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Flesh without Blood

Era um pouco cômico o quanto eu e Luke discrepávamos: até nos nossos pokémons. O mono treinador estava com os lerdos, enquanto eu optava pelos rápidos; salvo Kouman, que mesmo ficando para trás ainda era mais ágil que a média do time de Luke. Demonstrando um pouco isso, Hinata foi na frente; mesmo não sendo a mais veloz, era a mais apressada.

Sem pensar duas vezes atravessou a ponte em pulos e foi direto para a fonte de água. "Ai ai..." reclamou em tom sarcástico, tentando fingir ser uma piada. No mais, Kouman seguiu calado pelos momentos que se sucederam, ainda muito reflexivo sobre suas escolhas e Hati foi ao meu lado.

Já do outro lado da ponte, num jardim lewis carroliano, tomei a liberdade de ignorar o tom dos meus colegas ao redor e focar no ambiente: um castelo tão rosáceo quanto eu e um enorme portão cintilante azul. Eu não pensei duas vezes: já ia caminhar em direção a porta e abri-la sem consultar Luke em absoluto, mas quando ele me questionou sobre o que devemos fazer, percebi que aquela era uma missão em dupla e eu não deveria tomar decisões assim:
- Acho que a graça do sonho é essa... - Ponderei - ... então acho melhor seguirmos - Findei, empurrando o portão de leve.

A priori, não abriu. T-tar, um pouco incomodado com a fonte d'água espirrando nele foi até meu encontro e decidiu me ajudar a abrir o portão, dando um rugido tímido:
- Abre desgraça - Se soltou de vez, fazendo força.
Era melhor entrar do que ficar por ali... ao menos para ele.

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Flesh without Blood

Uma referência ali, outra acolá, o que me pegou mesmo foi o quanto Fennel entregou sobre si ao optar por uma referência mais... digamos... animada. Por um momento meus olhos pousaram nela e eu a analisei de cima a baixo e percebi o óbvio: ela é meio nerd. É um pouco estúpido falar assim, mas eu ainda não havia percebido, e isso me fez entender um pouco a surpresa ao ter tido que tirar uma foto.

Quer dizer, nem eu gosto muito de fotos, mas obedeci. É um tipo de "normalização social" um pouco chata: se alguém quer tirar uma boa foto, não é você quem vai estragar. Dei meu melhor sorriso e, ainda pensativa, fui para a máquina. Pouco antes de adormecer, Luke falou algo que, em instantes, não lembraria e nem seria importante, mas tive o prazer de responder com um 'vai se fuder, em?'. Salvo isso, tudo ocorreu tudo bem até que eu andasse, como diz o Salmo do senhor Jesus, pelos prados e campinas. Verdejante eu fui.

Apesar de um cenário fotográfico comum, o ambiente era tão lindo que eu me senti num filme. Isso dava o tom onírico da parada; tão simplesmente bonito que não parece tão-real-assim. O que completou o cenário foi o penhasco com uma ponte de arco-íris: ali eu já havia entendido que o Zolpidem bateu.
- Oxi - Disse, apontando para a ponte. Estranhamente, fui respondida por uma conversa e numa surpresa descobri que eram nossos pokémons - ... Oxi? - Hati riu - Se quiser, te volto pra pokébola - Indaguei para Kouman, sem dar muita atenção para seu berro, afinal de contas, eu estava um tanto quanto perdida. Ele, ouvindo a opção, parou um pouco e ponderou. Provavelmente voltaria a gritar daqui a alguns segundos, mas serviu ao menos para ouvir os outros. Hati era a mais apreensiva das três.

Eu não tenho certeza se eu conseguia mesmo voltar Kouman para a esfera, mas dizer que poderia já era um grande avanço. Minha preocupação real era Hati: talvez ela tivesse sua experiência estragada ao ter que cuidar do Tyranitar. Não deixaria isso acontecer; ele já era grande o suficiente para tal. O engraçado era que Luke tomava um certo cuidado para evitar piorar a situação, mas eu - definitivamente - preferi deixar que se expressassem. Não só por achar saudável, mas pela curiosidade de saber até onde eles iam chegar sem cair na porrada.

