[Mountrock] ... Não vou usar isso!

Mais um dia em Mountrock. Tinha tido muito trabalho no dia anterior. Parecia que a burocracia também cansava, mas eu também acabei trabalhando na horta que a empresa em que eu tinha parte, a Requiem, tinha nome. Mas agora eu acordava bem. Coloquei uma camisa lisa cinza escuro, uma calça de sarja bege, um boné preto. Tudo ok! Os fones iam em seu ouvido, após conectar via bluethoof ao meu Pokénav  plus, com música baixa. Vai que alguém queria falar comigo, né?

Desci as escadas do Centro Pokémon com velocidade, mais como se fosse um aeróbico matinal. Sabia que estava displicente com os meus treinos, mas planejaria retornar em breve. Tomei café da manhã ali mesmo, no Centro Pokémon, enquanto pensava o que fazer. No Pokénav, algumas notícias da região, eventos, não só em Hoenn, como em Johto, mais perto de casa. Eu suspirei de saudades do meu lar.

Na outra mão, a pedra quebrada olhava para mim, presente de uma missão que talvez foi bem resolvida, mas, não 100%. Deixei o Centro Pokémon ainda pela manhã, pois, eu tinha duas missões: encontrar uma batalha Pokémon e três itens. Na verdade, assim que as portas se abriram, eu decidi ir para o centro de treino ali mesmo, vai que alguém decidiu treinar ali, talvez eu pudesse desafiar para uma batalha, igual a um treinador que eu deveria ser. Caso contrário, eu teria que sair do Centro Pokémon para as ruas.

Mas o que me deixava curioso era como funcionaria aquelas antenas que eu tinha recebido. Retirei o Downing machine da bolsa, duas antenas e coloquei na cabeça. Usei a janela de vidro do local para saber como ficava. "Ridículo! Não vou usar isso!" Ao invés de usar as antenas no alto da cabeça, eu deixei fixo em minhas mãos, apontando para os lados e mexendo no app no Pokénav para ver se alguém deixou algo no centro de treino. Claro que ao mesmo tempo tinha música em meus fones... Seria muito difícil achar alguém ou itens assim no Centro Pokémon?

...não vou usar isso!

Era noite quando Ayzen chegara no Centro Pokémon. Administrar uma "empresa-sociedade" era difícil, ainda mais quando tinha de mexer com todos aqueles números e estatísticas; de algum jeito, contudo, o garoto tirava aquilo de letra e se livrava do fardo por mais um mês. A horta estava dando um bom lucro, e quando fosse expandida seria ainda mais eficiente, se é que isso estava nos planos. Mas isso não era o foco aqui, nosso herói sentia os pesos da vida adulta cada vez mais, tanto em sua profissão, quanto em sua opção de envolvimento compartilhado, sendo este a Requiem, e isso retirava tudo o que restava das energias do jovem, o fazendo dormir como um Snorlax num dos quartos do CP.

Mountrock sempre foi muito agradável, tanto para o loiro quanto para todos; apesar de situado num local inóspito como uma cordilheira deveria ser, a cidade que era um dos maiores centros socioeconômicos do continente era constante uma mãe para os de fora. Afinal, por viver do turismo, ela apresentava por si só uma gama de atrações e coisas para se fazer a qualquer um que resolvesse a visitar; esse não era o caso de Kitshomo. Apesar de estar ali a passeio, não tinha intenções em se aventurar pelos passeios que o local oferecia, seu objetivo ali era outro; não tão sério quanto uma missão Ranger de nível resgate de Pokémon contrabandeados, mas importante para a progressão do treinador. Afinal, quem não queria itens de graça? Era sempre bom, mesmo para alguém que sempre recebia recompensas com suas atividades; até porque, os Rangers eram muito bem assalariados, né?

