Missão de Aprendiz 3: O Dragão De Hoen em minhas mãos!

Jarbas se permitia rir com o comentário e a expressão surpresa de Katakuri, mas por não saber exatamente como reagir à elogios ele só fez um gesto sutil com a mão, como quem diz "deixa disso" e não mudou seu roteiro.

Cabia de novo aos dragões encontrarem um caminho a ser seguido. Dessa vez, por estarem numa área mais aberta não tinham dificuldade em entrar num consenso. Era para frente e para baixo que iriam pois, sim, o vale ainda descia mais um pouco e, ah! Finalmente! Ruídos!

Já tinham gastado ali pelo menos uns quinze minutos só descendo pela área que ficava cada vez mais estreita e mal iluminada, com rochas perigosas ameaçando arranhar um desavisado, ou cair ao menor contato de um despreparado. Mas, enfim, ouviam algo e obviamente Sindra era a mais sensível a isto.

Era um ruído de metal e rocha, de destruição. O experiente pesquisador fez uma carranca de estranheza, como se não esperasse encontrar nada parecido com aquilo naquela área. Ele se adiantou, já que montava Sindra, a mais alerta para o caso. Parou alguns centímetros a frente de Katakuri e gesticulou, sinalizando algo como "vamos devagar"... Bem, ainda tinham que esperar os dragões caminhando chegar mesmo.

Agora fica a pergunta, há perigo lá adiante? E, independente da resposta, o que Bagon estaria fazendo ali tão embaixo?

Katakuri – Bagon?! Nunca nem vi – Meteor Falls

Prudência é sempre bem vinda quando se está explorando um lugar tão exótico quanto este. Fala-se muito sobre os mistérios guardados no infinito espaço ou nas profundezas do oceano, então o desconhecido que habita grandes cordilheiras acaba sendo deixado de lado, negligenciado e até subestimado. Um outro universo desconhecido.

Enfim, filosofada à parte, era mesmo prudente se aproximarem com cautela da fonte dos ruídos que escutavam. Até Jarbas, grande conhecedor daquele lugar, agia assim, porque o que quer que estivesse acontecendo ali adiante fugia de seu conhecimento. E conforme se aproximavam realmente as expectativas de Katakuri se confirmavam: era o metal de ferramentas humanas que se chocava contra as rochas das montanhas.

Aos poucos não estariam mais na penumbra, porque encontravam uma trilha feita de lampiões espalhados por uma área onde um homem caminharia com tranquilidade. Dava pra ouvir algumas vozes também, e gargalhadas. Todas masculinas e adultas, então aí já tinham uma prévia do que encontrariam.

Jarbas parava, levando as mãos até o Rotom Phone que se mantinha bem quietinho à pedido do mestre. Ele sussurrava para o aparelho pesquisar sobre "exploração em Meteor Falls". Enquanto o treco não retornava respostas, comentou com Katakuri:

– Eu não sabia de nenhum empreendimento aqui, e ainda tão baixo... – Rotom logo dava a confirmação de não haver nenhum registro daquilo para a área – É. Ou isso é algo muito novo, secreto, ou até ilegal. – ele cruzava os braços, fazendo uma carranca de preocupado.

O homem se perdia nos próprios pensamentos. Seria Katakuri aquele a tomar uma decisão a respeito da situação? Se for, que seja rápido, porque tem alguém vindo aí...

Katakuri – Bagon?! Nunca nem vi – Meteor Falls

Katakuri era valente, até mesmo nobre, decidindo ir na frente dar a cara à tapa numa abordagem direta, deixando o pesquisador para trás, escondido e cauteloso, capaz de chamar ajuda caso algo desse errado. E olha que o próprio Jarbas era uma figura intimidadora por si só, com sua altura, porte físico, e cara amarrada de vez em quando.

Enfim, sem ter como contestar o homem ficou lá na trilha enquanto o especialista avançou voando até o local onde homens trabalhavam. O que vinha pela trilha até se assustou ao ver Visenya voar tão rente a sua cabeça quando passaram. Ele correu de volta até os amigos, com medo do que estaria por vir.

Ali, todos os demais trabalhadores se assustaram e se reuniram. Eram sete ao todo. Podiam até pertencer à mesma família, a julgar pelas feições, mas principalmente pela altura padrão, pois eram todos bem baixinhos se comparados ao mestre dos dragões.

Katakuri se via numa área peculiar. Era um vale arredondado e muito largo, apesar de profundo e que se continuava no mesmo diâmetro até muito lá em cima, no nível do solo. Não tinha sequer uma rocha torta cruzada para dentro da área aberta, como se Deus tivesse metido o dedo no barro, tirou  e ele ficou exatamente do jeito que estava. Olhando de baixo, bem acima do nível da superfície, dava pra ver o cume plano de uma montanha muitíssimo alta...

Os homens respiraram aliviado quando Dawn falou, revelando apenas um interesse em descobrir sobre Bagons, apesar da leve insinuação sobre o que os próprios trabalhadores faziam ali embaixo.

– Por Arceus, homem! Você quase mata a gente do coração! – reclamou um, de cara amarrada e camiseta marrom.

– Que isso, Zan, a gente que tava distraído. – repreendeu um outro, gorducho, de camiseta vermelha – Boa noite, moço.