Ran, a Greninja, provavelmente seria a primeira a ceder. Optou por ir na frente, já atravessando a ponte-colorida sem esperar nenhum aval. Era típico da pokémon ser mais para frente, além disso, dali de longe o Screench de T-Tar era menos escutável:
- Ainda bem que ouvi o Hiro e parei de usar esse golpe nele... se continuasse um costume eu tava fudida - Falei baixo, apenas para Hati que estava ao meu lado, a canina suspirou mais uma vez e mostrou os caninos um pouco aborrecida - Acho que isso pode dar problema... - Disse a canina, enquanto eu dava de ombros e seguia Greninja. Luke fiz o mesmo.

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Flesh without Blood

Eu não sabia sobre fotos ou selfies, mas imaginei que Luke fosse pedir para que eu enquadrasse e tirasse a foto para eles. Se ele assim pedisse, eu o faria, mas faria ainda melhor depois de ouvir que não havia agulhas e injeções. Suspirei, aliviada, e olhei agora para o redor da sala; deixando de fixar na parede branca ao fundo.

Ali não tinha apenas eu e máquinas futurísticas; ali tinha um Munna. Eu não entendo bem de ciência ou de professoras, muito menos de Unova, mas eu entendo de pokémons. Vendo aquela criatura cara-a-cara comigo e, num dos ouvidos, escutando a explicação de Fennel, eu comecei a ficar confortável (de novo) com a situação:
- Ah, igual em Sandman - Coloquei um dedo na ponta da boca e pensei um pouquinho sobre o assunto - Espero que seja contornável também...

Num instante, um lapso me fez perceber que eu estava começando a pegar as referências de séries no ar. Isso se deu (muito provavelmente) pelas minhas férias de oito meses pós Rainbow Rocket, que me impeliu às férias. Ali, eu vi os mais variados filmes e séries, li alguns livros e liguei para algumas amigas antigas, voltando a ter um tico de cultura-pop na minha cachola desinformada.

Reparando que Fennel não era esse tipo de pessoa, meu lapso de pensamento foi decisivo para que eu parasse com essas referências. Por isso, confirmei com a cabeça e suspirei aliviada:
- Ok, e se eu morrer dentro do sonho eu morro de verdade igual em Matrix ou eu só acordo? Igual no Limite do amanhã? - Indaguei. Pera, eu falei que ia parar, né? Pff, falhei - Eer... ah, vocês entenderam.

Um pouco envergonhada, caminhei em direção a cama, botando três pokémons nos "slothes" da máquina: Houndoom, Greninja e Tyranitar. Ou melhor, Hati, Ran e Kouman. Depois disso, fui caminhando em direção a cama e sentei, virada de frente para a cientista. Óbvio que esperaria os comandos e a resposta dela para me deitar naquela máquina maluca.

Num momento, meus olhos cruzaram com o de Munna e eu tentei pedir - com os olhos - para que cuidasse bem da gente.

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Flesh without Blood

Existiam duas coisas que me tranquilizavam naquela "prisão": a falta de algemas e o fato de eu estar em Unova. Ambas me davam uma sensação de impunidade, fazendo com que meus ombros caíssem e eu pensasse que aquilo era só brutidão e grosseria. Olhei para Luke, ele estava tão tenso quanto eu a segundos atrás e ali pensei o óbvio: ele também não gostou da abordagem da mulher. Um pouco mais sensível que antes, levantei meu braço esquerdo e pousei no ombro do rapaz, indo até ele onde-quer-que-fosse.

Quando entramos ainda mais no estabelecimento, eu entendi: não veríamos palestra alguma.
- A gente deve tomar um esporro pelo atraso - Dei um risinho tímido, tentando amenizar um pouco a situação. Eu estava nervosa a segundos atrás, mas agora eu já estava bem mais calma.

O problema foi que o que me esperava era um pouco mais surpreendente do que uma... prisão. Quer dizer, ao chegar na sala equipara tecnologicamente, eu me toquei que aquilo ainda podia ser algum tipo de prisão.

As coisas não fizeram mais sentido quando a policial, Luke e a própria cientista pronunciaram "Fennel", em timbres completamente diferentes. Ali eu já havia entendido o recado: ela era a Dra. Fennel e, atrás dela, naquelas camas, a gente participaria de algum experimento maluco, quiçá um novo tipo de prisão.

