Pokémon Mythology RPG
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Ato 05 — Nostalgia.

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nostalgia

— De nada, irmãozinho. — a voz escapou dos lábios em tom de deboche, quase provocativo; Nicholas ia ter que aceitar seu apelido novo de qualquer jeito — Okay, vou ficar calada.

O meu ângulo de visão não era dos melhores, mas era possível ver dentre a folhagem uma criaturinha muito interessante, provavelmente aquática. O adolescente se afastava um pouco para tentar observar melhor o que acontecia naquela clareira e a melodia continuava a ecoar floresta a dentro. O agudo chamava tanto minha atenção que parecia me hipnotizar: em determinado momento cerrei os olhos, aproveitando a música ressoar pelos ouvidos enquanto a brisa trazia o já tão conhecido cheiro da livre natureza. Devaneei um pouco ao lembrar da minha infância nos arredores de Olivine, onde não havia nada além disso para me trazer conforto. Um leve sorriso formou-se no rosto e as janelas, ao abrirem-se novamente após muitos minutos, tudo que conseguiram ver foi o Slowpoke de Nicholas caminhando até toda aquela comoção musical.

— Nicho- — estiquei a mão na direção do lento aquático, com as orbes fixadas em desespero sobre o loiro; não era meu lugar dizer o que ele deveria fazer, mas se toda aquela quantidade de Pokémon não gostasse do pequeno, ia ser complicado lidar com aquilo tudo — Faz alguma coisa.

Engoli seco, levantando bruscamente e caminhando até o campo aberto. Se fosse para Slowpoke sofrer, que ao menos estivéssemos ali para lhe dar suporte. Para um Pokémon conhecido por ser lento, até que o psíquico caminhara com bastante pressa, afastando-se uns bons metros de nós dois. Em meio toda aquela comoção, tudo que consegui fazer foi buscar a esfera de Manju dentro da bolsa: se tivéssemos que lidar com essa grande quantidade de monstrinhos, somente a mais forte do meu time seria capaz de derrubá-los. Voltei meu olhar para Nicholas, em dúvida; Slowpoke continuava caminhando dentre aquela quantidade de bichanos e não parecia ser mal recebido, mas também não muito bem-vindo.

Que doideira.

— Acho que... Já sei. — coloquei a case do meu violino no chão, abrindo-a rapidamente e retirando o instrumento musical — O que acha de um dueto, mocinha? — abri um sorriso para Dewpider, que como uma cantora, sem dúvidas gostaria do meu acompanhamento — O restante pode nos ajudar também. — voltei meu olhar para Nicholas, dando uma leve piscadela enquanto soltava as madeixas ao vento uma vez mais; esperava que ele entendesse que eu sabia o que estava fazendo — Só um minuto. — busquei o PokéNav dentro da bolsa e coloquei mais um dos arranjos no piano que Lisanna havia feito para mim — Agora sim.

Posicionei a queixeira em seu devido lugar e cerrei as cerúleas orbes quase que de imediato. Segurei o arco sobre as cordas do violino e, então, comecei a tocá-lo. Demorou um pouco para que a pequena conseguisse acompanhar com seu vocal, mas quando o fez, fluiu perfeitamente. Mesmo concentrada e de olhos fechados, um meio sorriso formou-se em meu rosto, tão espontâneo que poderia senti-lo reluzir dentre a luz do satélite natural e suas iluminadas crianças. Conforme o ritmo foi aumentando, comecei a mexer os pés e a dançar junto, um tanto quanto atrapalhada — para ser bem honesta, está aí algo artístico que não sei fazer muito bem.

Estava tão feliz que sequer me importei dos motoqueiros nos encontrarem por causa da música. Fazia tanto, tanto, tanto tempo que não me sentia tão bem. O violino sempre era um escape para as lamúrias, para a dor, para a tristeza que não conseguia conter dentro de mim. Mas ali, naquele exato momento, a música que decidi tocar falava sobre encontrar a si mesma após uma eternidade.

Será que estou no caminho para isso?

Egg escreveu:

Eevee — 27/40
Spiritomb — 13/40



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Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




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Era uma cena completamente incomum, mesmo se tratando de pessoas que são acostumadas a viajar pelo mundo. O aracnídeo entoava suas notas mais agudas, e conforme sua voz retumbava por entre as árvores esparsas pelo terreno, pequenos psíquicos róseos — tal o que o louro capturou outrora — passavam ao lado da especialista, com uma peculiaridade: sem apresentar qualquer comportamento hostil. E justamente nessa deixa que a esfera bicolor do Slowpoke de Nicholas tremeluziu, libertando o aquático que seguia junto com seus semelhantes na direção da melodia que Dewpider entoava com maestria.

Karinna parecia aflita, volvendo o seu oceano aprisionado dentro de sua íris na direção do louro; pedia, atônita, que fizesse algo. Os orbes cerúleos, sempre tão calmos e inexpressivos bailavam por todos os monstrinhos que passavam por entre a dupla, inquietos, percebendo todo aquele movimento; o mais engraçado, não viravam um único olhar adverso para os humanos presentes. Ora, mas que evento mais excêntrico.