O dia raiou belo, com poucas nuvens e um sol forte e brilhante no céu, quase que como um rei que agraciava seus súditos com parte de sua presença, e ainda era louvado por isso; seria horrível tentar concluir os objetivos do garoto com chuva, então podemos dizer que o clima estava a seu favor, pelo menos por hoje. Mesmo com os sinais de missões recentes ainda presentes consigo, o ás tinha exatamente duas tarefas a se cumprirem: a primeira era simples, tirar uma foto de uma batalha Pokémon, que poderia ser feita por qualquer lugar próximo; a outra era um pouco mais complexa, encontrar três itens usando o Dowsing Machine que havia pego anteriormente. Não eram nada impossíveis de se concluir, e com certeza não levaria mais do que um dia para serem terminadas.

Mesmo assim, Ayzen procurou pensar na melhor maneira de fazer tudo isso; de fato, o local de treino que ficava atrás de todo Centro Pokémon era conhecido por ter sempre alguém perdido buscando alguma batalha, e esse era o pensamento do jovem quando se dirigiu para lá. Contudo, diferente do clima, essa parte não estava tão ao favor dele. Estava completamente vazio. Não tinha nenhuma explicação fácil do porque ninguém estava treinando hoje, na verdade, se reparasse bem ele notaria que até mesmo o CP estava bem mais vazio do que o normal. Provavelmente estava acontecendo algum evento muito imperdível na cidade para absolutamente nenhum treinador estar buscando espaço no lugar mais acolhedor possível. A única opção restante era, mesmo não querendo, buscar pelas atrações da cidade; quem sabe o que poderia encontrar por ali?

Encontrar o centro de treinamento vazio acabava por colocar algumas pedras no meu caminho. Eu observei o campo vazio, ainda na esperança de não ter notado ninguém. Tudo bem! Eu teria que andar um pouco para poder concluir meus objetivos. Deixei o local com aquelas anteninhas nas mãos. Não ia colocar aquilo e sair andando igual um retardado. Sei que o Downing Machine era uma tecnologia popular de Mountrock e, muito possível, as pessoas estavam cientes de que treinadores usariam aquilo para conseguir expandir suas possibilidades com o Pokénav. Mas hoje não, Rodrigo!

De volta às ruas de Mountrock, com sol, clima agradável, e andava em direção ao nada. Minha mente se dividia quase em duas, uma baseada na capacidade de detectar treinadores. Mas não seria qualquer treinador, tinha que ser um treinador que esteja afim de batalhas. Porque não é que o cara seja treinador que ele queira batalhar, não é mesmo? O outro ramo seria o de entender como funciona aquele aplicativo beta. As anteninhas serviam para ampliar o sinal para achar itens... Não sei se Itens são acháveis por conta de sinais, mas estava aí a necessidade. O problema era o que os livros não contavam: o Ayzen era ruim com tecnologia!

Não era uma porta também! Sabia acessar email, usar streams de música, responder no discord da Requiém, mas no mais, mexer com coisas muito complexas era demais. Adorava aplicativos intuitivos, como do Day Care, onde tinha desenhos, mas mexer com um app que localizava itens, ainda mais em sua versão beta, parecia um pouco mais complexo...

Minha mãe sempre dizia que quando você divide sua atenção, mais chance de fazer besteira... No fim, acabei dando atenção mais aos itens, do que às pessoas a minha volta. Na verdade, nem isso eu tinha no momento, porque parecia que a cidade estava com um menor fluxo de pessoas, ou um grande fluxo em uma área só... Deveria ter perguntar a Joy antes de sair do Centro Pokémon, sobre algum evento na cidade, mas agora já era tarde... Estava caminhando pelas ruas com as antenas nas mãos e os olhos fixos, ora no caminho, ora na tela do pokénav....

...não vou usar isso!