De imediato, meu estômago embrulhou. Talvez eu devesse ter lido algo sobre a missão antes de topar vir nela, ou ter evitado ver filmes como Laranja Mecânica durante o vôo.

Foi com este pânico de ser usada como cobaia que eu parei de escutar - novamente - o mundo la fora. Agora pouco confundi um espaço lotado com um cheio, agora eu confundia uma burburinho conversante com o completo silêncio. Olhei atentamente, com olhos vazios, para a parede que pintava o fundo das camas. Olhei os bocados de aparelhos. Ouvi um "beep" de hospital que poderia ser inventado pela minha cabeça. Engoli a saliva que restava na boca e fui, inevitavelmente, acordada pela confirmação de Luke. Minha resposta, em reflexo, foi indagar:
- Vamos? - Até ali, eu não tinha certeza se eu iria participar daquilo não. Nunca, NUNCA, fui feita de cobaia por ninguém. Odeio hospitais, nunca fui internada por livre-e-espontânea-vontade, nunca vim num lugar assim porque quis - Quer dizer... tem agulha ou injeções?

O contraponto de antes, entre a tensão de Luke e a minha "calma", se inverteu.

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Flesh without Blood

Quando Luke soltou o verbo para criticar de forma ácida a guria, eu já dei um passo para trás. Ali eu concluí que o cenário ficaria um pouco pior se não nos despedíssemos logo; e tudo seria culpa minha. Fui eu que estresse Luke para começo de conversa, não é? Então minha intervenção de nada ajudaria. Deixei que os dois trocassem "farpas" e apenas coloquei uma das mãos na cabeça, em sinal de preocupação.

Graças a Deus, fomos até uma palestra que nunca ocorreu.

Antes de eu perceber que ela não ocorreria, dei uma cutucada no amigo com o cotovelo e tentei puxar um assunto:
- Meu deus, só tem a gente aqui - Comentei, ouvindo minha voz ecoar pelas paredes do recinto grande. Não tenho certeza se não chegaria ninguém ou se realmente não tinha ninguém, mas era a impressão que eu tinha - Será que ligaram o projetor só pra gente? - Indaguei.

Minha pergunta foi respondida com um entrar forçado de uma moça. Seu tom policial não me agradava, afinal de contas, sou Rocket e esta oposição entre Rangers e Rockets começou a me pegar também. Minha boca, repentinamente, ficou seca. O coração acelerou e, quando ela pediu para que eu a acompanhasse, só consegui dizer sim.

É hoje que vou ser presa... e nem sei pelo quê. Que crime cometi em Unova? No mais, sinto que logo descobriria. Segui-a para onde ela mandou.

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Flesh without Blood

Luke não aceitou minhas desculpas e muito menos falou algo sobre minha explicação. Se eu disser a vocês que não me incomodei com isso, estaria mentindo. Não que isso fosse ficar na minha cabeça o dia todo (provavelmente sim), mas por hora, eu só pensava nisso. Passei todo o silêncio com isso em mente e, quando cheguei no tal laboratório, era nisto que estava pensando quando um ranger de rodinhas me tirou do estado hipnótico.

Olhei imediatamente para a direção do barulho e me deparei com um balcão vazio de recepção. Uma pequena interrogação surgiu em meus pensamentos conturbados e eu, sem falar nada, caminhei até lá.

Uma vozinha veio do chão e eu precisei parar um pouco e questionar: há algo de real nisso? Dei uma balançada na cabeça e lembrei de um molequinho chamado Sckar, que era um desses piquetuchos que os pais largavam por ai. Pensando nele, dei uma pequena risada e deixei que ela falasse o que tinha que falar...

... e ela me acusou de estar atrasada. Estou? Quer dizer, eu tinha certeza que não cheguei no tempo certo na cafeteria, mas aqui há algum tempo que estrapolamos? Dei um suspiro e respondi:
- Hmmm, não sabia - Respondi com sinceridade - Mas não duvido. É bem comum eu ta atrasada... desculpa? - Meu tom não foi o mais formal de todos, mas era honesto.
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Flesh without Blood

OFF: @Koi pode postar meu bem, desculpa a demora D:

Quando meu riso cessou, minha reação imediata foi olhar para Luke e esperar alguma reação a mim. Não veio, simplesmente não veio, e um incômodo começou a ser gerado no meu âmago: será que o ofendi? Veja bem, queridos, para mim, a forma como o "plot twist" foi feito era tão inesperada que eu tive-que-rir. Minha preocupação caiu por terra: eu havia achado que meu amigo estava em risco, mas em verdade, ele estava bem até-demais.