Slowpoke passava a calcorrear em passos até rápido; o louro chamava seu pássaro, que rapidamente teleportava-se para o lado de seu mestre, mantendo-se taciturno. Apenas com o olhar que Nicholas volveu-se na direção de Xatu, o monstrinho parecia entender que deveria agir a qualquer momento com qualquer sinal do kantoniano. Com o canto dos olhos, pôde vislumbrar a especialista libertar seu Espeon para seguir até o campo aberto, a fonte de todo aquele som — suntuoso, diga-se de passagem.

De um pequeno lago no centro geométrico de aquele recinto, conforme havia a progressão dos agudos do inseto, emergia uma âncora de coloração verde com sua voz mais grave, em um contraste harmonioso que pincelava todo aquele show com uma beleza singular; todos os espécimes ao redor observavam, estáticos e estupefatos com aquela performance de Dhelmise e Dewpider.

Ademais, havia mais uma música entre aquelas almas, e ela não poderia passar em branco, não é?

Com uma piscadela, a loura arqueava seu terno violino, convidando o aracnídeo para um conserto. Nicholas apenas movia em ímpeto a sua cabeça, como se não ligasse para o que acontecia a seguir: para alguém que até outrora estava afogada em um oceano de tormentos, aquele momento era único. Volvia na direção do tronco mais próximo, recostando suas costas sobre o encosto, e como se deslizasse, moroso, assentava-se, apenas observando o show sem dar uma única palavra — Xatu mantinha-se sobre um galho mais espesso da árvore.

De relance, pôde sentir alguns olhares pouco mais hostil aos dois humanos; e não graças à melodia entoada eximiamente por Karinna, e sim pela aproximação em ímpeto de seu Slowpoke na direção dos protagonistas daquele show. Respirou fundo, estralando os dedos da mão esquerda como um singelo sinal para sua ave paranormal. Os orbes de Xatu cintilavam em rosa-neon, concentrando seu poder psíquico envolta do aquático. A aura envolvia ao monstrinho, que não protestava diante daquele erguimento súbito vindo de forças alheias.

Com cuidado, Xatu pousava o róseo ao lado de Nicholas. Slowpoke não sabia muito bem o que fazer, apenas volvia seu rosto com expressão espalhafatosa na direção, emitindo um singelo “Slow”. A calma que o monstrinho tinha era invejável, e seus momentos traziam um alívio cômico para seu mestre e qualquer outro espectador ao redor. Ainda com a boca aberta, não se moveu mais, repousando ao lado de Nicholas.

O kantoniano, conforme aquela melodia tão singular ressoava em suas mentes e bagunçava o seu consciente, passou a devanear acerca de tudo o que passara até ali. Cerrou os olhos, volvendo o semblante na direção da lua, sempre tão majestosa e cintilante, que banhava aquele concerto com seus esplendores.

Depois de uma aventura suicida com seu amigo Henderson durante sua infância em Pallet, em que o moreno teve a brilhante ideia de jogar uma pedra contra o ninho de hostis Beedrills, os pequenos foram obrigados a se lançar contra o mar ao sul de Pallet para escaparem vivos. Não preciso me delongar muito na dura que o louro dera em Hendo, não é? Agora, com todas as suas vestes molhadas e com um mau humor nítido em seu cenho, voltava à sua casa mais ao centro de Pallet. Chegando em sua residência, seu pai saudava-o depois de um exaustivo dia de trabalho — e, por coincidência, retornou mais cedo aquele dia.

— Ah, oi, filho. Que cara é essa? Por que você tá todo molhado? — indagava o homem ao lado de seu Machop, abafando um riso de todo aquele drama que seu filho fazia em sua chegada ao lar.

— Papai, o Hendo é muito burro! Acredita que a gente quase morreu por que ele jogou pedras em uns Beedrills que estavam enchendo o saco? — esbravejou o pequeno, ostentando um bico quilométrico, dirigindo-se, em passos pesados, na direção do singelo banheiro do casebre.

— Vocês estão vivos, não? Não precisa ficar bravo assim. Toda criança é curiosa e vocês são bons amigos, para de fazer essa cara, Nico.

— E se acontecesse alguma coisa, papai?

— Tá, tá. Acho que eu já sei como que eu consigo deixar você um pouco mais calmo. Senta aqui, filho. E, Machop, pode pegar o meu violão pra mim?

Puxou uma cadeira para próximo do sofá de onde o corpulento homem ajeitava a sua postura. Nicholas se assentou, ainda de braços cruzados e expressão emburrada. O lutador, em passos lépidos, foi até o quarto do pai de Nicholas e trouxe um violão bem simples. Tomou-o em mãos, pigarreando para aquecer a sua voz.

— O papai vai cantar uma musiquinha pra você, tá bom? Faz tempo que a gente não faz alguma coisa junto por causa do meu trabalho.

— Qual música você vai cantar, papai?!

— É um segredo nosso, hein: foi uma música que eu cantei pra sua mãe e ela se apaixonou por mim. Ela conta de que, por mais que o caminho seja cheio de escuridão, logo depois, vem o amanhecer. Canta comigo, você já me deve ter ouvido cantar ela alguma vez.

O homem pigarreou, começando a dedilhar seu instrumento de cordas eximiamente.

E Nicholas se perdeu no mundo onírico durante toda aquela melodia, e o silêncio volvia a reinar naquele campo aberto. Era como se, no mundo astral, a figura de seu pai se fundia agora à sua silhueta. O louro respirou fundo, como se preparasse suas cordas vocais e seus pulmões para uma... canção? Claro, o treinador não era tão habilidoso quanto Karinna havia se mostrado, mas aqueles tempos em que passara com seu patriarca fora o suficiente para absorver um pouco de seu conhecimento musical.

