[Sphere’s Universe] – Granite Cave –

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Foi com certa ansiedade, admitia, que a ruiva assistiu à observação quase dramática do campeão de Hoenn das pedras multicoloridas que haviam entregado há pouquíssimos segundos atrás. Ora, não é pra menos, considerando que no interior dos objetos se escondia um poder que seria capaz de fazer com que um de seus monstrinhos - ou talvez um que sequer possuísse! - atingisse um patamar completamente novo de evolução, ultrapassando toda e qualquer delimitação que a ciência anteriormente houvesse traçado.

— Venusaur? — Perguntou, erguendo levemente as sobrancelhas e volvendo a atenção para o rapaz. — Viu, monoflying ou não, vai ter que continuar nas raízes! — Brincou, abrindo um sorriso cheio de graça. — A Ume vai ficar incrível! Há quanto tempo eu não vejo ela, aliás, né? — Ponderou, imaginando o quão diferente a antiga Bulbassaur estaria naquele momento. Não por muito tempo, porém, pois foi justamente a revelação de sua própria pedrinha que fê-la abrir a expressão em surpresa, os lábios se separando brevemente antes que pudesse formular qualquer frase mais complexa. — Sério? — Veio a primeira reação. — Quem diria, e logo quando eu comecei a treinar um Riolu! Acho que vou ter que focar nele mais rápido do que pensei, hm? — Comentou, inevitavelmente alegre por conta da coincidência.

...Ou será que seria destino?

— ...Mwn... Olha, é uma longa, longa história. — Disse, um riso sem graça escapando da garganta; Ora, não queria entrar em detalhes sobre suas experiências de quase-morte tanto em temporais quando em tempestades de areia, principalmente levando em consideração que aquele era um dos únicos momentos nos quais não tinha de se preocupar nem com um, nem com outro - quer dizer, até estava tendo certa sorte nos últimos dias e, huh, pretendia seguir de tal maneira o máximo de tempo possível. — ...Mesmo? Claro que pode! Obrigada! — Respondeu, um sorriso aberto pintando os lábios enquanto pacientemente estendia a pedrinha cuja essência ainda não havia sido revelada e, óbvio, tomava entre os dedos a tal Lucarionite desvendada pelo campeão.

Vale pontuar que aqui também trazia um conforto para si, afinal, poderia poupar um pouco da sua graninha - veja, não estava lá na pior das situações, mas digamos que estava meio que... Devendo um tanto quanto demais, sabe? Muitas pendências, enfim, coisas que havia arranjado no dia-a-dia e que agora tinha de desenrolar uns trocados pra não acabar se lascando e tudo o mais.

...Qual será que seria mesmo a próxima pedrinha?

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— Com certeza! E pelo menos essa pedra me dá um motivo pra não ficar enrolando, sabe, do mesmo jeito que eu faço com um monte de bicho e tudo o mais... — Comentou, um riso sem graça. Quer dizer, não era nem como se o fizesse propositalmente, mas acabava virando a consequência natural de ter inúmeros pokémons para se treinar, sabe? — Devo tentar começar a trabalhar nele quando voltar. — Disse, pouco antes de ouvir as palavras de Steven à respeito de qual monstrinho se "escondia" por detrás da esfera vítrea que entregara; E, bem, as sobrancelhas se ergueram em positiva surpresa, um sorriso gentil brincando nos lábios perante a situação. — Ooooh, a Ryo com certeza vai adorar saber disso! — Riu, balançando a cabeça e espiando o unoviano de canto. — Olha só, agora a gente já pode fazer um dueto de iniciais! — Piscou, achando graça do fato de que haviam justamente adquirido duas Megas idênticas.

Mais uma vez, coincidência ou destino?

— Obrigada, Sr. Steven! — Ela agradeceu ao receber não só a Venusaurite, como também a Key Stone oferecida em agradecimento pelo rapaz. — Isso significa muito pra nós, de verdade! — Completou, guardando os objetos na mochila - teria um bom tempo para inspecioná-los apropriadamente, afinal - e ajeitando as alças nos ombros, sem pressa. — Desculpe por tomarmos seu tempo, mas obrigada pela atenção. — Sorriu. Aguardou, porém, que Luch terminasse de falar quando o rapaz se pronunciou não só sobre se o campeão precisava de algum tipo de ajuda, mas quando também comentou por si à respeito dos tais Zubats que pretendia capturar. O que era ótimo, considerando que independente dos barulhos escandalosos que ouvia, não pareciam que tinham sorte alguma de bater de frente com nenhum morceguinho, infelizmente...

Enfim, de qualquer jeito, se preparou para voltar por onde viera, subindo as escadas que desciam pelo buraco, dependendo exclusivamente da resposta do herdeiro da Devon. Infeliz ou felizmente, não tinham muito mais a fazer por ali, afinal.

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A despedida realizada com o campeão de Hoenn foi simples, para não dizer rápida - claro, o homem tinha lá suas próprias preocupações agora que não tinha de lidar com sua Mega desaparecida e, bem, apesar de terem viajado até ali exclusivamente para encontrá-lo, não era como se precisassem tomar muito do seu tempo, considerando que o desvendar da essência no interior das esferas vítreas era extremamente mais simplório do que poderia sequer imaginar. A ruiva até chegou a ponderar se talvez pudesse se especializar um pouco mais na identificação daquele tipo de objeto, visto que seria uma ótima maneira de se manter mas, enfim, aquilo era assunto para outra hora...