Abri a boca para dizer algo, mas ele logo me chamou para levantar e ir até o laboratório. O clima de silêncio ficou um bocado pesado e eu, já de pé e obedecendo os comandos do garoto, disse as únicas palavras que minha boca permitiu sair; todas as outras foram filtradas:
- Desculpa o riso... - Foi a inauguração de um pedido simples - É que eu já tava muito preocupada contigo quando você contou a história. Já pensei em mil e uma formas de te ensinar a se defender e panz... e depois reparei que nem todo mundo é burro que nem eu de quase morrer logo no início da jornada. Achei engraçado como sou meio burra, as vezes eu dou umas risadas dessa quando... - Dei uma pausa e parei para pensar um pouco no que iria dizer. Não sei se esse quando tem uma resposta clara - ... quando to meio surtada.

Foi o melhor que consegui pensar. Não que eu ache que essa fala fosse fazer ele deixar de me odiar, mas para mim, era um início. Dei um suspiro e começamos a seguir em direção ao laboratório - do qual eu havia vindo mais cedo.

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Flesh without Blood

O silêncio ensurdecedor de Luke foi acompanhado pelo meu, mas eu não estava nem um pouco nervosa ou encabulada com a situação, eu estava apenas "desbugando" e fazendo algumas engrenagens funcionar. Eu REALMENTE não esperava por esse plot twist.

Quando ele terminou de falar, precisei de mais uns cinco segundos até encaixar termo-por-termo e dar sentido a imagem que eu montava em minha mente e, no fim do quebra-cabeça, dei uma gargalhada altíssima e extremamente longa. Meu rosto ficou tão vermelho que eu parecia um pimentão e, mais uma vez, eu achei que ia morrer de rir.

Isso anda acontecendo com frequência. Durante nossa missão em Mossdeep, eu e Natalie acabamos caindo numa dessas, apesar de eu já nem lembrar direito o motivo de tanta graça. O importante é que eu tenho respondido muita coisa assim: no riso. É risível porque é completamente compreensível, mas muito pouco especulado que Luke, tão novo, tenha se metido num esquema desses. Entre soluços de gargalhadas, tentei dizer:
- Que bom, n-né? - Um soluço me impediu de terminar a frase com maestria, porém ao terminá-la, meu diafragma se acalmou. Peguei um pouco de ar e toquei mais uma vez seu ombro, porém mais rápido que antes - É muito melhor quando não é nossa vida que ta em risco - Findei.

Depois disso, dei um belíssimo gole no café. O gole que restava, finalizando o conteúdo da xícara. Chamei ume des atendentes para pedir um pequeno pedaço de chocolate para a viagem.

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Flesh without Blood

Quando Luke me perguntou a quanto tempo eu era aprendiz de Dark, levantei meu braço para olhar no relógio de pulso analógico que usava por puro style. Como não sou boa em ver horas em relógio de ponteiro, levei um tempo até dizer "hmmm, faz umas 10 horas", completaria com "por isso me atrasei", mas seria só uma desculpa esfarrapada. Deu bastante tempo de dormir, resolver problemas e pegar o avião.

No mais, meus assuntos foram postos de lado e Luke virava o centro da conversa: como me confortava ser. Eu sempre fui bocuda, mas há um "quê" de resguardo entre eu e a verdade. Eu jogo fragmentos de opiniões o tempo todo no ar, mas não necessariamente a verdade em si: prefiro desviar tudo para eufemismos e hipérboles.

