#003? - Na trilha do ouro.

Se queriam dinheiro, aquele era um caminho certo. Todos sabiam que aquele processo era ganho; todos, até quem não entende nada de direito como eu. Caminharam contornando a multidão, ainda seguidos da câmera, até conseguirem se afastar "demais" do foco central. Aquela era uma boa notícia; logo mais nossos repórteres iriam desistir, certo?! Pois é, parece que sim. Andaram por mais um quarteirão e, se olhassem para trás, nem Chico nem Renata estava por ali mais; ao menos não visível. Seria este o mísero momento de sorte dos nossos treinadores?! Parecia que sim. Tamanha era sorte que, ao fim do bloco, bem na esquina, um prédio alto se erguia! Olhá-lo de baixo-para-cima causava vertigens e o pouco que podiam expressar sobre sua magnitude era um curto "uau" deslumbrado. Ao menos era isso que a maioria dos turistas faziam ao vê-lo!

De fachada moderna, parede espelhada e portaria 24h, o prédio em questão era um "Central Bussiness" da vida, uma espécie de Wolrd Trade Center de Mountrock. Com sessenta e quatro andares, o prédio batia recordes e recordes de altura em prédio comercial e, como imaginado, altura total de construção não-turística. Era um polo de negócios e escritórios; completamente lotado de escritórios de países e empresas multinacionais. Ali tínhamos o centro de empresas de jogos, de itens, de serviços de streaming, de emissoras, de setores juristas e outras tantas! Mas é claro que, onde tem embate de pessoa-jurídica, há andares e mais andares de escritórios de advocacia. Não seria difícil processar uma empresa ali: além do inimigo estar só à alguns andares de distância, estariam também a mercê de toda a necessidade jurídico ali por perto.

Logo na entrada, três seguranças bem mal-encarados. Ao fundo uma pequena planilha de lugares; completamente digital. Um telão que mais parecia um espelho projetava as especialidades dos andares e cobrava do usuário a atenção total! Ali, bem naquele painel extramemente sofisticado, trínhamos a informação que precisavam: escritórios de advocacia ocupavam o quinquagésimo andar até o quinquagésimo oitavo.

Era claro que nossos protagonistas não iriam parar por ali. Entraram no prédio lógico e logo foram recebido com olhares. Ok, eles eram treinadores. Ok, eles também eram novos. Isso era mais que o suficiente para que grande parte do corpo de segurança ficasse com um pé atrás; o que esses pirralhos querem por aqui?! Ouviram a indagação de Daisuke com um misto de desconfiança e graça; um deles ao fundo até esboçou um sorriso careta que deixou escapar. Era claro que o mais à frente era também o mais sério. Ele que ouvira toda a súplica e respondeu... a altura? Definitivamente não, ainda assim, uma resposta:
- Para que?! - Fora a primeira pergunta do homem, até ouvir a afirmação da moça ao fundo, que parecia não só mais elegante como também mais esperta - De fato, é vago. Se quer processar alguém por propaganda, ou ainda uma empresa por plágio, você está no lugar certo mas... digamos que qualquer um pode fazer isso por vocês. Se não me explicar porque estão aqui, fica difícil ajudar.

Era estranha a forma não receptiva que o segurança-recepcionista se portava. Seu braço cruzado denunciava um jeito pouco aberto de conversar e a fala por si só não fora muito convidativa. Não fora ríspido ou enxotara nossos dois amigos, ainda assim, não ajudara em absolutamente nada. Talvez após um esclarecimento, tudo fique mais simples, não é?!

Bem, nenhum outro membro do grupo moveu um dedo sequer para mudar a situação. Não pioraram e nem ajudaram; aquele era um movimento responsivo, ao menos na cabeça deles. Se fossem agir, seriam mediante à questões desnecessárias. Antes disso, apenas coagiriam a distância, com risos e múrmuros bastante incômodos.

A explicação de Daisuke desarmou nossos seguranças. Fora simples, coeso e com sentido; não havia muito mais o que impedir ou questionar. O recepcionista até abrira a boca para fazer algum tipo de recomendação mas fora interrompido por completo! Um homem ao pé da porta, de terno preto e gravata rosa-até-demais entrara no ambiente. Em uma de suas mãos, uma caneca de café escrita "e agora, quem poderá nos defender?!" e, na outra, uma pasta com três ou quatro folhas avulsas.

O homem não interrompera a conversa só com sua presença bastante chamativa ou seu passado pesado, que faria qualquer um olhar; ele fizera questão de ser notado e incisivo; e também de expor o necessário sobre si:
- Olha só!! Vocês dois estão em todo o canto da internet - E falou, inclinando-se um pouco e gargalhando, deixando algumas gotículas de café escaparem do copo - Meu deus, eu imaginei que fossem procurar um advogado, mas não achei que seriam tão rápidos... Sorte de vocês me encontrarem aqui. Vamos, vamos, ao meu escritório.

Fora então que o segurança abriu um largo sorriso e enfim disse o que falaria outrora, mas fora interrompido pela cena bastante egóica:
- É... como eu ia dizendo... não há um advogado ruim nesse prédio e todos te atenderão com maestria - E introduziu; junto disso, desenvolveu - Inclusive o Doutor Marconi, né doutor?! - E finalizou.
- Certamente Jeff... Pode deixar eles passarem, a partir de agora estão comigo - A fala fora um aval que já havia sido dado; a catraca fora completamente liberada e Jefferson (o nome no uniforme o denunciava) chamou-os para o elevador que ficava logo ali.