Mesmo com a decepção de não ter encontrado uma alma sequer no Centro Pokémon, Ayzen não desistiria, ele sabia o que tinha de fazer e o faria de um jeito ou de outro; teria de ir para as ruas da cidade, mesmo contra seu desejo inicial, e assim buscar por qualquer treinador que estivesse afim de uma luta. Não era fácil identificar esse tipo específico de pessoa, que na cara daria para ver que queria briga, mas não era tão impossível, a maioria dos treinadores aceitaria um desafio, se não fosse lá muito absurdo ou se ele não estivesse ocupado. Ainda assim, era estranho o fato de nenhum destes estar presente no CP num dia de sol como esses.

Como sendo a única opção as ruas, o Ranger começara a caminhar pelas vielas e estreitos da cidade, numa parte bastante aberta e que claramente era movimentada em dias normais; talvez ter perguntado a Enfermeira Joy fosse realmente uma boa ideia. A mulher, que provavelmente trabalhava ali a anos, com certeza saberia caso algum evento estivesse acontece, e não tinha motivos para não dividir tal informação com um turista; mas talvez, Kitshomo não tivesse que procurar por muito mais tempo. Em um poste de esquina ele viu um panfleto grudado, com imagens chamativas e que atraia a atenção do jovem; quando se aproximasse poderia ver com clareza que se tratava de um anúncio de um... circo.

Isso mesmo, todo esse alvoroço na cidade era por conta de um circo móvel que agora estava fazendo sua temporada em Mountrock, e simplesmente lucrava em cima de todos os moradores dali; não existia uma pessoa viva sequer que não gostava de circos, né? Pois bem, no anúncio havia mais: teria um concurso de fantasias e batalha Pokémon, algo parecido com um show de talentos-torneio de batalhas-concurso de beleza. Era estranho, mas na hora faria sentido, garanto. De qualquer forma, esse ainda não era o objetivo do treinador, afinal ele tinha muito o que fazer e não teria tempo pra brincar num lugar como esses; não, agora ele teria de fazer a parte mais chatinha do dia: encontrar itens com o Dowsing Machine.

A máquina era completamente estranha aos olhos do jovem, que apesar de... bem, ser jovem, não entendia nada de tecnologias mais recentes; devo ser sincero, nem todo mundo conhecia o aparelho, mas em Mountrock ele era sim, bastante famoso, o que só corroborava para a "obsolescência" de nosso velho-adolescente. Mesmo que ele não entendesse tanto, não tinha segredo, era ligar o aplicativo no Pokenav e conectar aos "fones", esperando que eles pareassem e assim ele tivesse disposto em sua tela o que as antenas captavam; é claro que, sem usa-los de fato, na cabeça como deveriam, seria um pouco mais complicado de captar os sinais. Eles foram feitos para serem usados na cabeça, no final do dia, mas a vergonha do rapaz falaria mais alto.

A principio ele não recebeu nada. Era apenas um mapa da cidade em sua frente, com um símbolo de sonar no canto interior direito e uma interface na parte de cima; talvez ele tivesse que ativar algo? Não tinha tantas instruções assim, mas algo não estava certo. Quem sabe se ele tentasse colocar na cabeça... Mas bem, se ele não quisesse, e resolvesse caminhar alguns passos, entenderia como aquilo funcionava; no meio do mapa, um pequeno brilho apareceu. Bem fraco, mal tinha forma. Aquilo era um item, escondido em algum lugar ao leste da posição do jovem, e claramente próximo de uma grande construção; não dava para identificar do que se tratava pelo mapa 2D, mas era claramente algo imenso. Outra coisa o chamou a atenção, algo parecido com uma estrela, diferente do outro símbolo, e que estava mais ao norte; uma decisão teria de ser tomada, restava saber qual seria ela.

O movimento de Mountrock fora sugada por ... ... um circo!- as palavras saiam junto da leitura do cartaz naquelas ruas. Eu sabia que circos eram menos comuns, pois pela característica nômade, a combinação de um treinador como eu, que trocava cidades mais fácil do que trocava de Pokémons no Storage, encontrar um circo em uma cidade específica era rara. No entanto, diferente dos circos comuns, este tinha mais atrações do que o normal, incluindo vários tipos de concursos e até de batalhas. Ok, ali tinha uma boa opção para fazer a batalha!

