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[EVENTO] Se mentira tem perna curta uma centopeia é sem mentiras????? EM????

Um suspiro forte me fez parecer uma panela de pressão. O assobio saiu sem querer quando Galvanis deitou o rosto ensanguentado no meu ombro e pediu uma espécie de amizade. Em resposta, abracei-o por completo e apertei um pouquinho, demorando um pouco mais soltar. Nessas horas, o grande Ranger me lembrava muito Katheryne: uma moçoila de ética muito rígida que, quando confrontada em sua verdade, talvez quebra um pouquinho.

Não sei se estava certa, mas algo nesta situação fez Galvanis não reemergir, e talvez - apenas talvez - eu tenha salvo ele de algo além-da-seita. Talvez eu tenha salvo ele d'ele mesmo.

O fato de não poder falar, aqui, foi confortável; eu não saberia o que dizer mesmo se pudesse. Por isso passei a mão por detrás de suas costas e fui ajudando ele aos poucos a subir. A medida do possível ele foi tomando consciência e tônus, caminhando com as próprias pernas. Chegamos até a salinha e ali eu devo admitir que senti uma imensa coragem de entrar: a priori pensei que estaria cheia da guardinhas e eu seria pega por algum deles, talvez esta fosse a forma mais burra de "se entregar" sem querer.

Foi com pouca fé que abri a maçaneta e fui recebida com o que PODERIA SER meus pertences. Então é nessa caixa que está minha voz?! Fui até ela e sem pestanejar escrevi o código mais óbvio da face da terra: G-I-L-A-T-I-N-A, e esperei a liberação. Depois disso, pegaria o que parecia ser meu e seguiria para fora daquela sala, além disso, tentaria dizer a seguinte frase:
- Se não tem guarda aqui agora, talvez tenha no caminho...

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[EVENTO] Se mentira tem perna curta uma centopeia é sem mentiras????? EM????

Um click e um puxão forte me deu uma mísera liberade. Por um instante, senti um alívio tão grande que tentei falar; tomei o ar com meus pulmões, organizei as palavras e tentei emitir "Foi!", num tom alegre, mas só de lembrar que me tiraram a voz, lembrei que sair de trás de uma grade não é necessariamente estar livre.

Parei um pouquinho, sem atravessar a porta entre-aberta, e pensei. "Vale a pena sair?". A assombração de outrora me tomou um pouquinho mais fraco desta vez, mas realmente era uma pergunta a se fazer: será que estou tomando a melhor escolha?!

Dei o primeiro passo para fora. De lá, olhei um pouquinho para a esquerda e vi uma mão levemente ensanguentada tocando o cadeado do lado. "Galvanis?!", pensei mais uma vez, sendo tomada por um ímpeto de tirá-lo de lá. Toquei sua mão, segurando firme o cadeado junto dele, ergui um pouquinho o objeto e comecei a dedilhar os dígitos, formando a mesmíssima senha que acabei de ver: 7 - 3 - 4 - 2. Depois olhei para cima, procurei seu rosto ensanguentado e foquei em seus olhos. Dei o sorriso mais desesperado do mundo e tentei falar algo que não saíra de modo algum: "Vamos sair daqui".

Com um click de soltura, eu iria puxar a porta da cela dele com força e correr para a única porta que eu conhecia ali: isso mesmo, pra cova dos leões.

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[EVENTO] Se mentira tem perna curta uma centopeia é sem mentiras????? EM????

Minha visão era extremamente limitada, mas a parede era algo evidente. "Sou a penúltima cela", pensei com meus miolos, e o rapaz não está na primeira.

Seríamos 2-3 e a da direita é a quarta?! Fechei os olhos, rememorei a cena e vi que não havia uma parede tão próxima na esquerda, então provavelmente teríamos mais celas. Cinco?! Se for cinco, eu sou a quatro e ele é a... 3?! O grito pareceu vir de perto e o fato de eu não conseguir vê-lo coaduna a ideia de que ele está na cela logo ao meu lado, acessando com mais facilidade as áreas de ponto cego.

