Um Magnemite defeituoso, um meteoro e um ruivo

Seria muito cômico se Nicholas tentasse fazer esta missão pela manhã; além de ter que gastar horas perambulando pela rota até dar o horário da seita, dificilmente veria o brilho meteórico a sua frente. Felizmente, ele não fez essa decisão: era quase fim de tarde quando o rapaz botou os pés na trilha que vai ao Monte Chimney.

Este caminho era o mais famoso até então: o mais bem sinalizado, repleto de transeuntes e mais seguro. Não passava carro, mas uma pequena ciclovia indicava a possibilidade de bicicletas e ciclomotores. Tudo parecia ir estranhamente bem e calmo; a maioria dos pedestres estavam voltando (fazendo o sentido contrário), salvo uma mulher andava um pouco na sua frente, com o ritmo um pouco mais rápido.

Quando reparou a presença de Nicholas, apressou o passo. Ou não, né?! Pode ser que ela tenha apressado o passo por outros motivos, mas fato é que ela apressou o passo & percebeu a presença de Nicholas. Como o rapaz sabe disso?! Bem, porque ela olhou para trás e encontrou os olhos do ruivo com o olhar.

No mais, nada demais. Quase todos os pedestres que passavam pelo Rocket lhe davam boa tarde ou boa noite.

Não, aquilo não era comum. Primeiro que não há racismo machismo taxismo no mundo pokémon, segundo que ninguém olharia para trás de forma tão obstinada se houvesse um receio da aparência de fulano ou cicrano. Percebendo que não era "apenas isso", Nicholas foi mais esperto e decidiu seguir um rastro para seguir; não só andar atrás dela ativamente.

Displicentemente largou Lucario e ficou um pouco para trás. Com uma distância segura (onde os olhos vêem e o ouvido não escuta), pediu para que a canina fizesse o que tinha que fazer. Murou os olhos, farejou um pouco e focou na aura daquela estranha, só que o que aconteceu lhe causou uma surpresa nítida.

Lucario simplesmente falhou.

Não que fosse muito incomum para um pokémon falhar; falhas acontecem. O problema é que naquele "esquema", ela não pretendia falhar. Era algo muito semelhante a "errar um golpe a 100% de ACC numa calculadora em um treino de narração". Seus olhos meio arredios e o cenho caído denunciou a Nicholas que algo ia errado, mas a canina não parou por ai. Deu uma corridinha a frente e atribuiu a distância o motivo de sua falha. Concentrou-se de novo, agora mais perto e em movimento e.. pff... nada.

Um pouco frustrada a pokémon farejou mais forte; em geral ela usa essa regra pra si: se pode sentir o cheiro, pode sentir a alma. O cheiro que lhe inundou o olfato foi algo que não era nem desagradável nem prazeroso, mas estranhamente inesperado: um cheiro de óleo. Que tipo de óleo? Não sabia dizer, mas era algo gordurento e escorregadio. Passou para Nicholas essa sensação, usando a aura que domina, então o treinador pôde entender mais ou menos a estranheza.

Agora, se olhasse melhor para a moça, veria que ela estava vestindo uma capa de chuva amarelo-desbotada, com o capuz jogado sobre os ombros. Seus cabelos pretos estavam levemente molhados e caiam sobre os seus ombros em todas as direções, inclusive para dentro do capuz. Suas pernas eram tampadas pela capa até a canela e nos pés o PISANTE era uma galocha.

Isso era relativamente estranho, visto que não estava chovendo. Claro, o clima não estava muito ensolarado - talvez pelo horário, talvez pelas nuvens no céu -, mas a sensação que dava era que, se fosse chover, seria apenas um chuviscozinho. "O cacau não iria cair", como dizem alguns...

Já mais distante, seguiu a mulher sem muitos problemas. Às vezes conseguia ver sua silhueta esguia e amarelada no horizonte, outras vezes o faro era a única coisa que lhe dava existência e materialidade. Cedo ou tarde sairiam da trilha e iriam em direção a mata densa, tornando a visibilidade ainda pior. Lilith, encucada com a situação estranha, parecia ainda mais motivada em alcançá-la ou, ao menos, ver de perto da coitada da moça que repentinamente foi seguida até a floresta. Infelizmente (ou não), seu treinador não parecia muito a fim de deixá-la se antecipar e se aproximar, ele parecia achar isso arriscado.

Num certo ponto, o rastro foi chegando ao fim. Sem mais vê-la, Lilith reparou que o fim da linha dava em um casebre de madeira que não devia ter mais que 4 m². Sua porta era laçada por uma corrente metálica grossa e um cadeado de robustez média. Nicholas poderia tentar abrir, mas não era um cadeado muito tranquilo de se destrancar.

