SINOPSE: A vida pode ser consideravelmente difícil quando se é um animal selvagem, ainda mais quando se esta no rigoroso e nevado inverno nas florestas do Canadá. Tudo sobre uma lince-do-Canadá e esta fanfic conta detalhadamente as desventuras da felina tentando sobreviver ao inferno invernal com seus filhotes, sem diálogos, sem falas, esta é uma história selvagem sobre família, sobre sobrevivência.
Agradecimentos a Lily que ajudou com alguns erros de português.
E a Shelter 2 por me inspirar a escrever.
Mother in the snow :
Estava nevando naquela época, como sempre acontecia, afinal era um inverno. Um inverno tão rigoroso e cruel quanto os outros no qual ela já havia passado, mas ainda era o primeiro que "eles" viriam a enfrentar. Em uma toca, uma pequena caverna feita sobre rochas grandes amontoadas, naturalmente, uma sobre a outra, formava uma espécie de cabana. Ali estavam os três pequenos filhotes de lince, as quais miavam constantemente em um tom medroso e fraco, tremendo de frio e desconfortáveis. Ao longe deles, uma silhueta maior, havia uma felina ligeiramente maior e mais robusta. Sua expressão era séria, como sempre esteve, e seu semblante era único. Além disso, seus olhos amarelos brilhavam, com a luz da lua cheia no topo do céu; sua pata estava em cima de um amontoado de neve, no qual se destacava um pouco mais, e haviam alguns maços de pelo nele. Ela retirou a pata de cima do monte de neve e puxou uma grande quantidade da mesma, a qual lhe era permitido carregar, no sentido do monte, para tampando o resto daqueles pelos. Por alguns breves momentos, parou e fitou a lua, esticando seu pescoço para o alto. Parecia que estava prestes a soltar algum rugido, mas não fizera. Apenas restava-lhe o silêncio e os miados de suas proles na toca.
Eis que se levantou complemente, caminhando devagar pela neve. Seus passos eram lentos e silenciosos. Suas patas afundavam na neve fofa a cada patada até que pudesse chegar próximo a suas crias, assim caminhou para dentro do "aposento rochoso". Deitando-se de barriga virada para o lado e patas estiradas, aconchegou dois de seus filhotes naquela região, aquecendo-se novamente. Porém um deles mantinha-se nas proximidades da saída. Este miava como se esperasse que algo ou alguém mais pudesse entrar, mas sem sucesso. Continuaria o resto da noite ali, se possível, miando e passando frio, entretanto sua mãe sabia dos riscos e, por instinto, rosnou para o pequeno que, cabisbaixo, caminhou até ela retomando o posto, aninhando=se junto ao pescoço da felina. Aquecidos e em família, dormiram juntos até o raiar do sol.
Na manhã seguinte, já acordados, a grande felina mantinha-se na frente em uma caminhada pela neve, apesar de não estar mais nevado, ainda era frio, porém os filhotes já tinham pelo e gordura o suficiente para sobreviver aquilo, os pequeno trio apenas a seguia, soltando miados para lá e para cá, não eram muitos espertos e como eram muito novos acabavam por ser extremamente ingênuos. A mãe parou, esticou o pescoço para cima, e em meio aquela ''savana de neve'', observou atentamente a um barulho suspeito, manteve-se totalmente imóvel, porém para compensar as crias apenas trombavam um em cima do outro, caindo na neve, rolando de um lado para o outro ainda tinham dificuldades para caminhar naquele terreno, mas a lince era experiente, no momento em que identificou a origem do som, ela abaixou a cabeça e observou sua presa. Posicionou-se curvada, com as patas dianteiras esticadas para frente, enquanto levantava seu traseiro com as patas traseiras que levantavam-se prontas para o arranque. Seu curto e pequeno rabo apenas mexia de um lado para o outro freneticamente e seus olhos estavam vidrados em seu alvo. Alguns segundos se passavam e finalmente a caça começava, em uma faixa de poucos dez segundos, a presa já estava em sua boca, pendurada pelo pescoço, enquanto o sangue escorria entre suas presas. Voltou as pressas para seus filhotes, jogando a carcaça ao chão, de início os três estavam perdidos no que deveriam fazer mas logo seus instintos vieram a toca e atacaram a lebre morta em sua frente. Deliciavam-se com os pedaços de carne que conseguiam arrancar ainda com seus dentes fracos, vez ou outra acabavam por puxar um mesmo pedaço e disputavam por ele, em uma pequena briga que parecia mais uma brincadeira idiota do que uma batalha por comida. Após estarem saciados com o pouco que conseguiam comer, a mãe finalmente dava cabo do resto, devorando o coelho por completo, ainda não satisfeita com aquilo, uma vez que seu porte era maior e muito mais forte, necessitando de mais comida, se não viesse a comer direito novamente iria ter problemas posteriormente.
O dia já havia passado e já estava em horário da tarde, a noite logo viria e a mãe sabia disto, mas voltar para a sua antiga toca era inviável de acordo com os acontecimentos passados, aquilo com toda certeza teria atraído algum predador, logo estava no momento de arranjar um novo lar. Parando apenas para uma beber um pouco de água, sendo seguida pelos filhotes que faziam o mesmo, porém de forma mais desorganizada, dois conseguiam beber de forma normal, porém o outro apenas metia a cara na água, confuso, por sorte, o riacho não era fundo em sua borda, mas aquilo fez com que a mãe mordesse de leve a cria pelo pescoço, sem o machucar, balançando delicadamente um pouco para seca-lo. Depois de satisfeitos, continuavam sua caminhada até darem de frente a uma caverna escura, claramente acima dela havia uma grande montanha rochosa, um local propício a outros de sua espécie, e apesar disto parecer bom a primeira vista, claramente não era, ficar ali seria um grande risco para sua prole, mas não haviam muitas opções, estava de noite e a neve voltou a cair, junto da temperatura. A felina parou em frente a caverna, os filhotes também pararam. Movendo suas orelhas de um lado para o outro e encarando a escuridão, buscou algum sinal de perigo ali dentro, mas não havia notado nada e o local não parecia ir tão fundo assim, concluindo isto, ela entrou, sendo seguida, e deitou-se como sempre fazia. Os pequenos se alojavam perto de sua barriga e pescoço, um em cima do outro, aquecendo-se. Ela, apenas, mantinha-se atenta, com a cabeça erguida, naquela noite não dormiu.