Descerrou as pálpebras com a nostalgia implícita em seu cenho. Fitou a lua, deixando que a melodia presa em seu âmago saísse de suas cordas vocais para o mundo externo. A voz do louro retumbou por aquele ambiente outrora taciturno, e, quiçá, poderia até mesmo ser aprazível aos ouvidos alheios — não era um cantor exemplar como Karinna, mas isso não quer dizer que ele faça feio, não é? Xatu encarava seu mestre em júbilo e seu Slowpoke, pela primeira vez, não demorava em responder como havia feito tempos atrás.

"Shadows fall
And hope has fled
Steel your heart
The dawn will come"

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nostalgia

Sempre interessante como a música faz com que tudo desapareça, como uma neblina exuberante que não me deixa enxergar um palmo à frente dos olhos. Naquele momento não havia Pokémon, floresta, Nicholas, nada. Em minha mente os pés tocavam as espessas nuvens ritmadas com as notas musicais; o corpo próximo do céu tão almejado pelo consciente há pouco tempo, onde ninguém poderia me machucar novamente porque eu simplesmente não estaria mais...

Aqui.

Os olhos despertaram do perigoso transe que poderia levar-me de volta a um lugar no âmago onde não queria mais estar, somente para perceber Nicholas sentado em uma das árvores, perdido em seus pensamentos. A música se encerrava e, em passos lentos e calmos, me aproximei do loiro com o violino em mãos; um sorriso melancólico formou-se no rosto assim que as cordas vocais do loiro começaram a entoar uma diferente canção, mas que igualmente me era tão terna.

Ajeitei-me ao lado do loiro, encostando minha cabeça em seu ombro e as costas no mesmo majestoso vegetal. Permiti-me, sem qualquer convite, e também perdida dentre o céu que emulsionava o par de celestes orbes que tanto peso carregavam, a cantar junto com ele. Nicholas me acompanhou e, na última estrofe, ambas vozes complementavam-se perfeitamente, com tanta dor e vulnerabilidade que poderia transbordar o mais calmo dos oceanos.

...

E talvez, e somente talvez, em algum lugar do mundo tenha o feito.

"The Shepard's lost
And his home is far
Keep to the stars
The dawn will come

The night is long
And the path is dark
Look to the sky
For one day soon
The dawn will come

Bare your blade
And raise it high
Stand your ground
The dawn will come"


E imóveis permanecemos por mais alguns minutos. Os pares de janelas d'alma fitavam a imensidão e grandeza dos céus, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Suspirei, por fim, abrindo um leve sorriso; puxei Nicholas para mais de um dos apertados abraços que tanto odiava, dessa vez forçando-o a aceitá-lo por um bom tempo.

— ... Um dia o universo há de nos recompensar, irmãozinho. — tornei a fitar o satélite natural uma última vez; afastando-me do abraço — ... — encostei a cabeça no vegetal, empurrando o ombro do loiro com o meu — Tá tudo bem. Um dia vai ficar tudo bem. Um dia... — respirei fundo, abrindo um leve sorriso na direção de toda aquela comoção de Pokémon à nossa frente The dawn will come.

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Spiritomb — 14/40



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Off :



Nunca em toda a história alguém deveria ter registrado tão lindo dueto e complemento. A pequena Dewpider seguiu os passos inocentes de Karinna enquanto aproveitava a melodia forte que ecoou na alma dos presentes, a ancora outrora focada em tons graves seguiu o refrão entoado por Nico durante as pausas da música. Talvez por sua natureza espectral conseguia realmente tocar a alma de todos os que estavam ouvindo, mas quando sincronizou seu graves com os tons de Nico ai sim, quem escutava conseguia sentir o pesar. Um pesar nostálgico daqueles que outrora tiveram o gosto da felicidade, daqueles que tinham alguém para quem voltar e o pesar da incerteza. Quando Karinna começou sua parte todos os pokémons estavam arrepiados. A música não distinguia humanos e pokemons. As ondas de vibração eram transmitidas igualmente e talvez por isso fosse mais fácil de entender que naquela noite, naquele palco improvisado e naquela situação incomum o destino estava proporcionando uma cura para o coração de todos os feridos. Em meio a escuridão eles eram luz. Ao longo da noite talvez fossem os únicos humanos agraciados por cresselia para não só verem o show, mas também para fazer parte ativamente daquele lindo espetáculo. Quando o amanhecer chegar...esperem...o que era aquilo?

O slowpoke de Nico, outrora visto como o patinho feio do conserto estava emitindo um brilho potente e azulado como nunca antes visto. Mesmo entre os de sua espécie era admirável o quão intenso a sua transformação estava sendo, enquanto todos estavam admirados com os cantores, o fã número dois da dupla foi defender seus cantores antes do Xatu recolher Slow para a segurança. A natureza era perfeita não é mesmo? Aguardou o momento ideal quando a música acabou para presentear mais uma vez a plateia com um lindo brilho digno dos fogos de fim de ano.

