Capítulo 002- Brilhe, Magnemite!! e

Seguindo o conselho de um conhecido, lá ia o jovem Ryo, através da vasta pradaria da Route 102 em busca de algum parceiro que lhe auxiliasse em seu primeiro desafio de ginásio. - E ao fim de tal captura, estaria ele preparado ou não? Bom, talvez descobriremos. - Por sorte, o jovem havia feito uma bela escolha ao prosseguir por aquela rota em específico, vez que seu ambiente não parecia demonstrar grande perigo: Era simplesmente um local pacato em que um treinador iniciante poderia treinar, aprimorar-se, e quem sabe, fazer novas amizades, sem ter de enfrentar maiores dificuldades em seu caminho. Além de que, certamente há um lago de água cristalina e refrescante mais ao norte da rota, apesar de ainda demorar um pouco mais para que o rapaz o alcance.

Seguindo a nordeste, o rapaz pôde observar que aquele lugar era realmente tranquilo. A grama crescia sobre seus pés em um tamanho consideravelmente baixo, em uma coloração verde revigorante e cheia de vida, ainda um tanto húmida por conta de resquícios do orvalho da manha que persistia em habitar sobre sua superfície. Diversas árvores mostravam-se presente pelo ambiente no qual se encontrava, por vezes, vendo pequeninos Taillow a levantarem voo quando notavam a presença do treinador, voando até se perderem do campo de visão do treinador. Podia ser dito também que, apesar do horário, o sol já brilhava sobre sua cabeça e era notável que seria mais um belo dia de calor insuportável. Talvez um mergulho no lago local, caso o jovem desejasse, não fosse uma má ideia ao final.

Eis que, enquanto o jovem caminhava pelas pradarias, algo surgia à sua visão. A alguns passos de distância, parecia haver o início de uma caminho de terra, coberto por cascalhos branco-perolados. E logo a seu início, estava um jovem rapaz de cabelos cor de palha, a bater sobre uma placa com uma pequena marretinha, como se estivesse colocando-a pela primeira vez naquele local; a placa era consideravelmente nova e estava pintada em uma cor branca, com a escrita em tinta preta. O que ela indicaria? Iria o jovem seguir aquele caminho de belas pedras ou seguiria por si mesmo rumo a nordeste? Bom, até mesmo nisso aquela rota não parecia ofertar grande dificuldade, afinal, era uma simples escolha... Ou não?

Fazendo uso de bom-senso e determinação em continuar pelo caminho que tinha em sua cabeça, o jovem optara por não seguir aquele caminho de cascalhos, deixando-o para trás enquanto prosseguia em frente pela extensa pradaria da Route 102. Fora uma escolha bem pensada, de forma que mantinha-se focado em seu objetivo principal por ali, apesar de não saber exatamente a que aquele caminho o levaria, estava sendo leal a si mesmo. Uma atitude louvável. De qualquer forma, enquanto o rapaz prosseguia por seu trajeto, o cenário a seu redor não parecia receber grandes alterações; as árvores aparentavam ser todas iguais, a única diferença era que quanto a mais a nordeste se seguia, mais flores parecia crescer em meio à natureza, espalhando um doce aroma silvestre pelo ar a seu redor.

Eis que, enquanto caminhava, pela grama baixa que se fazia presente pelo caminho do rapaz, algo a mais no cenário poderia indicar algum interesse pelo jovem treinador. Mas seria isso capaz de fazê-lo desviar de seu trajeto original? Próximos a uma arvore qualquer encontrava-se um divertido trio de monstrinhos. Estavam sobre a sombra da árvore três Taillows, que pareciam divertir-se enquanto disputavam por um simples graveto seco. Por vezes, um dos pequeninos conseguia se desvencilhar dos demais, mas logo vinha outro e lhe roubava o graveto; até que este era capturado novamente pelo terceiro monstrinho e assim se seguia em um ciclo. Por mais que parecesse, por momentos, um verdadeiro combate, os três pareciam agir com tranquilidade, era uma disputa amigável.

