Um sonho... Sim... Sem criatividade.

a dream...

OFF:

Sabe aqueles sonhos onde estamos presos em um único dia que se repete inúmeras vezes, como se nunca conseguíssemos sair desse ciclo interminável? Isso era exatamente o que Lysander sentia quando decidiu tomar as rédeas de sua própria vida. Afinal, o que éramos se não grandes almas que vagavam por aí, de maneira efêmera, sem destino, até decidirmos criar um? Talvez viver um dia de cada vez não fosse a melhor opção no momento, mas sim, admirar a vida como um relance, buscando aventura em meio a rotina e literalmente quebrando todas as amalgamas da chatice. Típico de alguém como o garoto buscar por algo tão longe, mas ele não poderia evitar.

Seu destino? Ora, um grande boato circundava a cidade de Striaton, no continente distante de Unova; as más línguas diziam que Fennel, uma famosa pesquisadora e entusiasta de Munnas estava estudando maneiras de entrar no mundo dos sonhos através da fumaça que os tapires róseos soltavam. Isso deixou de ser uma grande especulação, no entanto, quando a doutora conseguiu provar que realmente existe um outro mundo, em que não vemos de olhos abertos, e que apenas aqueles seres psíquicos eram capazes de acessar; dessa forma, porque não explora-lo, certo? Errado. Era bem óbvio o poder que isso poderia ter caso caísse em mãos erradas, e não é como se não houvessem o suficiente dessas por aí. As vezes, mais perto do que esperamos.

Mas, dessa vez, o motivo de tanta falação em cima da pesquisa de Fennel era o fato de uma anomalia ter surgido; sabe-se lá como, ou porque, mas estava lá. A mulher conseguiu mostrar para alguns colegas pesquisadores e, juntos, eles clamaram por ajuda de treinadores do mundo todo, com um único objetivo: parar essa anomalia, seja lá o que ela seja. Ela deixou certo de que não sabia do que se tratava tal distúrbio no mundo dos sonhos, mas não só deixava todos os Munnas e Musharnas que habitavam o apartamento no centro da cidade da garota, como também estava deixando todos sem dormir. Não tinha como saber como, ou porque, tal coisa acontecia, mas certamente era o maior transtorno e constrangimento que ela havia passado durante todo o processo (já difícil) de ser aceito pela academia.

Ahem, sem mais histórias sobre terras distantes, foquemos em nosso protagonista gótico. Depois de uma manhã pacata no navio que o levava até o outro continente, o garoto não poderia querer menos estar ali; parecia que toda sua energia ficara em Hoenn (que já não era tanta), e isso o afetou diretamente. Buscando se distrair, ele tentou diversas coisas para apaziguar a ansiedade que era conhecer um lugar novo: Pokémon, conversas e até mesmo comer. Mas nada parecia saciar a saudade de algo que esquentasse seu coração e o deixasse arrepiado; era claro que Lysander queria viver uma aventura, sua alma ansiava por isso, mesmo que ele não quisesse admitir em voz alta.

Não demorou muito mais de alguns dias para chegar a cidade de Castelia, porto continental de Unova; de lá, ele pegaria um carro até a (antiga) serena cidade de Striaton, lar do estudo de Fennel e que abrigava não só um ginásio como também um grande campo que emanava energia do sono, conhecido como Dreamyard. Poucas horas na estrada deixaram o garoto ainda mais exausto, mas sua missão ainda era mais importante. Assim que desceu do carro, não se demorou em procurar pela casa famosa da mulher de cabelos arroxeados; sem muito sucesso por não conhecer nada da nova região, o moreno optou pelo caminho mais curto. Rotom Phone.

Com alguns tapinhas em suas costas, o robozinho acordou e sorriu para seu dono, rapidamente traçando um trajeto entre o local atual e o apartamento de Fennel; não ficava tão longe, cerca de quinze minutos de caminhada. Nesse meio tempo, claro, Lestrange poderia admirar a regionalidade, notar como as casas eram diferentes, as pessoas e até a natureza; as estações do ano pareciam ser extremamente demarcadas ali, bem diferente de como Hoenn era, por se tratar de uma região tropical. Estava um dia nublado, com grandes e cinzentas nuvens denunciando a vinda da chuva, mas parecia levar mais tempo do que o garoto precisaria para chegar ao local tão esperado. Talvez fosse uma boa comprar um guarda-chuva em alguma loja de conveniência local? Ou, quem sabe, visitar o Centro Pokémon para o que quer que seja.

Fato era: Lysander não tinha muito tempo.

PROGRESSO DA ROTA:

a dream...