Tanto Nico quanto Karinna perceberam que pequenas lágrimas fugiam de seus olhos e dos olhos de todos os presentes. Quando sua alma é tocada o corpo pode responder de formas estranhas. O choro limpava as amarguras do passado assim como o Brilho de iluminava a noite com novas possibilidades. Karinna olhou para baixo enquanto enxugou as lágrimas e viu que tinha uma fã logo abaixo de seus pés. Uma pokémon rosadinha com a barriga branca e alguns espinhos coralinos pediu que a cantora a pegasse no colo. Para a corsola, Karinna era alguém única, especial e a melhor cantora que ela havia ouvido.

Off da alegria :


Progresso :

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Preferiram ouvir a canção em silêncio. Entretanto, nos confins de sua alma, Nicholas sabia que havia um coral acompanhando-o do plano etéreo, sorrindo ao vê-lo entoando ilustremente aquela canção que lhe fora passada como um simples e terno gesto de afeto. Perdido em meio aos pontos brilhantes no firmamento, deixou que a voz feminina da loura complementasse, em harmonioso contraste, fazendo a melodia — mesmo que ainda sem um instrumental — ser ainda mais bela quando os dois se uniam. A cabeça da especialista recostava-se sobre o ombro do kantoniano, deixando suas cordas vocais vibrarem o ar para complementar aquela letra tão deleitosa.

O amanhecer virá.

E foi ao fim daquela canção que o vento corria por entre aquele campo aberto, colocado minuciosamente pelo Arquiteto do Universo como se em sua onisciência, o Ser Etéreo já havia planejado aqueles timbres tão nostálgicos que ressoara em cada um dos intrínsecos daquelas inúmeras criaturas. Nesses ínfimos segundos, aqueles fios desgrenhados no topo da cabeça do louro volumavam ainda mais as mechas que escorriam sobre sua testa, ocultando, mesmo que por pouco, os olhos tão frios e sorumbáticos.

Na levada dos sentimentos emergirem de seu âmago, mesmo que ainda fosse contra toda a sua personalidade, Nicholas não recusava aquela aprazível aproximação da especialista. Moroso, o braço destro foi erguido e abaixou-se em seguida, envolvendo Karinna no abraço que fora proposto pela mesma. E tão incerto quanto o próprio destino, as duas almas já tão lancinadas aproximavam-se pela dor, e ainda mais agora, depois de harmonizarem aquela canção que tinha um significado tão especial a Nicholas.

Passou-se alguns minutos até que a especialista se desvencilhasse do abraço, apenas recostando seu corpo sobre o tronco daquela árvore que os dois agora dividiam. O olhar esperançoso de Karinna acerca do futuro logo depois de ouvir a melodia era invejável. A figura do céu estrelado era terna não apenas à dupla, bem como a todos os monstrinhos ao redor parecia acalentar aquela tormenta intrínseca ao kantoniano. O seu rosto não movia um músculo desde o final da canção, a não ser as suas pálpebras que aprisionavam o caudaloso mar de lamúrias que carregava consigo. O vento insistia em sibilar.

Ao seu lado, o sempre tão lento Slowpoke fitava-o com sua boca aberta. Com o canto dos olhos, o louro volvia sua atenção para o monstrinho recém capturado, notando uma presença excêntrica, como um anexo na cauda do aquático: um Shellder. Registros de estudiosos diziam que, quando aquela espécie estivesse madura o suficiente e interagisse com a concha, uma simbiose entre ambos surgiria. E conforme datado, a evolução através da ligação entre os monstrinhos teve seu início.

Se outrora o pequenino apoiava-se entre as duas patas, conforme o brilho azul tomava conta de seu corpo, tornava-se bípede. O Shellder anexado em sua cauda não apenas mudava completamente de dimensões, como também sua aparência era transformada em demasia. Claro, Slowpoke ganhava tamanho e tornava-se um monstrinho muito mais corpulento do que aparentava outrora. Por mais algum lapso curto de tempo, aquele lampejo insistia em envolver o corpo do psíquico. Ao fim daquele clarão, Slowbro irrompia sempre com a mesma boca aberta e personalidade lenta.

Por Arceus, ele nem ao menos percebeu um Sheldder mordendo a sua cauda?

De todo o modo, com jubiloso com que Nicholas volvia um olhar terno para o seu mais novo monstrinho antes de volver os orbes cerúleos na direção da espectral âncora flutuando entre aquele lado. O intenso anil agora não se desfocava em momento algum de Dhelmise. Seus tons mais graves haviam casado de maneira ímpar no momento em que, aéreo, Nicholas entoava sua nostálgica canção. E jazeu assim por um bom instante.

Não precisou dizer nada ou menos fazer qualquer tipo de sinal. Ainda taciturno, arqueou uma vaga esfera bicolor em seu bolso. Fitando o monstrinho espectral com sua inexpressiva — quiçá, sorumbática —, partiu o apetrecho ao meio, evocando o feixe de luz alvo que envolvia todo o corpo de Dhelmise. No fim, desvanecia, absorvendo a âncora para utensílio, iniciando o corriqueiro e monótono processo de captura.

Enquanto o mesmo ocorria, repousou a esfera bicolor ao seu lado.

— Você... — soprou, quase inaudível na direção da loura. — quem te ensinou... essa música...? — ouviria a resposta calmamente, inspirando fundo, recordando-se da intensa caminhada até chegar aquele local e, claro, as experiências traumáticas que Karinna trazia consigo. — Se quiser descansar um pouco, eu vou continuar acordado. Enfrentar Regirock e depois andar tudo isso devem ter cansado você demais.