Só que ali era fechado demais, abafado demais e opaco demais, era difícil ter certeza de qualquer coisa. Fui até o cadeado e mudei mais uma vez os números: X - 3 - 4 - 2

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[EVENTO] Se mentira tem perna curta uma centopeia é sem mentiras????? EM????

"Cadeado Código: X; Cela preso 1; Cela preso 2; 2". Ok, não era um bilhete tão difícil de ler. Olhei ao redor, procurei algum indicativo e depois vi a pulseira denunciando que eu era a presa número 2. Um overthinking me tomou e eu comecei a analisar se havia de fato uma etiqueta com o número da cela, mas nada achei. Deu um suspiro um pouquinho decepcionada e comecei a martelar nos meus miolos quais as possibilidades de contagem.

Aqui eu devo admitir: a voz fez falta. Costumo pensar em voz alta quando preciso contar, já que matemática nunca foi meu grande forte. Sempre usei os dedos e falei com mais precisão, dando certa confiança, mas eu não conseguiria fazer isso. Eu teria que achar outro método.

Me aproximei - com muito medo - da cela. Talvez o guarda tenha vindo por um homem estar gritando e não pelo meu braço estar do lado de fora. Talvez, só talvez, se um silêncio maior ocorrer, não há risco em olhar rapidinho. Me arrisquei por um momento, virando o rosto para a esquerda e para a direita, tentando pegar um panorama geral e guardar essa imagem na minha mente.

Assim que vi tudo, guardei minha cabeça para dentro da cela e comecei a pensar: como funciona a numeração? A onde começa? Se eu sou a Presa 2, provavelmente os números a esquerda são os menores, porque o Preso 1 está lá. Então a referência deve ser a porta que o guardinha saiu.

Se a referência for essa, logicamente a cela a esquerda deve ser a 1, eu a dois e as detrás os demais números, ou será que tem mais celas para a esquerda e para a direita? Tentei rememorar a imagem, mas enquanto fazia, fui até o cadeado, e rodei o segundo e o terceiro número, deixando ele como: X - 1 - 2 - 2

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[EVENTO] Se mentira tem perna curta uma centopeia é sem mentiras????? EM????

Com o esporro, congelei de imediato, levando alguns instantes para processar a ameaça e retirar meu braço de lá. Depois que o guardei-o para dentro da cela, nunca mais coloquei pra fora: mensagem recebida, sir. Já bem distante da grade, caminhei em círculos e olhei para o chão, devaneando um tiquinho do que vi.

Cadeados com códigos...

... eu nunca entendi porque alguém acha isso mais seguro do que um cadeado com chave. Usam muito isso em cofres, malas e bolsas. Quer dizer, tem a facilidade de qualquer um que ~precise~ possa abrir, mas certamente tenho muito tempo para tentar VÁRIAS combinações. Em 4h eu provavelmente teria tentado todas, e levando em consideração que ela termina com 2, eu levaria bem menos tempo.

Eu podia tentar por esta via, eu podia começar a roletar números incertos e tentar abrir o aparato, o máximo que um segredo "errado" poderia me causar era um choquezinho ou um alarme. O pior?! O alarme, sem dúvidas. Foi ele que me fez desistir a priori da ideia; deixar ela um pouco de lado, sabendo que talvez eu tivesse que recorrer.

Com raiva, chutei o amontoado de palha, fazendo ele subir para cima. "Eu estou... tentando?", me questionei, tendo a súbita resposta que sim. Quer dizer, depois de desistir eu estou realmente tentando?! O som do outro lado do corredor me despertara o que? Esperança? Não... eu não estou esperançosa, eu provavelmente só estou entediada...

