Procurando nemo

Deixando a dupla de Mightyena para trás, Oddy resolveu sair rápido daquele lugar para evitar outros possíveis membros de uma matilha. A busca pela nascente do rio não era apenas um jornada definida pela distância, mas pela a capacidade de um treinador superar os obstáculos no caminho, e esses, pode ter certeza, seriam muitos.

Dias seguiu o rio se assegurando em observar bem as redondezas, sabia do risco que era encontrar Pokémon selvagens, mas não desistia de sua busca. A sua intuição parecia gritar lhe avisando que ele estava sendo seguido, mas quem poderia ser? Aquela sensação de estar sendo observado crescia e crescia até um ponto em que ele pôde ter certeza, mas apenas olhando o ambiente ao redor era impossível para ele dizer se suas suspeitas tinham fundamento, até que ele viu um vulto correr dentro da floresta da margem oposta do rio. O ser não identificado tinha forma humanoide e não parecia muito grande, mas era impossível defini-lo. Ele correu tão rápido de uma árvore para outra que Dias só conseguiu ver um borrão preto passar.

O que o treinador faria? Continuaria em frente ignorando a presença do ser ou tentaria alguma coisa?

As suspeitas de Dias tinham se confirmado, alguém ou alguma coisa estava o seguindo, mas precavido como era, optou por não dar indícios de que tinha descoberto o seu perseguidor. Oddy continuou o seu caminho pela margem do rio, sempre se assegurando de olhar para a floresta da margem oposta para tentar identificar quem o seguia. Depois de quase 10 minutos de caminhada, o treinador finalmente descobriu a sua pista, a criatura relaxou quando foi atravessar uma passagem com árvores muito espaçadas, e Oddy conseguiu ver quando o Pokémon marrom saiu de trás de uma árvore para se esconder atrás de outra a 5 metros de distância, nesse pequeno percurso, o Pokémon não teve sombra para camuflá-lo ou moita para se esconder, e apesar de se mover rápido, e Dias estar a uma grande distância do outro lado do rio, a criatura teve a sua identidade descoberta.

Agora que sabia quem o perseguia, qual seria a atitude que Dias tomaria?  

Nuzleaf continuava oculto dos olhos de Oddy usando a cobertura das árvores da floresta oposta. O motivo de ele estar seguindo o treinador era um mistério, mas Dias preferiu não se envolver com o Pokémon, temia ter que enfrenta-lo e possivelmente ter que enfrentar outros Pokémon selvagens.

Decidido, o treinador continuou seguindo o rio por mais 10 minutos, e sempre sentindo a presença de Nuzleaf, apesar de não conseguir vê-lo. Passado esse tempo, a floresta pela qual o Pokémon tipo grama/Dark se camuflava chegou ao fim e começou a dar lugar a uma área rochosa, impossibilitando o Pokémon de seguir por ali sem ser visto. Dias continuou, e mais 5 minutos depois, o peso de estar sendo vigiado se foi. Parecia finalmente estar sozinho.

O chão agora ganhava uma inclinação e Oddy pode sentir que encarava uma subida, o percurso era relativamente fácil, mas após mais 25 minutos de caminhada, Dias sentia o cansaço dominar as suas pernas. O rio ali era veloz e violento o que o tornava muito perigoso. Ao final daquele percurso, o rio voltava a se alargar formando um grande lago, onde uma nova cachoeira estampava a paisagem, diferente da outra, essa tinha quase 30 metros de altura, e o seu “lago”, o triplo do anterior. Algumas grande rochas barravam a passagem da água, o que originava o lago e deixava o Rio mais “estreito”, porém veloz no trecho abaixo.

Dias tinha chegado na tal barreira que nenhum treinador se arriscava passar, pois ao lado da cachoeira existia um paredão de rochas de 90º no mínimo, apenas um alpinista conseguiria escalar aquilo, era lindo e ao mesmo tempo aterrorizante. Pelo que Eric tinha dito, Jorg estaria por aqui, pois ele jamais conseguiria chegar ao topo daquela cachoeira. Mas olhando rapidamente o ambiente, Dias não viu sinal do homem que procurava.

Oddy chamava por Jorg, mas nenhum som foi ouvido em resposta. O homem não parecia estar ali, teria ele se perdido? Ou talvez se atrasado devido algum contra tempo? Sem opção, a escolha óbvia era explorar o “lago”. Assim Dias manteve-se ocupado por um bom tempo.

...

Após quase 10 minutos de exploração, o treinador finalmente encontrou o paradeiro de Jorg, ou deveria ser ele. Próximo a queda d’água, um corpo de um homem estava caído em cima de uma pedra, e uma poça de sangue corria da pedra para a água. Dias não o tinha visto de longe devido a sua roupa que se camuflava com a pedra, além de um “cortina” de respingos d’água que atrapalhava a sua visão. Seria de fato Jorg? Olhando o corpo sem se aproximar, não parecia que ele tinha alguma marca de ferida, mas o sangue devia estar vindo de algum lugar. O que faria Dias?

Demorou um pouco, mas assim que Oddy descobriu o corpo ele tratou de tentar ajudar. Croconaw ainda relutante e cansado mergulhou na água agitada do “lago” e nadou por baixo d’água para facilitar o seu percurso. Por um momento o Pokémon de Dias desapareceu para só retornar a superfície já perto do corpo caído. Croconaw se esticou para chegar a rocha e puxou o homem para água, arrastando-o como um Crocodilo arrasta sua presa para a profundidade de um rio. Não demorou mais do que alguns segundos para o Pokémon de Dias chegar até ele e soltar o corpo do homem misterioso na beirada do lago.

Investigando o corpo, Dias teve certeza que aquele homem já estava morto. O cadáver aparentemente não tinha nenhum sinal de fratura, mas em seu pescoço existia um grande corte, como se alguma coisa afiada tivesse cortado profundamente a sua carne. Aquele homem fora assassinado, e o homem era Jorg, o contato que Dias procurava. Descobriu essa informação após encontrar o crachá do homem preso em sua roupa. Jorg estava pálido devido a perda de sangue, mas Oddy conseguiu calcular que ele devia estar na casa dos 40 anos, tinha cabelo loiro e um corpo magro. Era um homem de feição "normal".

O que estaria acontecendo ali? E o mais importante, qual seria a atitude de Dias?