Nicholas se resumiu apenas em torcer o cenho diante das ofensas disparadas por Karinna. É inegável que seu tom fora deveras ríspido em suas broncas na loura, contudo, em apenas alguns encontros, conseguira constatar algo que poderia ser o diferencial para uma cooperação entre ambos: diferente de Emma que entendia depois de uma singela conversa, era necessário subir o tom de voz com a violinista para que fosse executado o que gostaria: depois de alguns brados, conseguira seguir em silêncio para a mata.
Ora, estavam prestes a entrar em uma área de preservação — se estava cercada, era ilegal a entrada de terceiros, matutou o kantoniano — e uma maluca socando o arame e distribuindo golpes com a mão ou a perna estava longe de ser o ideal. Provavelmente, depois daquele caminhão de ofensas e pelo semblante inflado e braços cruzados, Karinna deveria estar guardando um furor colossal que poderia despejar no louro nas horas certas, não? Agora, a missão de Nico era apenas administrar a sua cólera e deixá-la excarcerar no momento propício.
E com certeza o momento não era justo no momento em que adentrariam a mata.
Uma primeira sílaba escapava dos lábios róseos que a artista ostentava após ajudá-la a subir a cerca. Claro que, no momento em que o restante da palavra de agradecimento ficara presa em suas cordas vocais, o louro dera uma piscadela no melhor sentido de “de nada”, mesmo que não fosse verbalizado. E nesse ínfimo tempo, aquelas duas criaturinhas vistas outrora buscavam provocar a dupla — sem sucesso. Fora engraçado como Karinna volveu os orbes cerúleos repletos de fúria, com Nico respondendo apenas em movimentos repetitivos com a palma da mão voltada ao chão, pedindo calma.
Iniciavam a calcorrear na direção da mata à frente. O chão de areia dava lugar, aos poucos, ao tapete verde da relva, dando boas-vindas aos intrusos da mata da rota dez. Com o canto do olho e seu corriqueiro olhar inexpressivo, o treinador se divertia em seu interior do rosto inflado e aquela postura irritadiça que a especialista ostentava; claro que guardada às proporções, lembrava uma criança quando os pais negam um brinquedo e ficam com um bico maior que o de um Golduck — e veja que coincidência: era do mesmo tipo em que Karinna se especializara.
Seguiam sua caminhada, e não delongaram até que as duas caudas rosáceas que balançam de um lado para o outro exatamente como a pouco tempo atrás. Aqueles dois monstrinhos, lentos como nunca, volviam seus corpos em volta do próprio eixo para fitar os treinadores com seus semblantes pacatos; as bocas abertas como se esperassem o que ocorreria a seguir.
Karinna dera um brado completamente inesperado e libertava seus outros dois monstrinhos: uma Starmie e um Raichu de Alola. Nicholas esbugalhou os olhos, completamente indignado com a postura adotada pela especialista: qual a necessidade de gritar assim no meio de uma floresta em que habitam as mais variadas espécies de pokémons? E o pior: se a entrada for ilegal como Nicholas suspeita e ela chamou a atenção dos guardas?
Balançou a cabeça, puxando o ar com o máximo de força possível para controlar seu furor inicial. E se nem ao menos o garoto pensara em abordar os dois Slowpokes — que era um de seus desejos assim que os notou —, Karinna já dera os primeiros comandos aos seus psíquicos. Levou a mão destra em sua testa, jogando os fios que escorriam sobre sua testa para trás, balançando a cabeça em negação diante da atitude impensada da loura.
Sem muitas delongas, o louro arqueou as esferas bicolores de dois de seus guardiões: Seedot e Shellos. Um súbito brilho alvo materializou os dois monstrinhos como de praxe, rapidamente, aguardando quais seriam as ordens de seu mestre naquela situação.
— Mirem no da esquerda: Shellos, Yawn e Ancient Power; Seedot, Giga Drain em sequência — ordenou, sem muitas delongas.
Com o canto dos olhos, arremessou o braço erguido em sua testa na direção de sua própria coxa, batendo contra o seu próprio corpo e intensificando o movimento de arco na horizontal.
— Vem cá, qual que é o seu problema? Você consegue ser mais lenta que esses dois Slowpokes — soprou, torcendo o cenho e volvendo os olhos anis na direção da especialista. — Quando digo pra seguirmos em silêncio, é pra gente não fazer barulho dentro de uma floresta que, você sabe, não existem só pokémons: podem ter guardas florestais, bandidos, a porra toda. É muito mais fácil evitar esses caras e vai poupar muito tempo também — ergueu as duas palmas na direção do céu, deixando as mãos na altura do tórax. — Comunicação é essencial para que se tenha cooperação. Por mais que eu não sou de falar muito, não sou burro o suficiente pra negar isso. É só não ficar gritando ou esmurrando as coisas como uma maluca que tá tudo certo — girou o tronco, repousando as mãos no bolso, com os olhares atentos ao combate já estabelecido. — E se eu fui duro com você, é porque é o único modo que você escuta. Eu tentei falar na moral com você lá na ponte, e a única coisa que ganhei foi praticamente um “foda-se”. A gente entrou na floresta sem alarmar ninguém nesse meio tempo, mesmo que você tenha ficado com essa cara de criança birrenta, não foi? No final das contas, você fez o certo. Existem várias pessoas, e cada uma ouve de uma forma: você só me ouviu desse jeito. Eu tô cagando se você tem força pra bater em trinta pessoas diferentes ou se vai ficar com raiva de mim nesse tempo, garantindo a sua segurança e dos nossos pequenos, então eu tô fazendo o certo.
