Pokémon Mythology RPG
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(008) — So It Goes...

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Off escreveu:
Não acredito que você deu um jeito de meter o konoha vírus no RPG!!!! Muito bom hahahahhaa



So It Goes...


Não sou dessas pessoas que sentem medo ou desespero por nada e, honestamente, sempre fui assim: poderia começar a contar minha triste história de vida pela enésima vez, mas como minha paciência está praticamente inexistente, agora não é hora de dar uma volta pela memory lane lamuriosa que é a minha existência. De fato, desde que Maxima quase explodiu minha cabeça em Lilycove, tendo a não me desesperar a troco de nada, já que aprendi da pior forma possível que histeria só piora qualquer situação...

Mas não posso negar que senti aquele típico frio na espinha quando soube do que se tratava.

Um vírus? Achei que o único existente por aqui era o Pokérus e ainda assim extremamente raro. Algo assim, principalmente contra humanos, pode ser fatal. Mas essa não é nem de longe a pior parte disso tudo: as fronteiras seriam fechadas amanhã e eu ficaria presa nesse inferno galariano ate sabe-se lá quando. Ah, não. Não mesmo.

— Garoto! — chamei atenção do rapaz novamente — Você é de onde? Precisa pegar barco também? — não sou a pessoa mais simpática do mundo, mas situações tensas são complicadas, né? trazem à tona uma empatia tão exagerada que chega ser besta — Vem comigo. — puxei-o pelo braço, tentando sair daquela multidão pela lateral direita — Precisamos achar um jeito de contornar essa gente toda. Não podemos ficar aqui até amanhã, capaz dessa fila não andar nunca.

E era a mais pura verdade. A comoção do surto coletivo era tão grande que sabe-se lá quado e se os dirigentes daquele porto conseguiriam organizar aquela gente toda. Nossa melhor escolha era tentar contorná-lo... Mas pode onde? Se é um porto, deve existir algum acesso pela água, certo? Ou seria melhor pela terra?

Não tem como, a partir de agora, cada minuto conta.

— Filho, tente achar um acesso para que possamos entrar de uma vez nesse maldito porto. — afaguei a cabeça da preguiça psíquica, que como sempre, estava tranquila — E você? — voltei minha atenção para o rapaz — Conhece esse lugar? Tem algum Pokémon que pode nos ajudar? — respirei fundo, tentando conter o nervosismo que começava a tomar conta do meu âmago — Lembrando que precisamos fazer isso na encolha. Se essa gente toda descobrir que estamos tentando achar um caminho novo capaz de nos seguirem e estragarem tudo.

Se Alakazam estava me ajudando a ver uma solução em terra, precisava de alguém que pudesse me ajudar em água. Não sei bem como funciona Pokémon aquático, mas, toda ajuda era bem-vinda. Busquei a esfera bicolor de Gyoza na bolsa e liberei-a o mais rápido possível.

— Filha, sei que você não é minha maior fã, mas estamos trabalhando nisso, né? Até mergulhamos juntas hoje.
— abri um meio-sorriso — Precisamos achar uma saída daqui pela água, para contornar toda essa gente e chegarmos até aquele porto ali. — apontei na direção do deteriorado cais — Já não sei mais o que fazer, será que você pode me ajudar?


Galar!

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Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




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A mobilização de Karinna o comoveu de imediato. A princípio, a moça tentara não se mostrar desesperada, mas o tanto de medida descabida que tomara de vez a denunciava; ela não suportava a ideia de ficar ali, seja pelo Vírus, seja pela Fronteira. O garoto percebera isso de imediato e deixou ser levado pelo braço, sem fazer resistência alguma. Ao fim, chegaram em um local "menos cheio", que permitia a curta e irresponsável deliberação da decisão de liberar Starmie. Bem, a estrela não era bem vinda ali; além de incomodar demais fisicamente falando, ninguém à queria ali, ao menos não agora. Os maus olhares à fizera se intimidar e, talvez por isso (ou talvez por detestar Karinna), não respondera em nada o pedido de sua treinadora.

