#11 - Preparação

Vai um ventilador aí?:

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O que é uma base de Sociedade senão um lar para os treinadores que muito viajam para cima e para baixo. Quando se tem conforto, comida e serviços à disposição então, é difícil não se acostumar e acomodar, realmente. Ching não poupava esforços para manter isso, já que a presença dos "mestres" ali significava algo para ela fazer, além de apenas espanar o pó até o próximo Virtuum vir para uma visita. Assim, a mulher também tinha se acostumado à presença de Tyrant, a ponto de não se conter em lançar um sonoro "o senhor volta pro almoço, mestre?", quando o viu se arrumar para sair.

Fica aí a dúvida se o rapaz conseguiria voltar para lá ainda aquele dia, ou que aventuras o aguardariam naquele dia. Afinal, seu pedido para Alexa deixava bem claras suas intenções, e ele não ia apenas passear pela cidade ou levar suas plantinhas pra se aguarem no mar.

– Pesquisando... – Alexa respondia, empolgada por ter um trabalho a ser feito; um que não demorou muito para ser concluído, a propósito – Foram encontrados quatro resultados para sua pesquisa. – e aí o mapa distribuiu os pontos pelo GPS, marcando os seguintes:

1. O Centro Pokémon, ponto principal de encontro entre treinadores, novatos e experientes, com arenas de batalha quase sempre em uso;
2. O Ginásio de Cinnabar, o segundo lugar onde a maioria dos treinadores, também de níveis diversos, se reunia, quer para desafiar o líder, quer para se prepararem para tal, ou simplesmente para extravasar as derrotas;
3. A praia, ou o que quer que Cinnabar tivesse que se assimilasse a uma. Provavelmente por ali haviam muitos turistas - e por que não treinadores? Excepcionalmente nesta ocasião, o anúncio de um evento esportivo estava linkado à marcação de Alexa;
4. O mercado público de Cinnabar. Por que? Bem, Alexa tinha encontrado alguns relatos anônimos, em redes sociais, de que aquele era o primeiro passo para quem quisesse se aventurar nos clubes de luta ou competições, digamos, não tão populares.

– "Treinadores de baixo nível" é relativo. – o aparelho vibrava na mão de Tyrant quando Alexa "ria" por este último ponto. Amarílis engolia um "coaxo" quando dava de ombros, concordando.

Vamos a la playa, oh, oh, oh, oh, oh! Alexa automaticamente respondeu ao pedido isolando o ponto de interesse no GPS, dando aquele zoom no mapa e traçando a rota. Quando se está em uma ilha, para qualquer lugar que você ande, reto, você terminará no mar. Mas, como Cinnabar é uma baita duma ilha, vamos pelo caminho mais curto.

Com o caminho indicado, Tyrant percorreu majoritariamente uma das avenidas principais da cidade, mas no sentido que se afasta do centro e, portanto, contra o maior fluxo de pessoas. Era inevitável perceber que a sensação térmica da área urbana era maior do que os termômetros marcavam; efeito clássico do combo "(concreto + asfalto + sol) - árvores". Para o Ranger, a sombra das marquises e dos edifícios mais altos ajudava a aliviar. Amarílis, por outro lado, não se incomodava tanto, talvez por carregar a própria fonte de sombra nas costas. Maior incomodo da grandona era esbarrar nas pessoas de vez em quando, ou pisar descalça no chão quente.

Foi só no fim do trajeto que Rotom indicou alguns desvios por ruas menores e becos, numa altura em que a brisa amornava e deixava mais presente o frescor do mar. O próprio vento também trazia aquela essência salgada e carregava consigo o som que destoava dos ruídos urbanos: música! No fim da última rua, eis a praia.

Naquela hora do dia, num dia útil como este, a praia não estava assim tão cheia quanto num fim de semana ou feriado - afinal os moradores locais em sua maioria trabalhavam com outras coisas, né?! Porém, o calçadão da orla mantinha a vida com seus quiosques e barraquinhas, além de pessoas praticando suas caminhadas ao sol. A faixa de areia vinha imediatamente após o calçadão; areia estranha, negra, que se mesclava com elegância nas partes rochosas da costa [imagem ilustrativa], algo típico dessa área vulcânica.

Na praia em si também havia vida: banhistas, esportistas, turistas, pescadores, barqueiros, Pokémon que não se importavam com a presença humana (ou fugindo dela em alguns pontos). Uma tenda branca se destacava quase no limite direito da faixa de areia, dava para vê-la de longe. Atraía um pequeno fluxo de pessoas até ela e, Alexa indicava, ali era o ponto de referência do tal evento que havia linkado antes em sua pesquisa.

Amarílis suspirou, lambeu os lábios e engoliu seco quando viu aquela imensidão de azul profundo que era o mar que se perdia no horizonte. Sentia sede, é claro. Uma parte de seus instintos dizia que era errado desejar tanta água salgada. Outra parte cogitava deixar o trabalho pesado para seu lado vegetal; será que ele aguenta o sal?

