Does the Sheep count the Sheep?

Passar por Aztlán era sempre uma ocasião especial para Timothy. Apesar de não ter vivido ali ou passado muito tempo, foi a casa de vários ocasiões importantes para o menino, no desenvolvimento da sua relação com os seus Pokémon, para entender o que significa ser um treinador. Da última vez que Timothy foi para lá, saiu como uma diferente, um pouquinho mais maduro. E, bem, talvez estivesse precisando disso mais do que nunca.

Acontece que, algum tempo atrás, ele participou da fundação de uma sociedade, chamada Black Stars, com vários outros treinadores, criadores e coordenadores habilidosos, capazes e, bem, adultos responsáveis. Timothy, por outro lado, não passava de um jovem, mas sempre esteve presente nas decisões administrativas e nos serviços importantes para a manutenção dos lugares e tudo o mais. Mas, estranhamente, ele andou tendo muito pouco contato com os adultos ultimamente.

Pensou até que o seu Pokénav estivesse com defeito, ultimamente, mas não parecia ser bem o caso. Não recebia resposta de ninguém que participava da sociedade, à exceção de Madeline, mas ele meio que era responsável por ter colocado ela lá dentro, então fazia sentido. Eles tinham conversado um tempo antes e combinado de que um podia resolver as coisas em Hoenn e a outra em Kanto e Johto, já que estavam em regiões diferentes, mas certamente andava se sentindo meio sozinho.

Sendo assim, viu em Aztlán uma oportunidade de ir para um outro lugar um pouco familiar, mas dessa vez à trabalho. Uma igreja estava pedindo ajuda para investigar sobre uma vendedora em Aztlán que, supostamente, tinha as lágrimas de Jirachi, que poderiam realizar desejos e milagres. Apesar de não ser particularmente religioso ou se importar muito com a situação, esse foco no Pokémon Desejo lhe chamou atenção.

Ora, Timothy já tinha encontrado Jirachi uma vez, por acaso, onde ganhou uns presentes e ainda pode fazer um desejo. Não tinha lá certeza se ele tinha sido realizado, mas foi um momento ímpar na sua vida, e, na pior das hipóteses, estaria impedindo que pessoas fossem enganadas por dinheiro. As fontes diziam que esta senhora estava na Rota 124, então Timothy foi direto para lá de forma a averiguar a situação. Se ia ter algo de interessante ou só um círculo de trambicagem, só Arceus sabe.

off:

Ao iniciar a sua travessia pela Rota 124, era perceptível para Timothy a diferença daquele ambiente em comparação com outras Rotas de Hoenn. Era tudo bem mais seco e amarelado, o que dava um clima quase desértico para o local. Talvez não fosse tão fácil assim encontrar alguém dessa forma, o que explicaria a escolha do local, não fossem os rastros deixados ali.

Caminhando devagar, Timothy percebeu que muitas das pessoas que vinham na direção contrária passavam com um sorriso no rosto, como se tivessem recebido uma notícia muito boa ou uma mensagem de alguém muito querido no celular. No fim das contas, talvez não fosse tão difícil assim encontrar a tal vendedora. Timothy liberou Rishon em sua frente para que ele pudesse ajudar na investigação:

- Rishon, tá vendo esse pessoal passando por aqui? Eu acho que estão todos voltando do mesmo lugar. Você pode ir voando na minha frente e ver se tem muita gente junta em algum lugar? - Pediu para o Altaria, meio cochichando, para não chamar a atenção das pessoas no caminho oposto - Vai devagar, ok? Se você ver algo, volta pra me avisar e espera um pouco longe pra gente não chamar atenção, entendeu? - Orientou o dragão mais uma vez, antes de deixá-lo levantar voo.

Já que encontrar a ambulante não parecia tão difícil, Timothy resolveu que seria interessante investigar a área e observar se não havia algo de estranho, antes de engajar diretamente com a situação. Rishon era perfeito para sobrevoar a área sem chamar muita atenção, já que podia ser facilmente confundido com uma nuvem no céu. Enquanto isso, Timothy seguiu o caminho pela rota, na direção contrária daquelas pessoas, tentando avistar de onde elas saíram e se tinha algo de estranho no trajeto.

Depois de orientar Rishon para observar a área, Timothy seguiu andando normalmente, procurando por outros pontos de interesse na direção contrária daquelas pessoas que pareciam estar quase que em um transe. Conforme seguia pela trilha, ia quase desistindo de passar por todo o trajeto, até que algo chamou a atenção do Altaria.

- Certo! Obrigado, Rishon - Agradeceu o emplumado antes de retorná-lo à Pokébola, já que o ambiente mais fechado que ele apontou provavelmente o deixaria mais perceptível. Timothy resolveu seguir o caminho apontado pelo seu Pokémon, com alguma cautela para evitar ser visto. Queria tentar entender o que estava acontecendo primeiro.

Timothy pegou o seu Pokénav, colocou a função de câmera e aumentou o zoom o máximo que podia, tentando avistar algo de estranho na sua frente, enquanto se aproximava devagar, procurando não fazer barulho. Procuraria algum lugar para bisbilhotar o que tivesse ali sem ser percebido, fosse uma pedra, uma árvore ou outra coisa que lhe desse cobertura.

Utilizando o zoom da câmera do Pokénav, dava para perceber que esse não era bem o propósito daquela câmera, já que não dava para ver tão bem o que tinha na frente. Dava para notar as silhuetas e cores dominantes, mas de resto, ficava tão borrado quanto a visão de longe. Mesmo assim, já deu para ter uma ideia do que tinha ali.

As pessoas que Timothy conseguiu perceber de frente tinham uma garrafinha vazia nas mãos, relativamente pequena, com algum tipo de inscrição. Considerando as informações que tinha antes, ou estavam misturando muita água nesse negócio, ou tinha uma represa só para as lágrimas de Jirachi. Com certeza aquele era o negócio a qual tinha sido solicitado.

Conforme se aproximava, algumas pessoas já começavam a ir embora do lugar, o semblante de antes. A quantidade de pessoas em volta da banca pareceu diminuir, então dava para chegar um pouco mais perto e talvez ouvir um pouco do discurso de vendas que levava as pessoas à comprar aquela água. Tentou chegar perto o suficiente para ter uma visão melhor e conseguir ouvir o que se falava ali, ainda mantendo uma certa distância. Na pior das hipóteses, podia pagar de tímido, o que não era bem mentira.

Chegando um pouquinho mais perto e se esgueirando entre a vegetação, foi possível ver um pouco melhor o que estava acontecendo e pegar uma parte da fofoca. Uns jovens falavam sobre não poder falar a respeito do que tinham desejado, o que dava para inferir que também se relacionava à garrafa e aos rumores que lhe apontavam. Bingo!

Agora, era se preparar para abordar o local. Timothy conferiu se não tinha nenhum dispositivo com som ligado para não sair apitando, pegou o Pokénav na função de câmera mencionada antes e colocou para gravar, mas guardou em um dos bolsos, com a intenção de tentar capturar parte do áudio da interação que tivesse ali. Com sorte, conseguiria pegar alguns minutos para analisar depois, e a gravação não sairia completamente abafada e inaudível.

Sendo assim, estava pronto para sair à paisana. Se esgueirou de volta para o caminho principal, verificando se não tinha ninguém no caminho para lhe ver convergindo das plantas por ali, ficou de pé, conferiu se não tinha nenhuma folha perdida pelo corpo e se aproximou devagar, casualmente, como se estivesse curioso. Aproveitaria para ver se pegava uma palhinha da vendedora com quem estivesse no lugar e deixaria ela apresentar o seu pitch de vendas.