Pois bem; o menino ainda estava ali e, além disso, precisava responder a metralhadora de perguntar que a Rocket fizera. É claro que agora o faria; com um local minimamente mais arejado, era possível conversar sem gastar todo o ar do pulmão:
- Eu conheço o lugar sim, mas não precisa de tanto - E ao falar isso, olhou-a de cima a baixo e deu um risinho frouxo, que saíra quase que sem querer - Você já viu o meu tamanho?! Eu vou para onde eu quiser aqui. Vem cá - E estendeu uma das mãos à Karinna.

De fato; talvez eu não tenha deixado tão claro no episódio anterior mas o menino era um... armário?! Não sei; talvez essa não seja a expressão correta. Ele não só tinha dois metros como era extremamente forte e largo. Ele não tinha a maior das belezas do mundo, mas sem dúvida corpo era algo que aquele homem tinha... e de sobra. Sua mão estendida sinalizava à loira para que ela o acompanhasse. Sua segunda mão vinha nas costas, com um sinal indicativo, apontando para seus largos ombros. O que o rapaz queria dizer (sem necessariamente vocalizar) era que, se quisesse, poderia subir em suas costas e logo mais estaria na porta da embarcação.

Já fora em um show lotado com um amigo muito alto, Karinna?! Pois bem; é essa a sensação. Apesar de mal educado, era um mal necessário para locomover-se e, talvez por isso, usaria a única vantagem de ser extremamente grande à seu favor. Ninguém; absolutamente ninguém, tentaria parar aquele homem.

E se tentasse, com que argumento?! Não havia fila. Só um amontoado de pessoas.

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O Mahiro é o melhor do mundo <3

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So It Goes...


Talvez ser simpática tenha lá suas vantagens, né? Se não tivesse chamado o rapaz para me acompanhar talvez nunca conseguisse descobrir qualquer coisa sobre esse lugar. Inclusive, deve ser muito divertido ver o mundo lá do alto: imagina caminhar por aí sem se perder porque você consegue ver tudo panoramicamente? Uma hipérbole, eu sei, mas ao menos a vantagem de não ter sua visão bloqueada por outras pessoas ele tem.

Aparentemente o rapaz conhecia por aqui. Não veria problemas em subir nas costas dele, mas... isso não é um pouco estranho? Sem contar na iminente raiva que percorria minhas veias por conta dos olhares locais para minha estrela-do-mar. Claro, não podemos sequer dizer que temos uma boa relação, mas ainda assim jurei protegê-la a todo custo: se minha intenção não fosse essa desde o começo, sequer teria matado seu antigo dono que a maltratava. Inclusive, qual a dificuldade dela reconhecer isso? Tsc.

— Bom, só não me deixe cair que é capaz de quebrar uma perna na queda.
— dei uma risada simpática para o rapaz, sequer me importando se ele gosta de brincadeiras com sua altura ou não — E nem me leve para algum lugar para vender meus órgãos, sou só uma turista indefesa. — retornei Sushi e Gyoza no processo, não poderia me dar ao luxo de perdê-los no meio daquela comoção toda — Vamos lá.

Algo sobre isso me deixava com um pé atrás... Mas o que não o faz, né? Tá pra nascer alguém mais desconfiada do que eu. Talvez o medo de tomar um soco desse armário em forma de gente por algum motivo ainda desconhecido, ficar desmaiada por uma semana e perder meu barco de volta estava começando a afetar meu já-não-saudável psicológico.

Subi nas costas do rapaz que ainda não sei o nome e me senti como se fosse uma cantora famosa e estivesse sendo carregada por seguranças. Com sorte, não vai demorar muito e estaremos na porta do porto de Motostoke. Amém.


Galar!

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Karinna agora parecia mais receosa ou mais... quieta?! Ao menos não bombardeara nosso NPC de perguntas e mais perguntas ao meio da multidão. Aceitara o convite com bom humor e gratidão e até arrancara dele um sorriso bobo, uma risada que soltava mais ar pelo nariz que pela boca; a famosa risada que denunciava... "não devia rir disso mas estou rindo".

Rindo por quê?! Porque achou graça?! Claro que não. Era pela situação tosca em que havia se metido e, de quebra, metido a menina loira também. Com um pequeno agachamento, Karinna podia facilmente sentar sob as costas do rapaz. Não fora necessário muito esforço para levantar seus cinquenta quilos; ninguém nunca o faz. A narradora que o diga.

