#004 You better work!

O fato daquele ser um caminho simples e reto me deixava mais segura, diminuindo as chances de eu me perder ou me enrolar pra voltar depois.

Caminhei por alguns minutos sem ver qualquer sinal de frutas nas árvores, até que as próprias começavam a se espaçar e eu progredia para uma área de transição que incluía a floresta. Digo isso porque em certo ponto o ambiente tinha mudado a tal ponto que eu já estava em campo mais aberto e diante de um riacho.

À beira do rio um senhor transmitia tristeza carregando sua vara de pesca. O balde ao lado do homem estava vazio, o que me dava uma sugestão do motivo de sua falta de ânimo. Bem, eu não sou uma perita em pesca, mas recentemente consegui fisgar duas hordas... Além disso, nunca me custou ser empática e prestativa.

– Hum-hum... Com licença, senhor, bom dia! Tudo bem? Sem muita sorte com os peixes? Hehe! – tentei disfarçar a intromissão com simpatia. Se minha abordagem desse certo, de repente eu até conseguia orientações para encontrar as frutas.


19/20 - Tropius Egg

Eu devia estar com sorte, porque coincidentemente o pescador estava usando frutas como isca e logo buscaria por outras diferentes! Isso adiantava as coisas pro meu lado, além de me dar oportunidade de alimentar minha curiosidade sobre o que ele fazia.

– Ah, quero sim! Se o senhor não se importar... – eu já ia caminhando atrás dele quando senti uma vibração intensa na minha mochila.

Era o ovo que se agitava intensamente... Eu o peguei no colo e abracei, pensando que o bebê pudesse estar reagindo a alguma coisa, sei lá, nunca lidei com ovos de Pokémon antes. De repente percebi a casca estalar e começar a rachar. Ok, isso era tudo que eu precisava para entender o que estava acontecendo, por isso coloquei o ovo no chão e engatinhei alguns centímetros para longe.

– Pode vir sem medo, coisinha... – murmurei para o ovo.

Um brilho intenso o envolveu, muito parecido com o de uma evolução. Soren também estava atento ao meu lado, mas não parecia tão preocupado quanto eu. Enfim, a forma elíptica do ovo se alterou até tomar a forma de uma coisinha redonda, com um pescoço compridinho e pequenas asinhas verdes e perninhas curtas. Como uma boa mãe de pet eu achei meu Tropius um máximo e nem questionei ele ser muito menor do que eu esperava.  [baby Tropius aqui]

– Ah! Que coisinha mais linda! Eu já tenho um nome pra você, Ga'Hoole! – peguei o pequenino no colo e lhe dei muito carinho.

Só que um raio de sol aqui, outro ali; entre gargalhadas e grunhidos pude sentir que ele começava a ficar cada vez mais pesado. Em minutos seu pescoço se estendia além do meu ombro, até eu não aguentar mais e ser forçada a colocá-lo de volta no chão. Ele cresceu assim, em instantes, diante dos meus olhos. Mas nem meu cérebro nem o dele processaram a informação, já que o bebezão se atirou em mim sem se dar conta do novo peso. Eu poderia ter quebrado uma coluna ou duas, mas quem se importa?

Foi Soren, talvez enciumado, quem chamou atenção para o idoso que se afastava floresta a dentro. Infelizmente, Ga'Hoole estava agora no tamanho natural da espécie e eu já não poderia levá-lo para uma área fechada. Guardei-o na Poké Bola com a promessa de que tiraria um tempo para agradá-lo de novo e corri atrás do homem.

– Me desculpe os modos. Eu me chamo Kiki, e o senhor? – até me esqueci das perguntas que faria para ele, mas fica pra próxima...


20/20 - Tropius Egg

Off: escreveu:

Só pra colocar aqui a personalidade pro Tropius!

Código:

O clássico brutamontes bobalhão. Ga’Hoole adora brincar, saltitando ou voando em círculos. Ele não tem muita noção do seu tamanho e peso, por isso não se contém em saltar sobre Kiki ou outro de seus companheiros, ou atingi-los com seu pescoço comprido. Em batalha isso se transforma em praticidade, já que ele prefere finalizar seus inimigos o mais depressa possível, ou acha que bater neles é tudo parte de uma grande brincadeira.

Enquanto caminhavam para o local, Kiki tinha uma surpresa , o ovo que havia ganhado de sua queria e belíssima amiga Robin, e que havia sido entregue pelo sedutor Noah, estava finalmente eclodindo. Kiki realmente tinha ótimos companheiros.

Do ovo surgia um pequeno Tropius, de pescoço longo e folhas verdinhas, de pequeno ele crescia de forma rápida, até chegar ao seu tamanho real, fazendo com que Kiki quase fosse esmagada, se ela não fosse mais rápida.

 - Mas que cena bonita - Dizia o senhor, que deixava sair um sorriso de sua boca - Fazia tempo que eu não via um pokémon nascendo, é uma coisa muito linda, meu nome é Ricardo, é um prazer conhecer você Kiki!


