Sinal ou não, o garoto decidira não tomar nenhuma atitude. Na verdade, agora percebia o quão bobo havia sido aquele pensamento. Era evidente que Poochyena estava apenas curioso, talvez pelo fato de o pequeno fantasma flutuar ao invés de andar, por suas cores ou mesmo por nunca ter visto aquela espécie antes, afinal, Misdreavus não era um Pokémon nativo de Hoenn, mas sim de Johto, como o Professor Birch informara ainda no laboratório juntamente com os golpes que ele era capaz de usar. Preferira então entreter seu companheiro inicial e assim fazê-lo não dar atenção para o canino, que provavelmente só continuaria a observar.
Apenas o ato de colocar o chapéu na cabeça foi o suficiente para que Zachary conseguisse o que queria: Misdreavus se voltara para ele e começara a dar voltas ao redor do utensílio, completamente fascinado. E como também já esperado, Poochyena os encarava com olhos repletos de curiosidade, mas se limitava à isso.
Tudo parecia tranquilo, até que, lá fora, o vento conseguira se provar mais forte que a vegetação, e o som de galhos sendo quebrados violentamente parecia ser audível à quilômetros. Fora mais que o suficiente para que Poochyena voltasse a ganir em desespero e dessa vez, Zachary e até mesmo Misdreavus o compreendiam.
— Ei Poochyena, eu sei que é assustador, mas nós estamos aqui, não precisa se desesperar... Veja, o Misdreavus não se desesperou...— Disse olhando para cima à fim de mirar o seu Pokémon que flutuava perto de chapéu e que apesar de não demonstrar, também parecia incomodado com o que se dava lá fora — Pode ficar tranquilo também.
Aquilo não havia chegado nem perto de uma tranquilização para o Pokémon acinzentado, que continuava a ganir. Ganido esse que de repente começara a ser acompanhado por uma espécie de grasnado raivoso em seus intervalos. Era óbvio que esse último som, por mais que também estivesse sendo emitido de dentro do tronco, não era produzido por nenhum dos dois Pokémons ali.
A suspeita que Zachary tivera de imediato se confirmou na mesma velocidade quando um pequeno pássaro apareceu na entrada do emaranhado de raízes. Era a andorinha que o garoto vira mais cedo, porém agora, sua penugem, por estar completamente molhada, se apresentava em um azul mais escuro e a tranquilidade em que dormia mais acima no tronco fora substituída fúria e uma certeza: ele iria atacar.
— Misdreavus, use o psywave! — O garoto dera a ordem de supetão e pegara seu Pokémon de surpresa, uma vez que ele parecia ainda não havia visto o pássaro enfurecido.
Zachary ainda não sabia muito bem sobre ataques, mas esperava que aquele fosse suficiente para lançar a ave para longe dali, já que se ela conseguisse de fato entrar no buraco – que mal cabia os três que lá já estavam - pronta para atacar como se mostrava, tinha certeza que seria um pandemônio e que as bicadas poderiam ser fatais.