Pois bem, com a garota já nas costas, o homem ergueu as mãos e o queixo, olhou-a sob o alto da testa e tentou ao máximo focar seus olhos. Aquilo não era um flerte ou nada do tipo; não que ele não gostasse da ideia, mas apenas queria ver o quão desconfortável seria para a Rocket olhar diretamente para si. Depois dessa experiência, saberia melhor como respondê-la e repercutir a conversa. Até então, se limitara a falar ao alto, em claro e bom som:
- Meu nome é Patrick - E dera a primeira referência - Acho que pulamos essa parte - E ao dizer, se pôs a andar. Aquele era um leve indício de que a viagem começaria a partir de agora.

O homem não respondeu nenhuma piada sobre altura; não porquê não o quis, simplesmente por não saber o que dizer. Para ele aquilo era tão comum que chegava a ser corriqueiro; não havia resposta para o cotidiano, apenas... mais cotidiano. Pois bem, seguira multidão à frente, ora mais lento, ora mais rápido. vez ou outra os pés de Karinna esbarravam em alguém. Ora mais estridente, ora não. O importante era que Patrick, como um bom "anfitrião", sabia muito bom que quando acontecia, era melhor apressar o passo e deixar a gritaria para trás.

Nesse ritmo, não demoraria muito para chegarem ao pé do Cais. Nossa protagonista já podia ver a esperança: um soldado armado, muito mal humorado, guardava a entrada para o navio. Ali ele decidia quem seria o próximo a ser revistado e quem não. Não há fila; não há organização. O único método de entrada, saída e seleção era a vista grossa (ou focada) de um militar. Seu nome?! Não sei ao certo, mas na farda parecia bordado "L. Torres".

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So It Goes...


E assim o rapaz me levantou como se eu fosse, sei lá, um livro de colorir? Nunca parei para pensar nessas coisas, mas se ele tem essa altura toda e é todo malhado, deve ter, no mínimo, o dobro do meu peso. E eu aqui sofrendo para conseguir carregar minha Wynaut de 14kg no colo... Que vergonh-

— Er... — interrompi meus próprios pensamentos quando o rapaz me fitou, não esperava que ele fosse querer interagir no meio da multidão — Olha pra frente, garoto! Você tropeça aí, se quebra todo e eu quero ver. — bati duas vezes em seu ombro direito — Me chamo Karinna, sou de Johto mas atualmente vivo em Hoenn. — dei uma piscadela simpática — E você, Patrick?

Acho que poderia me acostumar a ser carregada por aí, ainda mais depois que percebi que um passo dele equivale a dois meus. Sei que não deveria ficar tão emocionada com a gentileza do rapaz, mas não posso negar o quão divertido é não fazer esforço algum e ainda assim incomodar a maioria das pessoas no caminho. Parte de mim queria descer e arrumar confusão com todo mundo que nos xingou no processo, mas é melhor evitar a fadiga, né?

Assim que nos aproximamos, percebemos o porquê daquela confusão toda não estar se dissipando: um militar — uma gracinha, diga-se de passagem — estava selecionando a dedo quem passava pelo portão ou não. Tentei pensar naquele segundo em quais circunstâncias ele nos escolheria e, bom, talvez seja hora de mais uma encenação pelas Indústrias KB™.

— Patrick, preciso que você confie em mim e entre na onda, ok? Você não me conhece direito e eu não te conheço direito também, mas talvez seja nossa única chance de sair desse inferno. — aproximei minha boca do ouvido esquerdo do rapaz, escondendo o que estava dizendo com minhas mãos, afinal, sabe-se lá se alguém poderia fazer leitura labial e estragar o plano por completo — Eu vou fingir que estou desmaiada e você fala que passei mal com o calor dessa multidão. — comecei a prender o cabelo, de propósito, em um rabo-de-cavalo bem descuidado — Invente qualquer história, diga que é meu irmão, primo, namorado, que seja. Só expresse que está muito preocupado e que por isso precisam nos deixar passar. — deitei a cabeça sobre o ombro direito do garoto, esticando os braços por cima de sua cabeça — Conto com você.

