Ficha - April μ Proudmore

April μ Proudmore

Cidade Natal: Sunyshore

Carreira: Treinadora

Idade: 18

Altura: 1,57m

Peso:  58kg

April tem uma estatura abaixo da média feminina comum, são um metro e cinquenta e sete distribuídos em um corpo que lhe deixa satisfeita com sua aparência, exceto pelo rótulo de baixinha. Possui lábios delicados e sobrancelhas mais escuras que os cabelos, de coloração platinada, que aliás, vão até a metade de suas costas.
Desde pequena tem uma tendência por tons mais opacos a contrastar com seus olhos violeta, como a escolha de vestimentas mais esvoaçantes, preferencialmente preto e azul escuro, ocasionalmente branco. Guarda em seu pescoço um colar prateado em formato de dragão. Não são como simples peças de vestuário, mas extensões de seu corpo e personalidade.

O interior de alguém é algo muito complicado de ser explicado em palavras, sendo essas traduções imperfeitas da matéria bruta: o sentimento. Assim, a humanidade recorre a inúmeras metáforas para fazê-lo. Para April, pode-se dizer que sua mente é como um quadro em branco de um navio naufragado após uma tempestade.
A jovem não sabe ao certo, mas algum acontecimento de sua infância a marcou de forma a mudar sua personalidade da mesma forma que um trilho de trem alterna para outro eixo. Em sua memória vem a lembrança de rápidos flashes, vultos de um Pokémon fada e outro dragão. Por alguma razão, sua memória saiu afetada, todavia, ganhou não apenas um espírito de coragem, liderança e proteção como também um incondicional amor pelos Pokémon tipo dragão.
Quase que uma obsessão, a jovem não perdia uma luta envolvendo seres dragônicos em sua cidade natal. Enquanto sua prima, Lynn, era muito mais sorridente e aberta, April criou em si um forte anseio por transformação e liberdade, pois para ela, de que alguma forma, certas coisas não estavam no seu lugar.
Quanto as pessoas e seu meio, a jovem de cabelos platinados sempre foi bem-educada e de fala polida, ainda que seus desejos fossem um caos completo, cujas medidas, entradas e saídas desse mundo destoante não lhe bem caíam.
April também é bem leal a aqueles que se entregam totalmente a mesma, podendo ser vingativa e de atos extremos caso traída. Para tal, sua companhia ideal é aquela que não vai desistir da mesma nunca, por mais que seu gênio seja complicado.
Não apenas isso, a filha única dos Proudmore também tem o grande sonho de se tornar a maior treinadora Pokémon que esse mundo já viu, tornando-se influente o suficiente para destruir tudo que já lhe fez mal no passado.