A porta, por outro lado, não era nem um pouco robusta. Tinha por volta de dois metros de altura e a madeira estava claramente desgastada com o tempo, além de ter pequenas frestas entre as tábuas. O problema é que o restante do barraco estava tão acabado quanto a porta, fazendo com que aquele cadeado fosse quase inútil; se alguém quisesse arrombar, poderia fazê-lo sem muitos problemas logísticos.

Infos:

Você já deve imaginar como funciona. Depois de você falar o que vai fazer, se houver necessidade de um dado, eu jogarei um d100 pra você (ou dois, se tiver vantagem interpretativa),

A dificuldade da abertura do Cadeado é 75 de 100. A robustez da fechadura é média e só é possível dar dano se for maior ou igual a 15. O HP do Cadeado é 20, pode dar quantas porradas quiser não estamos em modo de turno. (Calculo é feito no mesmo level do Pokémon que vai atacar e com 120 de Def e SpDef de base)
O cadeado é imune a dano em área, tem desvantagem (baseado no calculo da calculadora) a dano Fight, Water e Fire e resistência a todos os outros.
A porta, por outro lado, tem HP 5 e robustez nenhuma, mas é impossível danificá-la sem danificar a estrutura do casebre, ao menos não diretamente.

Aceito qualquer recurso interpretativo, se realmente me agradar não precisaremos nem rodar o dado QQQQQ

É Lilith, não vai ser hoje que tu vai ter folga. Te Adoro usou um bocado de Ice Beam, teve até um excesso de cuidado e deixou que a Lucario desse um soco. Apesar de lutadora, ela não era muito habituada a dar socos e golpes "normais", visto que isso é mais coisa de humano que de pokémon, mas ela sabia o funcionamento, afinal de contas, sabe Bullet Punch.

No fim, deu uma espécie de Drain Punch desmotivado e sem o "drain". O golpe atravessou duas das três tábuas de madeira, fazendo com que fiapos caíssem no chão. Até então estava tudo certo, porém nem tudo que entra fácil sai fácil, né?! O buraco que o soco criou era um tico menor que a mão de Lilith, isso realmente acontece e eu não sei exatamente o porquê. Fato é que a garota ficou com a mão presa do outro lado da porta e precisou tirar.

Eu até fui pro Google procurar porque isso acontece mas não achei. Chuto que é pelo formato da nossa mão e ai o soco entra afunilando mas, quando sai, a base da mão não afunila e é mais difícil... ENFIM!!!! Quando ela puxou de volta o braço, trouxe consigo o restante das duas tábuas e as partiu no meio, fazendo com que a sustentação delas acabasse.

Sem as duas tábuas, Nicholas que é magrelo poderia se esgueirar por dentro do casebre sem problemas, guardando o Te Adoro na esfera e outros pokémons mais gordinhos. Enfim, enfim, enfim, ele CONSEGUIU! O problema não foi bem esse. O problema principal era que a estrutura em cima da porta começou a fazer uns barulhos diferentes. A sensação que o pinguim metálico tinha era que quando aquele gelo derretesse, provavelmente as coisas começariam a fazer crack crack e cair. Bom, é bom entrar logo então né?!

Já adianto, você não achará nada lá dentro além de um alçapão destrancado e uma mesinha com um lampião sem óleo e um livrinho pequeno. Da tempo de explorar isso antes da casa cair.

Ou o barraco desandar, ou o barco se perder e por ai vai...

Lilith sentiu que estava sendo usada de cobaia e teve um misto de emoção; em primeiro momento, se sentiu ofendida, num segundo, achou aquilo risível e num terceiro, percebeu o quão besteira era usá-la de cobaia para o que quer que fosse. Apesar do ciclo de emoções, parte do ressentimento ficou mas não foi dito em voz alta. Ao invés disso, a pokémon transformou a frustração em seu contrário, sendo uma excelente cobaia.

Desceu as escadas escuras e foi sorrateiramente até o chão, que era levemente iluminado por uma lâmpada. O alçapão dava para um corredor que terminaria num salão de tijolos sem reboco. Se apertassem os olhos veriam que no fim deste corredor (no batente da porta do salão) havia a moça que seguiram. Ela estava encostada na parede de forma despojada e relaxada, mas nada dizia.

O corredor era todo iluminado por luz elétrica, fazendo o marido da Maria Bonita soar obsoleto. Além disso, há duas outras coisas que Nicholas podia notar: a primeira era que havia um burburinho vindo do salão e ele prosseguia sem muitos problemas, provavelmente ninguém notou sua presença ainda; o segundo é que o livro tinha em sua capa uma silhueta de um Magnemite em dourado e tinha como título "Mecânica Avançada de Magnemites". Se folheasse um pouco, veria logo no prefácio que o livro falava brevemente do funcionamento do Magnemite mas que não se limitava a isso, afinal de contas, esses detalhes estavam no "Mecânica Básica de Magnemiates". Depois de rememorar o tema, o livro iria falar sobre as manipulações possíveis, as próteses e as descobertas ao redor do pokémon.