Procurando nemo

Jorg remente estava morto, seu crachá sujo de sangue denunciava. Ao analisar melhor o corpo Oddy percebeu que não havia sinais de fratura é um corte profundo no pescoço. Com isso ele deduziu que o homem não havia caído como ele suspeitava, alguém o matou lá em cima e o corpo desceu o rio até parar nessa pedra. O matou com alguma arma branca de corte, provavelmente uma faca se tivesse sido um assassino e não um pokemon.

Outra informação importante era que o homem já estava pálido por perder muito sangue, com isso Dias estimou que ele já estava morto há algum tempo. A questão agora era o que fazer, o ruivo não podia simplesmente ignorar isso tudo é seguir procurando Feebas, havia um assassino por ali é um descuido poderia tornar Dias o próximo Jorg. Falado em Jorg, por que alguém ia querer matá-lo? O que será que ele tinha feito ou visto lá em cima? O aventureiro não sabia nada do cadáver e não conseguia pensar em uma explicação.

Para piorar Oddy não fazia ideia de como ele subiria e como Jorg tinha conseguido subir. Então antes de pensar em alguma coisa ele decidiu vasculhar a roupa do morto, porque para ele, que aparentava ser uma pessoa normal, ter conseguido subir sem nenhum arranhão alguma ajuda ele teve. Uma corda ou algum pokemon... Dias não sabia o que podia encontrar mas torcia para que tivesse algo.

Jorg fora assassinado, essa era a conclusão óbvia, mas a pergunta que ficava era por quê e por quem? Decidindo vasculhar os pertences do homem morto, Dias só encontrou a carteira e o crachá. Na carteira tinha uma quantia de P$ 500,00 em notas altas e o crachá era do instituto meteorológico. O homem não tinha cordas ou qualquer Pokébola consigo.

Um fato que Oddy estava deixando passar era a falta de fratura. Teria Jorg realmente caído de algum lugar? Ainda verificando o corpo, o treinador encontrou um pequeno bloco de nota com um desenho e algumas palavras escritas. Mas essas estavam borradas devido a água que molhou o papel.

O desenho era uma mancha só, como se Jorg tivesse desenhado vários riscos na vertical como uma chuva, mas a mancha tornou tudo um borrão preto. E no final da página, com algum esforço, Oddy conseguia decifrar as seguintes palavras.

"Encontrei... água... lag... fort... exis... uma cav... undo... lag.. abaixo... cacho... ssagem... leva... rio... tanha... o caminho... Milotics... desova".

Será que Oddy conseguiria decifrar a mensagem?

Off: Man, eu ja tinha pensado em um lugar para fazer de esconderijo mais tarde exatamente como esse que você está mirabolando... :,D. Num futuro próximo eu te chamo para narrar outra aventura nessa rota mesmo xD, isso se eu não morrer aqui né rs...

Ao analisar os pertences de Jorg, Dias achou uma carteira com 500pk, dinheiro que ele logo tratou de recolher e por na sua mochila, ele não precisaria mais. Junto havia também um bloco de notas com um desenho molhado e com uma frase onde só se podia ler algumas palavras devido a água. Não ficou muito explícito na cabeça do ruivo o que a mensagem queria dizer exatamente, mas com esforço ele tentou decifrar algumas partes. Existe uma caverna no fundo do lago, exite uma passagem por baixo da cachoeira, e que essa passagem levava a algum lugar onde os Milotics desovavam seus ovos de Feebas.

Já era informação suficiente para fazer o aventureiro se ousar em baixo da cachoeira para tentar a sorte. O que abismava Oddy era o fato do cadáver ter escrito uma mensagem no papel... Será que ele sabia que ia ser morto e deixou esse bilhete para que mais alguém conseguisse achar? E o que teria dentro da cachoeira que fez um corte tão profundo quanto esse? Dias pensava estar indo capturar um Feebas mas poderia estar indo direto para sua cova. Qualquer um numa situação dessa chamaria a polícia, mas o ruivo não era medroso e não queria seu nome envolvido com os canas. Teria que se virar com seu time somente.

- Mandíbula, venha comigo. - Disse o jovem antes de jogar a carteira dele na água junto com Jorg, um teste de digitais poderia acusar a presença de Dias e provar para as autoridades que ele não teria feito nada seria impossível. A água faria seu trabalho e levaria o cadáver até alguém achar, onde as marcas do aventureiro já teriam desaparecido.

Os dois se aproximaram da cachoeira abandonando o corpo e Croconaw via sua fúria desaparecer rapidamente. Os respingos da cachoeira foram ficando mais intensos e simulavam uma chuva, fazendo o réptil se acalmar como um gato.

- Mandíbula, tome isso e segure isso. Pode ser que hoje você tenha seu maior desafio e até eu, que sou melhor que todos, sinto que pode não ser uma boa ideia entrar. - O ruivo lhe curava com seu único Potion e pedia para que Mandíbula segurasse uma Oran Berry para caso as coisas saíssem do controle.