– Ainda é dia, seu animal.

– Ainda é dia... Bom dia, moço. Você disse Bagon? Acho que Dunga viu um Bagon logo que chegamos. Ou pelo menos ele disse que viu, não é Dunga?! – o careca, de orelhas grandes e cara abobalhada agitou a cabeça freneticamente concordando – É, ele viu. Deve ter subido a encosta do Vale, eu suponho. Não temos muito interesse em Pokémon, acredite, mas espero que a informação seja útil. – juntou as mãos na frente do corpo e corrigiu a postura; tinha até um jeito cordial para alguém que trabalha com algo bruto e braçal.

Digo bruto e braçal porque eles usavam só coisas simples, como marretas e picaretas, baldes e carrinhos de mão, cordas, roldanas e correias. O mais contemporâneo ali era mesmo a trilha de lâmpadas, cuja eletricidade era proveniente de um pequeno gerador no fundo.

Katakuri – Bagon?! Nunca nem vi – Meteor Falls

– Te levar até lá?! Hum. Isso não me cheira bem. – o mais ranzinza protestou.

– Estamos bem atrapalhados sim. Digo, atarefados. Estamos atarefados. Mas acho que alguém pode lhe acompanhar até lá, senhor. – o porta-voz parecia o mais simpático dali – Ah! Nós somos mineradores, obrigado por perguntar.

– E o que isso importa?

– Pouca torta. Di-digo, é claro que importa! O moço fez uma pergunta, ora bolas. Ai, fique calado, Zan. Não queremos encrenca. – ele tentava conter o companheiro – Temos uma amiga que explora essa cordilheira às vezes, moço. Ontem ela viu algo importante acontecer por perto e, quando chegou aqui, tinha essa cratera. Ela nos chamou para pegarmos amostras, já achamos Gemas e até Shards! – comentava empolgado, apontando para um dos carrinhos que tinha mesmo alguns desses itens amontoados, mas eram poucos ainda.

Nesse meio tempo, Jarbas já estava próximo o suficiente para ouvir toda a conversa e, julgando que os homenzinhos estavam intimidados e não representavam risco, se aproximou para ficar à vista. Obviamente ele também olhou tudo à volta com grande curiosidade, mas sequer reconheceu qualquer um dos mineradores, que por sinal também se assustaram quando ele chegou.

– Estão falando da Dra. Blanca?

– O-olá, mo-moço... É, conhecemos a Blanca... Vocês estão juntos? – apontava de Katakuri para Jarbas, ficando levemente desconfiado com a situação, e ainda mais intimidado – Senhores, não queremos encrenca por aqui.

Agora o gordinho tentava assumir ele próprio uma postura mais séria, sem sorrisos ou gentilezas exageradas. Era um sinal de medo, obviamente, pois mesmo que estivessem em maior número e armados, não podiam negligenciar a presença das duas dragoas e dos dois grandes homens que se aproximaram tão furtivamente, enquanto eles não faziam questão alguma de se esconder. Ora, não deve ser incomum para eles, que lidam com coisas valiosas, serem abordados por ladrões ou pessoas mau intencionadas. E, afinal, quem é e cadê Blanca?

Katakuri – Bagon?! Nunca nem vi – Meteor Falls

Sobrava para Katakuri fazer a maior parte dos questionamentos, já que Jarbas parecia mais intrigado com aquele espaço onde se encontravam. Seu olhar de espanto só confirmava que aquilo não estava ali antes, e que inúmeras perguntas se passavam pela sua mente científica.

– Ah, bom. Desculpe, é só nosso jeitinho de nos proteger. – o líder falava, voltando à sua postura mais tranquila e sorridente – Prazer, senhor Katakuri e senhor Jarbas. Eu sou Mes, esse é o Zan, Dunga, Dengo, Fê, Neca e o Tchim. – ele os apresentou, apontando – Sinto não saber responder com certeza no que a Blanca é especialista, mas sei que ela trabalha muito em áreas de montanhas e sítios de arqueologia. Costuma nos chamar pro trabalho braçal e coleta de amostras. Somos bons com minerais e essas coisas.

Os baixinhos ficavam curiosos em como Jarbas os ignorava para andar pela área, olhando tudo de cima a baixo, até ficando de joelhos para analisar o chão em alguns pontos.

– Normal, Blanca é meio... Holística? Acho que essa é a palavra. Estuda um pouco de tudo.

– Hehehe. Parece muito ela, mesmo. Ela não está mais aqui, agora. Deve estar voando por aí procurando mais sinais como esse. Disse que tudo começou com o céu ficando estranhamente nublado.

– Confirmo, mas não é incomum por essas bandas e estava na previsão de ontem.

– Bem, como disse, não estávamos aqui. Não consigo confirmar mais do que dados do solo, se me perguntarem. Mas certamente essa formação aqui é muito recente e interessante. – levava uma das mãos ao queixo enquanto olhava ao redor com certa curiosidade.

– É como se um meteoro não tão destrutivo tivesse caído aqui... E retirado em seguida... Mas isso não faz o menor sentido. – Mes balançava a cabeça, concordando com o pesquisador. Que bizarro! Não seria melhor chamar a turma do Scooby Doo pra resolver esse mistério?!

Katakuri – Bagon?! Nunca nem vi – Meteor Falls