... no tédio, chutei mais um pouco de palha, deixando-a mais espalhada, mas sendo possível ver melhor o chão.
"Será que alguém, que já esteve aqui antes, tentou ver a sequência?! Talvez ele tenha arranhado em algum lugar algum número... talvez tenha alguma mensagem por ai". Com a ideia um pouquinho mais organizada, comecei a tirar o feno do chão. Depois disso, examinei um pouquinho o chão, depois as paredes e procurei por arranhados sutis. Vi com mais afinco as paredes do fundo e a parte úmida do chão, deixando as áreas próximas da grade passar mais "batido". Afinal de contas, quem escreveria perto da porta o segredo e um cadeado de um cárcere? Só se essa pessoa quisesse muito morrer.

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[EVENTO] Se mentira tem perna curta uma centopeia é sem mentiras????? EM????

Ao ouvir as ditas falas "Vamos Sacrificar", um alívio esquisito me tomou, derrubando meu corpo inteiro que já estava no chão. Nas cenas finais, Hati havia derrubado seu clone, mas aquele Salamance era mais que suficiente para destruir meu pingo de esperança. Em seguida, a esfera da canina ficou estranhamente mais leve, a medida que meu coração foi ficando mais pesado.

E o desbalanço dos pesos foi ocorrendo até que todas as minhas esferas estivessem oca, enquanto a imagem que passava na frente dos meus olhos era de desespero.

Foi ao ver todos os meus pokémons aprisionados que eu cogitei que desistir fosse melhor: talvez fosse mais uma atitude egoísta da minha parte, deixá-los lá sem resgatá-los, mas sinceramente, quem acredita mesmo que eu consiga fazer algo de útil nesse mundo sem pokémons? Lidar com minha insignificância parecia muito pior do que morrer, por isso um sacrifício podia ser até um bom destino.

Uma morte honrada, respeitada e ritualística, oferecida a algo muito maior que eu. Arceus? Arceus seria uma boa divindade. Seja lá pra quem esses doidos querem me oferecer, me parecia a única forma de manter a nobreza da minha vida.

Até quando Galvanis tenta, com todas as forças, quebrar o circuito mágico e deferir uma facada na moça, eu reprimi o ato: "Não adianta lutar contra o inevitável... deixa ela... é melhor a gente morrer mesmo...". Hmm, bem-vinda de volta, melancolia. Não posso dizer que senti sua falta, já que você não foi embora por muito tempo, mas talvez fosse mais saudável eu me manter no "corre" e na euforia, articulando o máximo de possibilidades para evitar que o pior aconteça...

... só que já aconteceu. De que adiantaria me esgotar agora? Nadinha.

O engraçado é que, quando apaguei, foi uma perda de consciência tão doce quanto um sono de criança. Pra que ter consciência se ela só irá pesar? Qual a vantagem de ter em mim um pingo de noção? Qual o objetivo? Acordei a contra-gosto, com um amargo na boca. "Tsk, continuei viva", pensei com meus miolos, "Talvez eu tenha feito algum pacto que não posso morrer sem que Freya coma um pedaço de mim".

Ah, Freya... é verdade, também estou sem ela aqui. Parando para pensar, talvez seja ela que salve o dia, não eu. Ou melhor, ela deve só se salvar, né?! E ai, voltar pra me pegar. Talvez ela seja generosa, me liberte e me ajude. Talvez ela nutra um pouco mais minha vida... talvez seja dela a responsabilidade de eu ainda estar viva, ainda que o sacrifício tenha sido ofertado. Talvez não posso ser dada a mais ninguém, já que o compromisso da minha alma está com ela...

... ou talvez, Arceus só não me queira mesmo.

"Tsk, eu continuo viva", repeti o pensamento enquanto levantava devagar aquele monte de feno. Olhei para baixo e vi a marca do meu corpo naquele amontoado de palha, localizando-me aos poucos, "Que irônico... pareço Jesus na manjedoura. Me botaram num maldito estábulo". O chão era úmido, o cheiro era podre, o ar era abafado e o vento era inexistente. As paredes de pedra pareciam desestabilizar minha teoria, junto com a grade de metal grosso, que certamente não foi colocada ali apenas para prender um cavalo ou alguns cabritos, ainda assim, eu me sentia numa situação animalesca; numa jaula, sem liberdade, sem dignidade e, principalmente, sem humanidade.