Mas eu tinha também que achar os itens e talvez fosse mais sábio fazer a parte mais difícil primeiro e depois a parte mais divertida, que talvez pudesse render algo financeiro. Deixei a ideia do circo para mais tarde, para em seguida ir até aquele mapa descrito no Pokénav, cujo aplicativo beta abria. Caminhei um pouco nas ruas, com olhos fixos naquela tecnologia. Não era correto aquilo, afinal, poderia facilmente me perder, tropeçar ou passar qualquer situação desapercebido. Mas claro: sempre que saia da calçada eu olhava dos dois lados, para poder passar em segurança e não atrapalhar o trânsito, que parecida diminuído naquela manhã.

Depois de muito sofrimento, os sinais se cruzavam na tela. Dois lados: norte e leste. O pontinho de estrela no aplicativo aparecia e eu decidia ir ao leste, seja lá o motivo... Apenas escolhi aleatoriamente! Enquanto me dirigia até o ambiente escolhido, eu erguia as antenas do Dowising machine para poder entender qual era a altura que melhor funcionava, uma vez que eu entendia que as antenas precisavam de uma altura mínima para poder ampliar a cobertura do sinal. “Não sou tão retardado assim...”, o problema é que talvez fosse, pois talvez o sinal era melhor... SE ESTIVESSEM, NA CABEÇA, AS ANTENAS!

A primeira expressão minha foi respirar fundo, fazendo os ombros caírem e o porte físico afrouxar. Enquanto isso, olhei para as ruas pouco movimentadas por conta do circo e pensei seriamente em usar. Iria ser o estranho com antenas ridículas andando por aí olhando no Pokénav? Possivelmente! Mas esperava que ninguém visse. Bem, de qualquer forma, ficaria vermelho, mas repetiria para mim mesmo que aquilo era normal para uma cidade como Mountrock e seguiria para meus afazeres... Talvez eu não fosse encontrar nada, isto é fato, mas ainda teria chance de encontrar algum item... A esperança era mandatória ali, mesmo sendo um app beta, tinha fé nele...

...não vou usar isso!

Realmente o circo poderia ser um ótimo lugar para conseguir a foto que Ayzen tanto queria, com certeza teriam locais para fazerem batalhas amadoras, por fora do torneio, e mesmo o torneio poderia ser interessante ao garoto; de certo renderia algumas premiações interessantes, e ele tinha Pokémon fortes o suficiente para vencer com bastante facilidade. Contudo, esse não era o objetivo dele agora, como um bom e disciplinado Capitão ele focou na parte pior primeiro, indo atrás dos itens, que de fato eram mais complicados de serem encontrados, e assim depois poderia relaxar com batalhas e apreciar o circo.

Mesmo que contra sua vontade, Kitshomo sabia que a melhor opção era manter as antenas na cabeça, mesmo que ficasse ridículo de engraçado para quem não conhecesse o equipamento; essa era uma parte ruim de ser um Ranger regrado e tudo mais, não poder se permitir ser bobo ou infantil sempre. Vez ou outra ele acabava sendo trapalhão, mas era muito difícil conciliar tantas responsabilidades com... bem, uma vida; essa pertencia a sociedade e ao dever, não importante tanto as vontades próprias do garoto. Era um fardo grande para se carregar com tão pouca idade, mas o loiro não parecia se importar tanto; tomando coragem e se desinibindo, finalmente ele colocou os fones na cabeça, e começou a seguir para o caminho leste, onde estava o primeiro sinal a aparecer em sua tela.

