ficha de treinador
Aparência de Ace Trappola
Nome Kimino Kai
Sexo Masculino
Classe Treinador/Coordenador
Cidade Natal Jubilife City
Idade 18 anos
Altura 1,71m
Peso 55kg
Personalidade
Desde que se conhece por gente, Kai é sempre apontado como o extrovertido do grupo. Muito por seu pai sempre ter lhe ensinado a confiar em si mesmo, o jovem nunca se sentiu intimidado na presença de outras pessoas. Até mesmo em sua época de escola era ele que ajudava os novatos a se enturmar, sendo o primeiro a puxar assunto com eles e normalmente o primeiro amigo dessas também. Algumas pessoas o consideram barulhento, mas isso é porque ele realmente se incomoda com o silêncio e está sempre tentando fazer alguma coisa para animar o recinto.
No que diz respeito às suas poucas inseguranças, seus maiores pontos fracos são a sua família. Apesar de ter crescido com muito amor de seu pai e o companheirismo de sua irmã adotiva, Kai nunca conheceu a mãe e esta também nunca quis conhecê-lo. A descoberta de tal fato, inclusive, foi a responsável pela fase mais parada de sua vida. Apesar dele falar que não, este ainda é um assunto delicado. Até porque foi o que desencadeou o seu interesse em Pokémons e é acima de tudo o motivo dele querer sair em uma jornada em busca de autoconhecimento.
Tem um interesse pessoal em moda e costura, sendo ele quem desenhou e fez a maioria das suas roupas. Talvez muito por isso ele anseie mais por ser Coordenador que Treinador, já que é onde pode colocar sua estética no campo e ser aclamado por isso. Quando mais novo, sua pretensão era estudar moda quando se formasse no Ensino Médio. Agora que estará saindo em uma jornada ao invés de fazer vestibular, ele espera que a experiência adquirida nos Contests lhe dê sobretudo inspiração para quando decidir parar e voltar seus esforços para uma carreira acadêmica novamente.
É muito próximo de Tadashi, seu pai, e Hana, sua irmã, sendo esta a maior dificuldade que ele pensa que irá enfrentar ao estar longe de casa: não vê-los todos os dias.
Aparência
Seu cabelo castanho claro quase ruivo foi herdado de seu pai, enquanto seus olhos da cor do por do sol foram herança de sua mãe. Ele se parece muito com o próprio pai quando mais jovem, com os fios rebeldes que se amontoam de forma bagunçada independente do que faça. Seus olhos são comumente marcados por um delineado suave em situações casuais. Todos os seus traços faciais são bem demarcados, exceto por seus lábios que são bem finos. Por ter jogado no time de vôlei da escola desde novo, tem músculos bem definidos (ainda que não aparente, uma vez que suas roupas camuflam isso e o fazem parecer mais magro).
De pele clara, Kai não apresenta uma única imperfeição, sejam espinhas ou mesmo cicatrizes. Seu cuidado com sua aparência lhe garante estar sempre apresentável, não importa a situação. Costuma usar maquiagem sempre que possível, com destaque para suas sombras vermelhas que destacam seus olhos, bem como um coração desenhado de forma perfeita ao lado do seu olho esquerdo. Sua roupa favorita — também confeccionada por ele — se trata de uma camisa vermelha de botões com os símbolos de carta de baralho estampado, seguido de um casaco xadrez com formas de losango em preto e branco, uma calça branca com uma linha dourada dos lados e seu cinto estilizado com corações, onde guarda suas pokebolas.
A mochila que carrega também foi desenhada e costurada por ele. Em um tom de vermelho que combina com sua camisa, a mochila tem uma estampa bem visível de um coração com uma flecha na parte de trás, bem como um chaveiro customizado com uma Mawile em miniatura.