É, talvez deixar meu destino nas mãos de um rapaz que conheci há pouco minutos seja bem perigoso, mas foi a ideia mais rápida que surgiu na minha cabeça. Se não der certo, não sei mesmo o que faremos para conseguir passar. Que inferno.

Espero que esteja se divertindo bastante, Arceus.


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Agora sim; uma gargalhada sincera de Patrick ao comentário de Karinna. Desta vez a garota conseguiu despertar um senso de humor típico do menino-grande, aquele mesmo humor aleatório e peculiar que ri de frases sem sentido:
- Não tem nem espaço para cair aqui, moça - E respondeu com um "dar de ombros" que fizera Karinna dar alguns pulinhos. Claramente proposital; talvez a menina acreditasse que pudesse cair com aquilo, mas suas pernas estavam muito bem presas ao entorno do peito do garoto - Além disso, eu sou de Alola. Nasci, e vivo lá. Sou surfista de profissão então acabo viajando demais... sabe né?! Não da pra cair aqui assim, é tipo uma prancha gigante só que com mais gente.

Era incrível como a simples resposta desobedecia por completo o pedido de Karinna. O homem ficara grande parte do trajeto olhando ao alto falando com a moça e, ainda assim, não caiu. Ok, ele tinha um ponto; realmente não havia espaço para tal. Fora ao chegar no militar que uma mudança súbita aconteceu, a garota abaixara e colocara os lábios próximo do lóbulo do rapaz, o que lhe fizera dar um pulo surpreso. Ele definitivamente não esperava por aquilo! A medida que falara, sentira seu pelo arrepiar pela simples diferença de temperatura e tentou ao máximo esconder o rubor de seu rosto. Ouvira "mais-ou-menos" o dito; estava tão concentrado em não perder a dignidade que só prestou atenção em palavra ou outra. O início?! Completamente descartado. Estava completamente focado em fazê-la não perceber o quão extasiado ficara com o ato.

Primo? Irmão? Calor? Desmaio? Preocupado? Pera... o que?! A moça pediu-lhe para dar um jeito?! Havia um problema aqui; a encenação não era de Karinna, era de Patrick e ele definitivamente não tinha uma "trademark" para isso. Sorte da moça que o surfista não entendera o plano; as poucas palavras que chegaram a ti com clareza foram o que compôs sua interpretação enquanto tudo acontecia! Ao ver a Rocket subitamente cair em seus ombros, conectou os substantivos e verbos que tinha e criou a seguinte formulação: Karinna havia desmaiado por conta do calor da multidão e... sua família tinha a ver com isso?! Talvez fosse uma doença congênita. Talvez fora isso que ela tentara avisar ao aproximar a boca de seu ouvido. Talvez fora por isso que chegou tão perto para falar algo; por não ter forças para falar tão alto... só pode ser isso.

"Ela quer que eu invente uma história para conseguir socorro, só pode ser isso", pensou o rapaz. Infelizmente (ou não) não acreditou que seria necessário, já que o desespero de fato lhe tomara e qualquer identidade poderia desmentir uma história muito complexa. Sendo assim, tornou-se o mais espontâneo possível. Fora no desespero que o garoto gritou:
- ELA DESMAIOU, ME AJUDA, ME AJUDA! - E ao falar isso, todos olharam. Todos; absolutamente todos. Até os odiosos se tornaram curiosos - CARA, ME AJUDA AQUI, ME AJUDA, ELA NÃO TA BEM, DEVE SER O CALOR, SEI LÁ, ME AJUDA MANO- E gritou ao militar que relutou um pouco, mas chamou-o para dentro.

L. Torres olhou a cena com um olhar de desdém; era impossível afirmar que não lhe chamaram atenção. Claro que ele relutou em acreditar de fato, mas o garoto parecia tão incrédulo e atônito que era impossível não levá-lo a sério. O homem fardado então apontou para a cena com o dedo indicador e gritou:
- Deixe-os passar! Traz ela pra dentro - E todos abriram caminho - Só preciso de um documento dos dois. Lá dentro tem leito e enfermaria para ela, leve-a direto para lá.

