Mais um dia estressante de trabalho chega ao fim, para o meu alívio. Pode parecer estranho, mas essa era a parte mais estressante para mim: a papelada. Quando eu estou no tribunal, meu sangue está fervendo e eu não tenho muito tempo para pensar nas consequências. É argumento atrás de argumento e meu cérebro está completamente focado em desarmar cada truque da defesa. Mas aqui eu tenho tempo demais, nesta pequena sala com essa infinidade de documentos. Aqui eu sou atormentado por cada destino que eu ajudei a traçar.
Preenchendo formulário atrás de formulário no modo automático, minha mente viaja até meu filho sozinho com seu pai na cidade de Laverre. Espero que ele esteja bem vivendo com aquele imprestável. Fecho os olhos e por alguns instantes consigo imaginar perfeitamente como é estar com ele. Abro os olhos e eu estou em seu quarto.
Will está sentado, distraído brincando de carrinho. Brincando comigo. Na minha mão, uma pequena moto de brinquedo lilás que ele tinha ganhado de Natal da irmã do meu ex, sua tia Clara. Traço no ar um movimento errático com a moto enquanto noto a bagunça ao meu redor. Um prato com migalhas de bolo em cima da cama, uma porção de miniaturas de Pokémon espalhadas pelo chão e uma pilha de roupa suja jogada em cima do puff. Tudo fora de ordem como sempre e não é ele quem vai arrumar. Deixo a moto jogada no chão e me levanto, pegando o prato enquanto me preparo para sair.
- Papai vai fazer a janta, Will. Quando eu voltar eu quero esses brinquedos no lugar! - disse com meu tom meio descontraído e meio autoritário. Ele era uma boa criança, só era muito desorganizado.
- Não me deixe sozinho, papai. - ele respondeu numa voz gélida de cortar o coração - Não me deixe... - completou choroso.
Então se desfez em uma névoa roxa na minha frente e essa névoa se expandia e encobria todo o quarto. Queimava minha pele e eu não consegui respirar. Ardia bastante, mas eu resistia. Sabia o que viria a seguir.
- M...me... salv...
Acordei suando frio. O pesadelo era diferente, mas todos acabavam do mesmo jeito. Um pedido de ajuda. A cada dia que passava, começava a pensar que esse pedido era real. Que de algum modo, Will conseguia se comunicar comigo em meus sonhos. A cada noite, sua voz era mais fraca. Antes ele falava frases inteiras, mesmo que desconexas. Agora ele mal consegue concluir seu pedido de ajuda.
Levei a mão a cabeça. Estava meio confuso. O barulho do mar ao longe me ajudou a me localizar. Slateport. Estou em Hoenn. Tinha acabado de chegar no continente e aluguei uma pequena cabana na parte costeira da cidade. Era uma área mais deserta, sem muita agitação. Pessoas demais tem me deixado ansioso ultimamente. Infelizmente eu precisava delas. Precisava de informações.
Comecei a me arrumar para sair. Enquanto vestia minhas roupas confortáveis e meio desgastadas de sempre, começava a me preparar para o contato humano. Hoje eu ia tentar conseguir mais informações sobre a especialista dos tipos fantasma dessa região. Não sei nem o nome ou cidade, só sei que é uma mulher e que talvez ela possa me ajudar.
Parei de perguntar sobre o Mundo Fantasma quando as pessoas começaram a achar que eu estava louco. Não me levava a lugar nenhum de qualquer jeito. As pessoas normais podiam se dar o luxo de viver suas vidas completamente alheias a qualquer coisa mais complexa do que eles precisariam comer no jantar. Eu não sou mais normal. Estou bem quebrado e sei disso. Mas eu também sei a única coisa que pode me consertar. Meu pequeno Will.
Amarro meus sapatos, libero meu pequeno Phantump, que boceja antes de abrir os olhos, e saio em direção a feira. É um dos lugares mais movimentados da cidade e alguém lá deve conhecer essa tal especialista.
- Vamos, Azrael. - chamo o Phantump - Precisamos salvar Will.
Preenchendo formulário atrás de formulário no modo automático, minha mente viaja até meu filho sozinho com seu pai na cidade de Laverre. Espero que ele esteja bem vivendo com aquele imprestável. Fecho os olhos e por alguns instantes consigo imaginar perfeitamente como é estar com ele. Abro os olhos e eu estou em seu quarto.
Will está sentado, distraído brincando de carrinho. Brincando comigo. Na minha mão, uma pequena moto de brinquedo lilás que ele tinha ganhado de Natal da irmã do meu ex, sua tia Clara. Traço no ar um movimento errático com a moto enquanto noto a bagunça ao meu redor. Um prato com migalhas de bolo em cima da cama, uma porção de miniaturas de Pokémon espalhadas pelo chão e uma pilha de roupa suja jogada em cima do puff. Tudo fora de ordem como sempre e não é ele quem vai arrumar. Deixo a moto jogada no chão e me levanto, pegando o prato enquanto me preparo para sair.
- Papai vai fazer a janta, Will. Quando eu voltar eu quero esses brinquedos no lugar! - disse com meu tom meio descontraído e meio autoritário. Ele era uma boa criança, só era muito desorganizado.
- Não me deixe sozinho, papai. - ele respondeu numa voz gélida de cortar o coração - Não me deixe... - completou choroso.
Então se desfez em uma névoa roxa na minha frente e essa névoa se expandia e encobria todo o quarto. Queimava minha pele e eu não consegui respirar. Ardia bastante, mas eu resistia. Sabia o que viria a seguir.
- M...me... salv...
Acordei suando frio. O pesadelo era diferente, mas todos acabavam do mesmo jeito. Um pedido de ajuda. A cada dia que passava, começava a pensar que esse pedido era real. Que de algum modo, Will conseguia se comunicar comigo em meus sonhos. A cada noite, sua voz era mais fraca. Antes ele falava frases inteiras, mesmo que desconexas. Agora ele mal consegue concluir seu pedido de ajuda.
Levei a mão a cabeça. Estava meio confuso. O barulho do mar ao longe me ajudou a me localizar. Slateport. Estou em Hoenn. Tinha acabado de chegar no continente e aluguei uma pequena cabana na parte costeira da cidade. Era uma área mais deserta, sem muita agitação. Pessoas demais tem me deixado ansioso ultimamente. Infelizmente eu precisava delas. Precisava de informações.
Comecei a me arrumar para sair. Enquanto vestia minhas roupas confortáveis e meio desgastadas de sempre, começava a me preparar para o contato humano. Hoje eu ia tentar conseguir mais informações sobre a especialista dos tipos fantasma dessa região. Não sei nem o nome ou cidade, só sei que é uma mulher e que talvez ela possa me ajudar.
Parei de perguntar sobre o Mundo Fantasma quando as pessoas começaram a achar que eu estava louco. Não me levava a lugar nenhum de qualquer jeito. As pessoas normais podiam se dar o luxo de viver suas vidas completamente alheias a qualquer coisa mais complexa do que eles precisariam comer no jantar. Eu não sou mais normal. Estou bem quebrado e sei disso. Mas eu também sei a única coisa que pode me consertar. Meu pequeno Will.
Amarro meus sapatos, libero meu pequeno Phantump, que boceja antes de abrir os olhos, e saio em direção a feira. É um dos lugares mais movimentados da cidade e alguém lá deve conhecer essa tal especialista.
- Vamos, Azrael. - chamo o Phantump - Precisamos salvar Will.