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nostalgia

E o silêncio permaneceu. Inquieto, traiçoeiro, trazendo consigo lamúrias já adormecidas e perigosas para qualquer âmago em recuperação. As janelas celestes, curiosas, procuravam mais uma vez dentre as imóveis nuvens no céu um porquê de todas provações que foram colocadas em meu caminho. Miséria, perda, solidão, quase-morte, assassinato, fome, quase-morte de novo. A certeza que nem um porcento de pessoas sofrem metade em uma vida inteira só aumenta toda e qualquer raiva que sinto pelo Etéreo ser que tanto me detesta.

Curiosa e encantada com toda cantoria, Dewpider me observava e tudo que consegui fazer foi retribuir com um leve sorriso. Acalentava o machucado coração saber que ao menos minha música conseguiu tocar o coração de todos ali presentes; em algo eu precisava ser boa. Busquei uma Poké Ball dentro da bolsa e, engatinhando, toquei sobre a testa da aquática, que sequer lutou contra sua temporária prisão. Tornei a sentar ao lado de Nicholas, somente para perceber uma pequena criatura cor-de-rosa se aproximar em encanto, também feliz por ter presenciado todo aquele espetáculo. Acariciei sua cabeça, repetindo o feito com Dewpider e capturando-a junto.

— Parece que ganhamos alguns fãs, irmãozinho. — empurrei o ombro do loiro com o meu bem de leve, dando uma leve gargalhada no processo — ... Essa música? — a pergunta de Nicholas cortou como uma flecha pelo despreparado coração; o semblante mudou da água pro vinho, com o sorriso despontando por completo e dando lugar a uma feição séria, quase triste — ... Minha mãe. — tornei a olhar o céu, suspirando profundamente antes de continuar a falar — Ela cantarolava sempre. Principalmente quando estava triste e meu pai... Hm, deixa. — balancei a cabeça negativamente uma única vez, engolindo seco — ... Talvez o amanhecer dela tenha sido ir embora desse mundo, né? — tornei a encostar a cabeça no vegetal, levando os dígitos até as pontas das longas madeixas — Será que o meu precisa ser o mesmo?

E, então, mais uma vez me perdi dentre devaneios. A imagem da infante Karinna abraçada pela avó para que não presenciasse o embriagado pai se formava diante de meus próprios olhos, como mágica reunida por infinitos e microscópios grãos cintilantes. As falanges soltaram os cabelos, indo direto para os braços e apertando-os em medo. Pude sentir o pavor que percorria minha corrente sanguínea tantos anos atrás, o que fez com que juntasse os joelhos próximo ao tórax, escondendo a cabeça dentre eles. As mãos agora seguravam a cabeça, insistindo para que aquela lembrança desaparecesse o mais rápido possível. Como é possível ter dias que não me lembro do que importa e isso se manifestar tão vividamente no consciente?

— ... Hm? — respirei fundo, finalmente erguendo a cabeça e vendo que a memória havia voltado para o cofre de sofrimento de onde nunca deveria ter saído — De-desculpa, não ouvi direito. — as orbes cerúleas amedrontadas encontravam as de Nicholas uma vez mais, tentando disfarçar o que acabara de acontecer — Ah, acho que prefiro continuar andando. — levantei rapidamente, buscando todos meus pertences — Minha cabeça não está em um bom lugar agora, irmãozinho. Não posso deixá-la distraída. — abri um sorriso agridoce para o loiro, puxando-o para mais um abraço — Obrigada, pestinha. — esse último breve, mas apertado; ajeitei a case do violino nas costas e a bolsa nos ombros, caminhando na direção que estávamos indo originalmente — Vamos?


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Poucos anfiteatros pelo mundo teriam a sorte de comportar uma plateia tão diversa em quantidade e espécies distintas. Com o fim do show, os pokémons voltaram a seus lares a fim de deixar os astros daquela apresentação em paz para um merecido repouso. Com todas as capturas feitas e surpresas da noite, era de se esperar que tudo acalmasse agora certo? Bom, o destino ainda discordava disso. Ambos loiros de olhos azuis. Ambos sabiam a mesma música que era algo velado pela infância. Ambos sofridos pela vida por conta de uma ausência paternal. Seria apenas coincidência? Uma vez poderia ser até um evento isolado, duas? Sorte ou acaso, mas três momentos muito únicos parecidos já começa a se tornar um padrão. Conforme Nico e Karinna passavam mais tempo juntos, mais memórias compartilhadas tinham e mais eu começa a suspeitar que talvez o destino não estive unindo apenas irmãos pelas desgraças, mas quiçá...irmãos de verdade.

Apenas um teste genético poderia confirmar isso (Ou vocês dois :p), mas o fato era que naquela noite tudo parecia estar dando muito certo para a dupla. Teria a maldição agorenta que insistia em trazer desgraça para os dois finalmente chegado ao fim? Apenas o futuro poderá responder essa dúvida.