Croconaw era o pokemon mais forte de Dias, deixá-lo em condições de batalhar numa situação dessa parecia o mais prudente a se fazer.

- Vamos entrar! Olhos bem abertos e se as coisas ficarem violentas você tem minha permissão para matar. - O réptil sereno confirmou com a cabeça levemente e foi em direção a cachoeira na frente de Oddy, afinal ele era mais resistente e aquele ambiente trazia conforto ao aquático.

O treinador deduziu de forma inteligente o contexto da mensagem, mas seria assim tão simples? Como ele suspeitava algo de muito perigoso podia estar esperando por ele, ou talvez o seu tão sonhado Feebas.

Dias tratou de pegar o dinheiro que encontrou e se livrou do corpo. O cadáver de Jorg afundou no lago e após algum tempo começou a boiar, sendo arrastado pela correnteza até que ficou preso em umas das pedras que ajudavam a represar a água para formar o lago. Jorg passaria muito tempo ali até que outro ser humano o encontrasse...

Decidido Dias escolheu encarar a água para atravessar a cachoeira, curou parcialmente as feridas de seu Croconaw trazendo um alivio imediato a fadiga acumulada. Era hora de nadar. O réptil entrou na água confiante com o seu treinador logo atrás, mas conforme se aproximavam da cachoeira, a correnteza ficava cada vez mais forte, tão forte que mesmo Croconaw tinha dificuldades de avançar. Manter-se na superfície era quase impossível, a correnteza era forte demais e por tanto os dois mergulharam para tentar nadar por baixo d’água, mas o problema persistia. Croconaw não conseguia avançar mais, mesmo em uma profundidade de 15 metros o Pokémon de Dias não conseguia passar por baixo da queda d’água, mas Dias conseguiu ver que existia uma passagem por baixo d’água... Cansado o crocodilo se deixou levar pela correnteza até um ponto que era suportável e voltou para a superfície, ele ofegava e precisa de orientação. O que Dias poderia fazer para ajudar o seu Pokémon?

Apesar dos esforços de Dias e Croconaw, eles não conseguiram nem alcançar a cachoeira em si. A força da água era muito grande e impossibilitava a passagem mesmo por baixo d'Água. Em um relance o ruivo observou uma espécie de túnel submerso no fundo do lago. Poderia ser a tal passagem por baixo da cachoeira, o que fazia mais sentido que enfrentar a cachoeira. O aventureiro encharcado com sua mochila inundada chamou o crocodilo novamente.

- Mandíbula, acho que achei uma passagem por baixo. Preciso que você veja se ela leva a algum lugar rápido. Caso seja realmente uma passagem volte e me avise que eu te sigo.

Dias estava curioso com o que via mas não se aventuraria lá por baixo na cara dura. Um caminho muito demorado faria o ruivo não ter tempo de respirar e acabaria morrendo afogado. Mandar o réptil, que teria facilidade em percorrer o trajeto, para o buraco primeiro seria prudente e bem pensado. Pena que Dias não viu a possível entrada da caverna antes, poderia ter lhe poupado alguns minutos de nado inútil e cansativo.

Croconaw concordou e mergulhou na água direto para o buraco no fundo do “lago”, o mesmo era próximo da queda d’água o que fazia a força da água um grande empecilho, mas chegar ao buraco era possível para o réptil e ele atravessou a passagem com aproximadamente 2 metros de diâmetro.

Cinco minutos depois, o crocodilo retornou e ao se aproximar de Dias, ele falou em seu estranho idioma e fez gestos com a mão direita, entrando sua mão na água e correndo uma distância submersa para fazer a mão sair em outro ponto. O sinal parecia significar que a passagem levava a uma saída. Dias se arriscaria ali? Apesar de Mandíbula dizer que o buraco levava ao seu provável destino, ainda tinha o problema da distância em baixo d’água. O que Dias poderia fazer para garantir a sua segurança?

- Excelente Mandíbula. Vou me segurar em você e me ajude a chegar do outro lado o mais rápido possível. Lembre-se que eu não consigo ficar muito tempo em baixo d'Água, então se eu apertar seu rabo quero que use Surf e crie uma correnteza na direção da saída do buraco. Você consegue, vamos!

Dias achava cômico o crocodilo relaxado, mas no fundo no fundo preferia ele em modo fúria. Contudo ele aproveitaria o lado bom do réptil e seguraria em seus espinhos das costas com as mãos e bateria os pés fortemente, assim tanto Mandíbula quanto o ruivo deveriam chegar a tempo do outro lado. Caso as coisas dessem errado um impulso d'Água gerado pelo golpe de Croconaw deveria resolver as coisas. Se Dias fosse religioso apelaria para Arceus, no entanto ele somente confiou em seu julgamento e em seu pokemon.