Não era nada longe, ele caminhou por cinco ou dez minutos, nada que fosse o cansar; o trajeto o levou para um setor mais industrial da cidade, onde haviam diversas usinas e fábricas espalhadas, quase que como em Mauville, realmente mecanizado. Não era estranho encontrar construções como essa por aqui, afinal o ser humano não conhecia limites quando o assunto era exploração e esgotamento de recursos naturais; construir uma usina no meio de cordilheira para produzir aviões? Com certeza, parece uma ótima ideia. Apesar disso, entre uma fábrica e outra algumas vielas eram encontradas, e assim que o garoto se aproximou de uma delas, o aplicativo notificou de que o item estava ali; se ele se aproximasse, veria que se tratava de uma esfera bicolor, bastante comum, e que poderia facilmente ser usada num futuro próximo.

Eu esperava que não fizesse diferença as anteninhas ficarem sendo segura por minhas mãos ou na cabeça. No entanto, parecia que ela tinha uma altura apropriada para poder funcionar em toda a sua capacidade, o que me deixava sem muitas escolhas, exceto, usar as anteninhas e seguir caminho, fazendo a egípcia para quem achasse engraçado. E estava cogitando que até as pessoas da cidade, que constantemente viam treinadores andando por ali com elas, teriam a indelicadeza de sorrir. Eu sorriria, não nego! Dessa forma, segui para o setor industrial bem paramentado.

O sinal ficava forte e surpresa a minha foi quando achava uma esfera bicolor com o apetrecho. Mesmo sendo a versão beta, ela era funcional. Peguei o item como prêmio e achava que aquele app temporário registraria o item como achado, para quando retornar ao criador dele, eu provasse que estava tudo ok. Dessa forma, eu voltei a minha atenção para a tela do equipamento. Iria voltar para o outro ponto, ao norte, em que outrora eu tinha detectado um outro item (como aquela tela mostrava que quando piscava, era item). Caso no caminho fosse captado algum item diferente, eu iria atrás, deixando a do norte para depois.

Fissurado no aparelho, caminhei para lá com minha atenção redobrada e com minha capacidade de dividir o meu foco entre andar e observar a tela do aparelho...

...não vou usar isso!

Assim que o garoto tocou na esfera, o aplicativo brilhou instantaneamente, preenchendo um dos três círculos vazios no canto inferior-esquerdo; aquilo certamente indicava que o primeiro item recolhido por Ayzen já estava registrado, e agora só restavam mais dois. Mesmo não sendo difícil, a busca por itens poderia ser cansativa, principalmente considerando que a manhã estrava progredindo e que logo o sol do meio dia estaria brilhando alto, queimando a nuca de nosso herói; ainda assim, sabemos que ele não desistiria e continuaria sua caçada, poderia durar o dia todo, mas ele estaria lá, firme e forte.

Foi com essa informação que ele recolheu a pokébola, guardando em sua bolsa e ficando com o item para si; seja lá quem tenha perdido ela, não era problema dele, afinal o aparelho não iria lhe fazer roubar coisa... né? Bem, qualquer que fosse a resposta, o momento agora era de caça ao tesouro, e o próximo destino do jovem ficava ao norte; diferente da esfera, este sinal por sua vez era em formato de estrela. Talvez representasse algum item diferente ou mais raro, ou talvez estivesse em algum lugar de difícil acesso; não dava para saber ao certo, de novo, por conta do mapa 2D, mas ele logo descobriria. No meio do caminho, nenhum outro sinal surgiu, provavelmente indicando que agora ele teria de caminhar mais para encontrar alguma outra pista de onde estivesse seu terceiro e último alvo.

Focando no segundo por enquanto, o loiro seguiu adiante a norte, saindo da parte industrial e indo em direção as ruínas da cidade, que ficavam por ali; Mountrock era um sítio arqueológico imenso, e quase tudo mais próximo da grande montanha era inundado por artefatos e construções antigas. Diversos pesquisadores trabalhavam ali, dia e noite, para encontrar qualquer coisa que pudesse ajudar em suas pesquisas; fósseis, construtos, manuscritos, literalmente qualquer coisa que pertencesse a alguma civilização não mais existente. No meio de tudo isso havia um pequeno castelo, sem o teto, e com uma escadaria quebrada aqui e ali; o grande jogo de escadas dava para várias salas, e a única coisa que o aplicativo mostrava era que o sinal vinha exatamente desse ponto; Kitshomo teria de procurar por conta própria agora, se quisesse de fato achar...

