Pokémon Mythology RPG 13
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Contos - Galvanis

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Mensagem por Convidado Qua Mar 23 2022, 22:25

Bom dia/ Boa tarde / Boa noite, visitante.

Aqui vou colocar algumas palavras e histórias que chegaram na minha mente e botei no papel (digital). Só alguns pontos:

- A temática do conto a seguir é Policial / Noir
- Haverá palavras de baixo calão e/ou palavrões
- A narrativa inicialmente começa na visão de Fetch, um investigador particular em uma cidade Pokémon afundada na criminalidade e corrupção.
- Haverá alguns temas sensíveis para certos tipos de público. Fica aqui o alerta para gatilhos associados ao tema noir.
- Não farei o sorteio dos itens por saber que o conto descumpre as regras a seguir:

Como foi dito, os Contos devem se limitar ao Universo do RPG. Sendo assim, Ash e companhia não existem, ao menos não dá forma que são vistos no anime. Isso não impede de que use os mesmos nomes, como homenagem, até mesmo com background semelhantes. Mas não, não são os mesmos;

Recados dados, por favor, divirtam-se! Feedbacks são bem vindos, podem me encontrar no Discord GalvannisX#1069


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Mensagem por Convidado Qua Mar 23 2022, 22:28

Cap 1 – A Queda de uma Estrela


Odeio essa cidade. E nem sei por onde começar a falar o porquê. O céu se mantém nublado a maior parte do tempo, principalmente no final da tarde. Uma névoa maldita recai sobre esse monte de prédios fedidos e pulguentos todas as noites. Falando nos prédios, é um milagre que a maioria deles ainda está de pé. Ou então o azar resolver dar as mãos à sorte e deixaram de vez esse pardieiro. O centro da cidade é uma barulheira constante, mesmo na madrugada. E esta conheço muito bem, aliás. Para o padrão de qualquer Pokémon que não seja noturno, eu sou um típico vagabundo. Danem-se eles. Gosto de começar meu dia, impreterivelmente, às três da tarde, no máximo duas e meia. Antes disso, sou um poço de mau humor. Passo as outras horas do dia trancado no quarto, muitas vezes olhando para o teto, até que a praga do sol saia de cena e eu possa me encontrar com mais semelhantes: os desgarrados, ou irredutíveis, os perdidos e os promíscuos. Merda, até a droga da chuva é corrosiva. Quilos e mais quilos de fuligem e qualquer outra merda despejada no céu que, eventualmente, junta com a água e cai sobre nossas cabeças. Carma, puro e simples.

Eu não sou um Farfetch’d normal, longe disso. Alguns dos meus semelhantes são tão aplicados em aprender a usar seu bastão, seja lá para o que for. Meu pai era um carvoeiro aplicado, tinha orgulho de abastecer a região com combustível para melhorar suas vidas. Eu não poderia cagar mais para tudo isso. Quando dei por mim, me vi jogado nesse inferno de cidade, tendo que me virar em dois, três, quatro ou mais pra não se ferrar. E pra completar, meu “trabalho” não me dá muitos amigos. Pensando bem, não tenho nenhuma, a não ser Pepe, o frigobar que estoca minhas bebidas. Ah, sim, o álcool! Se não fosse por ele, já teria me jogado dessa janela. Sem dúvida.

Mas nem tudo são flores. Maldito dia que aceitei esse licor de qualquer-merda-vegetal que peguei do estoque do Dilo. Essa droga cometeu os piores dos pecados que poderia infringir comigo: me acordar cedo. Mijo de Snorlax seria melhor, sem dúvida. O pior dessa história é que sei ao tem mais volta, vou ter que aturar minha própria existência nessa parte da manhã, algo que evito de fazer por motivos óbvios. E não sei o que diabos me deu para achar uma boa ideia sair de casa. Sim, era pra um bom motivo, repor as bebidas. Mas mesmo assim, não, não era uma boa ideia. Mas ainda assim, saí.

O engraçado dessa história é o nome da minha rua: Alameda das Cherris. A ironia? A árvore mais próxima fica a dez quadras daqui, uma das poucas de pé no parque. A rua toda é só um estreito de asfalto cercado por duas filas intermináveis de prédios, que como o meu, são pardieiros de miseráveis. Velhos, feios, fedidos, encardidos, desgastados, degenerados, vulgares, liste os elogios. Depois da expansão do centro comercial jogaram toda a população aqui e esqueceram. Ao menos o aluguel é barato, e geralmente os donos dos prédios não se importam com atrasos no aluguel, já que ninguém paga em dia. Alameda Esquecida por Arceus se encaixaria melhor.

Meus pés me levaram na direção do Dilo novamente. Espero que aquele velho esteja acordado. As ruas continuam insuportavelmente cheias, abarrotadas de formigas sem sentido, só tocando a vida como gados. E há quem queira forçar uma positividade ou otimismo. Para esses, reservo meu melhor soco na boca. O único sentido da vida é que sempre vai ter um otário cruzando a vida de um malandro. E eu ganho a vida descobrindo quem são esses malandros e dando entregando para o otário fazer o que quiser. É, eu sou um investigador particular, o tipo de sujeito que as pessoas procuram pra fazer o serviço com as próprias mãos, já que o olhar vigilante da justiça é míope, vesgo e caolho. E faz tempo que não recebo um caso que realmente me desafie. Os maridos e esposas adúlteros me odeiam, me lembro de ter também ajudado algumas famílias a se reunir, mas um caso desafiador de fato? Bem raro.