Agora Karinna podia suspirar aliviada, mas Patrick definitivamente não. Estava certo de que a garota ainda estava doente e precisava ser o mais ágil possível. Tirou de seu bolso sua carteira e deu ao homem à frente e, com bastante delicadeza, abaixou-se, pedindo para que alguém da multidão pegasse de Karinna sua bolsa e lhe desse. Ali teria que ser invasivo; até porque, o homem estava certo de que sua recém-feita amiga estava desmaiada. Por sorte, quem se ofereceu para fazer foi o próprio militar: tirou das costas de Karinna a mochila e deu ao Patrick. O problema era que, ao pegá-la, Patrick já se preocupou; a bolsa estava semi-aberta.

Ao colocar a mão dentro da mochila até achara uma carteira, porém não tinha os documentos nomeados com "Karinna" dentro dela; era uma carteira vazia, sem dinheiro algum, porém com documentos de uma tal "Paula Révy". Estranhara a princípio, mas como não dissera nada sobre "nomes" ao guarda, apenas dera a identificação e entrou. Questionaria lá dentro o porque dela mentir para o garoto.

Ambos entraram e, ao atravessar todo o píer, estavam livres dos olhares. Patrick começava a se preocupar com o fato da garota não acordar nunca e, além disso, com o fato dela ter outro nome.

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So It Goes...


Por mais que minha intenção nunca tenha sido deixar Patrick desconfortável, bastou um contato físico diferenciado que consegui sentir as pernas do rapaz enfraquecerem quase que instantaneamente. Já que não tenho tanta experiência assim, me pergunto se geralmente isso acontece e se homens em geral são mesmo emocionados dessa maneira. Oras, na minha concepção falar algo no ouvido de alguém é uma atitude completamente normal, ainda mais em uma situação complicada como essa.

Bom, não importa, no final das contas tudo ocorreu como planejado: me comprometi com o papel de pobre-garota-branca-indefesa e mais uma vez consegui o que queria. Infalível como sempre. Patrick, apesar de não ter entendido muito bem o que falei, conseguiu fazer com que fossemos escolhidos e entrássemos de uma vez no porto. Que alívio.

Conseguia escutar bem tudo que diziam ao meu redor e o essencial, para preservar a personagem, era que demorasse um pouco para despertar. Ouvi os comandos do militar e contei alguns segundos na própria cabeça para que acordasse como se nada tivesse acontecido.

— Ai... — abri os olhos aos poucos, aumentando um pouco minha respiração no limítrofe entre normal e ofegante — O que aconteceu? Onde estou? — levei a mão direita aos olhos e logo depois às têmporas, simulando uma possível dor de cabeça — Pa-Patrick — tá, talvez a atuação já estivesse um pouco cômica e forçada, mas só Arceus sabe o prazer que tenho em enganar os outros — Muito bem! — ao ver que estávamos sozinhos, abri um sorriso agradecido e ergui a mão direita para um high five — Consegui-

É claro. Mas é claro que as coisas não seriam fáceis dessa maneira. Olhei diretamente para a mão direita do rapaz, onde deveria estar a minha bolsa e, bom, a não ser que li a situação completamente errada, aquela mochila não era dele e muito menos minha. A pior parte é que guardo absolutamente tudo que me pertence dentro daquele maldito pedaço de pano e não preciso nem dizer que não posso voltar para Hoenn sem meus pequenos, né?

— Essa não é minha bolsa.
— nessa altura a personagem já havia desencarnado e a falta de paciência já havia tomado novamente conta do meu âmago — Arceus do céu, Patrick. Você precisa me ajudar. — e é claro que, apesar de irritadiça, não podia deixar de zoá-lo de alguma maneira pelo que aconteceu anteriormente — Prometo que te dou até um abraço apertado depois pra suas pernas tremerem mais uma vez. — dei uma risada — Tem alguma ideia?


Galar!