Em caso de o pequeno monstrinho ser nocauteado, arremessaria uma esfera bicolor para tentar capturar o pequeno Slowpoke.
Ora, estavam prestes a entrar em uma área de preservação — se estava cercada, era ilegal a entrada de terceiros, matutou o kantoniano — e uma maluca socando o arame e distribuindo golpes com a mão ou a perna estava longe de ser o ideal. Provavelmente, depois daquele caminhão de ofensas e pelo semblante inflado e braços cruzados, Karinna deveria estar guardando um furor colossal que poderia despejar no louro nas horas certas, não? Agora, a missão de Nico era apenas administrar a sua cólera e deixá-la excarcerar no momento propício.
E com certeza o momento não era justo no momento em que adentrariam a mata.
Uma primeira sílaba escapava dos lábios róseos que a artista ostentava após ajudá-la a subir a cerca. Claro que, no momento em que o restante da palavra de agradecimento ficara presa em suas cordas vocais, o louro dera uma piscadela no melhor sentido de “de nada”, mesmo que não fosse verbalizado. E nesse ínfimo tempo, aquelas duas criaturinhas vistas outrora buscavam provocar a dupla — sem sucesso. Fora engraçado como Karinna volveu os orbes cerúleos repletos de fúria, com Nico respondendo apenas em movimentos repetitivos com a palma da mão voltada ao chão, pedindo calma.
Iniciavam a calcorrear na direção da mata à frente. O chão de areia dava lugar, aos poucos, ao tapete verde da relva, dando boas-vindas aos intrusos da mata da rota dez. Com o canto do olho e seu corriqueiro olhar inexpressivo, o treinador se divertia em seu interior do rosto inflado e aquela postura irritadiça que a especialista ostentava; claro que guardada às proporções, lembrava uma criança quando os pais negam um brinquedo e ficam com um bico maior que o de um Golduck — e veja que coincidência: era do mesmo tipo em que Karinna se especializara.
Seguiam sua caminhada, e não delongaram até que as duas caudas rosáceas que balançam de um lado para o outro exatamente como a pouco tempo atrás. Aqueles dois monstrinhos, lentos como nunca, volviam seus corpos em volta do próprio eixo para fitar os treinadores com seus semblantes pacatos; as bocas abertas como se esperassem o que ocorreria a seguir.
Karinna dera um brado completamente inesperado e libertava seus outros dois monstrinhos: uma Starmie e um Raichu de Alola. Nicholas esbugalhou os olhos, completamente indignado com a postura adotada pela especialista: qual a necessidade de gritar assim no meio de uma floresta em que habitam as mais variadas espécies de pokémons? E o pior: se a entrada for ilegal como Nicholas suspeita e ela chamou a atenção dos guardas?
Balançou a cabeça, puxando o ar com o máximo de força possível para controlar seu furor inicial. E se nem ao menos o garoto pensara em abordar os dois Slowpokes — que era um de seus desejos assim que os notou —, Karinna já dera os primeiros comandos aos seus psíquicos. Levou a mão destra em sua testa, jogando os fios que escorriam sobre sua testa para trás, balançando a cabeça em negação diante da atitude impensada da loura.
Sem muitas delongas, o louro arqueou as esferas bicolores de dois de seus guardiões: Seedot e Shellos. Um súbito brilho alvo materializou os dois monstrinhos como de praxe, rapidamente, aguardando quais seriam as ordens de seu mestre naquela situação.
— Mirem no da esquerda: Shellos, Yawn e Ancient Power; Seedot, Giga Drain em sequência — ordenou, sem muitas delongas.
Com o canto dos olhos, arremessou o braço erguido em sua testa na direção de sua própria coxa, batendo contra o seu próprio corpo e intensificando o movimento de arco na horizontal.
— Vem cá, qual que é o seu problema? Você consegue ser mais lenta que esses dois Slowpokes — soprou, torcendo o cenho e volvendo os olhos anis na direção da especialista. — Quando digo pra seguirmos em silêncio, é pra gente não fazer barulho dentro de uma floresta que, você sabe, não existem só pokémons: podem ter guardas florestais, bandidos, a porra toda. É muito mais fácil evitar esses caras e vai poupar muito tempo também — ergueu as duas palmas na direção do céu, deixando as mãos na altura do tórax. — Comunicação é essencial para que se tenha cooperação. Por mais que eu não sou de falar muito, não sou burro o suficiente pra negar isso. É só não ficar gritando ou esmurrando as coisas como uma maluca que tá tudo certo — girou o tronco, repousando as mãos no bolso, com os olhares atentos ao combate já estabelecido. — E se eu fui duro com você, é porque é o único modo que você escuta. Eu tentei falar na moral com você lá na ponte, e a única coisa que ganhei foi praticamente um “foda-se”. A gente entrou na floresta sem alarmar ninguém nesse meio tempo, mesmo que você tenha ficado com essa cara de criança birrenta, não foi? No final das contas, você fez o certo. Existem várias pessoas, e cada uma ouve de uma forma: você só me ouviu desse jeito. Eu tô cagando se você tem força pra bater em trinta pessoas diferentes ou se vai ficar com raiva de mim nesse tempo, garantindo a sua segurança e dos nossos pequenos, então eu tô fazendo o certo.
Em caso de o pequeno monstrinho ser nocauteado, arremessaria uma esfera bicolor para tentar capturar o pequeno Slowpoke.