Uma ajuda com os menos experientes...

RAYSSA

O casal de grunts foi levado para um canto dos esgotos, fora da visão da maior parte ali. Akshan também se afastou para fazer qualquer coisa. Assim, a especialista e heroína local foi até Selene e Chico pedir um singelo favor. - Claro! Não só ele, mas todos que precisarem! - a enfermeira sorria, e só naquele momento a ruiva percebeu que era a primeira vez que via um sorriso sincero em seu rosto. Depois dessa passada no Centro Pokémon improvisado, a garota foi até seus amigos, os ajudantes de Maurício, o seu objetivo primário quando chegou em Lavender. Logo que se aproximou do grupo, foi recebida por outro abraço, dessa vez de Denise. - GA-RO-TA! Eu fiquei MORTA de preocupação! E você toda trabalhada no heroísmo! - ela tinha um pouco lágrimas nos olhos e os mesmos meio inchados. Assim como a grunt mais cedo, ela segura o rosto de Rayssa entre as mãos, só que foi mais abusada: apertou as bochechas salpicadas de sardas da menina! - Você trata meio de não me matar, tá entendendo, mocinha??? - não era uma bronca de verdade, tava mais para uma demonstração de carinho mais violenta.

Mas era tempo de ação, os carinhos deveriam ficar para depois. Marina também estava visivelmente aliviada em ver a pequena bem, mas ela já tinha visto a fibra da garota ao vivo e a cores, então sabia que ela daria conta de muita coisa que jogassem para cima dela. - Infelizmente não, Ray. - ela começou, balançando a cabeça negativamente - O sinal da torre é forte demais. Devemos desligar tudo na fonte. - a resposta era clara e objetiva: só invadindo a torre e desligando tudo por lá. Logo Akshan apareceria para dar o próximo passo - Vamos reunir nossas forças na prefeitura! Partimos em cinco minutos!

GRAY

Todos ficaram mais calmos, mas não baixaram a guarda depois do ataque. Pelas estruturas encontradas no galpão, eles já estavam a dias ali, resistindo fortemente às investidas dos coloridos e sabe-se-lá o que mais. Eram homens, mulheres, jovens, adultos, meia-idade e até mais idosos, mas todos lutando. Ao ouvir as palavras do especialista fantasmagórico, o DJ franzia o cenho. - Pera ai, você vai nos levar pros esgotos e então seguir pra torre, sozinho? - o tom de voz dele denota um tom de incredulidade. - Você tá maluco? Quer morrer? - Laurits olhava para o rosto sorridente de Gray e fechava o semblante. Aquilo era um assunto muito sério. E ele sabia como Gray agia, tinha essa síndrome de herói, de sair fazendo tudo sozinho, sem backup ou recursos. Ele então agarra o especialista pelo pescoço e sai arrastando-o para uma parte de trás do armazém. - Vem. - ele diz, com um tom seco na voz. Diante do frigorífico, ele abre a porta do container, revelando poucas peças de carne congelada, e três corpos humanos ainda conservados. Um deles estava sem um braço, o outro com a cabeça parcialmente explodida. - Eles também deram uma de herói e foram sem um plano pra torre. Os RR fizeram questão de devolver os corpos para tirar uma com a nossa cara. Colocamos eles ai pra dar um enterro digno quando… - ele tentou dizer algo, mas balançou a cabeça, respirando fundo - Enfim! Não vai rolar! - DJ não estava disposto a conversar, mas ele também sabia que Gray era do tipo que não ligava para o que os outros falavam: ele fazia a ponto. - Se você sair por aquela porta e ir para a torre, eu vou atrás, você querendo ou não. - ele aponta o dedo na cara do jovem de cabelos brancos, e então uma sequência de armas engatilhando se faz ouvida - A gente vai. - o homem careca completava. Pelo visto, Gray agora tinha uma pequena milícia, quer ele ou não!

PRISCILA

Shiva caminhava lentamente, tomando cuidado para não movimentar muito o corpo de seu dono. Apenas olhando para a frente, a canina não maneava para lado algum, só dando passos na direção de… pera, para onde estavam indo? Aos poucos o pequeno grupo ia na direção de um acesso final dos esgotos, aquelas saídas para o ponto de desaguamento final, com uma grande manilha cercada por um grade, com fluxo de água constante. Sem nem ao menos pensar, a canina agarra a grade com os dentes e joga para longe, abrindo espaço para o grupo. Mas espera… onde estava o amado de Priscila???  