I — Kimino Tadashi
A história de Kai inicia-se na verdade com Kimino Tadashi, seu pai. Tadashi nasceu e cresceu em Saffron City, em Kanto. Desde criança ele se mostrou alguém curioso e de iniciativa, e de uma paixão muito específica sobre conhecer o mundo de todas as formas que lhe fosse possível. Um dos motivos de ter sido sempre um dos melhores entre as escolas que passou foi justamente para que no futuro pudesse cumprir esse seu maior sonho. Seu país possuía de tempos em tempos programas de intercâmbio entre países e um dos requisitos era justamente histórico escolar exemplar. Por isso, quando chegou sua hora de entrar na faculdade e ele se inscreveu para as duas vagas para estudar Relações Internacionais em Sinnoh não foi surpresa nenhuma ele ter sido um dos selecionados para viajar até Jubilife City e ter essa honra. Era o curso que ele sempre quis fazer, então tudo deu certo no fim. Foi inclusive na sua faculdade que ele conheceu aquele que viria a ser seu melhor amigo, Mitsumoto Zajin. Eles não eram exatamente do mesmo curso, mas acabaram se conhecendo por algum capricho do destino e assim ficou sendo pelos longos anos que passaram na faculdade. E foi então na Festa de Formatura que a vida de Tadashi mudou.
A festa estava indo tudo como planejado: todos se divertindo e comemorando a graduação. Só que no meio disso tudo, quando começou a música de verdade, Tadashi cruzou o olhar com a mulher mais linda que ele já tinha visto até então. Era uma mulher com a pele mais escura que a sua, cabelos negros e um sorriso que mais parecia que ela estava desafiando todos ali a conseguirem sua atenção. Ficou como que hipnotizado e quanto mais se aproximava da mesma, mais sentia-se atraído por ela. Como sempre foi alguém bem descontraído, não teve dificuldade em iniciar o assunto. Aliás, o papo fluiu de uma maneira sem igual, e quando ele se deu conta já estavam os dois em um hotel desfrutando um do outro de uma forma mais íntima.
II — Mudança
Durante o tempo que ficou estudando para se formar sendo sustentado pelo governo de Kanto, Tadashi arranjou alguns empregos de meio período e quando finalmente se formou tinha reservas para alugar uma casa em Jubilife City. Não era exatamente o seu plano, mas quando meses antes foi informado que seria pai, bom, ele precisava se refugiar. A conversa com a mulher da noite de formatura foi simples, embora problemática. A mulher explicou que não possuía condição alguma de ser mãe, e que assim que desse a luz iria entregar a criança para Tadashi cuidar. Alguns meses após Tadashi se mudar para a casa que alugara para morar com seu filho, Zajin anunciou que também tinha conseguido moradia pelas redondezas, então seriam vizinhos. Mais que isso, também disse que seria pai de uma menina. Tadashi ficou muito feliz por poder compartilhar aquela nova fase da sua vida com Zajin, afinal estavam tão perto um do outro que provavelmente acabariam se ajudando.
Passado o tempo necessário nasceu então Kai. A mulher entregou-o para Tadashi, e junto do bebê uma carta que deveria ser entregue a ele quando chegasse o momento certo. E feito isso, ela se foi. Pouco tempo depois nasceu Mitsumoto Hana, filha de Zajin.
III — Kimino Kai
Aqui inicia-se a história real de Kai. Ele cresceu tendo somente seu pai de parente próximo. Segundo o que sempre lhe foi dito, sua mãe tinha viajado para muito longe sem prazo para voltar. Porém Kai era compreensível, viveu toda sua infância sem criticar a ausência de sua mãe, até porque seu pai era simplesmente incrível. Além disso, tinha o suporte do tio Zajin também, quem ele respeitava como se fosse seu segundo pai, afinal cresceu com ele sempre por perto.
A infância de Kai no geral foi bastante comum, apesar de ele ter tido alguns problemas de percurso enquanto tentava sair da escola. Ele sempre mostrou facilidade para aprender as coisas, então acabava parecendo que sua capacidade estava sendo desperdiçada. Curiosamente, sua psicóloga por algum tempo cogitou que ele talvez tivesse algum nível menor de autismo, pois ele se perdia em seus próprios pensamentos com muita frequência. Posteriormente essa ideia foi descartada, e ficou decidido que ele era apenas muito distraído. Por conta disso, sofreu um pouco de bullying na escola. Como só tirava as notas máximas, alguns garotos da sua sala achavam isso um absurdo, já que segundo eles isso só acontecia pois ele recebia tratamento especial. Kai, por sua vez, não se afetava muito. Apesar desses problemas sempre foi muito seguro de si, então simplesmente ignorava o que os garotos estúpidos falavam.