Mas não o faria com Luke. O que ele disse me interessou um bocado:
- Acredita que nas minhas primeiras semanas de treinadora, me encontrei num desses em Goldenrod? Dei um pouco de sorte por ser 'fraca' e não me levarem a sério nas apostas, mas realmente aconteceu... - Dei um suspiro leve - Sei que Nicholas em uma investigação achou um mafioso que tentou matar ele alguns anos depois, acho que ta ligado com isso... - Uma pausa me fez dar de ombros, um pouco decepcionada com o mundo - Eu achei que a enchente tinha pelo menos lavado essas pragas, mas pelo visto não... - Me estiquei sobre a mesa e dei dois tapinhas carinhosos no ombro de Luke, depois segurei-o firme no ombro e apertei, demonstrando um apoio meio estranho - Mas se faz você se sentir melhor, com o tempo a gente aprende a evitar essas paradas... - E realmente aprende - Quanto menos experiência, melhor pra esses malucos...

Nesse exato momento, reparei que cometi um pequeno erro ao dizer isso a Luke. Quer dizer, ele não parecia ser daqueles que fica magoado por eu tratá-lo como um pequeno "novato", porque para mim ele era. Era um novato fortíssimo? Sim, mas eu também considero Rafael Luck um novato, mesmo ele tendo ganho de mim a Cherry Cup. Era mais sobre tempo do que sobre força. Por sorte, o assunto seguiu sem eu ter que me explicar:
- Nossa, sério que o Mahiro faz isso? - Comentei, enquanto ouvia o resto da história. A medida que ele foi contando, botei o dedo indicador apontando para o ouvido e girei ao redor da minha orelha, fazendo o sinal de "doidinho" com as mãos - Ele não bate bem da cabeça, né? Sempre achei que ele tivesse um parafuso a menos. Ele e aquela maluca da Minori, amiga dele. Num bota muita pilha nisso não, amigo, o garoto deve ter surtado e quitado. Não fala um "a" com ninguém da Requiem desde então.

Ta, ta, ta, eu gosto do Mahiro, mas passar pano pra ele NA FRENTE DO MEU AMIGO SOFRENDO eu não ia fazer. Não mesmo. Além disso, não é porque ta na minha sociedade que eu só tenho que falar bem, né?!
[/b]

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Flesh without Blood

Quando Luke começou a me questionar, eu comecei a reparar que era "muita coisa". MUITA COISA MESMO. Isso porque, ao ter que falar sobre, eu ia precisar me organizar. O problema é que ele se apegou justamente no ponto que eu não tinha o que falar: nos Rainbows Rockets. Eu não sabia de nada sobre eles e o que eu podia explicar era muito pouco:
- Amigo, não sei. Eu sei que eles não são da Equipe Rocket, e arrisco dizer que nem são desse planeta, mas eu simplesmente não sei... - Dei um suspiro um pouco ruidoso - Na verdade, essa dúvida ficou na minha cabeça a muito tempo. Quando fiquei deprê eu me segurei nesse mistério pra me levantar, mas depois aceitei que eu nunca vou descobrir... como muitas das coisas que aconteceram comigo nesse mundo - Por fim, dei de ombros.

A essa altura eu já tinha pedido um café sem açucar e tomado. Dizem que quem toma café sem áçucar já está com seus dias de felicidade quase nos fins. Preciso concordar: nesses últimos meses a amargura tomou conta do meu humor:
- Mas eu não sei se você conhece... quer dizer, talvez você saiba quem são os dois, mas conhecer conhecer... acho que não - Disse, em tom de sinceridade. Aqui eu comecei a me arrepender de contar um pouco sobre, pois eu ia ter que elaborar, e isso já me causava arrependimento - Mas eu to brincando. Não to apaixonada apaixonada, só achei interessantes mesmo. É a Natalie da Virtuum e meu novo chefinho - Tirei do bolso a insignia de aprendiz de Mathew - O líder do ginásio de Star City - Coloquei-a na mesa revelando.

Não sei se eu ia precisar falar muito mais que isso. Por mim, estava contente com até onde chegamos. No mais, acreditei dar bons pontos-e-nós, podendo passar a conversa um pouco mais para Luke, que me fez resumidamente perguntar:
- Ta, e você não vai dizer o que é esse "algo"? - Indaguei, com uma sobrancelha arqueada - Vai... e fala o que aconteceu com Mahiro, porque ele tem dado ghosting em todo mundo e acho que a sua notícia é a última que tenho dele.

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