 
Ao Norte e além! Era a minha determinação naquele momento. O aplicativo piscava e eu agia como cadelinha dele, tentando seguir as instruções e interpretar o mapa 2D que ali revelava. Aos poucos, o ambiente industrial era substituído pelas ruínas características da cidade. Por um tempo, eu deixei de acompanhar o app para poder reparar em cada pedaço de pedra antiga, com significado histórico imenso. Na verdade, na verdade, era que eu estava pensando que se a arqueologia fosse o foco daquela cidade, teria trabalhadores ali o dia todo, o que facilitaria que eu fosse flagrado usando as antenas de idiota ali (com todo o respeito ao cientista que a fez!)

Logo que eu avancei ao castelo de pedra destruído pelo tempo, eu percebi que o aplicativo não me mostraria mais nada tão específico quanto aquilo. Eu fiquei um pouco curioso e, mesmo o aplicativo não respondendo, eu mantive as anteninhas na cabeça por conveniência. Segui pelos corredores de pedra, tentando me esgueirar. Possivelmente, se tiver precariedade de luz, eu pegaria minha lanterninha ranger para poder iluminar o caminho, o chão, tudo o que tiver disponível para poder encontrar os itens pra finalizar aquele teste beta... Ainda tinha o circo na cidade, o que poderia ser considerado uma prévia do parque em Johto que eu tinha visto a propaganda ontem.

Mas deixando os planos futuros para trás, eu fui atrás do futuro imediato. Até tirei os fones de ouvido que não tinha guardado desde que sai do Centro Pokémon, para que finalmente eu pudesse me concentrar mais naquelas ruinas e seguir a diante para pesquisar a localização necessária.

...não vou usar isso!

Mesmo com toda a movimentação do garoto, ele não chamara a atenção de nenhum dos trabalhadores dali, que mais pareciam interessados no próprio objeto de trabalho; haviam poucos, menos do que em dias normais, provavelmente aproveitando o circo, mas ainda era possível ouvir barulhos de escavadoras e tratores. Ainda assim, Ayzen não desistiu e permaneceu em sua busca, adentrando o castelo e começando a procurar, por literalmente todo o espaço; a princípio nada fora encontrado, mesmo com a lanterna, os locais apertados dificultavam a entrada de luz, e por isso muitas vezes era melhor olhar sem a lanterna para facilitar.

Com alguns minutos, nada havia sido encontrado, talvez o aparelho estivesse falho, mas no andar principal não havia nada... no andar principal. Era essa a solução, não estava naquele nível; o jogo de escadas levava a um outro terraço, e era para lá que Kitshomo ia, seguindo seus instintos como determinado pelo próprio. Assim que ele terminou de subir o lance, ele pôde ver, no canto da sala, algo jogado ao chão; assim que se aproximasse determinaria o que era: algumas pedrinhas amontoadas, amareladas, e que o garoto conhecia bem. Logo depois que pegasse, o sinal apitaria, sinalizando que mais um dos itens havia sido resgatado.

Agora restava apenas um, e mesmo sem uma pista certa, havia um lugar que ele não havia explorado corretamente; o sinal no celular mostrava um pequeno quadradinho, num lugar não muito longe dali, e estranhamente familiar, mesmo pelo mapa 2D. Enquanto seguia para lá, como narrado, o loiro encontraria nenhum outro sinal, o que dava a entender que o aplicativo não encontraria outro, apenas três, por ser sua versão beta mesmo; caminhando por mais alguns minutos ele se encontrou de frente com o... Centro Pokémon? Sim, o último item estava lá, mas como no castelo, essa era a única certeza que o garoto tinha. Deveria procurar logo, para terminar essa tarefa...