n.2 Snake Oil

Era um combate nervoso, cheio de indecisões e julgamentos lançados à sorte. Grimer estava cada vez mais esguio e dificultando ainda mais a boa visão de Scizor, enquanto se debatia para tentar causar o máximo de dano que conseguisse sobre aquela Pokémon. Era insano. Insano pois o triunfo escarlate de Johan não parecia se preocupar com os danos infligidos ao seu corpo. Parecia apenas focar-se em derrotar o seu oponente. Mesmo que estivesse cheia de efeitos que degradassem sua visão, e com Grimer tão diminuto que ficava difícil até mesmo para os treinadores enxergarem sua existência, tão pequena e tão minúscula, parecia que estava se escondendo. Será que estaria mesmo? Escondendo-se de um predador nato. Tentando o máximo possível atrasar aquele predador para que sua vida não chegasse ao fim.

Um fim. As grandes garras de Scizor poderiam ser realmente o fim de Grimer. Contudo, a resiliência da presa em tentar sobreviver também era tamanha. Era uma batalha entre presa e predador. Johan mal podia esperar para ver o desenrolar dela. Sairia o predador, Scizor, um triunfo escarlate, vencedora? Ou deveria ser Grimer, aquele que estava se escondendo e danificando pouco à pouco o seu inimigo, na esperança de que sobreviveria mais um dia para contar sua história? Era impactante. Palpitante. Os nervos estavam a flor da pele. Johan mordia um de seus lábios, tentando controlar com a situação. Precisava continuar raciocinando. O que deveria fazer? Deveria continuar com um ataque brutal ou melhorar suas chances para o clímax daquela batalha? Já estava tão próximo.

A mente de Johan parecia estar ficando cada vez mais sádica com aquela batalha. Ele sentia que fazia Grimer sentir o terror e a angústia de ser perseguido. De continuar a ser perseguido, procurado, escondendo-se de um predador, escondendo-se de seu fim. Era como uma tortura. O treinador selvagem sentia-se bem com a situação. Seus marcantes olhos famintos não pareciam perder um instante mal contado da luta. Era como se ele estivesse tomando o papel de predador, junto de Scizor, esperando para encontrar Grimer e por um fim àquele combate.

— Vamos continuar com sequências de Bullet Punch, se ela tentar cancelar o movimento, substitua o último por Pursuit! — Insistia o treinador, animado.

Em meio aos gritos de ordens direcionadas ao combatentes, talvez algum inspiração pudesse vir para aqueles que predavam e finalmente finalizar a presa. Ou poderia a presa, com toda sua resiliência e covardia, sair vitoriosa? Suas táticas de ocultação eram interessantes. Mas, ainda assim, Johan acreditava que sua Scizor, seu triunfo vermelho, realmente viria a ser o vencedor da partida.

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E, enfim, era dado um desfecho naquele combate angustiante. O predador pareceu ter sido o vencedor. A presa não pode fazer mais nada a não ser esperar pelo derradeiro momento da finalização. As garras metálicas, brilhantes e lustrosas do triunfo escarlate haviam vencido novamente. Com mais um movimento, um soco metálico certeiro, como a bala de uma pistola, atingiu Grimer com tudo, e foi o suficiente para fazer com que ele ficasse desacordado. Scizor poderia continuar a ataca-lo, mas pelo visto, Johan estava satisfeito com a batalha. A menina recolhia o seu Pokémon derrotado, enquanto Johan sentia-se extasiado com o fim daquele combate. Havia sido o vitorioso. Isso provava que seus Pokémon estavam em boas condições, e o potencial deles era enorme. O de Scizor era, com toda a certeza, o melhor. Ela era realmente o triunfo escarlate de Johan. Não poderia ter pedido por uma combatente mais poderosa do que aquela.

— Bom trabalho, Scizor. Você, novamente, provou que é uma excelente combatente. — Parabenizou o treinador.

Com tudo aquilo em mente, e ouvindo as palavras de sua subjugada oponente, ele não fez mais do que retornar sua Scizor para dentro da Great Ball. Ignorou suas palavras, apenas deixando um sorriso malicioso para trás. Após isso, virou-se para as portas que ainda o aguardavam. Sem pensar muito, pegaria a porta A, continuando preparado para o que quer que viesse.

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Johan adentrava uma nova sala ao escolher a porta A. Era uma sala quase que completamente diferente da anterior. Ela tinha um ambiente selvagem, com várias árvores e uma vegetação alta, e tudo parecia ser natural, exceto pela luz artificial que vinha de cima, com enormes holofotes iluminando o local. Certamente, a tal Lucy parecia ser uma mulher com gostos de alguém que gostava de uma vida noturna. O local tinha um teto alto e as paredes, confinando quem quer que estivesse ali dentro, eram visíveis ao fundo. O treinador continuou a caminhar, atento para qualquer movimento estranho que pudesse surgir naquela sala. Estava esperto, astuto. Sentia que havia alguma coisa de errado, a sala ainda não havia apresentado nenhum tipo de desafio ainda. e sempre havia uma calmaria antes da tempestade.

