[004] Ready To Start

Two boys, a grotto

Granite Cave

A batalha não contribuira muito no bom humor de Lief. Bem, ele já não estava lá muito contente antes de encontrar os mamíferos, ver seu companheiro voador ser nocauteado, então? Certamente, apenas piorou tudo. Mas bem, nada que algumas poções não resolvessem. Logo Yatta voava como se nada tivesse acontecido, bicando alegremente a cabeça de seu treinador.

— Ah! C-claro! Desculpe. Venham, vamos em frente! — dissera ele, assustado, quase como se não estivesse prestando atenção no que os demais faziam. Estava muito ocupado olhando para Chikorita. E então, ele seguira em frente, levando a gramínea em seu colo. Noah sentira o olhar do amigo, e logo pôde ser visto mordendo os lábios, como se estivesse nervoso por algum motivo.

Pouco tempo depois, o loiro aproximou-se, com uma fruta azulada em mãos. — Ei. Pega isso aqui. Pode ajudar se deixar com algum de seus pokémon antes de ir batalhar. — disse ele, jogando a frutinha para Lief, seguindo em frente sem dar tempo para o amigo falar algo. — Pedir ajuda não é tão ruim assim, sabia?

Antes que qualquer outra coisa pudesse ser dita, Sousuke caiu. Sinceramente, qual era o problema daquele garoto? Será que beijar o chão era algo tão interessante assim? Não, talvez tivesse algum outro motivo. — Eu... Eu não entendo! — exclamou então, frustrado com algo. — Chiko me diz que sente um caminho mais úmido, mas é para baixo! Não faz sentido!

Pobre rapaz. Bem, talvez seja importante ressaltar que estavam em um beco sem saída, então não havia um outro caminho para seguir em frente. Apenas, talvez, ir para trás, onde alguns morcegos poderiam estar a reunir-se. É, não parecia tão agradável. Será que que Lief ou Noah conseguiriam dar alguma luz à situação? Tudo era muito confuso, mas tinha uma explicação.

Two boys, a grotto

Granite Cave

Um garoto caindo chama bastante atenção, e certamente, também interrompe muitas conversas, sejam elas iminentes ou não. Mas bem, talvez seja possível ver algo, através do completo desastre que algumas peças são. E bem, Lief teve uma visão interessante ao ouvir as palavras de Sousuke.

— Para... Baixo? — perguntou ele, visivelmente confuso, como se até então, achasse que sua Chikorita estivesse com defeito de fábrica. — Realmente, é uma ideia a ser cogitada, ainda mais quando levamos em consideração tudo o que essa aí está sentindo. — disse Noah, apontando para a gramínea e sua folha.

— Cavernas são... Curiosas. Quanto mais profunda for, mais chances de acharmos um lençol freático. Afinal, a água da chuva e rios próximos iria passar pela terra e rochas, até encontrar um leito subterrâneo pelo qual correr. — começou a dizer, compartilhando um pouco de seu conhecimento bastante útil. — E essa aqui é ainda mais especial. Envolta pelo mar. Faria muito sentido.

Pensando nisso e no fato de que não seria muito legal encontrar mais morcegos hostis por aí, sedentos por vingança, começaram a apostar em uma entrada para o nível inferior. Todos os monstrinhos e treinadores passaram a procurar algo, mas não viram resquícios quaisquer. Começava a ser frustrante. Por fim, Noah houve de concordar com o amigo de infância mais uma vez.

— É, se não temos uma entrada, acho que teremos que criar nossa própria. — concluiu com um suspiro. Assim que disse isso, Sousuke levantou a cabeça, como se não tivesse escutado direito. — Você quer dizer tipo... Cavar? — perguntou ele, hesitante. O loiro respondeu com sua simpatia usual. — Sim. Por acaso os morcegos arrancaram suas orelhas?

O moreno corou. — Ah, não, de-desculpe. É só que Bunnelby é muito bom em cavar. Talvez ele possa ajudar. — disse por fim, talvez com um pouco de medo de ouvir outra resposta daquelas.