RAYSSA

A garota começava a perguntar pelos corredores sobre algum local com recursos, tipo medicinais e afins. A melhor pessoa para saber sobre o assunto era com as mesmas pessoas que cuidavam de seus Pokémon: Selene e Chico! O rapaz então dizia para Rayssa esperar um pouco que ele iria falar com “alguém”, e deu as costas, sem dizer mais detalhes. Bom, ele tomou uma das entradas do esgoto e sumiu por um momento. Restava a garota esperar para ver o que aconteceria.

O sentimento que brotava nos rostos de cada um era uma fagulha, uma centelha. Mas dizem que para todo incêndio, só uma mera centelha já basta. E pelo visto, a figura de Rayssa era essa centelha. Imagine um ambiente onde não há cores, ou as cores presentes possuem um só contraste em tons pastéis, apagados e depressivos. Eis que um pingo de tinta vermelho vivo cai sobre essa tela, esse cenário, e já chama a atenção. E esse pingo de tinta produz uma reação em cadeia, iluminando toda a cena, até que aqueles tons pastéis sem graça ganham vida, dinâmica e alegria? Rayssa era esse pequeno ponto de tinta vermelha. Ela só não sabia da dimensão disso ainda.

De um lado, Marina tentava solucionar alguns pormenores restantes da tecnologia, com aquele Rattata a tira-colo o tempo todo. O bando que era mais independente agia por conta própria. Então a especialista encontrou propósito em preparar a sua equipe, depois que Selene deu a “alta”. Então Chico retorna, chamando a garota até um canto mais isolado. Nesse ponto havia um homem, com cigarro fedido na boca, encostado na parede do esgoto, todo despojado. Assim que se aproximaram, ele só abre um lado do sobretudo e mostra seu “stand” de vendas!

Compras feitas, uma movimentação diferente surgia no local. Surgia aquela expectativa sobre um novo ataque. Mas não, era uma coisa estranha! Uma Arcanine, grande e poderosa, surgia de um lado dos esgotos! Junto dele um homem muito ferido, sobre suas costas. - Tio Malvin! - JJ saía correndo ao reconhecer o homem sobre as costas da canina!

GRAY

Depois da intervenção de Lauritis, Gray começa um monólogo. Bom, o primeiro ponto aqui foi a motivação. O DJ já não aguenta mais ter a morte como chacota diante de sua vida. Um bando de invasores toma a cidade, mata os seus e ainda usam seus corpos de forma tão despojada e desrespeitosa. Apesar da fama da cidade, a morte não é algo tão bem aceito dentre os locais como a percepção que Gray possuía. Para alguns era uma perda, um fim, um trauma e algo para se experienciar poucas vezes durante a vida. Eram poucos que gostavam da companhia da morte e de seus acolhidos.

Logo no começo, o DJ pensou em algum motivo para o especialista trazer sua família para a conversa. Ele estava preocupado, e do seu modo tentou dizer que não deixaria seu amigo para trás. E então, como resposta, recebe um prólogo de como lida de uma forma emocionada com sua vida. A resposta do DJ foi erguer o dedo do meio na cara de Gray e começar a organizar algumas coisas enquanto ele continuava.

E então Gray seguia com seu discurso. As pessoas pararam para ouvi-lo. Comentários como “Não é aquele cara da banda?”, “Não é aquele rapaz que…?”, “Não foi ele que uma vez foi…?” enquanto o jovem de cabelos brancos seguia. Alguns tombaram a cabeça quando ele fez a alusão dos Persian com os Rattata. Outros ergueram o braço em resposta às perguntas sobre guerra e pessoas sádicas, afinal ali havia pessoas veteranos de outros conflitos, talvez companheiros do famoso Lt. Surge. E assim, o discurso de Gray se seguia.