Karinna foi na frente convidando Nico a segui-la, mesmo sem saber por onde não seria natural depois de tudo que passaram juntos não seguir sua irmã jurada. O pensar sobre o que era o amanhecer pesava na cabeça da moça e talvez fosse algo naquela madrugada que a ajudaria a alcançar uma resposta mais definitiva para seus ferimentos na alma. Mesmo regirock ou zumbis eram ameaças pequenas diante do grande vazio que Karinna deveria sentir. Vazio esse experimentado e rotineiro para Nico. Algo faltava nos dois. A certeza de alguma coisa que talvez não estivesse nem no presente e muito menos no futuro. Precisavam de uma resolução com seus passados.

Caminhando pela noite fresca e muito bem recepcionados pelos pokémons do caminho, nenhum mal aflingia o Duo que encantou o coração dos pokémons. Seguiram andando com a proteção dos seus até uma área onde os pokémons insistiram em não ir mais. Sem perceber, a dupla de treinadores havia passado toda a rota 10 caminhando e finalmente adentravam na rota 12, sendo avisados por uma placa desgastada caida no chão ao longo do caminho de terra molhada. Algumas luzes estavam a frentes e sons motorizados persistiam em quebrar o silêncio da noite do outro lado da grade. Antes de serem vistos, a dupla aproveitou seu refúgio natural pelas arvores e escutou um pouco de uma conversa entre duas vozes, uma feminina e outra masculina.

- Tsk, jurava que iriamos encontrar pelo menos um deles aqui. E agora? O que diremos ao chefe?
- A verdade horas! Que eles se perderam no mato e que vamos precisar de guardas ao redor do perímetro.
- Mas isso pode levar dias?
- Ninguém disse que trabalhar para os melhores seria fácil. Homens dispersar!


Quando o dono da segunda voz partiu a moça dona da primeira começou a falar.

- Era tudo mais fácil quando não precisava lidar com incompetentes...saudades da época da antiga equipe rocket...

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Memórias. Sempre tão intrínsecas, variadas, e basta uma única faísca para que os pensamentos, sejam positivos ou negativos, possam emergir e a partir daí serem deglutidos por nossos sentidos. Uma única indagação a respeito daquela canção que tanto lhe era terna trouxe à tona todos os tormentos que o destino fê-la passar. Sua mãe a cantava, e prestes a completar sua frase, sua melancolia prendeu em suas cordas vocais o restante da história. O que era um crepúsculo — ao menos para ela própria —, a loura indagava sobre ser o seu amanhecer, sempre repetido ao longo da canção.

Em pavor, os dedos pressionavam os braços dos lados opostos, recolhendo-se. Seu semblante era pávido, com todos os pelos eriçados diante daquela injeção de temor que percorria cada centímetro quadrado do corpo da loura. Sua expressão jazia estática, e até mesmo as lágrimas — sempre uma válvula de escape às tormentas de qualquer tempo — secaram-se, deixando Karinna à mercê de suas memórias agourentas. A canção que deveria trazê-la esperança levou sua alma ao Tártaro, querendo aprisioná-la naquele sádico universo.

E foi em impulso que o kantoniano aproximava-se moroso. Era como se alguma criatura do plano celeste envolta de bonanças tomasse aquela casca oca para si, controlando-o como um avatar. Em ímpeto, Nicholas avançava o braço destro, envolvendo a garota em um terno aconchego, torcendo para que aquele gesto acalentasse, mesmo que por pouca coisa, aquela que já passara por tantas coisas; a missão era ímproba, contudo, possivelmente aquela dor que Nicholas colecionou ao longo desses eventos tão próximos tornaria a ação ainda mais singular à especialista. Por mais extrovertida e estabanada que fosse, ainda assim, o seu emocional — como demonstrado — era uma faca de dois gumes: seu ponto forte e, em contraste, o mais fraco.

Experiências, pessoas, memórias que são degustadas por seu âmago aos poucos, provocando feridas e cicatrizes que dificilmente fechariam. Queria Nicholas que, ao menos naquele ínfimo tempo que passariam juntos, esquecesse das mesmas. Nem que apenas por isso. Não gostaria de ter a sensação de não proteger mais ninguém à sua volta, afinal, era Karinna quem tinha nuances daqueles dois garotos que jazeram em Pallet após sua queda.

Soltou-a assim que sentiu que havia afastado todos os agouros — mesmo que momentaneamente. Naquele oceano tão intrínseco e incomum que a especialista carregava consigo, pôde sentir aquelas tormentas em si mesmo. Por mais que nunca sentira um medo tão profundo quanto esse que Karinna carregava consigo, Nicholas sentia uma leve pontada em determinado ponto de sua alma. Não a sentia com a mesma intensidade com a especialista, contudo, preocupava-se — contrariando a si mesmo, afinal, conhecera-a em poucas horas. Olhou de relance para baixo apenas para desfocar a atenção naquele olhar tão profundo, volvendo a fitá-la a seguir.

Aceitou, taciturno o convite feito pela especialista para que continuassem o trajeto. Se suas condições mentais não a permitiam jazer sã, quiçá, ocupando-se com a caminhada, poderia afastar todos aqueles agouros intrínsecos. Projetou o tronco para cima, erguendo-se, lépido. Sem delongas, recolheu Slowbro para sua esfera bicolor, dando um sinal com a cabeça para que Xatu volvesse com seu ofício de outrora: voar baixo e identificar qualquer tipo de ataque pelos pontos cegos dos dois.