Desta feita, os Taillow não apresentavam perigo algum ao rapaz, que assim como a pouco, tinha mais uma escolha a se fazer. Seguiria em frente, ignorando-os, ou permitiria-se a perder algum tempo com os pequenos? Bom, a vida era feita de escolhas, não? Mas e se dentre de alguns instantes as escolhas feitas por Ryo fossem ter consequências maiores em sua aventura? O que a Route 102 guardava para o jovem em meio à seu cenário de paz e tranquilidade?

Eis que obedecendo os comandos de seu treinador o pequenino Magnemite logo início à suas ordens. Envolvera seu corpo em energia elétrica, sendo visível faíscas circularem-no, se preparando para, nos próximos instantes, liberar uma descarga elétrica sobre um dos pequenos voadores de Hoenn. Aparentemente Magnemite não era lá uma criatura dotada de grande velocidade; dando tempo suficiente para sacar sua Pokedex e a apontar na direção de Taillow, procurando assim alguma informação importante acerca de tal monstrinho. No momento seguinte surgira uma voz metálica que pronunciara ao mesmo tempo em que uma imagem surgira ao fundo.

TAILLOW - #276


NORMAL/FLYING

Taillows odeiam o frio. Eles migram a outras regiões em busca de calor, voando por mais de 180 (cento e oitenta) milhas por dia.

E ao fim de tal frase mecânica algo enfim acontecera. A energia elétrica de Magnemite fora enfim lançada contra um daqueles pequeninos voadores, mas o que se ouvira ao impacto fora certamente algo inesperado. Ouvira-se um forte grito... Um grito humano. Taillow caia ao chão com o poder da energia elétrica, algumas faíscas ainda a percorrer seu pequeno corpo. Não estava nocauteado, mas parecia fraco demais para contra-atacar. E foi aí que tudo se complicara. De trás das árvores próximas aos Taillows saíra uma figura inesperada pelo jovem. Se tratava de um homem aparentemente de meia idade, de um bigode bem tratado e de boina esverdeada a cobrir sua cabeça. - Ou simplesmente para esconder a calvice. - De qualquer forma, o homem não parecia muito feliz com o gesto realizado por Magnemite e seu treinador.

- CORTA, CORTA! - Bradara o homem, e então aos poucos outras pessoas pareciam surgir por trás das arvores. - Alguém pode cuidar de Taillow aqui, por favor? Melissa. - Estava os dedos, indicando o Taillow ferido. Os outros Taillows que restaram pareciam observar o jovem treinador um uma pontada de medo. No momento seguinte, uma garota surgira, não parecia ser muito velha, e provavelmente estava ali apenas para auxiliar, seja lá no que estava sendo feito por ali, e cumprindo sua função, logo envolvera o Taillow em um tecido e o levara para algum outro lugar. - O que pensa que está fazendo, atrapalhando minhas gravações, garoto? - O homem se dirigia finalmente ao jovem treinador. Sua voz não parecia arrogante, mas certamente desejava saber o motivo da presença do rapaz. - Não leu a placa lá atrás?

De braços cruzados e uma expressão facial bem expressiva homem ouvia atentamente a tudo que Ryo tinha para lhe dizer. E quando as falas do jovem enfim se findaram ele demonstrou uma brusca alteração em seu comportamento. Ora, afinal o rapazinho não estava ali para arruinar suas filmagens, era apenas mais um treinador a caminhar distraído, o que pela localização não era algo tão difícil de se apresentar. - Está tudo bem, está tudo bem. - Emitira ele, esboçando um fino sorriso em sua face naturalmente pálida e já ligeiramente manchada. Descruzara seus braços e se pusera a observá-lo mais um pouco, sua postura mais suave e tranquilo agora. - Não se preocupe, aparentemente nenhum dano irretratável ocorreu. - Completou o homem, desviando um rápido olhar a Melissa, sua aprendiz, que estava a cuidar do pequeno Taillow em uma pequenina bancada improvisada que havia por ali, escondida atrás de uma árvore.