A priori, uma lágrima escorreu do meu rosto e eu emiti um soluço só. Depois disso, estalei a língua no céu da boca, fazendo mais um "tsk" irritadiço. Daqui a algumas horas, talvez eu entendesse melhor o porque da minha atitude mas, por ora, eu não conseguia compreender que toda a minha raiva era o medo. O tão repulsivo medo. O sentimento que eu, diferente de todos os outros, lido em conjunto com a cólera... cólera à mim.

Eu costumo transformar tudo em riso ou choro, mas o medo? O medo eu transformo em ódio. Num impulso repentino, chutei a parede a minha frente, dando logo em seguida um soco que fez a base dos meus quadro dedos sangrarem. Na hora, a dor me fez dar um grito fino, mas logo levei o machucado a boca, lambendo-o com certa atenção e me mantendo letárgica.

Eu deveria... gritar? Quer dizer, eu deveria tentar fazer alguma coisa?! Minha letargia não deixou. Fiquei inerte, olhando para a parede e mantendo o machucado na boca. Fiquei assim até que um urro, somado ao barulho de uma fratura, e um bocado de batidas me fizesse olhar para o lado e lembrar: "Galvanis". Eu até tentei emitir as sílabas, mas estranhamente elas não saíram. A priori, não achei que fosse um problema mágico, mas sim a minha recusa à fala - nua e crua -, dada a melancolia da situação. Caminhei lentamente até a grade, coloquei a cabeça entre ela e tentei ver as celas da frente; a direita, um silêncio, enquanto a esquerda o som remexia um bocado.

"Galvanis, é você?", tentei falar, mas não só não consegui falar, como uma dor de garganta me tomou por completo, "Desgraça, acabaram de tirar minha humanidade".

Para que o silêncio não fosse a resposta àquelas batidas, cacei algo próximo da minha mão, que por coincidência fora um cadeado. Com um pouco de desespero, bati o objeto metálico ao gradil e tentei fazer um tilintar irritante, avisando que estava ali. Estiquei a outra mão por entre as colunas, tentando me fazer visível.

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[EVENTO] Se mentira tem perna curta uma centopeia é sem mentiras????? EM????

- Duplo Sludge Bomb na sua cópia - Ordenei, num tom mais sério que o normal, sendo respondida por um latido animado.

Animado... acredita?! Houndoum não fazia ideia do que estava para acontecer: viu o boneco Voodoo, com certeza, mas está acostumada com o nocaute graças a sua habilidade Solar Power e, quando acorda, o resultado é quase sempre o mesmo: vencemos. Ela estava satisfeita em fazer o máximo que puder para que outro viesse no seu lugar e finalizasse, mas perceba algo importante; não há outro para vir.

Peguei a esfera de Freya e tentei mais uma vez, falhando miseravelmente. Sei um suspiro cansativo, amoleci os braços e deixei que Galvanis ficasse mal & sozinho; talvez nós devêssemos nos juntar, mas não agora... não agora... agora seria bom estar um pouco sozinha com minha insignificancia.

Aproximei-me do campo, num ato até burro, e tentei ver mais de perto os últimos minutos meus com minha canina. Por um instante cogitei que seria nosso último momento e meu peito doeu. Doeu muito. Doeu demais. Quando estamos na frenesi, raramente temos tempo para sentir, mas desta vez foi demais. Não é algo que precise elaborar: é o mais puro luto.
- Desculpa, Hati...

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[EVENTO] Se mentira tem perna curta uma centopeia é sem mentiras????? EM????

Meu instinto inicial?! Tirar Hati dali e correr o máximo que puder. Respirei fundo, olhei em volta e lembrei que estava presa numa maldito círculo. Eu não vou falar para vocês que a imagem de Bahlok em um pequeno boneco de voodoo me dava pena: ele me dava horror. Olhar para Hati e vê-la como possibilidade de virar uma boneca de pano?! De modo algum.