Repentinamente, ele avista um certo risco vermelho no ar. Ficou em posição de batalha, levando as mãos até a Great Ball de Scizor e esperando. Seus olhos estavam focados naquele risco. A medida que ele se movia, o corpo que pertencia ao risco vermelho começava a surgir. Ou melhor, o risco vermelho pertencia à um corpo. Ao fim, um Pokémon se revelou, de coloração verde, aparência peculiar, exótica. Johan sorriu. Conhecia aquela peça. Um Kecleon. Ele reconhecia da época em que havia sido um contrabandista. Era um Pokémon valioso, de certa forma, difícil de ser capturado. Valia muito no mercado negro. Infelizmente, ele não poderia ter a oportunidade de ter um desses Pokémon, por conta das regras e dispositivos do próprio Battle Pike, mas ficaria muito satisfeito em poder derrotá-lo. Trocou a sua Poké Ball, pegando uma outra que poderia vir à ser útil.

Lançaria, então, o seu Magnemite. Era outro Pokémon que não havia utilizado muito. Na verdade, nunca havia utilizado ele em momento algum. Talvez pudesse se tornar interessante, futuramente. Porém, seu trabalho naquela batalha não era tão grande assim, Johan tinha um certo dever para ele.

— Magnemite, comece utilizando um Thunder Wave e prossiga com um Supersonic! — Ordenaria ele.

Esperava que ocorresse tudo bem. Magnemite poderia vir a ser um Pokémon mais veloz do que Kecleon, e teria um importante papel em fazer com que o oponente ficasse paralisado, para que não pudesse fazer muito além de receber danos e tentar contra-atacar. Era uma estratégia interessante: se seu alvo consegue se movimentar, corte-lhe as pernas e ele se tornará tão vulnerável quanto. Era ótimo. Além disso, a confusão poderia facilitar para a batalha também, uma vez que, naquele Battle Pike, as batalhas não pareciam fáceis de maneira alguma. Cabia agora a Johan esperar o resultado da primeira leva de movimentos.

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Johan sentia-se um tanto quanto com sorte. Duvidava que, com seu encontro entre si e Magnemite,ele pudesse fazer algo realmente útil para ele. Seria importante que aquela onda relampejante do magneto acertasse o camaleão e lhe desse de vez a paralisia que merecia. E realmente funcionou. Magnemite, energizando seus imãs, prendeu Kecleon em uma paralisia de seu corpo, fazendo com que ele ficasse sem se mover pelos 2 turnos que se passaram. Johan achara ótimo. Agora poderia tirar pelas partes. O método mais doloroso, quão impiedoso é você, óh, Imperador do Inferno? Hell Kaiser? Seria mesmo, ele, Hell Kaiser? Naquele estado degradado? Impossível. Como.... como... .... como poderia ser... o IMperadOr dO InfErNo? Naquele estado, Hell Kaiser Johan focava-se somente em sua batalha. A derrota daquele Kecleon seria somente mais uma simples pedra em seu caminho. Ele ainda não era o tão poderoso Hell Kaiser. Mas, certamente, o treinador selvagem, com olhos famintos, um sorriso deturpado, torto e malicioso, de dentes afiados e uma sombria visão sobre o mundo. Em continuação, Magnemite ignorava completamente as ordens. Kecleon continuava com seu corpo sem que pudesse fazer nada.

Em continuação, agora ele deveria tentar causar algum dano no selvagem para continuar a batalha. Johan deu um sorriso selvagem. Suas pupilas contraíram-se. Precisava fazer com que Magnemite atendesse às ordens. Deveria realmente se dar ao trabalho de continuar com aquele Magnemite, ou retirá-lo de sua equipe? Em continuação, ele esperava dar o seu melhor. Era necessário. Era o que era preciso para continuar a sua seguida pelo caminho. Johan Hyde, então, colocava o seu plano mirabolante em ação.

— Magnemite, ouça! Mesmo que nosso encontro não tenha sido tão agradável, você ainda precisa de mim enquanto estiver comigo, e eu preciso de você. Que tal um trato? Vamos fazer um acordo. Conversamos no fim da batalha, combinado? — Dizia Johan, com um sorriso confiante e com um pequeno, quase imperceptível, brilho de malicia em seu olhar. Açular o rebelde seria interessante. Talvez uma aposta? — Vamos continuar, utilize um Supersonic e prossiga com um Thunder Shock!!

Era a melhor opção. Não iria perder tempo. Acreditava que tentar omitir alguns fatos não seria problema nenhum. Apenas algumas palavras mal colocadas, não é mesmo? Agora, era hora de observar o desenrolar do combate.

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Magnemite pareceu não se importar muito com as palavras do treinador. Que desinteressante. Não tinha aspiração alguma na vida, vontade alguma. Seria ele realmente útil? Johan continuava a pensar sobre o que ele deveria fazer. Provavelmente aquele Magnemite só serviria para aquela batalha e depois poderia ser facilmente descartado. Que piada. Já havia feito mais do que o necessário para ele mesmo. Isso era somente o necessário. O seu potencial, em suma, era mínimo. Pútrido. Que lástima. Mas, não havia muito o que fazer. Haviam momentos em que coisas dessa magnitude aconteciam. Era plausível não possuir nenhuma vontade, nenhuma aspiração, não possuir nada. Na verdade, é isso que rege a maioria dos seres. O vazio.

Continuando a batalha, Magnemite deveria durar mais um movimento. Não era tão poderoso assim. Serviria pra um ataque ou outro se tudo desse certo. Na pior das hipóteses, acabaria por desmaiar.

— Magnemite, duplo Tackle.

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