Cool For The Summer

Logo que fui para a bera d'água, o Slowbro me recebia com... um jato de água salgada bem na cara... Aquilo era jeito de tratar o treinador? Vai ver era pelo tempo de captura que mantive ele distante. Mas também pudera! Um Pokémon problemático que não me dava a oportunidade de me aproximar... Argh! Como lidar? Matte não queria "perder tempo" estreitando laços e Thito não via um futuro muito brilhante para alguém que não estava afim de se afastar da escuridão. No fundo eu também sentia que libertar o Slowbro seria melhor para todos, mas no mesmo lugar eu sentia que ele precisava se redimir com a humanidade antes de qualquer coisa e somente depois de poder confiar plenamente em alguém ele talvez poderia ser feliz como foi um dia.

Foi nesse momento que meu camarada de praia chegou com as bebidas Pokémon que nos ofereceu. Em algum lugar eu tinha lido que aquilo deixava os Pokémon mais dóceis, fortalecendo o vínculo com o treinador... Talvez fosse uma boa oferecer tudo a ele, sem compromisso algum.

— Bob, não seja mal educado. Marquinho trouxe um refresco pra ti, se não gostar pode voltar a nadar! - chamava ele para experimentar os sucos coloridos.

Por um momento quis que Sokka estivesse por ali para poder testar as novas habilidades de mergulho dele. Seria divertido, já que Dai tinha um lindo Milotic. Isso me lembrava a expedição que organizei com a divisão de Ouro, mas aparentemente estavam todos muito ocupados para iniciar os preparativos para explorar o mundo submerso de Hoenn. Era um dos meus últimos desejos antes de me despedir do continente.

Enquanto mergulhos profundos não poderiam entrar na minha lista de afazeres para o dia de praia, decidi ficar no raso aonde poderia sentir a água no peito e ficar de olho dos aquáticos. Assim que Slowbro tivesse tomado o suco, adentraria um pouco mais no mar fechado de Slateport para sentir aquele véu molhado na minha pele.

MATTE
"Deixa eu testar um negocinho aqui"

— Porra Bob, aquela gaivota ta tirando onda com a nossa cara, tu vai deixar? Se eu fosse você usava um Psychic e afogava ela... - provoquei o Slowbro, analisando como ele responderia.

O Pokémon do limbo já tinha se mostrado agressivo e negativo a reações de afeto de Matthew. Diferente de Emboar e Feraligatr, talvez estratégias de manipulação surtissem mais efeito nele. No entanto, não fiquei esperando que o rosado respondesse a provocação. Olhava pro Tachikawa e movia o pescoço na direção do pássaro esperando que ele desse um jeito de atacar também.

MATTE

— Quer caçar mais uns otários e dar uma surra neles? - perguntei para Slowbro, tentando identificar se aquele gesto tinha alimentado algo nele, ou se iria ignorar aquelas palavras.

Claro que gostaria de continuar avaliando o Slowbro, mas Daisuke começou a depositar informações que não me diziam respeito. Inclusive, aparentemente, também não era da conta do Matthew.

"Acho que ele quer se tratar e se refugiar numa fazenda e ta pedindo sua benção"

MATTHEW
"Ele só quer uma opinião, e tem razão, isso não é da sua conta!"

Diferente do Thito, Matte era mais abusado. O coordenador raramente discutia ou queria aparecer quando não era convidado. Já o aspirante a rocket estava sempre atento, mesmo que em silêncio, e tinha uma facilidade para assumir o controle já que nunca apresentou ser uma ameaça e tinha carta branca. Era ele quem me salvava de momentos conflitantes, quando minha ração era calada pela emoção. Então, por motivos óbvios, não tinha porquê ter medo ou reprimi-lo.

Daisuke estava em outro mundo. O real? Nah! Acho que no mundo dos pássaros que ele colecionava. Não fazia questão de Wingull. Já havia capturado um em Johto e da última vez que visitei Slateport peguei um Pelipper. Aqueles dados já estavam registrados na minha pokédex... E pensando nisso me lembrava do projeto "Gotta Catch 'Em All". Um dos meus objetivos em jornada era coletar uma grande base de dados, me especializando como capturador. Ainda tinha interesse em voltar aos eixos, já que estava voltando para Goldenrod. Tinha que ligar para o professor Elm e conversar com ele sobre isso.

— Vai ser vizinho da minha mãe, é? - ria um pouco. - Ela estava abrigada na fazenda dela, nas montanhas de Goldenrod, durante esses anos. Acho que ela poderia te ensinar bastante coisa, tipo como criar um viveiro pros seus passarinhos.

Dava uma checada em Hamtaro e Azula para ver por onde andavam. Daqui a pouco partiria para descansar.

— Eu não sou a melhor pessoa pra te indicar terapia ou especialistas em traumas neurológicos, amigo... Na verdade eu... eu estou dormindo com a ajuda de Morpheus, o Musharna... tem sido bem difícil ter sonhos bons ultimamente, então ele simplesmente devora tudo pra eu conseguir dormir bem. Talvez em alguma momento eu tenha que procurar alguém mais capacitado pra me ajudar, mas se acha que Sabrina pode te fazer bem, liga pra ela. Quando precisei de ajuda ela respondeu.