- Enfim, como eu disse, nenhum dano parece ter ocorrido, meu jovem, então não acredito que tenha de fazer algo a se redimir... Mas, caso queira... Receber ajuda de um verdadeiro Treinador Pokémon para verificar a saúde destes Taillows, seria sempre bem-vinda. - Emitira ele, desviando mais um olhar para Melissa, que parecia bem atenciosa no tratamento do Taillow ferido, mas não tão experiente assim em tal área. - Você conhece bem esta espécie de pokémon? Taillow, o nome. Se não, seria um boa oportunidade para estudá-los e conhecê-los mais a perto também. - Continuara ele, enfim se virando ao restante de sua equipe.

- Faremos uma pausa de 15 minutos para que os Taillows possam descansar e se recuperarem. - Anunciava ele, levantando seus braços ao mesmo tempo em que muitos da equipe de trabalho também se puseram em uma posição mais descontraída, conversando um com os outros e largando suas câmeras e microfones. Contudo, o senhor girou em seus calcanhares uma vez mais, de forma a se por de frente a Ryo, para quem ele - De qualquer forma, a placa lá atrás dizia que estamos em filmagens, e que aquela trilha de cascalhos o levaria a um atalho até o lago local. Sinta-se a vontade para partir quando quiser, ou ficar, se assim pretender. - Terminara ele ao mesmo tempo em que um jovem rapaz também chegara à cena; o rapaz que Ryo vira martelando a placa lá atrás, ele carregava uma caixa de ferramentas e parecia ser o "Mão pra toda obra" daquele set de filmagem.

Decidindo permanecer no "estúdio" improvisado de filmagens, o jovem treinador seguia então na direção da garota que parecia cuidar do Taillow ferido. A garota trajava-se casualmente, um shorts tingido de uma coloração marrom, e uma camiseta de algodão. Ela parecia ligeiramente constrangida pela presença do jovem treinador a observá-la, porém manteve-se em silêncio até que o jovem terminasse suas falas; que foi quando ela finalmente se pôs a falar, revelado assim uma voz doce e fraca. - Ah, não se preocupe... Esta é a minha função por aqui. - Ao fim de sua fala, a garota começara a borrifar o conteúdo de um pequeno frasco sobre as asas e o corpinho da ave.

Melissa pegava a ponta de uma das asas de Taillow com as pontas de seus dedos e delicadamente as levantava, para poder borrifar o conteúdo também por baixo de suas asas. - Acredito que treinadores, como você, costumam usar Potions e Antidotes para estes casos, não? - Continuava ele, a falar um tanto distraída. - Eu prefiro usar o sumo de Berrys. Estas aqui, por exemplo, são Lum Berrys. Elas são frutinhas super especiais, capazes de curar a qualquer Status negativo de um pokémon, seja paralisia, envenenamento, queimaduras, e outras.- Ela terminava mostrando o frasquinho, agora quase vazio, mas que ao fundo ainda era visível uma mistura em cor esverdeada.

- Ah sim... Poderia expremer estas Oran Berrys? - Indicava a moça a um pequeno recipiente à frente do rapaz em que haviam algumas frutinhas azuladas. - Estas serão responsáveis pela recomposição da energia perdida por Taillow. Citrus Berry seria melhor, mas não consegui encontrá-las. - À frente do rapaz, ao lado do recipiente, também se encontrava uma pequenina faca, provavelmente utilizada para a tarefa designada ao jovem rapaz. - Apenas umas três Oran Berryes deve bastar. Se quiser... Se quiser pode ficar com o que restar; pode ser útil em sua jornada. Ah... Alias... Me chamo Melissa. - Terminava a jovem sua fala enquanto com uma toalha macia de algodão ela espalhava a substância pelo resto do corpo de Taillow, que parecia estar satisfeita com o tratamento que estava recebendo.