir outro Pokémon com interesses semelhantes. Pois bem, talvez fosse um bom presente para dar ao seu sobrinho em troca dos Pokémon que ganhou...

Enquanto caminhavam, Will liberou o seu pequeno Eevee e o pegou no colo, dando a ele um Joke Lollipop. – Você lutou muito bem lá atrás, garoto. Estou gostando ver... Talvez mais para frente eu vá precisar do seu faro, por isso quero que nos acompanhe. – Terminou de falar acariciando a criaturinha no pescoço enquanto a apertava no colo com a outra mão junto ao corpo. Rockruff deveria ter um faro ainda melhor que o do Czar, mas mas como estava muito desgastado da luta anterior, era melhor deixá-lo descansar. – Ei, Ranger! Você por acaso viu Steven Stone por aqui?

“Brownie?” – Era impossível não sorrir ao ouvir aquele nome, um ato infantil, mas honesto, pelo menos Will conseguiu conter uma risada. Danniel, por outro lado, manteve sua máscara em uma face que mal mudava de expressão. – Parabéns, espero que consiga sua promoção.

Os dois não comentaram, não fizeram questão, mas acharam uma ação inteligente do Ranger usar o Solrock na busca, isso se ele não fosse dominado novamente pelo Lunatone. Prevendo essa possibilidade, o jovem não conseguiu conter a língua. – Acho melhor recolher o Solrock quando encontrarmos a Lunatone, não sabemos a extensão da influência dela sobre ele...

Agora que o assunto mudara para o alvo da dupla ali na Meteor Falls, Will não se surpreendeu com a reação do Brownie, mas aquilo o desanimou um pouco, pela surpresa do Ranger, ele não devia saber o paradeiro do Steven. – Sim, o pai dele me disse que ele anda pela Meteor Falls realizando uma pesquisa. Por isso estou aqui, preciso falar com ele... – Mesmo o Carateca sonhando um dia vencer a liga de Kanto e, agora que veio parar nessa região, a de Hoenn, ele ainda não parecia acreditar que estava em busca do Campeão. A princípio, sequer pensara em descobrir a identidade do campeão atual, pois ainda via tal objetivo distante, mas destino tinha suas formas de agir. – Quando encontramos suas pegadas lá atrás, achamos que você podia ser ele ou talvez alguém que o tivesse visto.

Sem perceber o Allstar mais novo parou de acariciar o pequeno Eevee enquanto falava. Este, “indignado” com o término da secção de carinho, posou seus pequenos olhinhos castanhos na figura do treinador e pediu por mais com o seu típico chamado. Will olhou para a sua carinha meiga e honesta, voltando a acaricia-lo imediatamente, divertindo-se quando ele virava o pescoço de um lado para o outro como se falasse com os gestos “acaricie aqui, agora aqui. Isso, estou gostando de ver humano”.

Finalmente um sopro de esperança, não era nada consistente, mas ter um guia naquele labirinto interminável era muito mais do que Will podia pedir. Ele olhou de relance para o seu tio que acenou concordando com a boa sorte. – Se eu fosse apostar, apostaria nas câmaras inferiores... Pelo que o Mr. Stone deu a entender, seu filho está aqui em pesquisa de campo.

O Jovem levantou alto o seu Eevee com as mãos, encarando-o enquanto ria. – Ouviu isso, Czar? Parece que achamos uma pista. – A criaturinha respondeu feliz, balançando-se como se voasse com o apoio de seu treinador. Will o trouxe para perto e beijou o topo de sua cabeça antes de traze-lo para junto do corpo para voltar a caminhar como antes.

– Então temos um acordo, senhor Brownie. Vamos pegar esse Lunatone! – Enquanto isso, Danniel, continuou em silêncio enquanto seguia o Ranger. Como sempre, estava vigilante, atento a tudo no cenário para não ser pego desprevenido.