Peguei sua esfera não mão e apertei o botão central, mas o dispositivo falhou. De imediato, tentei pegar qualquer "segunda esfera" mas lembrei daquelas malditas pokébolas que não funcionavam e desisti. Era melhor não por outros pokémons em risco, não é?!

Mas eu preciso ser sincera: ao olhar minha Houndoom presa ali, eu senti um enorme ódio de mim mesma. "Porque botar logo Hati em risco, Winnie? Com tantos outros pokémons que você liga menos disponíveis...". Sim, eu admito que eu me importaria muito menos se fosse Slepinir ali ao invés de uma das minhas iniciais.

Eu sou desprezível, mas ainda não me odeio mais do que odeio aquela filha da puta. Sem nenhum tipo de escrúpulo, comecei a rodear o círculo atrás da bruxa, em uma corrida fumegante. Cogitei puxar seu cabelo, ou quem sabe pegar as esferas e apertar os botões. Enquanto fantasiava por isso isso, Hati estaria lá, sem meu suporte, batalhando sozinha, numa tentativa tola de sobreviver.

Só depois de perceber isso parei de correr. Olhei para o campo um pouco nauseada e, com um choro completamente entalado na garganta, bradei baixinho:
- Nasty Plot e Protect.

Retornei ao lugar inicial, segurei a pokébola da minha canina com maior carinho e trouxe ela até o peito. Ali, apertei com força, na mesma intensidade que fechei os olhos e abaixei a cabeça. Em silêncio, comecei a chorar: "Não vá embora, Hati... Eu te amo demais pra ser responsável pelo seu fim"

Houndoom, que definitivamente não suporta me ver chorar, provavelmente teria o ímpeto de largar aquilo e ir me acudir, até perceber que não conseguiria. Coloquei minha cadela numa rinha e ainda quero me chamar de treinadora depois disso...

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OFF: Num tava esperando esse ditto agora ai nem me preparei QQQ Protect no lugar de Will-o-Wisp e Hondoominite na Hati

Arremessar o Ditto só serviu para que ele se afastasse um pouco de mim e parasse no ar, adquirindo uma forma nova e completamente estranha. Por um instante, demorei reconhecer as madeixas cerejas de Natalie, mas não por não conhecer bem o corpo da minha amiga, mas por não crer que alguém poderia colocar naquela beldade maravilhosa uma maldita cara - idiota - de Ditto.

Veja bem, ela é linda da cabeça aos pés, ela não merecia estar aqui na minha frente com essa carinha TOSCA.

Mas é óbvio que eu só fui pensar nisso depois. No momento, eu só pisquei muitas vezes e tentei entender a cena, até que a franja caída no olho e as roupas obscuras me gritaram Natalie. Eu sabia que não era ela, ainda assim, um calafrio me tomou por completo, dos pés a cabeça, e eu freei. Abri as mãos - que já estavam fechadas em um soco - e deixei os ombros caírem:
- Eu não vou bater na Natalie - Falei, num tom ainda fervoroso mas um pouco mais calmo.

Dei três passos para trás e, num quarto, falhei e cai no chão. Sim, eu falhei: era como se meu pé não pudesse passar e houvesse uma parede ali, mas eu sabia que não havia nada disso. Localizei Gaulvanis com os olhos e percebi que estávamos a perfeitos 180º, obedecendo a ideia de "cercá-la".
- Putz... - Engoli toda a minha saliva e um bocado de medo junto - Eu prefiro brigar com pokémons...

De imediato liberei Hati. Usei o tempo que tinha da nova transformação do Ditto para ensinar à Houndoom Protect. Depois disso, pressionei a Key Stone na helix da orelha e a mega transforme. Ao meio desse show de horrores, contornei o "círculo" e tentei jogar para Galvanis um CD (Protect), lhe pedindo para ensinar também.
- HATI, NASTY PLOT E PROTECT! - Pedi, esperando que isso minimamente funcionasse

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[EVENTO] Se mentira tem perna curta uma centopeia é sem mentiras????? EM????