— Aí... não precisa falar nada não, tá? Só... relaxa — balbuciou o treinador, buscando as melhores palavras para que não tocasse naquele ponto delicado que quase fê-la perder a sanidade. Esperava que a especialista entendesse, apesar de não tão compreensível quanto esperava.

O vento, a lua e as estrelas tão singelas adornando o firmamento. Com essa decoração tão rústica e tão bela, a dupla volveu a calcorrear na direção que iam outrora. Não faziam muitos soídos devido ao choque com o tapete verde abaixo do mesmo. Apesar de parecerem estar livres, Nicholas pedia — sempre que houvesse a oportunidade — um ritmo mais lento e cauteloso, afinal, não é apenas de duetos e shows excêntricos que é feita uma floresta no mundo; existiam riscos, perigos à solta, e evitá-los era o melhor caminho.

Tudo para proteger aquela criança de Pallet.

Foi nesse ritmo mais lento que prosseguiram a caminhada. Em um canto mais remoto daquela trilha feita pelos próprios habitantes naturais, coberta por resquícios de lama tal a trilha que seguiram, era notificado que haviam transpassado os limites da rota dez e por fim adentravam a rota doze, próxima à cidade de Fuchsia, não tão distante do primeiro destino de Nicholas, a cidade fantasma de Lavender.

Ademais, a poucos metros dali, um clarão irrompia por aquele trecho que outrora estava escuro, e os mesmos ruídos que os ouvidos se familiarizaram justo no começo de toda aquela aventura retornavam à tona: os motores da motocicleta de quem julgavam ser os guardas florestais, responsáveis por guardar aquele perímetro.

Quem dera fosse apenas isso. Entretanto, Nicholas captou ainda mais algumas conversas que vinham na direção daquele clarão. Guiou a especialista para uma árvore bem escondida, esgueirando-se entre os espaços possíveis para que não fossem descobertos — e por Arceus e sua habilidade em encontrar esconderijos, tudo permaneceu bem.

Não, não eram guardas, e sim Rockets. Nico esperava bandidos quaisquer esgueirando-se entre as árvores para atacar uma dupla forasteira e ficar com seus pertences, e não uma organização criminosa que, apesar de estar longe de seu auge, ostentava uma reputação palatável no mercado do crime.

Ao ouvir a real identificação dos mesmos, um sorriso vingativo adornava o cenho do louro. Com o canto dos olhos, a retina se dirigia entre aquelas brechas ínfimas na direção da fonte sonoras — sem sucesso. O punho esquerdo cerrado encostava no caule da árvore que se esgueirava, pressionando com força incomum o veemente corpo vegetal. Mesmo saindo bem daquelas experiências que teve em Rustboro e nos arredores de Littleroot, o kantoniano ainda guardava o seu desejo por vendeta por todos daquela organização: três sequestradores fajutos e um maldito estuprador — que se arrependia de não ter dado uma surra maior. O pé direito pensou em avançar, quase projetando o seu tronco na direção daquela voz feminina e derramar o cálice da cólera sobre a mesma e seus comandados.

Contudo, relutou.

Volveu para a posição inicial, olhando de relance para a especialista e vendo uma projeção de si mesmo infante. Não, Nico não arriscaria perder aquele espírito apenas por vingança — por mais que suas trevas nos confins de seu âmago bramiam por tal. Balançou a cabeça negativamente, achegando-se de Karinna em passos lentos e silenciosos. Em ímpeto e depressa, as mãos buscaram os ombros da garota, trazendo-a mais perto para si — falava em tom quase inaudível para não causar desconfiança da Rocket em sua frente.

— Estamos cercados por esses vermes. Deve ter alguma saída pelo outro lado que a gente não topa com esses filhos da puta, então fica calma, tá? — trazia a especialista um pouco mais para perto em um abraço trôpego; cerrou as pálpebras e respirava em frequência maior, buscando ocultar todo o seu desejo por vingança para proteger aquele inabalável espírito que Karinna levava consigo. Soltou-a, ainda com as mãos no ombro, jazendo ainda mais próximo. — E se por um acaso eles pegarem a gente, o Xatu te teleporta pra qualquer outro lugar e eu cuido deles. Proteja aquela criança. É a única coisa que eu te peço.

Soltou-a, volvendo lépido na direção do sentido contrário, onde julgava ter uma outra saída. Pedia no seu íntimo para que Karinna apenas assentisse com aquilo que dissera.

O amanhecer que a música dissera não poderia ser tão breve, de jeito nenhum. E que o eterno crepúsculo colérico que o louro carregava consigo mantenha-se em silêncio, afinal, Nico recordava-se do que aconteceu quando resolvera libertar o seu verdadeiro eu.

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nostalgia

Os passos eram pesados mas protegidos de qualquer forte impacto pelo tapete vegetal de médio tamanho que descansava sobre nossos pés. Somente a lembrança daquele que destruiu e tirou tudo de mim fora suficiente para abalar o emocional, ativando gatilhos que tanto lutei para esconder na parte mais profunda do íntimo; Throh era um deles, Pokémon tão fiel ao meu progenitor que obedecia suas ordens sem sequer pestanejar, ceifando a existência do que eu amava naquela fatídica noite. O mausoléu de Arceus uma vez mais recobria o consciente, com minha fúria tão descontrolada que sequer Natalie ousou interrompê-la. As mãos, antes não marcadas pela enorme cicatriz de Shimmer, ceifaram a vida daquele lutador com toda força que conseguiam conter em seus ossos. Na época, parecia um encerramento da vingança que sempre almejei, mas hoje vejo que não trouxe tranquilidade alguma. Não só sou uma assassina de pessoas, como o fiz na rota cento e um, como também de Pokémon. O arrependimento nunca veio e talvez, e somente talvez, eu seja de fato uma psicopata. Não há remorso algum pelo que precisei fazer para sobreviver.