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OFF: MENINO DO CÉU ERA SUA BOLSA SIM KKKKKKKKKKKKKKK NÃO IA FAZER KARINA SER ROUBADA :MDS: meu plot ia ser dentro do navio de volta pra hoenn mesmo socorr fiz um post bem aberto pra você decidir se é ou não sua bolsa que ai eu mudo o plot

Ao ver Karinna acordar, um misto de sentimentos tomaram Patrick; o alivio por ela enfim se recuperar e o receio de que isso iniciasse uma conversa bastante chata. Apesar de tudo, quem era ele para perguntar à Karinna porque diabos mentiu seu nome, não é?! Além disso, subir nas costas de um desconhecido podia ser uma razão por si só.

Talvez fora só medida de segurança por não confiar nele... né?! Bem, Patrick acreditava fielmente nessa suposição. Aguardou o retomar da garota com olhos bem marejados; ora por vergonha, ora pelo cabelo de Karina, que aproximava-se de seu nariz o tempo todo, lhe fazendo querer espirrar. Bem... espirrou. Mas antes disso, tirou a garota de seus ombros e trouxe-a para um dos leitos da enfermaria. O lugar que de fato foi sua primeira parada.

Agora se olhavam diretamente e, após uma sequência de espirros, Patrick parecia voltar à si e querer retornar o assunto. Seu semblante calmo não se alterava e um sorriso se mantinha inerente à face. Seus dois dentinhos superiores à frente eram levemente reparados, sua bochecha não revelava um rubor-rosa, mas sim vermelho. Sua testa era relativamente pequena e seu maxilar quadrado, porém fino. Seu nariz?! levemente rebitado, porém com uma bolinha bem característica na ponta. Sobrancelhas grossas, boca também; seu olho não era nem puxado e nem marcado. Ficava ali, num meio termo agradável. Sua cabeça raspada fazíamos questionar sua posição de surfista; além de ser característica incomum de Alola, era extremamente raro no mundo do surf. Apesar disso, ele não estava mentindo em nada; afirmo como narradora onipresente(ciente e potente).

Depois de demarcar cada arco e ângulo do rosto de Karinna, desviou o olhar.

Fora naquela posição de privilégio-de-vista que o homem pensara numa introdução delongada, abordando o quanto aquilo não era "problema seu" e, se não quisesse, não precisava contar. Logo mais descartou a ideia, vendo que tal fala poderia soar como "desespero desnecessário". Passou grande parte do seu tempo pensando nessa forma introdutória; nem sequer analisara o acordar falso da Rocket. Quando enfim formulou uma fala, sua donzela se pôs a falar.

E que surpresa.

Era preferível que Karinna fosse algum tipo de Rocket que usa disfarces, ou que tivesse mentido seu nome por ser uma mulher desconfiada. Trocar mochilas?! Oh deus; quando isso aconteceu?! O garoto empalidecera; aquilo fazia completo sentido. Depositara a bolsa ao lado de Karina e, bem ao lado da bolsa, a carteira que definitivamente não era dela.
Ok, temos um consenso: a carteira não pertencia a nenhum dos dois. Agora... e a bolsa?! De fato não era de Karinna?! Se não fosse, seria muito parecida; quem sabe até irmãs, fabricadas na mesma fábrica. Trabalhada pelos mesmo trabalhadores. Explorada pelos mesmos exploradores.

- Meu deus!! Você tem certeza que não é sua bolsa?! - E falou, colocando as mãos na testa e tentando não demonstrar seu desespero. Ele sabia que era uma pergunta burra; uma mulher sabe reconhecer uma bolsa (ao menos Patrick está certo de que sim). Apesar de não querer duvidar da garota, ele precisava dessa confirmação em voz alta- Meu deus o que a gente faz agora?! - E pegou com as duas mãos o problema em questão, erguendo-o ao campo de vista e o analisando de perto, procurando algum indício além da carteira.

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Brincar com o psicológico do garoto não estava sendo tão divertido quanto acreditei que seria. A bolsa é minha, claro, o que vocês esperavam de uma sádica Rocket com tempo livre em mãos? Infelizmente parte de mim ficou com pena do rapaz quando começou a surtar somente em pensar na possibilidade de retornar até aquela comoção toda. Coitado.

