「Lonely Day」 Route 117

Off: Oi, espero que seja divertido pra gente!

Após reparar a presença que se aproximava daquela salinha, Timothy resolveu omitir-se da interação. Ele conseguia sentir aquela aura perto de si, que parecia apenas assisti-lo a uma certa distância. Ele continuou a fingir o próprio sono, até que o seu cérebro o tomou de assalto e fez com que ele apagasse novamente, dormindo por mais algumas horas sem nem perceber. Como que num flash, ele despertou novamente, mas o lugar havia mudado drasticamente.

Ao abrir os olhos, o menino pode ver que aquele lugar era definitivamente mais claro, iluminado e, principalmente, bem mais arejado. O frio de trincar os dentes que havia o feito desmaiar havia sumido, e era substituído pela brisa leve gerada pelas hélices de um ventilador. Ele estranhou a situação, mas não se sentiria surpreso se tudo aquilo tivesse sido só mais uma alucinação, ou um sonho. Já estava acostumado a esse tipo de devaneio bizarro. Mas parecia tão real...

O jovem se sentiu revitalizado com o sono. Apesar de não fazer ideia da sua situação física, já se sentia mais confortável. A vermelhidão de seus olhos havia sumido, e ele respirava com mais calma ao ouvir a porta ser batida novamente. Não gostava da situação, mas teria que enfrentá-la de novo. Ele simplesmente manteve os olhos abertos e aguardou para ver quem quer que fosse.

A figura que se formava à frente de Timothy revelava um senhor de idade, talvez o dono daquele local. Ele parecia formar o estereótipo comum do "velhinho"; roupas formais, bengala na mão, cabelos grisalhos e um cachecol que cobria o seu pescoço. A sua aproximação, apesar de inofensiva, ligou os instintos do moreno, que fazia questão de prezar por seu espaço.

Esses movimentos revelaram a si mesmo que o sono lhe fez bem. Logo, ele reparou que já conseguia se mover de forma relativamente normal, mesmo que ainda sobrasse um restolho de dor que ainda se manifestava. Afinal, a noção do tempo que havia dormido era inexistente, não havia relógio ou coisa do tipo à sua vista e, no mínimo, teria ascendido a um estágio mais avançado do dia. Mesmo assim, era muito bom saber que tinha o controle do próprio corpo de volta, e Timothy pretendia prezar por isso.

Ao ouvir as palavras do velho, o menino pode refletir acerca do que havia passado; aparentemente, a experiência que mais tinha parecido um sonho para a sua mente inquieta não passava de um mau entendido. O jovem havia sido simplesmente transportado de um recinto frio pra um lugar mais fresco enquanto tinha caído no sono novamente. Mas isso desencadeia outras perguntas muito pertinentes: Como eles tinham dois ambientes tão contrastantes no mesmo lugar? Aquele homem era o dono daquilo tudo? Por que ele estava tão preocupado em fazer o moreno ir embora logo?

Depois dessa torrente de pensamentos, Timothy reparou que precisava falar alguma coisa. Após ouvir as palavras do velho, ele levantou o tronco sem pressa, girou as pernas para fora da cama, pisou no chão e sentiu o toque dos seus sapatos no piso. Ainda se sentia zonzo depois de tanto tempo adormecido. Além disso, não demorou muito para que um rugido bestial ecoasse dentro do seu estômago, revelando que, de fato, ele dormiu o suficiente para que o seu relógio biológico cobrasse a reposição dos seus nutrientes. Ele preferiu deixar aquilo de lado, já que estava mais interessado em falar com aquele homem.

- Oi, obrigado pela ajuda. - Ela até queria pedir desculpas pelo ocorrido, mas não parecia conveniente naquele momento. Afinal, era um favor concedido por aquele homem. Mesmo assim, notou a indiferença do senhor, ao que ele simplesmente seguia seu caminho para ir embora daquele recinto. - Com licença, você pode me dizer aonde estão as minhas coisas? A minha mochila e tudo mais... - Enquanto isso, buscava tatear entre os bolsos e a cintura, tentando localizar os próprios pertences e as cápsulas de seus Pokémon. Aguardava por uma resposta daquele homem para poder pegar seus pertences e então seguir seu rumo.