— Você já vai voltar? — Perguntou, espiando o rapaz de canto, ajeitando brevemente uma das madeixas avermelhadas atrás da orelha. — Ugh. Eu queria ir pra lá também, mas ainda tenho algumas... Coisas... Pra resolver por Hoenn. — Comentou, o tom baixando significativamente pelo meio da frase ao se recordar das missões que deveria concluir em nome da organização que, quer queira ou quer não, agora titereava Karinna. Em silêncio, ela engoliu a seco, movendo os braços de maneira desconfortável e passeando os olhos pelas paredes do túnel em que se encontravam, evitando momentaneamente contato visual com o unoviano e tentando ignorar o embolar sórdido que se formava na boca de seu estômago. — ...Então, será que a gente ainda encontra um Zubat por aqui ou... ... ...

Sua visão periférica foi a primeira que a alertou. Num aparecer repentino e em contraste com as paredes cinzentas que os rodeavam, a atenção foi quase que instantaneamente capturada pelo refletir da lanterna do moreno em um formato de tons claros, mais especificamente uma mistura cômoda de branco e amarelo que, independente da peçonha que começava a corroer-lhe a alma, foram responsáveis pelo volver dos orbes opacos em tal direção.

...Veja, não era cética.

Não tinha como ser; Considerando todas as situações e circunstâncias pelas quais havia passado até então, entre crente ou psicótica, preferia se convencer estar atada à primeira opção. Não foi a descrença, porém, que fê-la estacar no lugar como se os pés pesassem uma tonelada de repente - foi o temor que, roendo seu coração em violência singular, travou-lhe os passos e os músculos em arisca reação. E, ora, não é pra menos: Afinal, não foram poucas as vezes que a tragédia e o caos acompanhavam o encontro com tais peculiares figuras. Tudo parecia bem demais, até ali, então não era surpreendente que não desejasse se aproximar para aquele tipo de encontro, não é?

...O companheiro não parecia compartilhar de seu medo, porém.

— N-Não vai, Luch! — A voz falhou, num murmúrio quase inaudível. Os músculos tremularam, a garganta secou e o coração saltou dentro do peito, em pânico inesperado. — E-Ele pode!... — Ao se dar conta que não poderia contar com as cordas vocais, porém, o desespero e a adrenalina se desenrolaram e viajaram por suas veias com velocidade furiosa; As pernas se moveram como se a própria vida dependesse disso, cruzando a breve distância entre ambos no período de um simples estalar de dedos. O corpo chocou-se contra o do moreno, o peito se pressionando em suas costas e um dos braços envolvendo-lhe a cintura enquanto a mão livre apertava-lhe o pulso e o parava ao ar, o rosto escondido atrás de seu corpo como uma criança que teme algum monstro à espreita no fundo do armário. — E-Espera... — Gaguejou, finalmente um pouco mais alto que antes, mas...

...Já estavam próximos, infelizmente.
E, naquele momento, não acreditava que seria capaz de simplesmente sair correndo.

E então, além do medo, a amarga e inquieta sensação do patetismo de sua reação atingiu-lhe em cheio a boca do estômago, os ombros encolhendo-se quase que instantaneamente enquanto os orbes acinzentados agitavam-se do mítico ao companheiro, a testa pressionando-se com suavidade em suas costas e a respiração indo e vindo em uma tentativa de controlar o próprio âmago atormentado por inúmeras cicatrizes de experiências d'um passado sórdido. Como que para torná-la ainda mais tola, o flutuante estrelado concedeu-lhes também pequenos presentes flutuantes, que a ruiva só se deu conta ao receber em mãos uma brilhante pepita dourada, o corpo automaticamente afastando-se do do unoviano em receio antes que, vagarosamente, os dedos ousassem se assentar na superfície lisa daquele belíssimo tesouro. O susto veio inevitável, também, quando pacotinhos de shards caíram sobre o solo rochoso da caverna, os pés recuando um pequeno passinho enquanto os orbes acinzentados processavam toda a situação...

E, tão rápido quanto veio, a misteriosa estrela se foi.

Tudo que pôde ver foi o corpo do psíquico iluminando-se em tímido brilho prateado antes que, num feixe relâmpago, se desfizesse e desaparecesse em pleno ar, fazendo com que a escuridão mais uma vez assolasse aquele lado da passagem na qual se encontravam. A mente não acompanhou ao certo sua muda despedida mas, em contrapartida, a alma vibrou dentro de seu ser, ecoando os lampejos e as essências em busca de um desejo silencioso que há muito almejava seu coração.

— ...Eu... — Sussurrou, devagar, os ombros se encolhendo e a cabeça balançando, suave, para espantar os pensamentos que domavam-lhe a consciência com a violência de uma espada cruzando o peito d'outro cavaleiro. — ...Desculpa. — Pediu, em baixo tom, esfregando a bochecha com o punho trêmulo, o peito subindo e descendo em um ritmo lento enquanto tentava controlar o próprio estouro repentino de emoções. — ...Acho que eu não levo como bom sinal esse tipo de encontro. — Riu, sem graça, desviando o olhar com sutileza e se abaixando para tomar os dois pacotes no chão em mãos (uma boa desculpa para se distrair, aliás), estendendo um deles ao rapaz e, inevitavelmente, um rubor passeou por suas bochechas diante de seu comentário à respeito de "Jirachi já estar agindo"...

...Sorriu.
Bem de leve, sorriu.

— Podemos ir, sim. — Concordou, encostando a bochecha no braço do rapaz e a esfregando de leve num carinho discreto. — Acho que você é meu amuleto da sorte, mesmo. Só com você aqui pra rolar esse tipo de coisa. — Comentou, cutucando de leve a lateral do tronco do unoviano, apoiando-se nas pontas dos pés para depositar um beijo gentil em seu maxilar. Então, bem, era hora de seguir pelo caminho de volta, huh?

...Será que teria mais alguma coisa para verem por ali?