Uma mulher apontou para Gray e fez uma careta para o homem que estava ao seu lado, que em resposta deu de ombros e fez outra careta. O rapaz que Gray abordou ao invadir o armazém, olhava para o jovem com cara de “WTF??”.No fim, quando o especialista foi tocar no ombro do DJ, recebeu um tapa na mão em resposta. - Você é um babaca. - sentenciou Lauritis. O homem mais velho, então, limpa a garganta e toma a palavra - Olha, moleque, não sei quem é esse seu “capitão” e não dou a mínima para ele. A gente viu uma pá de coisa pra no fim das contas ter que ouvir um discursinho de um moleque que chegou ontem. Olha, se eu tivesse com meu cinto te daria umas boas chicotadas para aprender a como falar com os mais velhos! - um punhado de risadinhas ecoa pelo local. - Desde quando tá na cidade? Se é tão bom assim, deveria estar aqui para evitar essa merda! Não vir aqui e tratar sobreviventes como inválidos. Sabe o que é inválida? Sua presunção! Seu amigo se preocupa com você, dizia sempre que ‘se Gray estivesse aqui, nada disso aconteceria’, e quando o famoso chega, quer deixar aqueles que lutaram até agora de canto, como um personagem de filme? Sim, não se trata de ser um herói, você passa longe disso. Se trata de uma criança que precisa de seu fantasma pra dar ênfase no discurso! - as palavras do idoso eram pesadas, pesadas demais pra qualquer um. Mas eram palavras carregadas de dor e angústia por tudo aquilo. Uma mulher, enfim, joga uma bolsa de munições no peito de Gray. - Quer ser útil? Ajude a carregar. Do contrário, pegue seus Pokémon e faça como bem entender. Vamos para a prefeitura! - eles então, sem nem sequer olhar para Gray, pegam as armas e as munições seguem para a saída. O último a sair foi Lauritis, seu amigo. - “É bom te ver Lauritis. Obrigado pela preocupação, amigo, mas tenho um plano melhor. Vamos para os esgotos e de lá traçar algo” - ele começa a falar enquanto toma a bandoleira de um rifle - Não custava nada ser mais humano e menos fantasma, Gray. Você passou tempo demais com os mortos, velho amigo. - e então, seguiu com o grupo de guerrilheiros para a saída.      

RAYSSA

O homem chamado Malvin usava um uniforme de policial padrão. Seu sobrinho, JJ, o ampara. Pelo o que ele dizia, a descrição foi que Gray e Priscila o encontraram na delegacia. Priscila tomou conta dos ferimentos enquanto Gray interrogava dois grunts capturados. E, aparentemente, com requintes de crueldade. Akshan ouvia aquilo e balançava a cabeça negativamente. Bom, de todo o modo, não seria todos dos esgotos que seguiriam para a prefeitura, alguns não-combatentes ficariam para trás. Maurício e seus alunos seriam o time de inteligência, que tentaria bagunçar o sinal de rádio que tanto controlava os Rattata quanto bloqueia a comunicação. Com tudo preparado, eles tomaram o caminho dos esgotos para a prefeitura.

Assim que chegaram, o lugar estava deserto. A ordem era reconhecer as salas. buscar possíveis recursos para então seguir para a torre.

GRAY

Pelo visto o plano do especialista era esse o tempo todo: irritar a todos e virar um alvo. Acontece, meu caro especialista, que houve alguns pontos que você não considerou. O primeiro deles veio com a não-resposta de Lauritis. Depois do comentário, o DJ não teve reação, só seguiu seu caminho com os demais. O segundo vou chamar de falsa aparência. O intuito do jovem era dissuadir o grupo a seguir para a torre para que ele tivesse total acesso, sozinho, para entrar e resolver a questão, sozinho, sem nenhuma intromissão. Acontece que aquelas pessoas não foram dissuadidas. Eles não ligavam para Gray, na verdade. Para boa parte deles, era só algum egocêntrico tolo que não faz ideia do que diz. Nenhum deles conhecia, de fato, a força do rapaz. Mas para eles isso também não importava. Eles ESTAVAM indo em direção à torre, apenas fariam um pequeno desvio, que não era bem um desvio: a torre ficava no final da rua onde a prefeitura ficava. E o terceiro ponto foi Gray ter presumido alguns detalhes e esquecido de se inteirar do todo. Por que eles estavam indo para a prefeitura? O que aconteceria depois disso? Há um plano de ação? Ele não procurou nenhuma dessas informações. Ele só se meteu na frente do perigo, e ainda não se considerava um herói! Bom, agora ele estava indo pelos céus em direção à torre, já que os suprimentos que ele carregava eram só uma parte do que o pelotão levava consigo. E ainda mais, ele alcançaria a prefeitura antes de todos eles, certo? Bom, pormenores à perte, ele sentiu uma presença bem familiar próxima a eles, e uma das esquinas de prefeitura: Doll e Priscila avançando pelas ruas. Ah, um pequeno-grande detalhe importante, cujo foi visto enquanto ele estava no alto, com uma boa visão do todo: não havia mais agentes ou maquinários nas ruas. Lavender estava deserta.