Quando chegou no ensino médio começou a notar algumas coisas. Mudou de instituição, porém foi para uma bastante conhecida, então boa parte das pessoas da sua sala acabaram sendo as mesmas, incluindo uma parte do grupo dos garotos que tentavam o incomodar. A diferença dessa vez é que esse grupo se aproximou de Kai, alegando que eram "amigos", pois estudaram vários anos juntos. Por sua personalidade, o jovem Kimino apenas aceitou passar a fazer parte da roda de amizade deles e se surpreendeu quando notou que eles estavam mesmo diferentes, pois não faziam mais a mesma baderna como costumavam fazer antes. Isso que lhe permitiu se aproximar do que seria o líder deles, Nakamoto Hiro. Nunca tinham conversado antes, porém eles eram tão compatíveis que chegava a ser engraçado. Gostavam do mesmo tipo de música, mesmas comidas e compartilhavam às vezes até as mesmas paranoias em relação à vida. Quando se deu conta, Kai já se sentia envolvido com Hiro, mais do que ele um dia já imaginou estar.
IV — A filha do tio Zajin
Antes de continuar a história de Kai, torna-se completamente necessário citar sua relação com Mitsumoto Hana, a filha de Zajin. A garota sempre foi mais calada, Kai até diria mais fria porque quando estavam juntos quando criança ele tentava a todo custo arrancar uma risada dela mas na maioria das vezes só levava um gelo. Só que apesar de levar essas ignoradas, ele nunca se sentiu desconfortável perto dela e, pelo o que ele podia dizer o sentimento era recíproco. Ele a via desde sempre como uma irmã que morava em outra casa, até porque Tadashi e Zajin viviam marcando programas juntos, tipo ver o jogo do time favorito deles na casa de algum deles, e acabava que Hana estava sempre por perto. Como eles não se interessavam pelo programa dos seus pais, acabavam indo brincar de alguma coisa no quintal ou algo do tipo.
V — Paixão
Novamente, para prosseguir na história de Kai, se torna necessário voltar rapidamente para as coisas que ele sempre aprendeu em casa. Apesar de boa parte da sua famílias ser bastante tradicional no que diz a respeito à grande maioria das coisas, Tadashi nunca teve a mente fechada como eles. Quer dizer, ele ligava, sim, para as tradições e sabia que elas eram importantes, porém uma boa parte delas ele simplesmente não conseguia aceitar e isso era pauta de discussão sempre que se reuniam em Kanto. Por isso, Tadashi levou isso para sua casa e ensinou desde cedo para Kai que se ele respeitasse os outros conseguiria coisas grandiosas na sua vida. Quer dizer, o jovem Kimino tinha total liberdade para ser o que ele quisesse, tanto que Tadashi nunca impôs nem mesmo as roupas que Kai deveria vestir, nem mesmo a profissão que queria que ele exercesse e, o que importa para essa parte da história do garoto, nunca impôs por quem seu filho deveria amar.
O que esse ponto ressaltado quer dizer é que quando Kai se aproximou de Hiro e começou a sentir um sentimento mais forte que amizade o garoto não se sentiu confuso. De verdade aquela estava sendo sua primeira experiência no que diz respeito a se apaixonar, então estava, sim, meio assustado com o que viria em seguida. Sabia que não podia forçar Hiro a retribuir aquele sentimento, e pior, sentia-se completamente certo quanto a heterossexualidade do seu amigo, então não seguiu muito em frente com essa paixão. Se ele deixasse aquilo pra lá e focasse em outras coisas logo esqueceria. Ou assim ele pensou. As coisas não aconteceram dessa maneira, contudo. Começou até mesmo a ficar desconfortável estar na presença de Hiro. Viajado como sempre foi, Kai se pegava sempre se imaginando como seria namorar Hiro e o quanto eles seriam perfeitos juntos. Eram muito compatíveis, sabem? Seriam um casal incrível. Mas era determinado, e novamente, firmou sua decisão de não seguir em frente com aquela ideia maluca.