Talvez receber a chuva assim no rosto não fosse uma ideia tão ruim, não é? Muitos povos antigos acreditam que a chuva era uma forma de limpeza, fosse da terra ou do ar, e que era a maneira que o planeta tinha de resetar seus próprios nutrientes, levando tudo de volta pro mar. Era óbvio que, atualmente, sabíamos da importância da chuva no ciclo da água, e isso prova que os anciões realmente sabiam o que falavam, mas, mais importante, provava o porquê dos seres humanos serem tão ligados a esse evento. Muita gente não gostava da chuva. Ficar molhado, encharcado até, com lama pra todo lado e tudo mais, realmente não era uma sensação muito agradável; outras pessoas no entanto, somente não ligavam pro fenômeno.

O caso do garoto era um pouco mais melancólico, mas ainda assim, belo. Com certeza seria uma cena bem aesthetic vê-lo tomando chuva enquanto caminhava sozinho pelas ruas da cidade, e os deuses do mundo Pokémon pareciam querer atender seu pedido. Em um grande trovão no fundo dos morros que circundavam a cidade de Striaton, a chuva era anunciada, e em pouco segundos as gotas começavam a cair no cabelo escuro de Lestrange, depois por toda a sua roupa, e por fim atingindo até mesmo sua pele branca por debaixo dos tecidos, tamanha era a torrente de água que começara a cair.

O telefone que ele carregava consigo, com medo de acabar se queimando, se enfiou em um dos bolsos de sua roupa, e começou apenas a ditar o caminho, como um GPS; em alguns minutos no dilúvio, ele finalmente podia avistar a alguns metros um grande apartamento branco. Mais alguns passos e, sem ter como saber se estava realmente no lugar certo, sua única opção era tocar a campainha e torcer para que a cientista-objetivo aparecesse ali e o colocasse pra dentro. Afinal, apesar de gostar da chuva, ele ainda poderia ficar doente, não? E talvez, para uma grande aventura, não fosse uma boa ideia ficar gripado ou resfriado.

PROGRESSO DA ROTA:

a dream...

Mesmo com os perigos de doença, Lysandre não deixaria de aproveitar pelo menos um momento melancólico naquela cidade, e de longe, era uma cena bem tumblr. Ele, sozinho, na chuva com vestes negras, apenas olhando para o céu; muito bonito, se me perguntar, mas preocupante com relação a saúde mental do garoto. Esse era papo para outrora, contudo, agora nosso foco deveria ser no que estava a frente dele, e este era o prédio grande de Fennel; não foi preciso muita coragem pra tocar a campainha, afinal, a chuva dava todo o apoio que ele precisasse. Um pequeno barulho elétrico correu por todo o local, e em alguns segundos as luzes de dentro do prédio se acendiam.

Da porta, saía uma moça bonita com cabelos arroxeados e um óculos fundo de garrafa, mas que havia sido polido bem o suficiente para não passar tal informação. Ela portava um jaleco brando e uma camisa cinza, simples; seu sorriso sumiu quando ela viu o garota encharcado do lado de fora, e tratou de o puxar para dentro logo, no seco. - Ai meu Arceus! Vou pegar uma toalha para você, espere aqui. - Comentou a menina, claramente sendo doida de deixar um completo desconhecido sozinho dentro de sua casa. O lugar era bem grande: o primeiro andar contava com uma sala de estar (que mais parecia a recepção de um consultório), uma cozinha e um banheiro; além de, claro, uma escadaria em formato caracol que levava tanto para cima, quanto para baixo.

A garota desapareceu para dentro do banheiro, saindo de lá com uma toalha branca fofinha que entregou nas mãos do visitante, enquanto arrancava dele seu casaco para pendura-lo em um cabide próximo da porta. - Você deveria ter batido mais vezes, eu mal consegui ouvir o barulho da campainha lá do laboratório! - Advertiu, mas sem conseguir manter a pose de brava por muito tempo; logo, sua feição se abriu junto de um sorriso calmo e tranquilizante. - Eu sou Fennel, como deve imaginar... Você é? - Questionou, erguendo uma sobrancelha, colocando as mãos dentro dos bolsos do jaleco e observando de perto o moreno, tentando analisa-lo, claramente...

PROGRESSO DA ROTA:

a dream...

Fennel ficou observando o garoto se secar enquanto aguardava uma resposta; ela emanava uma grande energia materna, fosse pela maneira que recebeu o rapaz, fosse por parecer bem mais velha do que realmente era devido as muitas noites de sono perdidas. Ossos do ofício, eles diriam. Mas o principal era que ela era um doce, extremamente querida e atenciosa, mesmo com quem não conhecia; talvez isso fosse prejudicial para uma cientista, afinal, eles tinham de levar suas pesquisas independente de alguns aspectos emocionais, certo? Talvez esse não fosse o caso da garota, e talvez por isso ela precisasse de ajuda para deter o que quer que estivesse atrapalhando o mundo dos sonhos...