O coelho.

O maldito coelho. Sim, eu posso não ter enfatizado muito a presença do roedor ao longo do desenrolar das coisas — convenhamos, dinossaurinhos fofos de planta, morcegos furiosos e um belo drama yaoi são muito mais interessantes — mas ele estava lá. E aparentemente, seria o salvador da pátria.

— Por que não disse antes?! — exclamou Noah, aparentemente surpreso com a enorme densidade do rapaz. — Ah... Desculpe... Enfim, por onde começamos? — perguntou o atrapalhado menino, buscando por instruções.

Two boys, a grotto

Granite Cave

— Ah... Certo. Por onde, Chiko? — perguntou o rapaz à gramínea, assim que terminou de ouvir o que os outros tinham de dizer. A pequenina pediu para sair do colo de seu treinador e seguiu em frente, balançando sua folhinha freneticamente em busca do tal lugar. — Vamos lá, eu sei que você consegue! — incentivou-a também.

A monstrinha foi orientando-se até que pareceu encontrar algo. Ela saltitou, animada, e apontou para um ponto específico do chão, grunhindo bastante. — Parece que é ali. — apontou Noah, o detentor de todo o conhecimento. Dito isso, Sousuke pediu para que seu coelhinho usasse as orelhas para cavar um buraco que pudesse ser usado.

O Bunnelby logo começou a trabalhar, enquanto todos o assistiam com grandes expectativas. Em pouco tempo, ele afundou na terra rochosa da caverna, criando uma passagem à força. O roedor de fato era muito bom naquilo que fazia. Não demorou muito para que voltasse à superfície, como que falando que havia conseguido.

O único problema?

Ele era pequeno demais para fazer uma entrada para dois humanos. Fizera uma base, uma pequena passagem. Mas não conseguiria mais do que aquilo. Ao menos, não sozinho. Se todos trabalhassem juntos, talvez conseguissem algo. Bem, ideias era o que não podia faltar, certo? Provavelmente, conseguiriam dar a volta em mais um pequeno obstáculo como aquele. Mas por favor, criatividade.

Two boys, a grotto

Granite Cave

É, não deu muito certo, mas eles estavam tentando. É importante manter o otimismo, mesmo depois de passar por situações não tão agradáveis assim. Lief logo tentou ajudar nas coisas, dando suas ideias e tudo mais. Era algo simples, mas que aparentemente seria também adequado. Eu mesmo daria uma sugestão semelhante numa situação destas.

Os demais rapazes concordaram que simplesmente sair disparando golpes contra sua pequena quase-entrada. — Não seria legal correr o risco de fazer o teto ou o chão caírem — comentou Noah, apreensivo. Mas bem, ele pareceu concordar com aquilo de usar a força psíquica. Era algo mais pensado e cuidadoso, com a minúcia requerida nesse tipo de trabalho.

Pois bem. As monstrinhas não possuíam grandes perícias no assunto de controle mental, visto que ainda eram "iniciantes" no assunto, mas podiam muito bem se virar em situações calculadas como aquelas, desde que mantivessem a calma. Raiden pareceu contente em ajudar também. Seu tamanho era ideal para ajudar naquilo, iluminando.

Não foi lá tão rápido assim, mas com a ajuda de todos, conseguiram. Bunnelby dava informações sobre o túnel que fizera, e o aumentava em regiões mais resistentes. O Plusle aproximava-se, criando gerando energia na forma de luz para facilitar tudo. Yomi e Amelia precisavam trabalhar juntas no mesmo ponto, para fortalecer os poderes uma da outra, e assim, não cometer nenhuma gafe.

Logo, fizeram um buraco grande o bastante para que os treinadores conseguissem passar engatinhando. Ah, era bom ver eles trabalhando juntos em prol de um mesmo objetivo. Tão bom era isso que os monstrinhos começaram a comemorar, contentes com o resultado. Talvez contentes até demais. Mas tudo bem. O que poderiam fazer, chamar a atenção de morcegos e piratas?

