A primeira vez a gente nunca esquece

Você sabe qual é o grande problema de se perseguir um Emolga filhote no meio de árvores?

a) Ele é rápido.
b) Ele é pequeno.
c) Com os obstáculos, ironicamente, possui facilidade de locomoção.
d) E, querendo ou não, ele se camufla até que bem em todo o rolê.

Tendo tomado a dianteira, não foi difícil para que o projeto de esquilo simplesmente desaparecesse do campo de visão não só dos treinadores, mas até mesmo de Corvisquire, enviada especialmente para a caçada. Sem muito direcionamento, a voadora parou em um galho baixo, a cabeça indo de um lado para o outro enquanto tentava visualizar o orelhudo em algum, qualquer lugar...

Certamente poderiam fazer escândalo para atrair a atenção e tentar chamar o filhote de volta, mas - seria essa a forma ideal? E se ele houvesse percebido e ido atrás de algo especialmente perigoso? E se barulho pudesse acabar atraindo a atenção de seja-lá-o-quê e tomassem nota do bichinho nas redondezas?

Eram muitas possibilidades e, naquele momento, um plano era necessário.
...antes que ele se distanciasse demais.

Assinatura magnética.
Então é essa a falta que um Lucario faz?

Mesmo que fosse possível tentar arriscar uma possibilidade desse tipo, adianto de imediato que não deu certo. E não à toa: Considerando que estavam literalmente lado a lado com toda uma rede de cavernas e cordilheiras, além de em direção à Power Plant. Vocês conseguem imaginar sequer parte de toda a energia magnética que fluía em um lugar daqueles?

Não é exagero que, assim que veio o pedido de concentração, o pobre All Might acabou levando a pior. Os seus ímãs, normalmente quietos e baixinhos (e já não estavam tanto, à medida que se afastaram do rio), começaram a se movimentar em força centrípeta, acelerando a velocidades altíssimas que bem poderiam se comparar a de uma centrífuga.

Perdeu senso de direção, de raciocínio, e até mesmo do caminho; De uma só vez, todos os ímãs se apontaram para um ponto e o metálico foi simplesmente arrastado por uma força invisível brutíssima, arrancando galhos pelo caminho e deixando para trás uma pequena trilha de destruição - além de, é claro, os jovens recrutas da força policial. Eu posso até estar enganada, mas não acredito que tenha sido essa a intenção de nenhum dos dois...

Não vou nem falar da barulhada toda que rolou de consequência, viu? Isso aí certamente vocês ouviram por si sós.

Considerando que estavam ali para resolver alguns problemas naturais, bem que vocês estão fazendo algumas confusões com a natureza no processo, hein?

Primeiro de tudo, há o foco de seguir a trilha de destruição de All Might pois, querendo ou não, era o único pokémon que poderiam ter certeza de por onde foi. Com isso em mente, Charlotte - a mais veloz - tomou a dianteira, as patas longas se movimentando em um padrão nervoso e que certamente não seria muito agradável de observar para qualquer um que possuísse, bem, aracnofobia. Apesar de que certamente o problema não seria só o movimento das pernas, nesse caso. Huh.

A Galvantula seguiu por vários metros, imparável, em busca de um dos companheiros perdidos. O trajeto não era difícil, afinal, era literalmente só seguir a trilha destruída que o elétrico havia deixado para trás. A distância era maior do que o esperado, porém, considerando que vários metros se passaram (espero que não tenham problema nas pernas!) e absolutamente nenhum sinal do fim do caminho e, mais importante, de Magneton - ou de Aang.

...então, no meio do caminho, a aranha simplesmente parou.

Um frear brusco, extremamente abrupto - o que certamente seria estranho para os dois irmãos vindo em sequência, considerando que não havia nenhum sinal de seus parceiros (ou de qualquer obstáculo, sendo bem sincera). Enfim, agora é necessário um pouco de cuidado com a situação: Há um motivo pelo qual a aracnídea "parou nos trilhos" e, se repararem bem, os grandes olhões azuis denunciavam facilmente o que se tratava.

Naquele ponto em específico, o caminho se "dividia" em três. Não exatamente se dividia, mas existiam detalhes responsáveis por fazê-lo. O primeiro era o mais óbvio e o que seguiam até então, que se tratava do rastro de destruição causado por All Might; O segundo, mais discreto, que se tratavam de galhos quebrados e folhas amassadas escorregando pela direita, o que poderia ou não indicar alguma coisa, mas aí é vocês que decidem.

O fator mais importante, e aquele que verdadeiramente foi o responsável por fazer Charlotte interromper o seu trajeto, porém, era sangue.

Não se enganem: Não era nenhuma cena de crime. Não fossem os orbes extremamente aguçados da companheira de Rayssa, certamente teria passado despercebido, aliás. O que era possível de se perceber logo de imediato, entretanto, era que as manchas vermelhas eram extremamente recentes e, levando em consideração a situação na qual se encontravam, poderiam também ser preocupantes.

As gotas se espalhavam em uma "chuveirada" para frente, seguindo o trajeto marcado por Magneton, mas não paravam por aí. Elas retrocediam em direção da esquerda, pingos casuais marcando um discretíssimo caminho carmim que era acompanhado atentamente pelos olhos da Galvantula, incerta para qual lado deveria dar verdadeira atenção.

Havia uma escolha a se fazer ali - e era melhor que pensassem bem a respeito.
Afinal, optar por um poderia significar o ônus de outro...