Só que em determinado dia, Tadashi precisou viajar a negócios e deixou Kai sob custódia de Zajin. A única forma que tinha para se comunicar com seu pai era por mensagens de texto. Em algum ponto pai e filho começaram a falar sobre a escola e por algum motivo um deles puxou o assunto namoro. A relação de Kai e Tadashi nunca envolveu segredos, era algo que os dois se orgulhavam, então ele contou o que estava acontecendo na sua cabeça em relação a Hiro. O problema foi que Kai se descuidou em algum ponto e acabou mandando a mensagem que tinha escrito com todas as letras que gostava de Hiro para o próprio Hiro. Ele ficou desesperado naquele mesmo momento, sentiu como se o teto que o protegia fosse cair naquele mesmo momento bem em cima de si. O celular acusou que Hiro tinha lido a mensagem, porém não respondeu. Na verdade, a partir daquele momento, Hiro não disse mais nada. No dia seguinte, na escola, Kai simplesmente não conseguiu olhar na cara do seu amigo e, aparentemente, isso não fez a menor diferença, pois Hiro simplesmente o ignorou também. Isso se seguiu por longas três semanas.
Passou bastante tempo e, embora não falassem naquele assunto, os outros amigos em comum entre os dois começaram a estranhar eles não estarem mais tão próximos quanto antes. Ambos notaram que chegaria um ponto em que não poderiam mais fingir que nada aconteceu, mas continuaram fingindo que estava tudo bem. Certo dia, enquanto Kai decidiu ir ao banheiro durante o intervalo, ele não notou, mas Hiro o seguiu. E foi ali naquele banheiro que as coisas se resolveram, e da melhor forma possível. Hiro estava estranho, entrou no banheiro olhando para trás e saiu abrindo todas as portas das cabines para checar se estava vazio. Estava. De forma súbita aproximou-se então de Kai, que estava mais afastado do outro lado do banheiro lavando as mãos e foi surpreendido por nada menos que um beijo. Nenhuma palavra foi dita, mas aquele beijo significou infinitas coisas, e uma delas foi o início de um relacionamento. Kai só queria que aquilo tivesse durado... Mais.
O relacionamento dos jovens não durou muito. Hiro retribuía o afeto de Kai, porém não tinha coragem para aceitar para o mundo o que sentia, e isso foi ficando cada vez mais complicado. A família de Hiro em diversos momentos se mostrou ser contra os “viados”, então ele não podia simplesmente contar que estava namorando um garoto. Isso foi consumindo o relacionamento aos poucos, até que um dia Hiro apareceu na sala de aula apresentando sua nova namorada. Aquilo foi um choque para Kai, que apesar de ter fingido aceitar bem no momento, quando chegou em casa não conseguiu segurar mais sua frustração e chorou deitado na sua cama até pegar no sono e, quando acordou, chorou um pouco mais até sentir que sua alma estava satisfeita. Aquele tinha sido seu primeiro relacionamento, então o jovem sentia-se traído, e quando pensava nisso esse sentimento se tornava raiva. Era simplesmente um turbilhão infinito de coisas misturadas na sua cabeça e ele não conseguia lidar muito bem. Felizmente, o ensino médio acabou pouco tempo depois. No fim das contas, Kai superou. Já tinha superado coisas piores, como quando o tio Zajin morreu.
VI — Mundo Despedaçado
Quando ainda era apenas uma criança, Kai passou por uma experiência que ele não desejaria a ninguém. Naquele dia, Hana apareceu muito assustada e com sangue nas mãos gritando por Tadashi, dizendo que o papai dela estava sangrando e não respondia quando ela chamava. Tadashi foi correndo até a outra casa, enquanto Kai ficou encarregado de tentar acalmar Hana. O garoto só conseguia rir de nervoso porque seu pai pediu para cuidar de Hana enquanto ele mesmo estava desesperado. O lance é que os dois ficaram abraçados sentados em algum canto da sala até a garota dormir e, quando isso aconteceu, o jovem tentou ir devagar até a casa em que Zajin morava. Ficou surpreso ao encontrar uma ambulância e um carro da polícia lá, com um policial conversando com seu pai e alguns curiosos comentando que Zajin tinha “se matado”. Foi só nesse momento que Kai percebeu a gravidade da situação. Ele sentiu seu mundo rodar, embora não estivesse tonto de verdade. Sentiu o chão sumir, embora ainda continuasse de pé, e então caiu de joelhos no chão. Ali ele ficou durante vários minutos, até começarem a sair com uma maca de dentro da casa. Tinham muitas pessoas na frente, mas conseguiu notar o saco preto sendo carregado, e dentro do saco volume suficiente para indicar ser uma pessoa.