Depois de alguns segundos, Lysander estava parcialmente seco, e finalmente respondeu a doutora; sua reação foi de surpresa, provavelmente se esqueceu de que ela mesma havia pedido por ajuda, mas certamente se lembrou ao ouvir o garoto falar. - Ah! Claro, como pude esquecer. Agradeço pela ajuda. - Ela sorriu, se virando e começando a caminhar, esperando que o garoto viesse atrás dela. - Vamos direto ao assunto então... Como deve saber, há uma anomalia no mundo dos sonhos, algo grande demais para eu conseguir identificar e combater sozinha, mas que certamente pode causar uma catástrofe! - Ela ergueu os braços, dando ênfase a parte da catástrofe. Ela caminhou diretamente para a escadaria e começou a descer, sem nem virar para ver se Lestrange a seguia ou não.

- Minhas meninas estão completamente enlouquecidas nos últimos dias... Até mesmo sua fumaça dos sonhos tem saído de uma cor diferente, algo que nunca vi antes! - Continuou a falar enquanto descia a escada. - Eu acredito que, somente enviando alguém para o Dream World seremos capazes de deter o que quer que esteja lá. - Essa parte era nova, e talvez envolvesse a presença do garoto ali. A escada terminava em um laboratório, imenso, com diversos tubos de fumaça rósea e Munnas e Musharnas flutuando livremente por ali; alguns estavam presos a cabos, mas não pareciam estar sendo maltratados nem nada do tipo.

- Sei que parece meio extremo, mas é por isso que tenho chamado pessoas de todos os lugares. - Ela completou com uma cara de "por favor aceite". Aparentemente muitos já tinham desistido antes mesmo de tentar, e talvez esse fosse o motivo da frustração clara na voz de Fennel, mas Lysander não era do tipo que fugia de um desafio, né? Pelo menos, não depois de viajar tanto quilômetros para longe de Hoenn e de sua terra natal. Era uma ideia absurda, a de entrar no mundo dos sonhos, mas a cientista com certeza não mandaria ninguém para lá sem saber que era seguro... Certo?

PROGRESSO DA ROTA:

a dream...

Fennel não conteve o sorriso ao ver a resposta positiva por parte do garoto, parecia que ela finalmente tinha encontrado alguém que estava realmente disposto a ajuda-la, e talvez esse fosse o caso mesmo. - Muito, muito obrigada mesmo! Tenha certeza que você está salvando a mim, e quem sabe, todo o mundo! - Ela exclamou, mantendo o sorriso. Talvez Lysander tivesse razão, uma aventura no mundo dos sonhos realmente seria bastante divertido, em todos os aspectos, afinal, era uma terra desconhecida e que tinha tudo criado pela imaginação do próprio garoto. Seria uma aventura dentro de seu próprio subconsciente de uma maneira que ele jamais teve.

Mas, claro, tudo vinha com um porém. - Antes de qualquer coisa, quero deixar bem claro que tudo aqui é cem por cento testado e seguro, mas com essa anomalia não tenho como afirmar que você estará a salvo lá dentro. - Advertiu, com um indicador levantado, bem professora. - Se você realmente quiser participar, saiba que estará por sua conta e risco, não tenho como te ajudar uma vez que você estiver no mundo dos sonhos, apenas manter a conexão estável. Também não tenho como prever o que aconteceria se você sofresse algum dano físico permanente... - Ela parou, sua feição séria, diferente do que estava a segundos antes.

Depois de um silêncio perturbador, ela abriu novamente seu sorriso. - Você vai se sair bem! - Ela fez um sinal de palmas e esperou a resposta do garoto. Caso fosse positiva, ela então o levaria até uma poltrona que tinha uma máscara de inalação numa ponta, e uma Musharna conectada a outra; ela esperaria que ele sentasse, e então, acoplaria a máscara a face do garoto com alguns elásticos. Depois, o deitaria confortavelmente e daria um sinal de joia para a Pokémon. - O seu objetivo lá é um só: identificar e derrotar o que quer que esteja causando a anomalia, mas não corra perigos desnecessários. E ah! Não siga as nuvens escuras, ok?

Quando ele confirmasse com a cabeça, a rosada começaria a soltar sua névoa dos sonhos,e a última coisa que Lys veria antes de cair no sono seria o rosto da garota de cabelos roxos, lhe desejando boa sorte...

PROGRESSO DA ROTA: