We Will We Will Rock You

Ao pular no pokemon, a viagem se manteve tranquila por muito tempo. O mar calmo ajudava e muito no desconforto da viagem, e Cruella aproveitava ao máximo seu tempo no mar. Sua linha reta as vezes ganhava curvas, não só como enrolação, mas evitando áreas que, por experiência própria, podem ser mais fundas do que deveriam, o que significa que mais desconhecidas também. Aos poucos já viam a caverna que, por mais longínqua que estivesse, dava a Jolteon uma esperança de sair dali. Era a primeira vez que o selvagem se arrependia de ter sido posto pra fora, se sentia tão preso quanto antes, não tinha espaço, não podia fazer o que queria e, acima de tudo, não tinha terra firme.

O navegar fora em todo silencioso, nenhum treinador ou pokemon perturbou o mar com aparições repentinas até agora, mas lembrar que ainda havia uma grande linha reta a ser seguida, podia dar esperança a aventura. Se olhasse para trás, veriam que o barco já se fora a muito e agora se dedicava a pesca. Nicholas tinha quase nenhum dinheiro, o que significava não ter tantas condições de pagar 50 Pk$ mais uma vez, seja para a volta, seja para ir de novo.
Tudo prosseguiu calmo, tirando uma certa brisa que começava a dar a cara, quebrando um pouco da calmaria e silêncio total. O Sol nascente já subia o suficiente para incomodar a visão do grupo, além de aquecê-los o corpo de modo irritante. Sentiam o calor do que parecia ser Verão. Starmie se sentia ressecada e queria muito jogar-se no mar, mas não saberia se o rocket deixaria. Encarou-o por muito tempo tentando analisa-lo, andou inquieta em cima da companheira, demonstrando seu desagrado com a condições e, como última dica, ficou de costas para evitar o sol direto a fronte.

OFF: - 50 PK$

Com o consentimento de seu treinador, a estrela marinha de pontas sólidas pulou e, diferente do que Nicholas pensou que ela faria, apenas ficou boiando de costas para o sol, acompanhando o ritmo de Cruella que diminuia não só sua velocidade, como também as ondas que criava ao seu redor, tentando não atrapalhar o sossego da colega.
Aos poucos Jolteon se aconchegava nas moles esferas vermelhas no topo da cabeça da navegante, reparando no quão acomodado seu mestre já estava e que só ele estava com medo. A calmaria o ajudava a se equilibrar, mas a brisa que retornara fazia mais que isso: o tornava novamente situado em pleno planeta terra. Aos poucos se soltou e caminhou na longa bolha aquática que era Tentacruel, quase que completamente constituída desse elemento. Isso ainda não significava que estava em completo conforto ou que preferisse o mar a que a terra, só reparou que explorar este novo mapa seria muito melhor que ficar preso em uma esfera.

Minutos foram passando e nada se alterava, a brisa leve, o mar calmo e seus próprios pokemons eram as únicas coisas narráveis em quase um quilômetro quadrado de vista. De vez em quando o azul absoluto era cortado por uma pedra ou outra, mas nada que realmente desse contraste. A linha do horizonte, como de se esperar, era infinita, porem a caverna que guiava ficava cada vez mais perto. Talvez já estivesse a pouco dali. Prosseguiram assim, até que o padrão finalmente se alterou: Starmie virou-se para o céu e piscou duas vezes, nadou o mais rápido que pode para trás, mas, não tendo tempo suficiente, não conseguiu desviar. Bateu em algo completamente sem senso de direção. Seja o que fosse, não lidou muito bem com o impacto e apenas parou no meio do mar e afundou lentamente. Agora um pouco distante, a estrela olhava para seu mestre preocupada, como quem queria mergulhar e descobrir. Ela não se machucara quase nada, por mais que o projétil não fosse tão pequeno - e todos ali conseguiram ver a sombra losangular que ele deixou -, suas superfície sólida a protegeu de qualquer dano maior; estava mais preocupada com o que lhe atingiu do que ela própria.

Lendo o que Starmie pretendia fazer, o treinador então ordenou o golpe que já estava quase preparado, logo rapidamente foi executado. Graças a velocidade e entrosamento da dupla, não foi difícil para a estrela localizar e trazer ao alto o que lhe atingira, na verdade, custou alguns segundos de esforço mental apenas. Em pouco tempo todos ali já podiam ver; uma pequena arraia inconsciente boiando no mar, envolta de uma nebulosa aura rosa, criada pelo Psychic. Aos poucos a aura fora se dissipando e sendo suficiente apenas para permanecer o corpo no nível do mar.

Com a menor intensidade do golpe, começou a ser possível ver os detalhes do pokemon; seu grande machucado na cabeça, que formava uma bolha avermelhada, seu azul claro brilhoso, suas escamas arranhadas e seus espiráculos curtos. Reparava-se principalmente na sua fina camada cutánea frágil e seu tamanho menor do que de suas espécies; não era pequenina, mas em comparações com outras arraias, não alcançava três quartos.

A estrela então sem saber o que fazer, reforçou o Psychic mais uma vez e sinalizou que Jolteon chegasse pra lá, dando espaço para então acomodar o pokemon, talvez assim poderiam analisar melhor a situação que ele se encontrava.

O mecanismo de captura foi então acionado, tocando levemente o corpo gélido de Cruella e se abrindo, sugando rapidamente o arraia inconsciente. Não houve tentativa de fuga ou resposta; a esfera mal se mexeu, apenas dera o click que indicava sucesso, feito isso, desapareceu. Mais um pokemon para a coleção de Nicholas em seu Storage, desta vez, tirara um pequeno bebe do mar sem nem ao menos conhecê-lo, será mesmo que o rocket não se importa com isso? Possivelmente não, um pokemon raro aparecer assim é sem dúvidas muito azar; cruzar a linha do mundo normal e o mundo dos treinadores tem um preço caro que, julgo eu, é injusto; já que há muito mais espaços para humanos que cobiçam do que pokemons que querem ser livres.
Ainda sem saber o que aconteceu, Mantyke acordaria hoje em um computador.

Tendo mais um capturado, o ruivo podia então seguir caminho a caverna já próxima; Starmie já o seguia no mesmo ritmo e logo mais chegariam ao destino.

OFF: SEU INSENSÍVEL.

Voltou a dar atenção a calmaria estival da região; nada muito incomum para aqueles que moram ou estudam a região, situações como aquelas eram usuais em períodos como estes, com as fortes chuvas em Kanto e Johto, a seca e o sol se tornavam mais fortes ainda. Na verdade, o que real surpreendera fora a tempestade da noite anterior. Brisa calma, sol forte e maré nula, a lua nova não puxava os mares e tudo se mantinha calmo até demais. Joelteon já estava completamente entediado, Starmie mergulhava e voltava, rodopiava e jogava água para cima, Cruella não fazia nada além de navegar carregando seus amigos, nem sequer emitia sons ou bolhas, fazia realmente um bom papel de bote inflável, assim o curto caminho se tornou grande, o tempo relativo somado ao tédio transformara dez minutos em uma hora na escala temporal sensitiva, porém, como uma hora teriam que chegar, finalmente pisam a terra firme, enfim Shoal Cave.
A caverna era uma extensa, porém baixa, porção de terra sobre o mar, alguns diziam que se tratava de um gigante iceberg que descongelou, outros falavam que era uma obra encadeada por falhas geológicas, mas a verdade é que ninguém sabia ao certo, q local estava ali a anos mas treinadores tomaram esta região de uma forma tão grotesca e rápida que cientistas foram praticamente barrados de estuda-la. As descrições são poucas, o material científico também, histórias de pescadores não passavam de balela, a verdade é que ali era, de fato, desconhecido.

Na primeira impressão Nicholas já podia perceber que, se encontrou terra firme antes mesmo de entrar no túnel, a maré estava baixa; talvez decorrente da atual calmaria.