Só se levantou quando Tadashi notou o jovem ajoelhado e se aproximou, dizendo que ele devia ter ficado em casa cuidando de Hana, mas o garoto nem mesmo respondeu, estava em choque — não muito diferente da garota momentos antes quando chegou na sua casa pedindo por ajuda. O lance é que Zajin nunca ia visitar seus familiares, sempre disse que não tinha a melhor relação com eles e que esse era um dos motivos de ele ter se mudado para Jubilife City sozinho. Em outras palavras, não tinha com quem Hana ficar. Na verdade, até tinha, porque ela passou algumas semanas morando com Kai e Tadashi, o único problema é que pela lei ela deveria morar com algum parente legítimo ou então seria mandada para um orfanato. Naquela situação, somente a segunda opção estava disponível e Tadashi não estava disposto a deixar aquilo acontecer. Muito menos Kai.
Foram longos meses. Praticamente toda semana ocorria uma reunião para discutir sobre a guarda de Hana. O Estado não achava Tadashi apto a cuidar de uma criança, quanto mais duas. Ele ainda era muito jovem, morava de aluguel, era pai solteiro, não tinha uma renda alta, enfim, tudo contava contra ele. Só que enquanto o adulto travava uma luta na justiça, Kai travava uma luta em casa. Sua relação com Hana tinha sido destruída após a morte de Zajin e o início da luta para conseguir a guarda da garota. O jovem Kimino fazia de tudo para tentar deixar a garota confortável, mas ela não parecia mais ser a mesma. Enquanto o garoto tentava ser prestativo, ela simplesmente desprezava os esforços dele. Ela dizia que eles só estavam fazendo aquilo por pena e que nunca desejou passar por aquilo, que seria mais fácil deixarem ela de uma vez. E sempre que ela dizia isso era como se um pedaço de Kai fosse arrancado dele. Como dito, a relação deles sempre foi verdadeira, porém eles nunca foram de expressar em palavras, então ter que ouvir Hana falando todas aquelas coisas simplesmente destruíam o jovem por dentro.
Mas ele tentava não se deixar abalar. Quanto mais ela dizia que pra desistirem dela, mais Kai se esforçava para tentar fazer com que ela se sentisse em casa. Não era pena, ela estava errada. Ela era a irmã de outra família que ele tinha e não permitiria que ela sofresse ficando largada sem ninguém. Provavelmente essa situação contribuiu bastante para o amadurecimento precoce dos dois.
Demoraram muitos meses — que para Kai pareceram séculos —, mas finalmente os advogados entraram em um acordo. Entraram em contato com os parentes de Zajin, informaram que ele tinha morrido e deixado uma filha para trás, e para o choque de todos eles simplesmente não se importaram. Falaram que podiam fazer o que quisessem com Hana, que eles não tinham nada a ver com isso. Isso contribuiu para que a guarda da garota fosse conquistada por Tadashi. Basicamente, o que aconteceu foi que o júri decidiu que ela poderia ficar com a família. Já estava com eles mesmo durante aquela situação toda e não apresentava nenhuma injúria, o que contava como pontos positivos para Tadashi. Na mesma medida, acabaram notando que ela aos poucos ia superando o que aconteceu se apoiando em Kai. Em outras palavras, concordaram que aquela família era a ideal para ela. E assim ficou.
VII — Minha mãe não vai voltar?
Anos se passaram desde o capítulo anterior, e podemos voltar para o presente. A relação entre Hana e Kai deu um salto gigantesco durante esse tempo. Apesar de não ter sido mencionado anteriormente, antes de contar para seu pai no fatídico dia que por engano acabou confessando para Minho, era Hana que servia de porto seguro para ele enquanto tinha suas crises de “não posso falar, vou estragar a amizade”, então sim, ela foi a primeira a saber quando Kai se apaixonou pela primeira vez. Sua primeira nota baixa? Também ela foi a primeira a saber, e ainda ajudou a esconder até ele fazer a recuperação e se livrar da reprovação. Ele a ajudava sempre que ela precisava de algo, e ela retribuía fazendo o mesmo.