Uma vez que Kiki recolhia seu novo parceiro, ela seguia Ricardo, até o local onde ele dizia que estavam as frutas. Era  um local bem próximo de onde estavam e havia uma boa variedade de frutas, havia as que o outro Ricardo havia pedido, mas também havia outra frutinha que Kiki nunca havia visto, ela era parecida com uma Rawst, mas era toda verde, com detalhe em amarelo na ponta.

Coincidência ou não, aquele homem também se chamava Ricardo. E eu quase podia ouvir ao fundo uma trilha sonora meio dark e triste, que me lembrou uma famosa série dark que falava sobre viagem no tempo e coisas assim... Não consegui reprimir um "Oh!" bem baixinho quando ele disse o nome. Bem, o que quer que fosse eu pagaria pra ver!

Acho que, no fim, eu tinha seguido o caminho errado, porque agora não demoramos a achar uma área com bastante árvores frutíferas, incluindo as Oran que o Ricardo mais novo pediu e uma outra, verde, que eu julguei ser mais incomum pois minha memória não se recordou dela. Tentei pegar o quanto pude de ambas, e ao me ver fazendo isso Soren também se dispôs a ajudar, principalmente com as mais altas.

– É alguma dessas que o senhor precisa? Podemos dividir! – ofereci ao homem, sem saber exatamente quais as frutas que ele procurava – Aí do seu lado tem alguma Pecha? Rosinha? – complementei a pergunta ao lembrar subitamente do Contest, e da ladainha de tingimento de Poké Bola. Aquilo não era uma prioridade, na real, mas não custava tentar.

 - Sim, aqui tem algumas pechas, você quer? - Perguntava - Eu acho que vou querer ficar com essa verde que você encontrou. Quer trocar?


Kiki, conseguia as Berry que precisava para a salada de Ricardo, agora ela poderia escolher se havia mais alguma que ela gostaria de levar para si antes de voltar a clareira.

Aquela versão de Ricardo era um tanto mercenária, queria trocar algumas Pechas por uma fruta mais incomum. Eu não tava muito afim no começo, mas pensando numa necessidade imediata, resolvi aceitar.

– Olha, acho que essas são um pouco difíceis de achar... – lamentei com minha melhor interpretação de "coitada" – Mas tudo bem! Fico com as Pechas. Na verdade, até acho que se o senhor usar essas verdinhas como isca tem boas chances de conseguir fisgar algo. Cheira a fruta doce, e normalmente os Pokémon são facilmente atraídos por isso. Digo por experiências próprias e recentes! – e é real, já que muitos dos meus bichinhos amam frutas doces, e a estratégia do outro Ricardo era justamente atrair selvagens usando esse aroma em particular.

No fim, pretendia ficar com as Pechas rosinhas pra mim e levar as Oran que o rapaz pediu. Inclusive, espero que ele ainda não tenha desistido da ideia, ou de me esperar. Ficar pensando em Berry, pescaria e bananas - Tropius - me deu fome.

- Oba! Vamos trocar elas então  - Ricardo então dava 4 pechas para Kiki, enquanto ela entregava a berry verde desconhecida para o senhor, ele parecia muito feliz. - Acho que agora vou tentar descer o riacho, quem sabe mais próximo de sua vez eu consiga mais pokémon! Foi um prazer conhecer você senhorita Kiki!


O velhinho, de andar engraçado se despedia, e com a vara de pescar em seu ombro caminhava para próximo do riacho e seguia seu fluxo, agora restava Kiki achar o caminho de volta para fazer sua entrega.

Apesar da dúvida de ter feito um bom negócio ou não, fiquei feliz em ver a satisfação do velhinho com a fruta. Eu realmente torcia para meu palpite estar certo e ele ter mais sucesso na sua pescaria.

– Foi um prazer também, senhor Ricardo. Boa sorte! – me despedi dele na altura em que voltamos pro riacho.

Dali bastava eu seguir meu rumo pela outra trilha, reto. Talvez o portal temporal estivesse bem por ali, e metros depois de eu cruzá-lo reencontraria o Ricardo mais jovem e sua adocicada Slurpuff. Se antes Emolga foi atraído pelo cheiro doce. Agora eu que seria, por qualquer coisa que ele estivesse cozinhando.

Kiki finalmente voltava para encontrar o outro Ricardo, serase eram as mesmas pessoas e a garota havia voltado no tempo, ou até mesmo outra dimensão? Nah, deve ter sido apenas coincidência, de qualquer forma, ela até que tinha um pouco de pressa então apertava o passo para voltar a clareira.

Enquanto se dirigia para o local de encontro, ela acabava não prestando tanto atenção ao seu redor, porém em sua visão periférica ela percebia um borrão cinza sobre uma das árvores. Ela voltaria para ver o que era ou seguiria em frente?