Oddy não sabia se estava sentido um "cheirinho" de Feebas ou um "cheirinho" de morte... Ainda havia o mistério do corte no morto para resolver, mas um problema de cada vez.

Dias se agarrou em Croconaw enquanto esse nadava para o fundo do rio/lago, uma sensação de desespero se apossou do treinador quando ele entrou naquela caverna subterrânea, ela parecia sufocá-lo ainda mais, como se o fato de prender a respiração não fosse somente uma escolha de Oddy, mas mãos invisíveis que apertavam com força a sua garganta.

A luz já não alcançava o interior da caverna, e a ideia de não saber quando chegaria lhe provocou mais medo, uma sensação crescente que provocava nervosismo e, por consequência, levava a estupides... O treinador apertou com força a cauda de Croconaw, mas tudo não podia dar mais errado.

Mandíbula seguiu o plano, se virou e usou o Surf dentro daquele lugar apertado, empurrando Dias com tamanha força que ele não conseguiu se manter segurando o seu Pokémon. A água borbulhou e o treinador seguiu sendo arrastado pela técnica de seu companheiro, até um ponto que ele bateu a cabeça na parede do túnel e desmaiou... Oddy não sabe por quanto tempo ficou submerso, mas acordou cuspindo água e respirando como se acabasse de ganhar uma nova vida, o ar que era tão abundante no seu dia a dia e passava despercebido em sua vida, agora parecia o recurso mais necessário para sobreviver e a coisa mais valiosa que um dia pensou existir. Dias estava vivo e Croconaw tinha lhe salvado, o réptil estava com as patas sobre o seu peito e ele percebeu que tinha recebido uma massagem cardíaca, o instinto parecia ter ensinado a Mandíbula o que fazer...

Agora já desperto Dias podia ver que estava em uma enorme gruta com um lago em seu interior, e se encontrava em um pedaço de rocha que seguia o rio dentro da montanha para as profundezas, o espaço ali era mais amplo, mas conforme seguisse o rio para o interior da montanha, o caminho se tornava estreito para andar. Outro fato lhe chamou a atenção, ali dentro estava iluminado, e olhando para a parede que barrava o rio percebeu uma enorme abertura a um metro e meio da água com quase 3 metros de diâmetro que dava vista para a queda d’água do lado de fora, a luz passava pela cachoeira e iluminava ali dentro, o ambiente era meio escuro, mas não impedia o treinador de ver os detalhes da caverna.    

Mais um obstáculo superado, era hora de tomar decisões.

O plano que na teoria era simples acabou sendo uma cena de terror, Dias se apavorou quando estava no túnel submerso, uma das piores sensações que ele já havia sentido, pior até que a do buraco negro de mais cedo. Ao entrar em pânico ele apertou forte a cauda do crocodilo que logo utilizou o movimento e fez uma corrente de água tão forte que Dias bateu a cabeça e desmaiou antes que pudesse ver o fim do buraco. Acordou algum tempo depois com Croconaw lhe salvando.

- Excelente Mandíbula! - Dizia o ruivo enquanto passava a mão em sua cabeça um pouco ensanguentada.

Não era hora para sentimentalismo e de choque pelo fato da proximidade da morte. Dias tinha que focar seus pensamentos no seu objetivo. Estava ele agora em uma gruta com um lago centralizado e um rio que sumia conforme avançava. Seria ali a tão esperada nascente do rio? Por um momento o aventureiro se lembrou da mensagem do papel que possivelmente dizia que a passagem levava a um rio pela montanha que era o caminho para onde os Miliotics desovavam. Oddy percebendo que era inviável andar pela margem do rio decidiu ficar no pedaço de rocha que estava, este seguia o rio e assim possibilitaria o ruivo de continuar o caminho. Agora onde aquilo ia dar...

- Fique de olho na água Mandíbula, veja se localiza algum pokemon. - O ruivo dava as ordens e forçava a visão em direção ao rio, queria saber para onde estava sendo levado.

Dias resolveu seguir o rio pela sua margem, mandando Mandíbula ficar atento a possíveis movimentações na água, essa que era muito cristalina, mas devido à pouca luz impedia o treinador e o seu Pokémon ver muito fundo.

Andaram pouco mais de 10 metros e sentiram um tremor amedrontador, a montanha parecia tremer, e apesar de não ser uma sensação forte, a sentimento de medo poderia ser enorme, afinal Dias se encontrava dentro de uma caverna e as paredes, o chão, a água e o teto vibravam como se a montanha ronronasse. O que estaria acontecendo? A vibração não era forte como um terremoto, parecia mais que alguma coisa escavava no coração da montanha. Distraído com seus pensamentos, o Treinador não conseguiu ver o Pokémon que colocava seus olhos para fora da água, foi Mandíbula que chamou sua atenção.

Pokémon :