[Friend Safari Dark] Tyrant

Ao entrar no safári Dark, o menino-azul deu de cara com um morro nevoado, bastante inclinado, não havia, inicialmente, nenhuma alma viva por ali, apenas uma trilha de terra batida que ia para o "alto e além", rodeada por uma plantação rasteira espinhosa, marcada também pela seca. A neblina não permitia que o menino visse mais de dois metros a sua frente, então não fazia ideia do que havia nem no topo do morro, nem em volta dele, na realidade, não sabia nem se havia topo, apenas enxergava alguns ramos aos lados e o caminho que estava seguindo, por sorte não era gigante, se não mal poderia ver por onde anda. A temperatura estava bem baixa, talvez próximo dos 13º, e a tendência era que, a medida que fosse subindo, ela diminuísse mais. O morro prosseguia ingrime e de difícil movimentação, a pequena Ivysaur e seu treinador gastariam forças lutando contra a gravidade local.

O som do vento soprando era, por enquanto, a única coisa ali que cortava o silêncio mórbido, era ele que dava base, meio, fim e consistência ao ruido de fundo. Os dois amigos estavam parados entre a porta e o morro infinito, quente e o frio, sala e paisagem, era estranho as antologias de antíteses que o menino poderia fazer só olhando para trás e para frente, e talvez poderiam fazer muito mais, se não fosse a névoa volumosa e espessa que impedia o campo de visão.

OFF: Oie <3 Boa sorte!

O garoto então continuou a caminhada cautelosa e foi morro a cima, esperando encontrar algum pokemon. Andou cerca de quarenta minuto e ainda nada, era algo exaustivo e frustrante, o menino azul havia caminhado todo aquele pedaço e nem sequer um mínimo barulho que não fosse da dupla. O vento gelado e o tempo fresco eram os motivos para nenhum dos dois estarem suados ou desidratados, talvez, só por isso ainda tinham pique para continuar, e assim foram, por mais trinta minutos de caminhada o silêncio era mortal, é, talvez nossos amigos tenham chegado tarde demais no evento e não exista mais pokemons nesse safári, se fosse eu no lugar deles, desceria dali e procuraria outra cidade o mais rápido o possível, se bem que, as inscrições já foram encerradas, né? Pois é, então nem essa opção ele teria.

Por sorte, o menino exótico resolveu andar por mais dez minutinhos, totalizando uma hora de vinte minutos de trilha, e por sorte, fora nesses dez minutinhos a mais que ouvirá um sinal de alma viva, o som que ouvira era de gritos longínquos que imitavam uma espécie de samurai usando sua espada, ou um personagem de anime treinando seus movimentos, eram nada mais nada menos que onomatopeias de esforço físico, como exclamações, em nenhum momento pareciam gemidos de dor, apenas de ofensividade. Além disso podia ser ouvido o barulho de lâminas cortando a densa mata espinhosa, todos esses sons vinham longínquos, provenientes do lado direito da dupla.
Se o garoto seguisse o som, certamente encontraria algo, mas o que não garante que seja apenas outro treinador? Talvez esses sons venham de uma batalha, ou apenas alguém que resolvera andar quilômetros para achar um lugar legal para treinar sua espada, se bem que, a última opção parece meio absurda. É, o garoto podia seguir caminho e perder a oportunidade de conhecer o que estava ao seu lado direito, ou ir ver se finalmente achara um pokemon.

O senhor Torres então foi bastante inteligente, seus passos nos espinhos podiam fazer barulhos demais e até assustar sua presa, óbvio, caso se tratasse de uma, por que talvez fosse um caçador, ou apenas problemas, e mandar Wingull a frente preveniria que problemas maiores acontecessem. Assim foi, deu alguns passos curtos avançando ao que antes era sua direita e liberou o pássaro de sua esfera, materializando-o no céu, após explicar toda a estratégia, o pássaro subiu mais e procurou localizar a origem do barulho que cortava a espessa nevoa, e quando finalmente conseguiu se orientar, seguiu-o, vendo de longe o que parecia ser um pokemon, de corpo bípede, vermelho e cinza com próximo dos seus cinquenta centímetros, era possível ver ele emaranhado entre alguns espinhos, mas não parecia preso ou ali sem querer, e sim fazendo uma atividade incomum por vontade própria: Podando. Ele cortava a plantação pequena mas que quase o soterrava, até por que, plantas de pequeno porte é algo relativo, o que para nós pode ser considerado um arbusto e ter um metro, para ele é grande, porém os espinhos não eram arbustos, estavam secos e sem folhas, ente trinta e sessenta centímetros, mas ainda assim o pequeno pokemon não cansava de cortar, o que era grande e complicado para alguém daquele tamanho, parecia ser um treino perfeito para ele.

Wingull agora voava de volta, tentando repassar as informações percebidas para seu treinador.

O pequeno pokemon não parava de se esforçar, treinava todos os seus golpes que um dia sonhava em usar em batalhas, sua força e habilidade aparentemente deveriam representar orgulho para si. O menino azul então foi se aproximando na direção que Wingull apontava e também o som o levava, de vez em quando pisava nos galhos secos deixados ali, por sorte sua presa parecia tão concentrada que nem se importava, ou talvez nem sequer ouvia os barulhos que estava envolto, não podemos dizer que foco é uma qualidade que um pokemon selvagem pode ter, por que assim ele perde todos seus outros sentidos primordiais que o protegem de caçadores potenciais. Com esse pequeno não foi diferente, o foco em seu treinamento o colocou em uma situação de risco, não o possibilitando fuga imediata, um encontro com um treinador curioso, por sorte, Tyrant não havia se aproximado tanto para ser considerado uma ameaça, e talvez ele nem queira travar uma batalha, então o vermelhinho poderia ficar por mais um tempo treinando suas habilidades sem ser incomodado.

Chegando à distância máxima que a PokeDex alcança para identificar um pokemon, o menino então pegou o aparelho e apontou para o treinador mirim, o bipe foi seguido de uma informação deveras importante, que esclarecia bastante sobre suas atitudes.

Porém, foi ao ouvir o bipe e as falas robotizadas que o pequeno Pawniard descobriu que não estava sozinho, e que seu treino não seria mais com plantas ou objetos inatos, e sim, muito provavelmente, com um verdadeiro treinador pokemon, tal fato o deixou inato por um tempo, mas não por inercia, a surpresa e o medo o fez estatizar, em uma zona como aquela, batalhas entre treinadores não era comum, ele teria que colocar todo seu treinamento em prática e provar a si mesmo que é capaz. O pequeno então mudou de posicionamento e resolveu encarar o caçador, queria evitar lutas e danos desnecessários, mas se fosse alvo, certamente iria se defender.
Era uma experiência nova na vida do pokemon metálico, por isso, não sabia se respondia de forma eufórica ou de forma medrosa, mas no fim, resolveu não fugir de vez, como dito na PokeDex, tais espécies tendem a se meter em confusões como batalhas, então talvez fosse uma experiência importante que sua moral não permitisse fugir logo de cara, mas obviamente, preferia não levar danos físicos sem necessidade, o que deixava a decisão toda em cima do senhor Torres.