É, melhor não pensar muito nisso.

De qualquer forma, tinham seu caminho. Era escuro, úmido e apertado, mas existia. Tinha algumas curvas bruscas para ajudar a chegar para baixo com maior facilidade. Mas ainda assim, talvez os treinadores não estivessem prontos para o que havia no fim dele. Eles saíram do túnel de forma desagradável e inesperada: caindo.

Não tinha muito o que os monstrinhos fazerem naquela situação. A maioria deles voava, então bem, cair não era lá tão preocupante. De qualquer forma, quando viram, estavam saindo do túnel, e em queda livre. Pelo menos alguns seis metros. Ai. — Te-Tesla! Cotton Spore! — foi a única coisa ouvida (além dos gritos, é claro).

A ovelhinha agiu rapidamente. Disparou uma grande nuvem de lã contra a direção em que caíam, para que a queda pudesse ser atenuada. Deu certo. Obviamente, não foi muito confortável, mas poderia ser pior. O ambiente em que estavam parecia estar ainda mais escuro, por mais impossível que pareça. E também estava nítida a umidade ali, carregada no ar, nas pedras.

Parecia ser um bom lugar, quando comparado à descrição de Sousuke. Por falar neste, ele estava ligeiramente ofegante. Talvez não fosse um grande fã de alturas. Além disso, o fato de ter caído sobre o colo de Noah não ajudava em muito, imagino. Bem, logo ele levantou-se, corado. Bem, deixemos Lief reagir um pouco à isso tudo, pois não? O que será que ele diria?

Two boys, a grotto

Granite Cave

Era bom ver as coisas dando certo mais uma vez. Parecia aumentar a moral do grupo como um geral. Além disso, eu diria que o gelo de fato começou a ser quebrado. Os outros rapazes exibiram um sorriso, apesar de eu ter certeza de que Noah estava mordendo sua língua para não responder o amigo. Será que ele realmente estava arrependido assim? Não sei.

A situação parecia também despertar em Lief algumas boas memórias de antes de reencontrar-se com o amigo de infância, em seu desbravamento à Hoenn. O Teatro de Forina, é? Realmente, muitos treinadores participaram do evento, e estou certo de que nenhum deles o esqueceu, seja por motivos agradáveis ou nem tanto.

Será que ele havia caído sobre uma almofada de lã assim também, lá nos palcos? Embora todos estivessem bem e tudo mais (inclusive o ovo), imagino que o rapaz preferiria cair sobre um outro tipo de estofamento, um que seu guia pelas cavernas parecia conhecer talvez até bem demais. Bem, não que eu esteja entendendo o que estivesse se passando. Definitivamente não.

— Ah, hmm, desculpe... — conseguiu dizer um Sousuke que parecia vermelho como um Magcargo. Noah não disse nada, apenas ajudou o garoto atrapalhado a sair de cima de si. — Bem, aqui definitivamente tem mais umidade que ali em cima. Imagino que Chikorita estava certa então. Só precisamos achar o tal pokémon agora. — o loiro desviou de assunto rapidamente.

A questão era: para onde? Com o ambiente agora iluminado, percebiam que estavam em uma câmara um pouco mais estreita. Na verdade, talvez a palavra túnel oferecesse uma descrição mais precisa. Não era extremamente apertado, tinha um espaço razoavelmente bom, mas também não poderia ser considerado uma câmara.

As paredes eram lisas e suadas, e seguiam em frente pelos ambos lados. Diferentemente do padrão marrom-térreo do "andar" superior, as rochas de agora pareciam puxar para uma coloração ligeiramente azulada. Nada muito exagerado ou chamativo, mas presente. Além disso, imagino que seja importante citar mais um fato.

O barulho.

Estava baixo, mas perceptível. Vinha da esquerda deles. Parecia uma espécie de grunhido, não sei. Definitivamente era estranho. Mas o que Lief faria em relação a tal coisa?