[001] - Замораживающий террор

Aquela caminhada tinha sido bem revigorante. O ar da cidade era muito mais puro do que as metrópoles que já visitou. Se lembrou de algumas cidades de Sinnoh como Canalave, a gigante Jubilife ou a religiosa Hearthome. Elas eram bem populosas e bastante movimentadas, por isso aquele maldito ar sujo que fazia mal as pessoas e principalmente os Pokémon não trabalhadores de lá, mas Littleroot e Floaroma pareciam fisgar o coração do jovem estudante apenas com aquele aroma, um cheirinho de “simplicidade”. Era bem aconchegante caminhar por aquelas ruas e avenidas, ver prédios bem característicos da região de Hoenn, assim como alguns campos abertos que se distribuíam em volta da cidade, como poderia ver ao observar a árvore onde encontrou Duda pela primeira vez e onde tudo começou. Ele esboçava um pequeno, mas emotivo, sorriso. - ... – Suspirava enquanto caminhava com Mike.

Fane já o acompanhava fora da Pokébola, neste momento. Ele acompanhava Duda em seus saltos, porém o gélido apenas corria em volta dela, seguia a diante em relativamente grandes distâncias e depois voltava para Piotr. Aquele Pokémon realmente gostava de brincar, ele era bem animado e elétrico. Seu treinador apenas sorria com a cena. Era bem inusitado ver uma espécie como aquela, Sneasel, tentar expressar um tipo de sorriso ou algo do tipo. Ele arranhava suas garras levemente na perna de Piotr como sinal de carinho e também encostava sua cabeça na mão do rapaz como se pedindo um gracejo. Era bem fofo ver aquilo e Romanov não deixava de demonstrar seu amor por acaricia-lo e sorrir para o pequeno. Era uma dupla que fortalecia suas conexões a cada instante.

A caminhada estava ótima, mas ao chegar naquela verdadeira mansão, que fez o rapaz pensar duas vezes antes de entrar, o cheiro da comida quase fez Piotr cair no chão de êxtase. – Que cheiro delicioso! – Expressou o rapaz sem ao menos perceber que já tinha dito. Era automático tirar seus sapatos e adentrar, sempre seguindo os passos de Mike. Ele observava os detalhes daquela casa rústica, mas muito bem limpa e organizada. Observava a disposição dos móveis e até mesmo como os irmãos se comportavam ali. Era bem curioso estar na casa de alguém que, mesmo já demonstrando grandes sinais de confiança e coleguismo, mal conhecia. Porém era muito legal receber esse tipo de consideração. Ele tentava se sentir bem ali, ainda que aquele pensamento de que “não quero incomodar” lhe surgisse de vez em quando. O rapaz demonstrava boas maneiras ao responder a senhora, que lhe era atrativa aos olhos. – É um grande prazer conhece-la! – Responderia com um sorriso no rosto a altura. – Não, posso comer de tudo! Haha – Sorriu tentando quebrar a timidez.

Ele estaria de certa forma desconfortável, porém se esforçaria em demonstrar o quão bem deveria, e estava, se sentindo. Sorriria de forma amigável, responderia com grande entusiasmo e também ouviria atentamente cada frase por eles dita. E é claro, por higiene do ofício, lavaria bem as mãos antes de começar a refeição. Faria uma pequena oração a Arceus antes de tudo. – O cheiro estava ótimo! Senhora...? – Deixaria a última palavra com um tom de indagação, querendo saber o nome da senhora que os acompanhava. Piotr demonstraria o máximo de boas maneiras e educação possível, além de grande paciência e atenção. Não queria cometer nenhum erro a aquela família que tão bem acolheu a ele e também a Fane.

- Moly! Belo nome! – Elogiou com carinho a senhora. Era mais natural chamar aquela mulher de senhora, ele já fazia isso como forma de educação e, em seu ponto de vista, seria inadmissível chamá-la por qualquer outra coisa. O jovem também tinha uma mania de sempre falar olhando nos olhos da pessoa, além de esboçar um sorriso amigável. Suas mãos iam aos seus joelhos, deixando os dedos descerem pela parte frontal dos mesmos e os polegares nas laterais internas. Ele também mantinha uma postura bem reta, costas retas e peito para fora. Queria demonstrar educação no que fosse possível, e isso era natural dele.

O jovem também gostava bastante de ver como os Pokémon de Mike interagiam com a senhora Moly e também com Duda. Ele sorria ao ver o pássaro planar pela casa e pousar na janela e também tentava ver como o Poochyena, capturado recentemente, reagiria a sua nova casa. Mas o que mais lhe surpreendeu foi aquela grande espécie aquática azulada com barbatana que aparecia no local. Ele era bem grande e tinha umas pontas laranjas nas bochechas bem chamativas. Era cativante aos olhos de Romanov, que nunca tinha visto aquele Pokémon. – Esse é diferente! Eu nunca o vi. – Proferiu olhando com bastante curiosidade para aquele aquático azulado.

