002 — O verdadeiro inicio de jornada

O verdadeiro início de jornada!

O clima na rota 121 não poderia estar mais diferente do que o normal.

Com os recentes acontecimentos, uma terrível chuva torrencial e uma névoa encobriam todo o entorno da rota, bem como o Mt. Pyre, uma enorme montanha localizada no final da mesma; de longe, não era possível ver sequer a base da cordilheira, uma vez que estava completamente coberta pela nebulosidade. Dizem até mesmo que alguns Pokémon característicos da região se esconderam amedrontados do que estava por vir, dando espaço para outros um tanto quanto raros invadirem seu habitat.

Henry surgia vindo da cidade, esperançoso em encontrar alguns dos monstros de bolso tão comentados por Joey. Mas após caminhar por alguns minutos junto com seu companheiro Chespin, não encontrava nada e nem ninguém. A chuva mal deixava do rapaz enxergar à distância e a lama que enfeitava o chão tornava a caminhada um tanto quanto estressante. O caminho que conseguia visualizar era somente de grama alta, com algumas árvores de médio porte enfeitando seu entorno.

O sol iluminava o que conseguia, fazendo tímidas aparições sempre que uma nuvem dava espaço para que o fizesse. Graças a isso, o frio não tomava conta do local, que trazia consigo alguns ventos gélidos trazidos pelo alto mar. Chespin não parecia nem um pouco incomodado com a chuva, brincando de pegar alguns pingos d'água mesmo no colo de seu treinador. O Pokémon de grama parou sua brincadeira abruptamente, fitando Henry por alguns segundos e sinalizando com seus pequenos bracinhos que o mesmo estava encharcado e que poderia pegar um resfriado. Apesar de estarem juntos há pouco tempo, o gramíneo já parecia se importar bastante com seu companheiro de viagem.


Após mais alguns minutos de caminhada, finalmente a alta grama deixava de impedir — mais ainda — a visão de Henry de seu entorno. Nossos heróis agora se encontravam em uma pequena bifurcação, onde uma placa indicava quatro diferentes caminhos a serem seguidos;

→  Praia;
←  Rota 120/Atalho para Mt. Pyre;
↑  Mt. Pyre;
↓  Retornar para Lilycove City.

Chespin parecia bastante confuso assim que Henry parara para observar a placa. Suas pequenas orelhas balançavam incessantemente, como se o Pokémon estivesse sendo bombardeado por diversos barulhos à distância, tal como uma antena parabólica recebendo informações demais de uma vez. O gramíneo observava bastante o caminho que dava para a praia com curiosidade. Por outro lado, parecia um pouco assustado do caminho que levava a rota 120, que também era um atalho para o Mt. Pyre.

O que será que poderia estar acontecendo? E o mais importante: qual caminho Henry escolheria?

O verdadeiro início de jornada!

Henry começava a estreitar seus laços com seu pequeno Chespin, ao mesmo tempo que se preocupava um pouco com a chuva torrencial que não cessava de jeito nenhum. Seguindo as emoções à flor da pele do gramíneo, ambos seguiam na direção da praia, deixando os outros caminhos de lado por enquanto.

O caminho dessa vez era menos lamoso, sendo substituído por vestígios de areia que eram empurrados da enseada diretamente para o meio da rota. Aos poucos, o chão de terra e lama era substituído por pura sílica, introduzindo junto consigo uma enorme praia, beirando o mar por além de onde Henry poderia enxergar. Alguns coqueiros enfeitavam parte da orla, os que conseguiam se estabilizar também eram levados com força pela ventania; pouquíssimos ainda possuíam ramos de folhas, já que praticamente todas provavelmente estavam voejando por aí. Para chegar até lá, nossos heróis precisariam descer uma pequena rampa: alguns guarda-sóis estavam espalhados, voando para lá e para cá pela força do vento, bem como mesas e alguns lixos, como embalagens de produtos — já que provavelmente quem aproveitava a praia precisara sair correndo quando viu a chuva chegar. Ao longe, era possível ver cadeiras de praia fazendo o mesmo, até se encontrarem com as poderosas ondas que o furioso mar fazia questão de bravejar.

Ao nordeste de onde estavam, com certa dificuldade, Henry conseguiria visualizar um dos coqueiros caídos e uma enorme comoção de Pokémon em volta dela: alguns Poochyenas e Electrikes latiam com força para a árvore, agoniados, enquanto alguns Wingulls e Gulpins tentavam mexer na árvore, porém sem sucesso.

Chespin saltava do colo de Henry e ia caminhando com certa dificuldade até lá: fazia força com seus pequenos pés para que não fosse carregado pelo vento, eventualmente se apoiando no chão, afundando suas mãos na areia fofa.

O que será que poderia estar acontecendo?

O verdadeiro início de jornada!

Chespin se surpreendia assim que seu treinador se agachava no chão, a fim de ajudá-lo a se estabilizar por conta do vento. O gramíneo abriu um sorriso e continuou a caminhar pomposamente com a ajuda de Henry, que o protegia da força natural que avassalava a rota que estavam presentes.

Se arrastaram por poucos metros, somente para perceberem o porquê de tamanha comoção: um pequenino Sunkern estava preso embaixo da árvore por suas folhinhas, extremamente nervoso e desesperado. Os demais monstrinhos de bolso tentavam de tudo para ajudá-lo, porém sem sucesso. Ao perceberem a presença de Henry, os canídeos começaram a rosnar e os voadores e venenosos se escondiam como podiam atrás do tronco, amedrontados.

Chespin olhou para seu treinador e sinalizou positivamente com a cabeça, com uma expressão bem confiante e como quem dissesse: "pode deixar comigo!". Caminhou fincando seus bracinhos na areia novamente, até se aproximar dos Poochyenas e Electrikes. Conversa vai, conversa vem — tudo em seu idioma Pokémon ininteligível —, os animais começaram a se sentir mais confortáveis e voltavam a tentar ajudar o pobre Sunkern que gritava de desespero. A cena, claramente trágica, trazia consigo um pouco de comédia também: o gramíneo selvagem berrava e chorava muito, com suas lágrimas escorrendo rapidamente por todo seu pequenino corpo.

Junto com os demais, o fiel escudeiro de Henry começava a tentar levantar o tronco junto com os selvagens. Derrotados, sinalizou com os bracinhos para que Henry ajudasse,já que a força de um humano talvez fosse tudo que precisariam para alcançar seu objetivo.

O verdadeiro início de jornada!

Sunkern começava a se desesperar perante a situação: além de chorar bastante, começava a se contorcer embaixo do tronco, o que somente o machucaria mais. Wingulls e Gulpins tentavam acalmar o pequenino, mas era em vão: ele só chorava mais e mais e se debatia.

Chespin ouvia a ideia de seu treinador e contava para os selvagens ali presentes, que rapidamente se prontificaram a ajudar: Electrike correu até uma árvore próxima e usou um ataque elétrico para cortar um dos galhos da alta copa. O galho caía, mas o vento tratava de levá-lo para longe imediatamente. O gramíneo de Henry tentava, mas a mesma coisa acontecia: assim que seu chicote de vinha derrubava o galho, o vento o levava para longe. Chespin até tentou pegá-lo no ar, mas não era rápido o suficiente.

Alguns dos Poochyenas corriam atrás dos galhos que voavam, mas a maioria era levada para o alto mar, o que os impedia de prosseguir.

O que fazer diante dessa situação?