Após a pergunta, o menino foi respondido de forma bem sucinta. Suas coisas estavam ali, e tinha um lanche para ele. É, parece que estava tudo bem. Apesar da pressa, aquele homem parecia bem intencionado e só queria que Timothy fosse para casa logo. Agora ele podia sair dali e voltar à sua programação, depois de dormir por dois dias...

... Dois dias!?

O menino não conseguiu esconder o espanto quando o senhor citou o período de tempo que ele passou dormindo. Os olhos esbugalharam enquanto o senhor deixava o local, realmente parecia indiferente com o cocorrido.

Sendo assim, não sobrava muito o que fazer para Timmy ali. Ele resolveu que simplesmente seguiria o seu caminho para fora do local. Ele pegou sua mochila ao lado da porta, guardou as poções que lhe foram concedidas e aquele lanche e resolveu sair do recinto, mas antes averiguaria o local que existia ali fora. Precisava reconhecer o local em que estava antes de desfrutar do alimento e voltar para a realidade. Afinal, já eram dois dias sumido, vai que alguém ficou preocupado?

Enfim, o menino sentiu um certo alívio ao ver que estava de fato no mesmo lugar de antes. Parecia realmente ter sofrido uma alucinação: aquele cenário congelado de antes havia simplesmente desaparecido, nem mesmo um sinal sequer daquele cenário que havia o levado ao chão. Afinal, será que tinha sido realmente só um sonho lúcido demais? O seu próprio corpo o fez apagar ali, estava pregando peças consigo mesmo?

Não tinha muita razão para pensar nisso profundamente. Timothy fitava casualmente a vegetação da rota e a porção de água no seu lado esquerdo, enquanto fazia questão de comer aos poucos a refeição que lhe fora concedida. Aos poucos, o rapaz dava pequenas mordiscadas e goles naquele lanche modesto, usava-os como uma pequena distração (e um alívio, seu estômago finalmente havia voltado a funcionar!) e ponderava sobre o que deveria fazer dali em diante.

Talvez voltar e repensar algumas coisas seria útil, já que ele parecia se sentir desnecessariamente perdido pouco tempo antes. Não condizia com tudo o que ele tinha vivido e aprendido naqueles meses por Hoenn e, principalmente, não fazia jus ao Timothy que ele mesmo almejava se tornar.

Seguia seu caminho naquele gramado verdejante, até sentir no fundo de seu campo auditivo um som longínquo que lhe chamou a atenção. O som quase inaudível despertava a sua curiosidade, já que uma nova instância se repetia em um arbusto próximo, e não dava visibilidade para o menino naquele momento. Pensou por um instante se as suas necessidade fisiológicas ainda não estariam pregando peças em si mesmo, o que o fez apressar o próprio lanche e enfiar tudo o que restava na própria boca para averiguar aquela perturbação. Não tinha muita certeza do que poderia ser, mas se sentia interessado.

Mastigações longas e pesadas acompanhavam os passos do garoto, ao que ele procurava se aproximar do arbusto para ver do que se tratava. Engoliu os últimos grãos que restavam e recobrou a compostura antes de seguir na direção em que o som se propagava.

Ao se aproximar, ele olha para um lado, olha para um outro, e não vê nada. Talvez realmente era por causa da fome, ou não. Ele olhava bem, até ia dentro do arbusto e mas não tinha ninguém ali. Era uma alucinação aparentemente. De qualquer forma, era melhor o mesmo acabar aquilo lá e ir logo para a cidade mais próxima, poderia ser aquilo tudo uma coisa séria!

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Aparentemente, de fato não era nada. Talvez sua mente realmente estivesse pregando peças. Timothy decidiu que deveria voltar para Mauville e verificar sua condição para então poder prosseguir. Afinal, havia uma copa chegando!

O jovem preparou o passo e seguiu de volta para Mauville.