Fuhrer's Path - Que comecem os treinos!

Ainda sentado no chão, Dennis prestava atenção em cada palavra proferida pelo velho e balançava a cabeça concordando com o mesmo, pois também duvidava que iria sair vitorioso daquele embate e tinha total consciência que levado pelo nervosismo acabava cometendo erros primários. Parece que o ânimo daquele senhor havia finalmente dado as caras, após uma pausa observou o seu redor e se arriscava numa piada que não agradava o jovem loiro.

- Qual foi, nazistinha. O humor de merda do coroa passou pra você? ── Tentou disfarçar a piada ruim para não quebrar aquele momento digamos que raro e em seguida soltou um sorriso forçado.

Logo o pianista fazia um pedido para dupla, Karl sem pensar duas vezes ja estava seguindo o velho. Depois de todo discurso anterior, não tinha como Dennis recusar e ainda estava curioso acima de tudo, com um salto ficava em pé e seguia ambos rapazes.

- Vamos lá, caras. Porra, até que um comes e bebes cairia bem agora, estou morrendo de fome

O homem aguardou por uns dois segundos antes de dar as costas para os dois e começar a caminhar para o interior do palco.

Ao perceber que o estavam seguindo, sacou um aparelho celular e discou um número rapidamente.

- Opa. Uma pizza por favor. É, eu sei que está cedo.. Metade pepperoni, metade peito de peru defumado. Certo, o pagamento será efetuado em dinheiro. Obrigado. Vinte minutos? Mas a essa hora da manhã e vocês demoram tanto assim?!

Talvez fosse cerca de onze horas, no máximo, o que significava que nossos heróis teriam pizza pro almoço. As últimas palavras do pianista foram ditas quando o mesmo atravessava uma cortina atrás do palco: abertura esta que não seria perceptível sem que alguns minutos fossem dedicados a isso, já que a cortina também cobria a parede traseira do salão.

Saíram diretamente em um corredor extenso e bem iluminado, com várias portas. A maioria tinha "plaquinhas" que provavelmente indicavam o que cada uma tinha em seu interior. Oficina, estúdio, sala de estudos, foram algumas das inscrições que viram ali.

Mas acabaram por entrar em uma sala sem nenhuma placa indicativa, seguindo o homem. Lá dentro, perceberam que aquela sala em si era ampla, talvez mais que as outras. As paredes estavam encravadas com fotografias, muitas em preto e branco e algumas coloridas também, todas emolduradas em quadros belíssimos. Todas tinham ou instrumentos musicais segurados por músicos diversos, ou pessoas posando em duplas ou grupos, de pequenos a enormes.

Uma chamava atenção: uma foto tirada da galeria superior do teatro focava o palco e parte dos assentos, repletos de pessoas vestidos da forma mais variada possível.

O pianista, até então, nada tinha dito. Sentara-se em um sofá avermelhado e permitia que a dupla observasse calmamente as fotografias. Ao deixar alguns minutos passarem, iniciou sua fala:

- Meu avô fundou o Theatro quando a cidade de Forina já tinha muitos atrativos culturais. Ele era músico e estudou por muito tempo pelo mundo afora e, ao vir para a cidade, percebeu que muito da arte feita aqui tinha um público-alvo, digamos, com uma boa renda financeira. A proposta do Theatro foi, então, trazer espetáculos para todas as faixas etárias, para todas as rendas.

- Ele fez uma parceria com diversos músicos, amigos seus, e organizavam espetáculos de tirar o fôlego aqui. Meu pai foi ensinado na mesma arte, e depois de muito se dedicar a estudos, se tornou integrante do corpo musical. Os músicos não ganhavam muito, mas entendiam o projeto, e levavam isso aqui como um "segundo emprego", quase um hobby sabem?

- Nunca reclamaram por ganharem pouco, em décadas de apresentações. Às  vezes um deixava de nós ajudar, por se aposentar ou para ir estudar em outro lugar, mas nunca por não gostarem daqui. O clima aqui era sensacional, cavalheiros!

- E quanto ao sucesso. Vocês podem imaginar o quanto Forina nos amava? Uma ou duas vezes por semana abríamos as portas e apresentavamos espetáculos de nível altíssimo! Chegamos mesmo a montar aulas de música e de instrumentos específicos.

- Vocês devem estar percebendo que estou me incluindo na estória. Meu pai me transmitiu o conceito, assim como lhe foi transmitido. Comecei aqui quando meu avô estava prestes a se aposentar. Vivi tudo isso que estou falando a vocês, o auge, o apogeu!

- Mas algo aconteceu. Forina mudou, rápido demais, mais rápido que poderíamos perceber ou imaginar aqui. Talvez tenha sido displicência de nossa parte. Meu avô já tinha falecido nesta época, infelizmente, e meu pai. Bem, ele faleceu de tristeza. Minha mãe contraiu uma doença incurável, também não ficou muito tempo conosco.