— Tá, é minha sim, Patrick.
— dei uma risada sem graça — Era uma brincadeira, não achei que você fosse ficar tão nervoso assim. Desculpa. — com a mão direita bati duas vezes nos largos ombros do rapaz — Bom, agora é só aguardar um barco. — meu estômago começou a reclamar, afinal, já estava há horas e mais horas sem comer. — O que acha de comermos alguma coisa? A verdadeira dona dessa carteira infelizmente vai ter que ficar sem ela. — ok, pareceu um tanto quanto ríspido e sem coração; vou reformular — Se devolvermos para os militares, podem nos expulsar daqui e acabarmos até na cadeia. É uma situação complicada.

Apesar de não sentir pena alguma e ter dito isso só para parecer empática, somente a ideia de não ter como voltar para casa e permanecer nesse inferno de Galar me aterroriza, muito mais do que qualquer punição que possa levar das autoridades locais. Sabe de uma coisa? Nunca chamei Hoenn de lar... Não é e jamais substituirá minha Johto. Mas ao menos nunca mais poderei reclamar de sua hospitalidade: diferente dessa terrível região inspirada em colonizadores ocidentais, ao menos lá não existe essa coisa de Pokémon gigante e as pessoas são minimamente educadas.

— Obrigada. — agradeci novamente, respirando aliviada — Mas me diz, Patrick, o que conseguiu aqui em Galar? — soei interesseira e, bom, era essa minha intenção mesmo; não consegui absolutamente nada de bom em Galar — Duvido que nesse lugar sem graça tem alguma praia decente pra você surfar. — tornei a prender meu cabelo em um rabo-de-cavalo — Já foi a Hoenn? Te garanto que é melhor que essa loucura aqui. — parece até um convite, né? e talvez seja, seria bom ter alguém para conversar na viagem — Tem bastante praia também.


Galar!

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O garoto ouvira a piada de Karinna e simplesmente desarmara. Seus ombros caíram, seu semblante também. Aos poucos o garoto fora se transformando em outra coisa; uma murchada e voilá, um garoto enfim pequeno. Pequeno e enfezado: olhara para a loira com um desdém característico de quem se magoava-atoa e engoliu o drama.
- Que comer o que, Karinna, bora pro navio que ele já ta atracado - E ao dizer isso, pegou com as mãos a carteira da garota que Karinna anunciava não ser dela. Suspeito?! Sem dúvidas. Este fora o maior motivo para Patrick pegar para si o objeto. Se de fato não fosse de Karinna, ela não se importaria, não é?! - Eu dou um jeito nisso depois. Jogo em algum canto, não sei. Só anda logo, pega seus documentos de verdade e vamo embora.

Sua fala fora um enxotar característico; o menino mudara sua atitude serena para algo muito mais eufórico e revoltado. Isso que é deixar um homem puto?! Essa é a mudança da água-para-o-vinho do hétero que perde o interesse?! Provável que sim. Talvez, só talvez, fosse também o aspecto rancoroso de Patrick tomando conta do rapaz. O importante era o seguinte: saíra da enfermaria deserta e correram para o navio. No caminho, largou a cardeira em cima de algum banco ou mesa, certificando-se de que não havia câmeras ou vigias por perto.

- Eu consegui exatamente isso aqui - E apontara para o Navio que estavam prestes a entrar - Uma passagem para Hoenn. Só vim dar uma entrevista para um programa, agora me mandaram pra Slateport cobrir o campeonato de Surf. Calhou disso cair na época dessa bagunça. Sei nem como que vai ser daqui pra frente, sabe como é né. Mas dizem que Hoenn é mais tranquila. Vamo ver, né.

Nessas horas Patrick se perguntava: porque eu ainda respondo essa menina?! Definitivamente, não sei. O garoto iria, assim que entrasse no navio, procurar uma forma de pegar distância da maluca. Estava descrente que em tão pouco tempo ela poderia ter se perdido, desmaiado e ainda enganado o garoto no mínimo uma vez; podem ter sido até umas dez! Mal sabia se podia acreditar no próprio desmaio. Bem, era óbvio: aquela garota era um problema.

OFF: Posta entrando no navio e a cidade que quer atracar em Hoenn que eu te libero e te atualizo bb

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