Cinnabar – Manhã | 35ºC – Tyrant

Amarílis precisava se adaptar ao novo ambiente, assim como Tyrant. Era estranho ver a sapona com trouxinhas de pano nos pés, cercada por Maractus e Marisol que dançavam ao ritmo da música mais próxima, enquanto Chikorita e Whimsicott tentavam achar a melhor posição contra o vento para sentirem o mesmo esvoaçar seus longos cabelos de algodão (ou sua única folha). Toda essa cena em frente às fileiras de banheiro público junto ao calçadão da praia. Dali sairia um Tyrant trajando seu modelito praiano, besuntado em protetor solar. Ah, e Thito? Tinha achado seu lugar entre as folhas de Amarílis, onde pudesse fazer pose com seus óculos escuros.

O grupo incomum de plantas e seu treinador faziam a própria pequena multidão, desfilando pela praia, roubando algumas atenções. A Venusaur, em particular por seu tamanho, fazia um e outro aquáticos selvagens correrem de volta para o mar ou enterrarem-se, sabiamente fugindo de um confronto direto. Na tenda branca, contudo, "confronto" parecia ser uma das palavras-chaves.

Já de longe dava para traçar o perfil do público que ia até aquele espaço: treinadores. Não necessariamente o tipo clássico que sai por aí arrumando lutinhas e colecionando insígnias. Digo, havia outros tipos de treinadores lá, sobretudo os atletas mais amadores. Isso porque, Tyrant viria a descobrir, pelo letreiro principal, que adentrava em algum tipo de festival praiano de Cinnabar, um dos frequentes a julgar pelo número romano já na casa da dezena.

Metade da área sombreada pela tenda era ocupada por uma larga mesa, dividida em pequenos guichês separados apenas por uma divisória em acrílico, ali pelo menos uma pessoa estava a espera do público interessado em se inscrever em alguma das várias competições que haviam: pesca, natação, surf, escalada, mergulho, artes (tipo Contest), capturas, batalhas... A lista era razoavelmente grande; caso o Ranger desejasse sabê-la toda, teria que perguntar para ir além do que sua dedução conseguiu captar.

Como mencionado antes, o fluxo de pessoas indo e vindo dali era razoável, mas nada que criasse uma fila de atendimento. Ainda assim, a tenda dispunha de uma brisa privilegiada, além de bebidas geladas para ofertar (mas quem fosse só olhar, receberia apenas água). O restante do espaço era ocupado por gente conversando, em geral competidores ou indecisos; também os que paravam para tirar foto com veteranos, principalmente se tivessem vencido. Parece que tínhamos algumas pequenas celebridades por aqui.

Cinnabar – Manhã | 35ºC – Tyrant

Na recepção, uma morena sorridente e simpática atendia. A primeira coisa que ela fazia era estender a mão, pedindo ao Ranger seu Rotom Phone para fazer a inscrição, tirando Alexa de seu modo descanso por alguns instantes. Enquanto os dados principais eram sincronizados, a moça enunciava os detalhes:

– Senhor Tyrant Torres, certo?! Senhor, para melhor atender a todos e fazer batalhas justas, dividimos nossos competidores em grupos: o Júnior, ideal para Pokémon iniciantes; o Sênior, para Pokémon veteranos, e o Vale Tudo para os que aceitarem qualquer desafio que vier. Em todos, trabalhamos com batalhas em duplas, pra melhor otimizar a duração da competição dentro do nosso evento. Tudo bem para o senhor? Qual dos grupos gostaria de se inscrever?

Pelo conteúdo na identidade de Tyrant, foi inevitável para a moça ter o olhar desviado para a Venusaur do lado de fora da tenda, cercada de outros Tipo Planta. Automaticamente a atendente depositou um folder sobre a mesa e o abriu numa página específica, onde parte das competições estavam listadas, e completou:

– Se lhe interessar, temos outras atividades que podem se encaixar com seus Pokémon, como tiro ao alvo, desenvolvimento de arranjos com flores tropicais, culinária, desfile... – infelizmente não havia nenhuma menção direta ou sugestão de recompensas para tantas competições, exceto o título "surpresa" relacionado a isso. Podia ser desde uma simples medalhinha simbólica até um gordo cachê. Vai saber, né?!

Cinnabar – Manhã | 35ºC – Tyrant

– Liga Júnior?! Certinho então. – confirmou com simpatia, registrando a escolha do participante.

Depois de alguns "enters", a moça abriu uma gaveta em sua mesa e retirou dali uma pulseirinha num tom claro de amarelo, de textura emborrachada. Estendeu a mão e pediu permissão para colocar o item no braço de Tyrant, fixando ali de modo que não fosse possível retirar a pulseira sem arrebentá-la; uma garantia de que o participante não a trocaria com ninguém. No fim, o mesmo panfleto das competições era entregue definitivamente para o rapaz.

– Prontinho, senhor Tyrant. A pulseira é seu passe livre pelo evento e entrada na área da competição, que começará em breve. Apresente ela na hora de entrar na arena e para uso prioritário na tenda do Centro Pokémon, onde também temos acesso livre a Storage, se precisar. Encontrará as localizações dessas barracas no mapa, no verso desse panfleto. Se tiver algo mais em que eu possa lhe ajudar... – se não, o Ranger podia se retirar e receberia um "boa sorte" e "divirta-se" como despedida da mulher.

Essa era hora do treinador fazer seus preparativos, tanto para a batalha como pessoais - como fazer um lanchinho, tomar uma água de coco - antes de começar os serviços!

Cinnabar – Manhã | 35ºC – Tyrant