Fane se sentia um pouco apreensivo ao ver tantos Pokémon diferente, mas com o olhar de permissão e de “está tudo bem” de Piotr ele conseguia ir socializar com eles. Tentava brincar com o Wingull e com o Poochyena, principalmente com o lobinho, afinal ele já o tinha visto na rota 101 e era uma boa hora de conhecer o lado divertido dele. O gélido se sentia bem intimidado pelo grande Pokémon aquático, porém não deixava isso o abalar e ia brincar com ele também.

Aquela cena era agradável aos olhos de Romanov, ele via os Pokémon e principalmente Fane tentando criar novas amizades. Ele deixava sua mente vaguear por alguns minutos enquanto observava seu Pokémon interagir. Era um sorriso bem simples que expressava enquanto olhava para seu Pokémon. Porém aquela viagem mental era cortada pela interessante pergunta da senhora Moly. O jovem prontamente se posicionava para responder, virava seu rosto e olhava nos olhos da mulher. – Meus pais? – Respondeu com uma pergunta vazia. – Bem, minha mãe é de Sinnoh, de Snowpoint. Já meu pai é de Unova, bem longe. Ele é da cidade de Icirrus, era pescador dos pântanos de lá! – Respondeu com um sorriso espontâneo e com muito entusiasmo. Era muito de sua vontade continuar com aquela conversa, falando sobre o seu passado e sobre suas viagens e sobre seus pais, mas isso tomaria muito tempo. Seria também um pouco inconveniente compartilhar muito de sua vida para estranhos.

Suas principais ações seriam finalmente esperar todos se servir e seguir com aquilo. Ele pegaria não muito, mas também não muito pouco. Pegaria principalmente salada e, se possível suco. Em seguira faria uma curta oração de agradecimento a Arceus e, após todos iniciarem, começaria a comer.

Os olhos de Piotr se enchiam ao ela falar de sua terra natal. Digamos que ele tinha sim um grande apreço por lá, porém nada que o fizesse dar sua vida por este sentimento patriota. O jovem sorria, educadamente, e também agradecia com um semblante bem feliz. – Eu posso comprovar que é um lugar bem especial. – Respondeu com certeza. O jovem começava a se sentir mais tranquilo e não demonstrava tantos sinais de vergonha ou nervosismo. Já era quase natural, da parte dele, responder com uma voz contínua e bem firme.

Fane também, já interagindo com os Pokémon, se mostrava bem flexível. Ele corria entre os Pokémon da casa tentando convidá-los a brincar ou algo parecido, mas depois de um tempo sua barriga começava a roncar. Era hora de comer! Se ajuntava em sua tigela de ração e começava a comer aquela deliciosa ração Pokémon.

Romanov continuava interagindo com Moly. – Interessante! Eu sempre quis visitar Unova, mas nunca fui. Meu pai já contou algumas histórias de lá que sempre me deixaram curioso. Heh – Dizia com entusiasmo. – Não sei muito a respeito das universidades de lá, mas sei que é um lugar com muitos pontos turísticos e entretenimento. – Continuou. – Já vi fotos de Nimbasa e de Castelia. Aquelas cidades são colossais! – Respondeu com o semblante expressando o tamanho das cidades. Ele até mesmo largava o garfo e faca para gesticular um pouco com as mãos.

O jovem comia enquanto sorria e ria com as conversas de Moly, Mike e Duda. Eles eram uma família muito feliz e divertida. “Queria tê-los conhecido a mais tempo...”, pensou. Mas a última pergunta dela o deu bastante em que pensar. Ele nunca imaginou sobre sua carreira no ramo de treinador Pokémon. Era algo mentalmente novo. – Mestre Pokémon? – Respondeu com um ar de dúvida. – Nunca pensei nisso... – Indagou, principalmente a si mesmo. – Eu sempre me dediquei a meu futuro na medicina, aliás iniciei minha jornada por conta disto, maaas... nunca pensei em ser um mestre Pokémon. – O rapaz deixava claro sua inocência e sinceridade a respeito deste novo assunto. Ele estava bem pensativo naquele momento.

Voltar a ouvir a interação da família era agradável e bem alegre. Ouvia bem como a senhora Moly se explicava a respeito de seu passado e sua instrução e seus olhos, de Piotr, brilhavam ao ver com quanta propriedade aquela mulher falava. Ela dizia como se tivesse certeza e orgulho de suas ações, ou pelo menos era isso que o jovem interpretava. Ele também se atentava as expressões e demonstrações de explicações. E ele acompanhava não só suas expressões como também as da fofa Duda e de seu irmão Mike.