April nasceu na ensolarada Sunyshore, em um amanhecer de tempo fechado, garoando e ressoando o barulho dos pingos de chuva na janela do hospital. Sua mãe também fora criada lá, nunca saindo do continente. Seu pai, por outro lado, era nativo de Kanto, especificamente da cidade de Lavender, misteriosa cidade essa que moldou seu jeito excêntrico.
Apesar de discordarem em muitos pontos sobre a criação da garota, seus pais nunca chegaram a brigar feio. O pai, mais desenraizado, almejava dar toda a liberdade possível para a jovem, sonhando que viajasse o mundo como ele. Já sua mãe, era mais pé no chão, imaginando a vida da filha da mesma forma que seus avós: uma educação tradicional.
Quando pequena, era muito mais meiga e brincalhona do que na adolescência, fase que foi bombardeada com informações novas a respeito de seu passado e a sociedade num modo geral.
Infelizmente, April não chegou a conhecer muito bem o seu pai. Quando ele morreu, ela estava para completar três anos. Pouco entendia, mas foi a partir do dia de seu velório que a menina começou a ter visões estranhas.
Demoraria alguns anos para compreender, apenas aos dezesseis, quando na adolescência começou a investigar sua genealogia. Descobriu mais sobre sua parte paterna, que até então pouco sabia, pois, sua mãe, mesmo após anos, não havia superado a perda.
Ainda aos seis, presenciou um dragão selvagem sendo atacado por uma Granbull mãe enfurecida, que sentiu que sua prole estava ameaçada. April não sabia, mas aquele foi o ponto de partida para fazê-la se tornar uma fanática pelos dragon-type. Após a derrota do Pokémon, pôde se aproximar do gigante gentil. Contudo, suas visões paranormais transformaram esse acontecimento em um grande mito, algo que a trouxe uma motivação pessoal, porém, aparentemente nunca existiu, uma vez que tais lembranças foram substituídas por ruídos e sussurros misteriosos.
Seu pai era mais um daqueles garotos que ousaram se aventurar pelo mundo desde muito cedo. Mas não apenas isso, a cidade em que nasceu tinha algo em peculiar: incontáveis lendas de fantasmas que não se ouviam em nenhum outro lugar.
April não poderia ficar mais curiosa. Sabia que seu pai era um pouco fora dos padrões pelo que sua mãe havia lhe contado, apesar de ser um rapaz muito bonito e que morrera jovem. Qual teria sido a causa a o fazer ir embora do mundo dos vivos? Isso era muito estranho, sua mãe a disse certa vez que ele era muito forte e saudável... até o momento que se foi.
As coisas não pareciam se encaixar. Como um homem de trinta e poucos anos faleceria sem mais nem menos? Tudo lhe parecia muito estranho: a cidade, a idade, as circunstâncias desconhecidas, sua saúde, etc. A jovem estava para enlouquecer, porém, não desistiu.
Era momento para procurar nas coisas de seu pai, que ficavam guardados num quartinho trancado da casa. O melhor momento para isso ser feito era enquanto sua mãe estivesse fora de casa, trabalhando. April não hesitou nem um pouco, foi procurar a chave nas coisas da mãe e encontrou o que seria um chaveiro que nunca havia visto antes, velho, prateado e empoeirado.
Com o coração na mão, mas muito confiante, girou aquela fechadura que parecia nunca se abrir. Foram os segundos mais longos de sua vida, e o que encontraria estava para marcar sua vida para sempre.
À primeira vista, não encontrou nada de demais, apenas uma Pokébola vazia e várias Spell Tag com escritas indecifráveis. Aquilo sem dúvidas pertencia ao seu pai. Era muito estranho, afinal, um treinador viajante não ter nenhum Pokémon em mãos. Qual seria seu paradeiro?
Por alguns segundos, April colocou uma das faixas sobre a Pokébola e analisou por alguns segundos, até que uma voz fantasmagórica invadiu sua cabeça. Ela não falava na língua dos humanos, a jovem não saberia transcrever o que ouviu, mas tudo fazia sentido na sua mente.
“Eu não fui capaz de pará-lo”
Imagens tomaram conta de sua mente, eram rápidas demais para entender o acontecimento como um todo, mas jamais poderia esquecê-las. Observou um homem bonito, de cabelo platinado, com aparente rigor físico, cair no chão como fruta madura, rendendo sua vida.
À sua volta, spell tags flutuavam no que parecia ser um ritual de magia negra. Não havia dúvidas, o homem era seu pai, e ele estava oferecendo sua vida em troca de alguma coisa, mas o que? Interessante que April enxergava através dos olhos de um Pokémon a flutuar, coisa que ocorria com certa frequência em seus sonhos quando era menor. Entretanto, não era possível ver o corpo do Pokémon, que parecia tentar impedir o homem de fazer aquilo.