Nenhum mesmo.

— ...  Tá cansado de escutar minha voz, né, irmãozinho? — respondi, dando uma leve risada para tentar descontrair e afastar as lembranças que me atormentavam — Tudo bem, vou ficar quieta.

Longos foram os minutos que caminhamos dentre a relva até encontrar um sinal que nos indicasse onde estávamos. Em determinado momento até acreditei termos nos perdido: a mata começou a ficar mais fechada, quase inexplorada por humanos há bastante tempo. Uma placa caída e abandonada indicava o começo da rota doze e suspirei aliviada; não me entenda mal, andar por florestas é algo que amo com todo meu coração, mas se perder sem recursos já é outra história. Os motores e luzes amarelas tornaram a cortar o natural breu e o ensurdecedor silêncio que nos cercava, com os estranhos anteriormente escutados surgindo uma vez mais. Para o meu azar, ao ouví-los conversar, se tratavam de Rockets.

Vamos lá. Não me arrependo de maneira alguma por fazer parte da organização: a Equipe Rocket estava ali quando não havia mais ninguém por mim e, sendo bem sincera, serei eternamente grata a eles por isso ou a essa altura eu já estaria enterrada a quatro palmos do chão. A pior parte, sem dúvidas, é manter o juramento de segredo, que tanto me incomodava, principalmente com Daisuke. Com Nicholas não poderia ser diferente, como chamá-lo de irmão e esconder algo dessa magnitude? Mas não tem jeito. Não se eu quiser protegê-los, não se eu quiser o bem estar dos que amo.

Que bom que Natalie colocou um pouco de juízo na minha cabeça.

— Tá tudo bem, Nico. — me atrevi a chamá-lo por outro apelido além do constante "irmãozinho" — Ninguém vai me fazer mal. — segurei em seus ombros de volta, fixando as cerúleas orbes sobre as dele, tão preocupadas que conseguia sentir o medo saltando por sua pupila — Eles são dois. Um deles vai retornar para entrada, onde encontramos a cerca e a outra provavelmente irá investigar o caminho que já passamos. Provavelmente acham que somos dois treinadores desavisados e não que já caminhamos isso tudo sozinhos. Conheço o procedimento. — respirei fundo, abrindo um leve sorriso para o garoto, aproveitando para tentar acalmá-lo apertando de leve seus ombros — Eu disse que sei me cuidar, não disse? Muito tempo andando por aí sozinha, a gente vê de tudo e descobre as mais diversas coisas. Pode ficar tranquilo. — segurei em seu braço, puxando-o na direção contrária a que os Rockets foram, em passos lentos e cuidadosos — E nunca que eu te deixaria aqui sozinho, que ideia. Nunca mais me peça isso.

Egg escreveu:

Eevee — 30/40
Spiritomb — 16/40



SWARM

_________________
Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




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Awards :

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Off :


Karinna conhecia os padrões de movimentações da organização mais perigosa de Kanto, Nicholas era um dos treinadores mais cautelosos, furtivos e precavidos de toda a Hoenn. Quando a ronda foi feita ambos foram teletransportados por Xatu para o outro lado da cerca e correram pelo piso asfaltado até os fundos de um edifício aparentemente abandonado.

As palavras de Nico mostravam seu posicionamento raivoso pelos Rockets enquanto a frase de Karinna mostrava uma leveza singular: ela tinha certeza que nada de ruim viria a acontecer com ela. Uma mulher forte e sobrevivente de carteirinha não seria parada por apenas dois rockets patrulheiros. Havia algo peculiar nas ações dos treinadores. Sozinhos, talvez nenhum dos dois teria agido da forma como fizeram e nem teriam dado bola para os sentimentos alheios quando a explosão interna clamava pelo agir. Chegava a ser bonito ver os dois juntos como uma equipe.

Um som estático e um chiado sinalizavam uma voz única e profunda vindo de dentro do prédio. Seguida dela, mais duas.

- Mestre H. conseguimos encontrar estes dois e já estão contidos.
- Cumpriram bem com suas obrigações. São espécies raras de Galar e precisam ser transportadas. Tragam até mim. Desligo


Havia algo nostálgico naquele tom de voz. Mesmo com o sintetizador de voz, não era o timbre ou voz das palavras. Mas o modo, a pausa e o jeito que foram ditos. Karinna conhecia o nome H. um dos líderes secretos da equipe rocket e deverás temido por suas punições.

Uma janela quebrada estava entra nossos heróis loiros e os pokémons nativos.Na cena, um projetor acoplado no teto e ao fundo apenas o tecido branco oscilava vez ou outra. Uma mulher e um homem estavam parados e tinham duas pokébolas cada um em seus cintos. Duas celas moveis (Que serão devidamente renderizadas em altura, largura e profundidade no próximo post) continham os pokémons nativos e quando eles tentavam encostar nas barras de ferro, uma corrente elétrica os castigava.

Progresso :

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