Piotr esperava um momento adequado para responder com educação. – Eu digo com certeza que ele é um grande treinador! – Sorria ao final da frase ao expressar aquele elogio. – Ele e o WIngull são verdadeiros heróis! – Continuou com sinceridade em sua voz. O jovem Romanov também expressava seus elogios a mão do casal de irmãos. – Você tem uma linda família, senhora Moly. Eu lembro dos meus pais e de meus irmãos que deixei em casa. – Sorriu com os olhos brilhando. – Sei que pode parecer bem inconsequente eu ter saído de casa, pode parecer até egoísmo, mas eu realmente via que naquela cidade eu não teria tanto futuro. – Parou por alguns pequenos segundos. – Eu não conseguiria dar a minha família o futuro que ela merece... – Continuou com aquelas palavras que lhe pesavam muito mais do que um Snorlax.

Seus olhos começavam a marejar, mas ele segurava as lágrimas e olhava para Fane com carinho, como alguém olhando para seu verdadeiro amigo. – Agora eu preciso focar no meu futuro, eu tenho aqueles que dependem de mim. – Disse expondo seus sentimentos. – Preciso me tornar um médico de sucesso! – Exclamou com grande alegria e emoção.

Poderia ser bem chato como aquela situação alegre e divertida se tornasse bem triste e melancólica, e Piotr se sentiria mal por isso, mas aquelas palavras já estavam presas em sua garganta por muito tempo. Ele queria ter dito isso a algumas pessoas a muito tempo atrás, principalmente os amores que teve de deixar em Sinnoh, mas ainda assim ele precisava seguir em frente. Romanov tinha que continuar.

A fome parecia já ter passado a algum tempo, ele apenas comia por educação e por não querer desperdiçar uma comida verdadeiramente maravilhosa. De fato, ele agradecia muito a aquela família por como eles o trataram com carinho e receberam de portas abertas. Romanov se alegrava com simplicidades como aquela, lhe faziam lembrar de sua família, simples, humilde, mas bem felizes. Romanov tinha milhões de elogios e qualidades que descreviam sua família, lhe faltariam ar e tempo para isso. Seu sorriso deixava isso bem claro para qualquer um que tocasse no assunto.

O almoço havia sido divertido e também abriu a mente do rapaz com respeito a seu futuro no ramo de treinador Pokémon. Ele já se sentia melhor em relação a seus sentimentos, e da forma como os expôs, além de conseguir crescer uma confiança em suas habilidades de treinador. Era uma ocasião especial em que coisas especiais aconteceram e deram muito o que pensar para Romanov. O rapaz não tinha muito o que acrescentar na conversa, e fim de almoço, apenas um obrigado singelo expresso por um sorriso simples.

Porém a atração principal foram as notícias provindas de telejornais com transmissões em Kanto. – Como assim eles estão em Kanto? – Sussurrou ao ouvir o nome da região depois de muito tempo. Seus olhos corriam para a televisão, o que provavelmente todos também o fizeram, e em seguida ele ficava surpreso com aquela enxurrada de informações e novidades. – Caramba, não ouço falar de Kanto e Johto a muito tempo, eu ainda estava na faculdade quando fiquei sabendo dos noticiários. – Expressou. – E não foi nada fácil imaginar como aquelas regiões tão grandes ficaram debaixo d’água tanto tempo, é algo sobrenatural de fato! – Alertou. – Não sei quanto aos detalhes, mas qualquer progresso em relação a isso é muito bom. – Continuou, porém com um tom de voz mais apreensivo, ele falava sem perceber enquanto não tirava os olhos da televisão.

Os braços do rapaz se cruzavam e sua postura, após se levantar da cadeira para prestar mais atenção a televisão, também mudava. Ele estava bem mais ereto e firme, além de olhos atentos a cada detalhe daquela reportagem ao vivo. Não queria perder nenhuma informação importante. O rapaz também se atentava aos dizeres da repórter em informar que algo como “Rangers” estava ajudando a Silph Co., uma empresa já conhecida e que ele também precisou estudar sobre alguns temas relacionados a aparelhos utilizados em Pokémon e como isso afetava seu metabolismo, além disso ele também percebeu a informação de que uma nova empresa, Siena, a qual ele nunca havia ouvido em nenhum local e nem lido em algum livro ou revista, também estava ajudando na restauração de Tohjo. – Impressionante... – Sussurrou o rapaz com os olhos vidrados. – O mundo está girando de forma impressionante. – Sussurrou de forma ainda mais baixa com um tom de voz diferente do habitual.

Fane o acompanhava ao seu lado, olhando para seu treinador meio confuso, por não entender bem a situação, mas ainda assim permanecia ali parado e aguardando alguma coisa que lhe seja interessante aos olhos. Piotr olhou para o pequeno gélido e perguntou: - Já que eles precisam de ajuda o que você acha de nos colocarmos a disposição? – O pequeno e negro Pokémon sorria e dava pequenos saltos em volta de Piotr, ele amava uma aventura, uma boa aventura. – Eu acho que vou ajuda-los! – Exclamou em alto e bom tom.