As visões finalmente pararam. April ofegou por um minuto enquanto pensava em um motivo para aquela loucura estar a acontecer com ela, parecia um pesadelo do qual ela não conseguia acordar. Sua mãe em breve chegaria, precisava ser muito breve.
Antes de trancar a porta, deu uma última averiguada, encontrou também uma foto de família que nunca tinha visto, com April ainda bebê no colo dos dois pais. Uma carta de despedida do senhor Proudmore, como se soubesse que aquelas eram suas últimas horas, e itens menores que pediu que entregasse a filha quando essa estivesse pronta.
A caligrafia da carta era a mesma das spell tags, ambas manchadas com pequenas quantidades de sangue, provavelmente de sua mão. Anexa a carta, seu último presente: um passaporte para Hoenn destinado sua filha, no desejo que ela vivesse grandes momentos tais como o pai viveu.
Transtornada e de cabeça cheia, a garota respirou fundo, trancou a porta mais uma vez, respirou fundo e guardou a chave no lugar, mas não deixou o passe continental de lado. April precisava ser forte, com alguns requintes de frieza, para confrontar sua mãe.
Pontual como sempre, o relógio bateu seis horas e sua genitora chegava de um dia difícil de trabalho. Sua filha estava sentada no sofá, atenta a aguardá-la por minutos.
— Mãe? Eu estava te esperando.
Após um suspiro infido, balançou a cabeça em negação, não no desejo de machucá-la, mas na necessidade de fazer sua vontade valer com firmeza por uma vez na eternidade.
Perguntou-a sobre o que viu naquela sala, a mãe, confusa, não sabia o que lhe responder. Como ela sabia de tantos detalhes? Planejava contar isso quando ela fosse mais velha, aquilo não estava funcionando conforme seus planos.
— Bem, acredito que não posso esconder isso mais de você. Você sabe que seu pai era um treinador diferente. Seu Pokémon inicial era um fantasma que o acompanhava, talvez por isso, por influência de ter nascido numa cidade famosa por seu cemitério ou, sabe-se-lá-o-que fez ele se interessar tanto pelo poder oculto dos Pokémon desse tipo.
— E o que isso tem a ver com sua morte?
— Me dê um tempo, a história é um pouco longa. - Engoliu seco. — Em resumo, eu conheci ele em sua viagem por Sinnoh e o fiz ficar. Não me sentia bem com isso, parecia que ele estava acorrentado a mim, uma pessoa tão livre do jeito que era. Mas ele havia concordado com tudo isso, concordado de permanecer comigo...
April virou a cabeça por um instante, prestanto mais atenção.
— Mas isso não era tudo. Tive que o convencer a largar seus “interesses” pelos fantasmas, aquilo eventualmente poderia lhe trazer problemas, e de fato trouxe. Antes de você completar dois anos, eu estava muito doente, em um avançado estado. Meu cabelo havia começado a cair e eu não tinha forças para quase nada. Foi aí que seu pai fez aquilo. — sua voz tremulou na última palavra.
— E o que era “aquilo”?
— Eu não sabia, mas ele usou o poder de seu Pokémon para dar sua vida, por mim. Quando acordei naquela manhã, encontrei seu corpo esparramado no jardim, frio, mole, sem batimentos. April, eu nunca me perdoei por isso. Era para ele estar aqui, te ensinando a observar estrelas, fazer bolo de chocolate... Não eu... Ele era tão bonito, April, parecido com você... — A mãe não conseguiu se conter e encharcou sua face, bastante consternada por algo que não estava em seu alcance de impedir.
April manteve-se calada por alguns segundos, mas foi ao seu abraço. Sua mãe entendia que ela em breve partiria, não era mais a menininha assustada com fadas e insetos de antes, precisava buscar respostas, as suas próprias.
Dessa forma, a senhorita Proudmore abdicou de seu jeito ingênuo de outrora, da rotina de brincadeiras sem fim com a prima e da comida caseira que tanto gostava para realizar seu grande sonho, não apenas obter holofotes e poder, mas a realização de estar ao lado do tipo de criaturas que julga como as mais puras: Pokémon, que conseguem tanto amor transmitir sem nenhuma palavra pronunciar.
April tinha a consciência de que não apenas tinha que se tornar forte, mas também se encontrar por completo e dar orgulho a seus pais. Dentro de si, sabia que seu companheiro fantasmagórico ainda estava a seu lado em algum lugar, seguindo-a, então, precisava tornar-se forte o suficiente para poder com ele se encontrar e, quem sabe, capturar o antigo Pokémon de seu pai.