Ascendo meu cigarro e olho para frente, zero contato visual qualquer um nas ruas naquele momento. Malditos diurnos, por que tantos? Merda! Assim manteria o olhar o tempo todo, o caminho todo, sem alterar. Mas eu já devia saber que aquele não é o meu dia. E que merda, duas quadras antes do Dilo? É, meus olhos foram arrastados para uma pequena aglomeração de pessoas envolta de algo. Elas comentavam, algumas choravam, outras especulavam. Não dava a mínima para aquilo. Dava pra ver que havia um corpo ali, estendido no chão. Não dava a mínima para aquilo. Não é nada incomum ver um outro infeliz saltando dos prédios, e eu pessoalmente acho uma solução bem boa. É prática, é simples, sem trabalho adicional. Você pula e fim, trabalho pros outros na hora de limpar a sua sujeira. Você mesmo vai tá bem melhor, já que o inferno é aqui e agora. Qualquer outro lugar é melhor aqui essa maldita cidade.

Mas ali estava o corpo. Aos poucos consegui tomar caminho pela multidão para ter uma visão melhor. Dar a mínima não significa não estar curioso para saber de quem se tratava. Possivelmente não iria conhecer o defunto, mas poderia conhecer alguém próximo atrás de uma investigação. Cacete. E não é quer conheço a figura? Talvez seria melhor dizer: quem não conhece? Lolla Lopunny. A estrela da indústria de entretenimento adulto da cidade. A acompanhante de luxo mais desejada. Se não tivesse cinco dígitos para dispor em conta, nem tente. Muitos tentaram compra-la, nenhum conseguiu. Era a joia mais cobiçada da coroa dos pecadores. E ver ela naquela posição me despertava alguns sentimentos. Digo, já tinha a visto em quase todas as posições possíveis e desejáveis, mas aquela era completamente nova e nada instigante. O joelho direito dobrado para trás, o corpo levemente projetado para o lado contrário. As mãos pousadas como se fossem delicadamente colocadas sobre o asfalto imundo. O olhar perdido, o filete de sangue correndo pelo nariz, pingando frequentemente na grande poça formada atrás de sua cabeça. Pelo visto não houve nada mais a se fazer depois de sua queda, mas também pudera. Sete andares. Ela era gostosa, mas não voava. Ali observei o cadáver em silêncio, contemplando a trágica, porém comum cena de um corpo estirado no chão. Não, eu não tenho conhecimento de legista, mas sei uma ou duas coisas, mas também não iria envolver ao ponto de tocá-la. Engraçado, parecia que faltava algo nela, mas não conseguia me recordar. E então, eles vieram Policiais e paramédicos, para levaram o corpo para os procedimentos burocráticos de merda deles. Me escondi, as autoridades costumam não acumular boas lembranças de mim, e eu prefiro me manter longe do foco da lei, mas me mantive ali perto. Então a maca passou na minha frente, e o braço direito dela pendeu para baixo, para fora da maca e do lençol que cobria suas antes tão desejadas partes.

E então, o estalo. Merda, tinha que aparecer agora? É aquele estalo que sua mente consegue somar dois e dois e achar algum tipo de resposta. Que se dane a explicação, só acontece. O fato é que observei uma coisa estranha no braço dele. Uma mancha esquisita, nada familiar. Mas o que estava pensando, isso era problema dos legistas, e longe de mim facilitar o trabalho desses cães burocráticos. Esses canalhas ganham para fazer esse tipo de coisa, então que assim mereçam. Fiz uma leve menção com a cabeça, em honra das noites de prazer que senhorita Lolla me proporcionou em pensamentos nas noites de solidão, e segui para meu caminho.

Não vou me estender no Dilo, o safado estava dormindo, como sempre. Só entrei pelo caminho que sempre uso, uma janela que ele jura fechar toda a santa a noite mais insiste em deixar aberta, e tomei uma garrafa de seu estoque, mas dessa vez me certifiquei de não pegar aquela desgraça que tomei ontem. Santo Arceus, me embrulha o estômago só de lembrar. Escondi a garrafa no casaco e segui de volta para casa. Só iria empurrar esse dia para frente e seguir para o próximo, ou esperar que a noite me traga algo interessante. E como sempre, eu falo demais. A noite veio, e com ela a edição do jornal de fim da tarde. Uma página e meia em honra a Lolla, aquela igualmente amada e odiada. Depoimentos que companheiras de trabalho, de desafetos, de autoridades que possivelmente eram clientes, mas mantendo o discurso profissional. Mas, como sempre ainda havia uma merda gigante. Causa da morte, suicídio. Merda, burros burocráticos! Devem ter deixado o corpo lá no necrotério e nem ao menos tocaram! Eu tentei, juro que tentei não dar a mínima. Era só uma puta de luxo morta, porra! É, não tinha jeito. Eu tenho mais um caso na mesa. Maldita cidade!
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