OJuro que se Galvanis tivesse me perguntando dois minutos depois se eu estava bem, minha resposta ia ser COMPLETAMENTE OUTRA. Naquele momento eu apenas obedeci a respiração pausada que o Ranger me orientou e depois balancei a cabeça repentinamente, tentando deixar de lado um transe momentâneo que o exercício me causou:
- Relaxa, eu só tava resetando - Abri um sorriso meio tosco - Deu certo, não deu?! - Ri um pouquinho, tentando deixar de lado a tensão anterior.

Juro que depois disso, nada mais fez sentido. "Infelizmente não posso ir com você?", o que essa vagabunda acha que ta fazendo?! Eu podia, de imediato, liberar um pokémon e correr até ela, obrigando algo do tipo. Se alguém questionasse, o máximo que poderia era bradar "aaaah, meus pokémons ficaram doidos também". Quem iria estranhar?!

Eu mesma respondo: ninguém. Mais um monstro surtado, menos um monstro surtado. Olha só essa praça?! Tanto era que eu gritei, Galvanis chamou e a mulher pagou de doida e AINDA ASSIM NENHUM APARECEU. Devem estar mais ocupados, né?! Por isso eu a olhei com um olhar muito mais fuzilador do que antes:
- Mas o quê?! - Uma sobrancelha arqueou no momento exato que ela me deu de imediato o bebê. Nessa hora, eu olhei para Galvanis e tentei esboçar algo como "Pega essa filha da puta", mas não deu tempo.

Simplesmente não deu tempo.

O bebê começou a derreter e eu, sem entender bulhufas, comecei a achar que ele estava escorregando das minhas mãos. Instintivamente, comecei a recolher os pedaços que me escapuliam e o ato era como tentar pegar o vento ou uma quantidade de ar: toda vez que eu agarrava aqui, algo escapava por lá. Depois de certos segundos de tentativa frustrada, meus olhos foram diretamente ao rosto daquele bebê e eu vi um rostinho imbecil, idiota e completamente estúpido: um rosto de Ditto.

Ali eu tive a plena certeza de que estava sonhando e joguei tudo no chão. Quando isto aconteceu, vi as duas partes do bebê se tornarem um tom azulado e senti que faltava mais um pouquinho para o "imposter" acabar: faltava virar rosa. Esperei, esperei e esperei e nada. "Eles vão ficar azuis mesmo?", pensei com meus miolos.

Pensei, pensei, pensei. Dei um suspiro, levantei um dedo pensativo e comentei:
- AHÁ, EU SABIA QUE NÃO ERA UM BEBÊ - Sim, foi repentino, mas veja bem, depois de muito desespero, eu realmente acreditei que estava em um sonho - ... quer dizer. Eu acho que sabia.

E ai, meus amigos, eu pensei um pouco mais: se este não é um bebê, não será ela uma maldita bruxa?! Será que, no fundo, eu não estava tão errada assim?! Meu ato, de imediato, foi pegar um dito pelo "braço" de imediato e arrastá-lo em direção a mulher, que já estava desaparecendo, comecei a arrastar aquela gosma azulada pelo cenário, perseguindo a maluca e completamente sedenta para jogar-lhe na cara aquele troço.

Em certo momento, quando senti que não ia conseguir me aproximar muito mais, puxei aquele Ditto para cima, embolei-o nas duas mãos e joguei com força, mirando bem na cara da vagabunda:
- ENGOLE SEU DITTO - Gritei, esperando que o bichinho voasse no ar enquanto eu assim fizesse - SE NÃO TIVER DE FRENTE PRA UM POKÉMON, ESSE TROÇO É UMA MELECA INÚTIL. TENHO MEDO DE VOCÊ NÃO. SE QUISER PODE VIR NO BRAÇO!!!

Sim, eu odeio ser enganada, como adivinhou?!

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