- E quando eu assumi o Theatro, bem, as coisas desandaram de vez. Nao apenas para nós, para toda a arte em Forina. E cá estou, há décadas, tentando entender como não consegui dar continuidade ao projeto social de meu avô.

- Agora terminei de resumir minha história. Se era o que vocês queriam saber, já o sabem.

Era impossível para o homem não ser seco com aquelas últimas palavras, já que seus olhos já começavam a ficar marejados. A questão principal era: aquilo tudo era problema de Karl e Dennis?

Dennis começava a seguir o homem para o interior do palco e sua barriga começava a roncar, aquele assunto sobre comida só tinha aumentado sua fome. Sensibilizado pelos os jovens, o rapaz sacava seu telefone celular e discava para um número, parecia que estava acostumado pela velocidade em que discava, pedindo uma pizza metade pepperoni e metade peito de peru.

- Boa, coroa. Escolheu bem os sabores. ── Elogiou a ação do velho com um sorriso no rosto.

Logo, atravessavam uma cortina atrás do palco, Dennis nunca poderia ter adivinhado ou imaginado que teria um tipo de passagem naquele palco. Dava de cara com um corredor extenso e bem iluminado, diversas portas e plaquinhas que sinalizava o que tinha em cada uma, o jovem dava um alto suspiro de impressionado, algo como um "wow" que chegava a ecoar por todo o corredor.

Entraram na única sala que não tinha placa indicativa, se tratava de uma grande sala com fotografias das mais variadas desde preto e branco a coloridas. Parecia uma sala com o memorial do teatro, talvez com a lembrança dos artistas que passaram pelo o local, inclusive uma foto chamava mais atenção e despertava o interesse de ambos treinadores por mais tempo, era a galeria superior do teatro, em uma apresentação com a casa cheia. Após alguns minutos, o senhor quebrava o silencio com uma breve explicação de sua vida e daquele estabelecimento, era bem inovadora a idéia de poder levar cultura musical para todos os públicos sendo um verdadeiro sucesso em Forina, infelizmente tendo um triste fim que chegava a arrepiar o lenhador.

- Nossa, bem... ── Engoliu a seco e tentou elaborar algumas palavras que poderiam ser confortantes naquele instante. Ele não era nada bom com as palavras, esperou um pouco e pegou embalo no discurso de Karl. - Nunca passei por algo do tipo, admito. Mas sei que todos podem passar e imagino o tão difícil deve ser. Como o nazistinha falou, isso é passado mesmo que seja complicado, tem que se levantar. Aproveitar que agora você não está sozinho e que estamos aqui para te ajuda, claro, se você quiser. A propósito, me chamo Dennis e vocês?

Finalmente o homem estava disponível para receber ajuda dos nossos heróis, Dennis se sentia gratificado em conseguir esse feito após muita insistência em conjunto com seu novo parceiro. Porém se trataria de uma tarefa um tanto quanto complicada, assim como o homem, o lenhador não sabia o caminho para o sucesso iria atrás do achismo e contar com a sorte para conseguir alcançar o que almeja.

- Entendemos. Bem, o mais importante é tentarmos, ainda não é o final da linha. Passou algumas idéias em minha cabeça, a primeira coisa seria tirar os escombros e limpar o salão principal, sou lenhador e tenho dois pokémons lutadores que são fortes para auxiliar nessa tarefa. Depois... ── Tentou continuar com seu plano quando era interrompido com a ligação das pizzas que acabavam de chegar, o coroa saia da sala e ia buscar as mesmas. Olhou para o loiro e trocou uma breve conversa.  - É, nazistinha, teremos muitos trabalhos pela frente, se prepara.

Dennis esperava o velho voltar com a pizza, enquanto discutia os próximos passos com seu parceiro, uma coisa concordavam: iriam ter muito trabalho a seguir; visto que o coroa tinha falado que já tinha tentado de tudo, imaginavam que ele dessa vez não iria se movimentar para fazer algo muito complexo. Fato que começava a incomodar Karl que com alguns xingamentos dava seguimento a seu plano também, cada palavra que o lenhador ouvia, balançava sua cabeça positivamente e esperou encerrar para dar continuidade.

- É isso! Arrecadar dinheiro é algo que temos que ter em mente e uma palinha dos nossos espetáculos nas ruas com os pokémons pode trazer frutos, além de divulgar a nossa volta. ── Coçou sua cabeça e continuou a falar na reestruturação do teatro. - Uma tarefa que só o velho poderia fazer por ser o dono disso tudo, é falar com a prefeitura da cidade, ver o que ele poderia conseguir. Afinal somos um projeto social, apresentar algo do tipo sempre é visto com bons olhos.