Certo dia, Kai precisou do cartão de crédito de seu pai para uma pequena compra. Era bem barato mesmo, era apenas uma peça para seu celular, ele tinha derrubado e rachou no canto. Visitou a assistência e não era grande coisa, então queria consertar logo. Ele chegou em casa chamando por ele, mas somente Hana estava em casa. Ele explicou para sua irmã a situação e como era algo bastante simples ela subiu para o quarto de Tadashi com ele afim de procurar o bendito cartão de crédito. Podiam usar sem medo, ele definitivamente não iria se importar. Só que enquanto procuravam, Hana acabou encontrando um envelope. Julgando pela aparência meio surrada parecia ser algo um tanto antigo. Tipo, não antigo tipo da era dos faraóis, mas claramente aquilo já estava ali há alguns bons anos. Não sabiam se era o certo a se fazer, mas como dito nos capítulos anteriores, a relação de Tadashi e Kai era isenta de mentiras, e isso se estendia para Hana também. Assim sendo, os dois acharam que não teria problema checar o que estava dentro. E ambos tiveram uma surpresa.
Da parte de Kai, ele encontrou uma carta direcionada a Tadashi. A carta dizia que "ela" não poderia cuidar da criança, porém que não queria impedir a chance da mesma nascer, portanto que um aborto não era opção, e que seria melhor para Kai saber que foi abandonado por ela somente quando tivesse idade suficiente. Ironicamente, Kai possuía exatamente a mesma idade que ela estimou na carta como a idade ideal. A assinatura... Era um nome desconhecido. Mas da forma que estava escrito ele tinha certeza: era da sua mãe. Ficaram os dois aguardando ansiosos pela chegada de Tadashi, e quando ele finalmente chegou em casa, Kai não perdeu tempo e foi direto mostrando a carta. O homem pareceu hesitar no início, mas logo contou. E bom, ele somente repetiu o que o garoto já tinha lido. Sua mãe simplesmente era uma desconhecida que nunca voltaria para casa? Aquilo tudo parecia loucura demais, mesmo para ele que sempre teve a mente aberta. Mais parecia que seu pai não queria contar a verdade, e isso fazia Kai se sentir traído. Uma parte de si sabia que seu pai jamais mentiria, mas não fazia sentido. Simplesmente não fazia sentido.
Isso acabou sendo o gatilho emocional necessário para que ele se interessasse por Pokémons.
VIII — A beleza por trás
Apesar da jornada Pokémon ser comum na sociedade, Kai sempre quis seguir uma carreira acadêmica tal qual seu pai. Hana era a única mais envolvida com os pokémons, tendo ela crescido e se tornado uma Criadora. Ainda assim, o jovem Kimino nunca se envolveu demais, ainda que soubesse uma ou outra coisa por causa da profissão da irmã. Infelizmente, descobrir sobre sua mãe o fez se tornar mais recluso. Trancado no quarto, ele começou pesquisando sobre as Ligas por acaso e acabou que depois de um tempo todo o seu dia a dia girava em torno disso. Por padrão, Treinadores saem de casa com dez anos de idade para iniciar sua jornada. Kai já tinha dezoito em anos e seu aniversário estava chegando. No início parecia uma ideia maluca largar tudo para viajar pelo mundo capturando e treinando Pokémons, mas conforme o tempo passava a vontade de fazer isso só ia crescendo.
Hana foi a principal razão para que Kai tenha, no fim, decidido em frente com sua vontade. Ela entendia que as coisas em casa estavam estranhas e o irmão estava se sentindo perdido. Segundo ela, uma viagem pelo mundo poderia lhe dar uma nova perspectiva sobre a vida. Conversando com Tadashi, ele não parecia muito animado com a ideia. Ele próprio não tinha os monstros de bolso muito inseridos em sua vida, então ver que seu filho queria ter sua própria "jornada" lhe causou estranheza. O homem não proibiu, contudo, porque sempre apoiou as decisões dois dois filhos.
Ainda assim, não foi algo que aconteceu de uma hora para outra. Hana apresentou Kai aos Contests. O garoto já tinha visto uma ou outra vez as apresentações na televisão quando estava com preguiça de trocar de canal, mas nunca se interessou de verdade. Hana sabia que a dinâmica desses torneios cairia no interesse do irmão assim que mostrasse para ele e explicasse como tudo funciona. Ela estava certa. Assim como pesquisou e se aprofundou sobre a Liga anteriormente, agora Kai se via completamente fascinado pelos Coordenadores. Foi quando, finalmente, ele decidiu sair em sua própria jornada. De auto conhecimento, principalmente, mas ainda assim uma Jornada Pokémon.
E é assim que se inicia essa história.
gosta
Doces Nadar Cavernas Música Fadas Mawile Costurar Performance
não gosta
Silêncio Frutas Sopas Dragões Lucario